Enquanto você dança escrita por Raissa Vilas Boas


Capítulo 4
3 - Saudade.


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente miiil desculpas pela demora!
Sei que prometi postar capitulo uma vez na semana, mas faço parte de um grupo de hip hop e essas semanas foram combos de apresentações *-* nao tive tempo para escrever, mas agora vai...
Agradeço de coração os poucos comentarios que ja me animam, e leitores fantasmas, por favor, apareçam!
Espero que gostem e boa leitura!!



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Dor de cabeça

Uma terrível e agoniante dor de cabeça me atormentava. Talvez se eu reunisse força suficiente para chamar por Alice ela traria um remédio ótimo que...

E então eu me lembrei.

Alice nunca traria meu remédio, e a dor não passaria. Porque Alice estava muito longe nesse momento, provavelmente muito preocupada e deixando todo mundo irritado com seu chilique. Eu já sentia tanto a falta dela!

Faziam dois dias que eu havia sido sequestrada, e um bom número de horas que estava deitada nessa cama imunda, morrendo de tédio e de fome. Eles trouxeram um pão amanhecido e um café provavelmente coado em meia suja para eu tomar. Como não tinha muita escolha tomei esse simplório café da manhã de uma vez, se estivesse envenenado, pelo menos eu morreria e não teria de aguentar mais alguma piada ou insinuação daquele urso gigante.

Sorri com o pensamento. Rose, minha irmã, é quem tinha o costume de chamar esses homens gigantes de ursos. Emmet era um monstro de tão grande, ou eu que sou muito pequena, pois a diferença entre nós dois é gritante. Fico imaginando o que ela acharia de Emmet, ou o que ela diria desse lugar todo sujo, como ela sairia daqui, sempre tão esperta...

Meu peito apertou de saudade, e coloquei a mão como se pudesse aplacar a dor por fora. Alice nem era minha irmã de sangue, era adotada, mas eu a amava da mesma forma que amava Rosalie. Nós três juntas éramos imbatíveis, e se elas estivessem aqui comigo, duvido que ainda estaríamos presas.

Esses homens, os Cullen, são pessoas estranhas. Peter eu não cheguei a ver pessoalmente, a não ser por foto. Mas já o odiava. Ele matou minha avó, uma segunda mãe para mim e isso eu jamais vou perdoar.

Jacob e Edward eram os filhos legítimos, homens lindos e fortes, mas de caráter igualmente corrompido. Principalmente Jacob.

Emmet eu mal vi, pelo que entendi ele fora adotado, infelizmente para ele. Eu acho que entre ser adotado por alguém como Peter, e ficar na rua, ou num orfanato, a segunda opção é melhor. Eu ainda não tinha ouvido nada sobre ele, mas é como diz o ditado “Diga com quem tu andas que digo quem tu és!”.

E tinha Jasper.

Jasper também fora adotado. Ele foi o loiro bastardo que fora na minha casa com a desculpa de que era técnico de internet, para me sequestrar. Ainda me lembro do choque de reconhecimento que senti, assim que coloquei meus olhos sobre ele...

Desculpe, como é seu nome mesmo? – Perguntei, observando o loiro arrumar alguns fios no quintal de casa, de hora em hora olhando para a porta que dava saída na rua. Estranhei.

É Jasper. Jasper... Hale, senhora. – Respondeu, acuado. Recolhia todos os seus materiais e enrolava um fio entre a mão e o antebraço.

Eu acho que o vi em algum lugar – Comentei baixinho, para mim mesma. Mas ele certamente ouviu, pois ergueu a cabeça e franziu o cenho.

Aqueles cachos loiros, e aqueles olhos castanho mel eram muito, muito familiares!

Senhora, peço que vá para o meu carro comigo, há um documento que precisa assinar. – Ele pediu.

Nunca vi um técnico de internet tão enrolado!

Não pode trazer aqui? Eu espero. – Eu disse, sorrindo.

Desculpe senhora, é que...

Bella?- Uma voz feminina interrompeu, e olhei para porta da cozinha, reconhecendo Alice no avental verde e branco. Ela sorria de orelha a orelha. – É, hm, sua torta de limão está pronta, e Charlie a está procurando – Informou.

Acenei para ela, e percebi Jasper digitando apressadamente no celular, que logo após caiu no chão. Dei uma risadinha.

