POV Edward.

Eu já estava ficando com dor de cabeça.

A arma na minha cintura parecia pesar cinquenta quilos, e minhas pernas estavam tremulas. Mesmo ficando com a parte mais fácil,a situação emanava medo em todo o meu corpo.

Droga Edward, se acalme! Disse a mim mesmo.

Dei uma olhada nos cinco seguranças que cercavam a casa dos Swan, imaginando quantos outros Jacob teria de enfrentar la dentro da casa. Acalmei minha respiração e apontei a arma para o ceu. Só espero que eu seja rápido o suficiente para não ser pego. Me escondi atrás de uma arvore grande, fechei os olhos e disparei.

Os cinco seguranças olharam em minha direção, mas apenas três correram para olhar. Droga, Emmet estava encrencado.

Não parei para pensar, apenas corri. Corri até cansar, variando as direções entre as arvores da pequena floresta para despistá-los. Essa parte era fácil.

Foi quando vi o enorme JIP de Emmet dobrando a esquina a alta velocidade. Corri para a rua e não esperei ele frear, pulando direto no banco no carona, ainda com metade do corpo para fora, enquanto o carro tremia e acelerava.

– Merda Edward, não era para eles estarem com você? – Emmet esbravejou, furioso.

– Jasper teve dificuldades com a garota, parece que ela começou a desconfiar, então Jacob entrou antes para ajudar – Expliquei, ofegante. – Emmet, tem muitos seguranças – Falei, serio.

Ele pareceu entender a mudança dos planos e grunhiu de raiva, enquanto fazia a curva derrapando e voltava para a frente da mansão.

Foi quando ouvimos.

Dois estouros.

Tiros.

Meu coração gelou, temendo por meu irmão. Se Jacob se machucasse meu pai jamais perdoaria. Se fracassássemos na missão, ele jamais perdoaria também.

Emmet acelerou e logo vimos os cachos loiros de Jasper contra a escuridão da noite, sinalizando para que parássemos. Emmet diminuiu a velocidade, e Jasper entrou. Logo após Jacob apareceu, segurando uma criatura inquieta nos braços.

O corpo dela era pequeno, se debatia, gritando. Avistei os seguranças que despistei saindo da floresta e correndo até nós, um deles já estava buscando a arma na cintura. Puxei a garota com força, e ela caiu do meu lado, no banco da frente. Ela não enxergava nada por conta do pano preto em sua cabeça, mas mesmo assim acertou um soco no meu olho que me deixou tonto por alguns minutos.

Jacob pulou no banco de trás e Emmet voltou a acelerar. Ouvimos vários estouros, e Emmet tentava andar em zigue zague, para fugir das balas. Jake colocou o corpo para fora do carro e começou a disparar também, até sairmos de vista.

– O que aconteceu com os dois seguranças que ficaram? Nem todos me seguiram – Perguntei a Jacob ofegante, enquanto lutava para manter a menina quieta. Eu não queria machuca-la.

– Eu os matei. – Respondeu, friamente.

– Não! Não, não, você matou tio Embry, não! – Ela começou a gritar, chorando. – Socorro!

Comprimi os lábios, tenso. Ouvir o choro da garotinha era perturbador!

– Edward! Faça ela calar a boca! – Jacob mandou, irritado.

Joguei um pouco de álcool no algodão e pressionei contra o nariz dela, apertando com força enquanto a senti amolecer nos meus braços. Estranhei. O efeito não era tão rápido assim.

Retirei o algodão e a ergui para acomodá-la deitada em meus braços. Foi quando ela se mexeu e deu uma cabeçada em mim. Juro que vi estrelas.

Emmet explodiu numa gargalhada, e eu fiquei um bom tempo com o algodão no nariz daquela pirralha pra me certificar de que dessa vez a apagaria mesmo.

– Tem que aceitar que ela é esperta, Ed – Emmet disse.

Não falei mais nada, só estava concentrado em uma coisa: A primeira parte já conseguimos. Só falta resolvermos como e quando será a troca. Quanto podemos pedir pela garota? Um milhão? Dois? Um bilhão? Estranhamente a ideia de ter tanto dinheiro não me animou como deveria.

