VI

A morena saltou do táxi em frente a um belo prédio, que pela altura deveria ter mais de vinte andares. Assim que ligou seu celular viu as sete chamadas perdidas de Santana, mas decidiu ligar para a irmã só depois de se instalar no hotel. Antes que a baixinha conseguisse alcançar a entrada do lugar, seu telefone começou a vibrar.

Rachel atendeu no primeiro toque, era Quinn.

“E ai?”

— Oi. Acabei de chegar, não vejo a hora de cair na cama.

“Então, consegui falar com a secretária do St. James e parece que ele tem um horário marcado em um dos restaurantes vegan dele às uma e trinta.”

— Ok, mas como vou saber em qual deles?

“Vou te mandar o endereço por mensagem.”

— Certo. Obrigado loira!

“Disponha. Mas ei Rachel, você gosta mesmo dessa tal de Barbra Streisand, né?”

— Ouvir o Ipod de uma pessoa é como ler o diário dela, você sabia disso? — Quinn apenas riu antes de encerrar a ligação.

Quinze segundos depois a baixinha recebia uma mensagem com o endereço do Cassino e uma foto anexa de Quinn na banheira de sua casa exibindo seu Ipod. Rachel não conseguiu ficar brava diante do sorriso sapeca da loira na tela.

[...]

Jesse St. James se revelou um perfeito cavaleiro, um que Rachel jamais imaginaria que ele pudesse se tornar. Após o encontro nada acidental no restaurante, o moreno convidou a baixinha para um jantar à noite e é claro que ela aceitou.

Pontualmente às nove horas uma BMW preta estacionou em frente ao hotel de Rachel e de dentro dele saiu um homem não muito alto, mas de ar imponente e muito bem apessoado. A morena usava um provocante vestido vermelho que deixava suas costas nuas, salto alto preto e uma maquiagem pesada em torno dos olhos chocolates.

— Srta. Berry permita-me dizer que está encantadora essa noite. — Jesse sorriu galanteador, mas a baixinha só conseguiu pensar que aquele sorriso mais se parecia com uma careta em comparação ao lindo sorriso sacana que Quinn sempre lhe dava após algum comentário maldoso. E constatar que permanecia pensando na loira enquanto estava com outra pessoa assustou Rachel.

— Obrigado Jesse, você é sempre tão gentil. — O moreno não pôde deixar de sorrir convencido.

Enquanto isso em Los Angeles, Quinn tentava ligar mais uma vez para o celular da baixinha, mas o mesmo só dava fora de área ou desligado. A loira suspirou encarando as estrelas, não fazia ideia do que estava acontecendo com ela. Pra falar a verdade ela sabia sim, só tinha medo de admitir aquilo em voz alta.

St. James estacionou o carro em frente à entrada de uma casa de estilo vitoriano. Contornou o veículo, abriu a porta do carona e estendeu a mão para que Rachel pudesse sair. Assim que entraram na grande mansão, Rachel se viu maravilhada pela decoração requintada do lugar.

— Infelizmente em Las Vegas há bem poucos restaurantes vegan e como você já esteve em um hoje, pensei que talvez pudéssemos jantar em um lugar mais íntimo onde conseguíssemos conversar com mais liberdade... Por isso resolvi cozinhar pra você, espero que não se importe.

— E desde quando Jesse St. James sabe cozinhar? — A morena perguntou duvidosa elevando uma sobrancelha.

— Já se passaram oito anos Rachel, não sou mais aquele adolescente idiota que você conheceu. As coisas mudaram, eu mudei. E vou te provar isso hoje à noite.

[...]

Quinn simplesmente não conseguia parar de rir, as lágrimas escorriam pelos cantos dos olhos enquanto a loira se enrolava no sofá com a mão na barriga, que doía devido à crise de risos que a assolava há pelo menos vinte minutos. A morena de braços cruzados continuava parada em frente ao sofá batendo o pé no chão de forma impaciente com a cara emburrada.

— Já chega Quinn, a humilhação que passei foi suficiente.

A loira respirou fundo tentando se controlar mais uma vez. — Desculpe. Então, ele é mesmo gay? — Mais um acesso de risadas. — Isso é...

— E o mais incrível é que ele teve a coragem de me dizer que descobriu isso depois de namorar comigo e que na verdade ele não dormiu com a líder de torcida vadia, mas sim com o quaterback do time de futebol.

— Oh meu Deus! Essa foi a história mais cômica que eu já ouvi. Definitivamente merece ser passada de geração em geração. Você fez o cara se descobrir gay!

— Isso não tem a menor graça Quinn! Faz ideia de como esse lance afetou minha auto-estima?

— Desculpe, é só que não consigo parar de rir ao imaginar sua cara no momento da grande revelação.

A loira não conseguiu desviar a tempo do forte tapa que Rachel deu em seu braço. — Que se dane, eu quero mais é que essa lista vá pro inferno.

— Isso quer dizer que nós finalmente vamos transar? — A loira perguntou esperançosa parando de rir imediatamente.

— Será que você consegue pensar com outra coisa além da sua vagina?

— Pra ser sincera? — A loira encarou a morena com um sorriso malicioso nos lábios. — Não.

Rachel deu um fraco sorriso para Quinn antes de começar a se despir do casaco no caminho até o quarto.

— Ei, aonde você vai? — Quinn perguntou ao vê-la se afastar.

— Dormir?! — Rachel disse como se fosse óbvio.

— Nã-na-ni-na-não, eu não vou te deixar dormir nesse estado. Vem comigo.