Olhei para a porta e lá estava ela, aquela fadinha irritante que eu tanto amava, se abanando com o babado de seu avental, teatralmente, enquanto soletrava a palavra G-O-S-T-O-S-O para mim, se referindo a Jasper. Revirei os olhos, e Alice entrou. O garoto era até bonitinho, mas haviam melhores, sim.

De repente Jasper mexeu em alguma coisa no fio e todas as luzes da casa se apagaram. E me encolhi, devido ao susto.

APAGÂO! – A louca da Alice gritou, e ouvi um barulho irritante de panelas se chocando. Alice!

Você é incapaz de fazer até o mais simples né Loirinha? – Uma voz rouca se fez ouvir, e me virei para procurar seu dono. Mas estava tão escuro que eu mal enxergava. Não bastasse isso, um pano preto foi colocado e minha cabeça, e meus pés foram tirados do chão...


O barulho da porta abrindo chamou minha atenção, e rolei para baixo das cobertas, cobrindo tudo até o pescoço. Não queria que aquele ursão ficasse me olhando daquele jeito faminto novamente.

– Isabella? – Uma voz conhecida me chamou.

– O que é? – Perguntei, bufando.

Jasper entrou no quarto e sentou na ponta da minha cama, me avaliando. Ele estava com um corte na sobrancelha que não estava ali antes, ou eu que não notei. Sua roupa estava toda amassada, e suas unhas sujas. Fico pensando como ele vivera enquanto criança, naquele estado, e isso me perturbou.

– Porque você faz isso? – Perguntei, sem conseguir me conter. – Pra que viver ao lado de alguém como Peter?

Meu cérebro doía de tanto que eu me forçava a lembrar da onde eu o conhecia. Era estranho essa sensação, porque por conta disso, eu não conseguia ficar brava com ele. Era quase um sentimento maternal, e isso era loucura. Eu mal o conhecia!

Ele deu um sorriso de lado, o que formou uma covinha única em sua bochecha.

– Acha que eu tenho outra opção? – Perguntou, amuado.

Jasper com certeza era diferente. Franzi o cenho, tentando entende-lo.

– Eu acho que você não quer ter outra opção – Falei, encarando-o seriamente. – Qual é, você é tão jovem, poderia estudar, arrumar um emprego, e...

– Para com isso – Ele disse, firme. – Isso não fará com que eu a liberte Isabella, não precisa do teatro. Lamento estar acontecendo isso com você, você até me parece ser uma pessoa boa. Você não entenderia o que se passa aqui. – Ele disse, circulando o dedo, se referindo ao depósito.

Engoli em seco e quis bater em mim mesma. O que diabos estava fazendo? Era como se eu não tomasse conta do que falava, e não pensasse antes de agir. Da onde eu o conhecia?

– Eu poderia tentar, mas você jamais entenderia o que se passa aqui – Dito isso, coloquei a mão no peito, por sobre o coração.

Observei o menino comprimir os lábios e se levantar, e uma pequena lagrima rolou por minha bochecha. Eu estava cansada, só se passaram dois dias desse inferno e eu não aguentava mais. Queria ficar longe dessa sujeira, de tanto mosquito, do tédio, da fome, e dessas pessoas horríveis. Estou com saudade de casa, dos amigos, de meu pai, da faculdade...

– Logo eu trarei comida. – Ele respondeu, enquanto saia do quarto e passava a tranca.

Acabei adormecendo por alguns minutos e devido a barulhos, acordei, com muita dor nas costas. Um prato estava estendido a minha frente, e joguei a coberta para o lado, e estendi a mão pegando-o.

Era arroz com farinha de milho. Misericórdia.

– Jasper, quando eu digo em trabalhar... – Eu disse, olhando o prato e dando uma risadinha – Também disse em comer comida melhor, cadê a carne desse prato? – Olhei para cima e o que vi é totalmente diferente dos cachos loiros de Jasper. Assustei-me e acabei derramando uma boa parte da comida sobre minha blusa.

Ótimo Bella! Além de ficar com pouca comida, ainda conseguiu se sujar mais ainda!

– Edward? – Por fim, consegui dizer.

Ele trincava os dentes tentando não rir, por fim pensou um pouco e se permitiu cair na gargalhada. Idiota!

Passei os dedos pela minha blusa para limpar a comida que ficou. Edward tinha parado de rir e só me observava, serio. E com uma expressão muito estranha!

Comecei a comer o que restou, morrendo de fome. Percebi que o Cullen não havia saído de lá e levantei a cabeça arqueando a sobrancelha.