Emmet continuou dirigindo até chegarmos àquela estrada de terra já muito conhecida, ele guardou o JIP na garagem no deposito e logo todos estavam entrando e dando risada, com mais um sucesso em uma missão.

Eu não ri, apenas deixei a garota em uma cama no quarto em que ela ficaria trancada, e fui para a sala com o resto do pessoal.

– E então, conseguiram não é? – Meu pai disse orgulhoso. – Eu te disse, os Cullen sempre vencem. E olha que só mataram dois, se fosse eu a família Swan ia ter mais alguns caixões para comprar.

Todos riram novamente.

Fui buscar um pano limpo para colocar em seu ferimento enquanto pensava.

Porque ele teve de levar um tiro? Ele se sairia melhor sabendo que duas pessoas morreram, enquanto eu tenho ânsia de vomito. Duas pessoas! Precisavam mesmo morrer? Jacob até parecia contente em finalmente ter matado alguém, e isso me dava nojo.

Enquanto trabalhava com a perna de meu pai, fui recordando, lembrando como foi que meti nessa confusão de hoje...

A essa altura, achei que meu irmão fosse abrir um buraco no chão. Não parava de andar de um lado para outro no depósito. É claro que eu também estava nervoso, mas eu sabia que nada adiantaria demonstrar isso.

– Edward, cara, era para ele ter chegado faz duas horas! – Jacob disse, aturdido.

Nosso pai, Peter, fora em mais uma missão. Ele teria de roubar uma quantidade de diamantes que os Volturi contrabandearam. Meu pai não foi sozinho, é claro, mas a turma dos Volturi era muito numerosa, preocupava-me que algo desse errado. E se acontecesse? O que eu e Jacob faríamos? Espantei esse pensamento assim que ele surgiu.

Era uma missão um pouco mais perigosa sim, mas ambos sabíamos que ele daria conta. Assim que formulei meu pensamento, ouvimos o barulho do grande portão sendo aberto, e corremos até a entrada do deposito.

Eu era mais rápido que Jacob, cheguei primeiro, e vi toda a cena. Não podia ser verdade. Congelei completamente. Jacob, no entando, reagiu:

– O que aconteceu? Pai! – Gritou, e foi correndo verificar o nosso velho.

Jake era muito mais apegado ao pai do que eu. Ele parecia admirar Peter, apesar de sabermos que tudo o que ele faz, o que nós fazemos, é errado. Eu no entanto, sempre imaginei como seria tentar andar na linha, procurar um emprego, fazer as coisas certas. Mas parecia muito mais cansativo e entediante. Sempre fui às missões com Peter, embora raramente faça alguma coisa. Eu gostava de ir, de sentir a adrenalina.

Um murmúrio de dor me trouxe de volta a realidade e me abaixei para estudar os ferimentos.

Havia muito sangue em sua perna, no entanto, ele parecia bem o bastante para falar, já que ofendia constantemente sua equipe.

–... O que eu havia dito que era pra fazer, droga! Vocês vão ter de me pagar por isso!

Jasper e Emmet, os ajudantes, abaixaram a cabeça. Mas pude ver Emmet serrar os punhos e trincar os dentes. Ele odiava receber sermão de Peter.

Peguei um pedaço de pano e enrolei na perna do meu pai, apertando firme para estancar o sangue. Eu via muitos vídeos na internet, e gostava de estudar. Peter no começo achou ridículo, e se opôs, mas em situações como essa, viu que meu conhecimento era útil, e passou a me incentivar, eu estudava em casa, mas pretendia fazer uma faculdade de medicina algum dia.

– Você perdeu muito sangue, acho que isso pode ajudar – Eu disse, enquanto dava mais alguns nós em volta da perna. – Mas vai ter que ficar de repouso pai, não pode correr nesse estado.

– Tudo bem, mas então significa que vocês dois terão de cumprir uma missão pra mim. – Ele disse, quase sorrindo. – Finalmente poderão mostrar o que aprenderam.

– Nós? O que vamos fazer? – Jacob perguntou, empolgado.

– Vão sequestrar Isabella Swan, a adorada filha do meu primo Charlie. – Respondeu.

– Porque? – Perguntei. Ok, era uma pergunta idiota, mas mesmo assim ele me surpreendeu com a resposta.

