Thomas’ POV

– Hey Thomas! – ouvi uma voz animada me chamar e, ao olhar, encontrei Chuck me esperando na porta.

Já havia se passado duas semanas desde minha ideia boba do piquenique, e Newt e eu tínhamos mantido contato sempre que possível. Aproveitávamos o fato de ele precisar vir aqui para o trabalho para ficarmos juntos por mais tempo, sempre atentos para não sermos pegos. Ainda não tinha explicado para Brenda exatamente o que estava acontecendo, e não queria que ela descobrisse entrando na sala e me vendo agarrar o garoto.

– Thomas? – ouvi o menino me chamar de novo e corri para pegar minhas coisas e segui-lo para fora.

– Desculpe, vamos.

Chuck havia começado a trabalhar no estúdio na última semana como estagiário. Era um garoto baixinho e meio roliço, com bochechas rosadas demais e cabelos encaracolados. Ele era animado – às vezes até demais -, mas também era simpático, e acabei “adotando” o menino. Brenda achava a situação engraçada.

Como Chuck morava no caminho de casa, como descobri no segundo dia dele no trabalho, me habituei a acompanhá-lo e irmos embora juntos.

– Então, quem é seu modelo loiro? – a pergunta dele saiu tão natural que demorei um segundo para entender a situação.

– Ahn, o nome dele é Newt – respondi receoso. Percebi meu erro quando Chuck sorriu malicioso.

– Como sabia de qual modelo eu falava? – bati na testa ao ouvir seu comentário. Ele riu. – E então, o que esse Newt tem de tão importante, hein? Ele parece bem legal.

– Ele é – murmurei, balançando a cabeça, e sorri involuntariamente ao pensar no loiro. Ficamos em silêncio depois disso até chegarmos a casa dele.

– Sabe – ele começou casualmente -, você obviamente se importa bastante com ele. E dá pra notar que ele também gosta bastante de você. Então talvez você devesse contar para Brenda o que está acontecendo e parasse de esconder o que quer que vocês dois tenham.

Corei furiosamente com aquilo, vendo Chuck rir e entrar na casa. Tomei alguns minutos para me recuperar e só então voltar para casa.

Newt’s POV

– Aonde vai, trolho? – Minho chamou minha atenção, o que fez com que todos os outros – até então distraídos – olhassem para mim. Apenas dei de ombros.

– Dia de folga – peguei um casaco e segui para a porta. – Não estejam aqui quando eu voltar.

– Tome cuidado – Alby disse, ao que os meninos não esperaram para começa a tiração de sarro.

– Sim, Newt, ou você pode ser estuprado – riu Clint.

– Pelo seu namorado! – gritou Minho por detrás da porta fechada. Consegui ouvir a risada dos outros antes de entrar no elevador e seguir até a casa do moreno.

Eu já tinha acompanhado Thomas até a casa dele para deixá-lo depois de nossos encontros, mas nunca tinha entrado. Não era essa minha intenção, de qualquer modo. Queria apenas ficar com o moreno. Talvez levá-lo para casa, onde podíamos assistir filmes e conversar. A verdade era que, no fundo, eu ainda via nos olhos dele a tristeza e a nostalgia e sabia que a garota – Teresa – ainda estava muito presente na vida de Tommy. Não queria entrar na casa dele e ver a presença dela ali tão fortemente.

– Newt? – percebi que havia surpreendido o garoto e sorri.

– Hey Tommy. Folga – comentei, vendo-o sorrir e abrir a porta. – Pensei em irmos lá para casa ver um filme ou algo do tipo.

– Claro – ele parecia sinceramente animado, e senti as malditas borboletas no estômago que sempre sentia perto dele. Não havia levado-o para casa desde o último desastre. – Queria tomar um banho antes de ir. Entra.

Ele seguiu para dentro e, meio receoso, segui atrás dele.

A casa era grande, um pouco desarrumada. As paredes eram claras e havia vários materiais espalhados pelo chão – câmeras fotográficas quebradas, rascunhos e fotos antigas, porta-retratos em grandes caixas.

– Desculpe a bagunça – ouvi a voz de Tommy vindo de um cômodo mais ao fundo da casa. – Estava pensando em jogar algumas coisas fora.

Continuei observando os detalhes da casa. Consegui distinguir uma cozinha bem arrumada e um banheiro. Vi duas portas que cogitei serem de quartos e mais outro espaço com uma grande TV.

Ouvi o barulho do chuveiro sendo ligado.

Encontrei, perdido no meio das fotos, um porta-retratos que continha a foto de uma garota de longos cabelos escuros e ondulados, com olhos verdes profundos e um sorriso cativante – Teresa. Não era difícil notar o que Tommy tinha visto nela: ela parecia simpática, era bonita e sem dúvidas combinava com ele. Ali, com aquela foto na mão e naquela casa grande cheia de memórias, me senti um intruso. Só então percebi que maior parte daquelas fotos era dos dois juntos. Thomas e Teresa no parque, Thomas e Teresa no cinema, Thomas e Teresa, Thomas e Teresa. Me senti tão errado ali que meu primeiro impulso foi o de sair de lá e não voltar mais.

E então Thomas entrou na sala.

Estava apenas com uma calça jeans e um olhar confuso. Chegou mais perto, notando então o que eu segurava.

– Ela era muito bonita – murmurei.

– Era sim – ele concordou, me abraçando. – Mas não acho que isso importa muito.

– Por que estão todas aqui? – perguntei, me referindo às fotos. Ele deu de ombros.

– Decidi tirar as coisas de Teresa da casa e guardá-las em caixas. Fica um pouco sufocante aqui com tudo isso – ele olhou para as fotos e os objetos espalhados no chão.

– Você ainda sente falta dela – não era uma pergunta. Tommy me encarou por um segundo e suspirou.

– Desculpe. Eu acho que não deixei claro o que está acontecendo. Newt, não estou com você para esquecer a Teresa. Você não é alguém que estou usando para substituí-la; Estou com você porque você é a primeira pessoa que conheço desde ela que me faz sentir algo. Não vou dizer que amo você, porque não quero ser precipitado, mas que droga, Newt. Não existe um segundo em que eu não pense em você.

Não tinha percebido como me importava com isso até esse momento. Sorri timidamente, notando quão ridículo era a situação – normalmente, era eu quem o deixava com vergonha, e não o contrário.

– Obrigado.

Ele me puxou para perto, selando nossos lábios rapidamente. Senti seu abdômen nu em contato com minha camiseta e soltei um gemido baixo e involuntário. Thomas riu por entre o beijo.

– Ainda não, Newt.

Suspirei e me afastei, sorrindo bobo. Então olhei para ele, o rosto iluminado, e peguei sua mão.

– Vem, vamos escolher essa roupa e ir para o apartamento.