– O que foi? – Disse por fim, sentando na ponta da cama e passando a mão naquele cabelo castanho dourado.

– Não pode ficar aqui! – Eu respondi, assim que terminei de mastigar.

Ele fez um som estranho com a boca, como se bufasse e desse risada ao mesmo tempo.

– Quem você pensa que é pirralha? “Diga para ele andar logo”, “Cadê a carne desse prato”, “Não pode ficar aqui”. Eu não sei se essa sua cabecinha está funcionando direto então entenda, você foi sequestrada. Aqui não é um hotel de férias onde possa dar opinião. – Ele disse, enquanto se sentava um pouco mais perto de mim.

– Até porque eu processaria se isso aqui fosse um hotel, por Deus! Já perdi a conta de quantos ratos eu vi perambulando por ai. Fora a comida sem gosto e a falta de lazer.- Eu disse,

Quando olhei para o Cullen ele estava de olhos arregalados, me encarando.

– Você é bem estranha – Ele disse.

– Hah, olha quem fala! – Respondi, terminando de comer e passando o prato para ele.

– Garotas normais não falariam de forma normal com um sequestrador nem pagando, muito menos do jeito que você diz, e manda. E não tirariam sarro, mesmo! Elas tem amor à vida – Ele disse, me observando.

– Ser normal não é atraente para mim. Elas não tem amor à vida, ou não estão sabendo aproveitar, porque como eu, adorariam ver sua cara de bobão enquanto eu te respondo. Em condições normais eu jamais falaria com o tipo de vocês, mas é que estou entediada. – Eu disse, e dei um sorrisinho provocando.

Edward balançou a cabeça como que desacreditando, e colocou o prato no chão. Passou a me encarar, mais do que a cortesia permitia.

Ele sentou ainda mais próximo, fazendo eu me inclinar para trás para poder ter um espaço entre nossos corpos. Isso não o impediu de se aproximar ainda mais, me fazendo deitar por completo . Tive de colocar minhas mãos em seu peito para freá-lo.

– O que está fazendo? Ficou maluco? – Perguntei, nervosa.

Ele deu aquele sorrisinho torto que eu odiava, e praticamente subiu em cima de mim, tirando minhas mãos de seu peito e prendendo meu pulso acima da minha cabeça.

– Estou dando diversão à minha querida hospede, não era isso que queria? – Ele disse e a essa altura de aproximação eu já podia sentir o seu cheiro... Algo com mel, lilás e sol. Era gostoso. Espantei esse pensamento e respirei fundo, os nossos hálitos se misturando.

– Sai d... – Comecei a protestar, mas fui impedida de continuar falando graças aos seus lábios que se colaram aos meus.

O gosto é tão bom quanto o cheiro, e por pouco não me deixei levar na maravilhosa sensação de seus lábios macios contra os meus.

Sua língua pedia passagem para aprofundar o ato, mas manti os lábios bem fechados com o resto da razão que ainda me sobrava.

Era como se eu fosse dividida ao meio. Metade de mim queria correspondê-lo, ansiando por uma diversão como ele havia proposto. A outra metade era a que estava certa, implorando para sair daquele abraço.

“Isabella Swan! O que pensa que esta fazendo? Tire dai ele daí já! Ele te sequestrou!”

“Mas é tão gostoso, faz tanto tempo que eu não beijo ninguém e ele é tão bom...”

“Por Deus, eu não vou perder minha virgindade com esse cara Isabella!”

“Ninguém falou em perder a virgindade, é só um beijo Isabella, só um...”

“Não vai ficar só no beijo, você sabe. Ele é filho do Peter, que matou a vovó Liz!”

E com isso, o lado da razão venceu.

Consegui me desvencilhar, arrumando meus cabelos e conseguindo certo espaço entre nós.

Respirei fundo e mirei um tapa bem dado no lado esquerdo do rosto dele, e só voltei a encará-lo ao ver que ele me olhava de olhos arregalados, estupefato.


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Notas finais do capítulo

Finalmente Rose e Alice apareceram na historia *-* E conhecemos o lado da Bells ;D
Espero que tenham gostado!
Tem alguma ideia do que pode acontecer la na frente? Quer que aconteça algo? Comente aqui, quem sabe eu não coloque na historia C;
Obrigada desde ja!

xoxo
Raissa Vilas Boas
email: raissaluanavb@hotmai.com



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