– Não é só pelo dinheiro. Faz anos que quero me vingar de Charlie. – Ele disse isso com uma sombra nos olhos que enviou calafrios por todo o meu corpo. – Mas ele também é rico, então vamos lucrar muito!

– Edward? Acho que já está bom. – Meu pai disse, me arrancando de minhas lembranças, e me afastando de sua perna.

Seria tão mais fácil se pudéssemos levá-lo a um medico, ele se recuperaria bem mais rápido, e assim não precisaríamos fazer as missões por ele. Mas é claro que é impossível. Como explicaríamos o ferimento? Uma bala perdida? Só de olhar pra cara de Peter da pra ver a fisionomia de um bandido.

– Agora me conte loirinha, como foi que deu errado? – Emmet perguntou a Jasper, que estava voltando do banheiro.

Jasper jogou uma almofada em Emmet, que segurou facilmente. Ele odiava esse apelido que Emmet lhe dera.

– Aquela garota é insana – Começou, franzindo o cenho enquanto contava: - Eu agi conforme havíamos planejado. Disse que era técnico de Internet, e estava estudando a possibilidade de aumentar a velocidade na rua. Mas ela me encheu de perguntas, e mesmo depois de eu apresentar a carteirinha e ela me deixar entrar, ainda não parava de me olhar de um jeito estranho. Ela até perguntou quem eram meus pais! Depois disso mandei uma mensagem a Jacob e o resto vocês já sabem.

Peter assentiu, entendendo como tudo funcionou. Depois se levantou e caminhou até a cama de Swan, dizendo:

– Vamos dar uma olhadinha na garota... Jasper venha cá.

Com a ajuda de Jasper, os dois levantaram a menina pelos braços. Peter retirou o pano preto, exibindo-a para nós.

Senti minha boca ficar seca.

Linda era pouco para descrevê-la.

Ela tinha cabelos levemente ondulados, na cor castanho chocolate. Um rostinho de porcelana e uma boca rosa carnuda. Sua camiseta estava enrolada,mostrando um pouco de sua barriga lisa. Tinha os seios fartos, e mesmo com a calça larga que usava, imaginava que suas pernas seriam tão lindas quanto.

Eu não fui o único que percebi:

– Uau, que gostosa! – Emmet disse, se aproximando.

Jacob umedeceu os lábios, e tomou o lugar de Jasper, segurando-a, contra seu corpo. Inalou o perfume de seus cabelos e ergueu mais ainda a camiseta da carona, revelando uma langerie preta. Eu sempre achei que Isabella Swan se tratava de uma criança, ou no Maximo uma adolescente, mas apesar de sua baixa estatura, eu estava na frente de uma mulher maravilhosa. Jacob sorriu de canto, com as pupilas dilatadas disse:

– Eu vou aproveitar desse corpinho 24h por dia. Vai ser um estrago- Ele disse, apertando sua bunda.

Eu não sei ao certo porque reagi. Peter sempre trazia garotas para nós, já que dificilmente saíamos daqui. Mas elas sempre concordavam com tudo, mas dificilmente a Swan cederia. Parecia que abusar dela inconsciente era pior do que todas as atrocidades que eles já cometeram, e que eu assisti calado.

Quando percebi, já tinha falado:

– Ela é minha.

Todos olharam em minha direção e Peter levantou uma sobrancelha, me encarando. Jacob pegou a garota no colo e a levou até a cama, deixando-a la.

– Que historia é essa? Sempre dividimos... – jacob começou.

– Essa não. Eu a quero só pra mim. – Eu disse, firme.

Peter sorrio de canto, e assentiu, concordando.

Jacob chutou o banco e saiu do deposito. Peter provavelmente teria de trazer mais três garotas, só para ele. Mas ele faria isso, só pra me agradar.

Era a primeira vez que eu pedia algo, e com isso, meu pai conseguia um ponto a mais para me convencer a liderar as missões quando ele partisse.

– Edward se deu bem, cara! – Emmet disse, com um sorriso malicioso nos lábios. – Agora vá la ver ela, acho que logo acordará.

Então eu entrei naquele pequeno quarto, observando o rosto relaxado daquela garota estranha.