— Aonde você vai me levar a essa hora Quinn? É tarde.

— Aonde mais? Ao meu esconderijo não mais secreto, é claro.

[...]

— E daí que nenhuma de suas exs atendeu suas expectativas? Acho que é por isso e só por isso, que elas estão na lista de exs.

— É, talvez você esteja certa. Acho que me empolguei demais com essa história.

— Eu sempre estou certa, Robbit.

— Ah, não! Nós duas convivemos muito bem durante essas últimas semanas sem que você me desse um apelido por conta da minha altura. Vamos manter isso, ok? — A baixinha cruzou os braços encarando a loira que sorria.

Quinn se aproximou o suficiente para roubar um rápido selinho, sem dar espaço ou tempo para que Rachel processasse aquela informação. Depois se afastou, caindo sobre o sofá.

— E então?

— Eu ainda não tenho com quem ir ao casamento da minha irmã. — A morena ficou de costas para Quinn e levou os dedos meio trêmulos aos próprios lábios que formigavam devido à pequena travessura da loira.

— Eu adoraria ir com você, mas tenho um compromisso nesse mesmo fim de semana.

— Eu entendo, mas fico feliz por saber que você, pelo menos, gostaria de ir comigo. — Quinn sorriu, Rachel também.

— Que tal um joguinho de strip poker pra esquentar a noite? — Sugeriu a loira com um olhar de cobiça sobre o corpo de Rachel depois de alguns minutos em silêncio.

— Você tem certeza de que quer competir comigo nas cartas?

— Me mostre sua melhor jogada, Srta. Berry.

— Você vai se arrepender por ter sugerido isso, Quinnie.

[...]

— Ok, eu desisto.

— Não, vamos jogar até o final. Foi você quem sugeriu o jogo.

— É, mas como eu ia adivinhar que o vovô Berry era um mestre do poker e ensinou tudo que sabe às netinhas? A essa altura já era pra nós duas estarmos rolando apaixonadamente na minha cama, mas olhe pra mim. Eu só tenho a calcinha pra tirar se você ainda não percebeu Rachel.

— Exatamente. — A morena rebateu com um sorriso sacana encarando os seios descobertos de Quinn.

Pela primeira vez desde o início daquela “amizade”, a loira corou com o olhar devorador de Rachel sobre si. — Tudo bem, vamos lá.

Quinn encarou as cartas em sua mão, nem um milagre poderia fazê-la ganhar. Ela sabia que aquela rodada era de Rachel e ela não tinha mais nenhuma opção, resolveu flertar.

— Eu quero aumentar a aposta.

— O que você quer dizer com isso? — Rachel questionou sem entender onde a outra queria chegar.

— Vamos tornar as coisas mais divertidas... Se eu perder, você vai ter que transar comigo. Mas se eu ganhar, você vai ter que transar comigo. — A loira esperava ansiosamente que pudesse convencer Rachel daquela idiotice, pois não aguentava mais esperar para ter aquela bela morena de pernas encantadoras em seus braços.

— Não sei se consigo enxergar em qual das duas opções você não sai ganhando. — A baixinha não imaginou que Quinn fosse tão insistente, mas ela não podia deixar de apreciar a proposta da loira. Por mais que negasse, estava louca pra beijar cada centímetro do corpo de Quinn. — Tudo bem, você me convenceu. — Acabou concordando.

— Mesmo? Ótimo, é a sua vez. — Cantarolou a loira feliz por ver seu plano dando certo.

Rachel parou, pensou, mandou o seu bom senso ir pra puta que pariu e largou as cartas na mesa. Levantou ainda vestida com o conjunto de calcinha e sutiã de renda branca e parou de frente para loira que lhe devorava com o olhar.

— Rachel. — O modo suplicante com que seu nome saiu da boca de Quinn, deixou a judia em chamas.

— Por que não deixamos as cartas de lado e pulamos logo pra parte em que você faz amor comigo a noite inteira? — “Fazer amor Rachel, sério?” A morena se amaldiçoou por ter usado um termo tão piegas para sexo em um momento de pura luxúria, mas tudo que a loira fez foi sorrir e puxar sua cintura pra mais perto até obrigá-la a sentar em seu colo.

— Eu vou te dar uma noite inesquecível de amor, Rachel Berry. — Quinn sussurrou com a voz rouca antes de morder o lóbulo da orelha da morena.

— Eu não duvido disso. — Suspirou a baixinha em resposta.

Quinn dedilhou o contorno dos lábios cheios e aparentemente macios de Rachel enquanto a morena rodeava seu pescoço com os braços. A baixinha não conseguiu conter o gemido que escapou de seus lábios assim que eles se chocaram com os da loira pela segunda vez naquela noite. Quinn era dona do beijo mais doce e intenso que Rachel já havia provado, era quente e completamente viciante. Nenhuma palavra existente no dicionário era capaz de adjetivar o turbilhão de sensações que um simples contato de boca com boca causou em ambos os corpos.

A judia foi suspensa no ar. Ela enlaçou a cintura de Quinn com as pernas enquanto a loira as dirigia até o sofá sem nunca desgrudar seus lábios, que pareciam ter o encaixe perfeito. Quinn pôs o corpo da baixinha delicadamente no sofá, Rachel arranhava sua nuca gemendo ao sentir o atrito dos seios descobertos da loira em sua pele.

A morena sugou o lábio inferior de Quinn antes de abandonar sua boca e traçar uma trilha de beijos molhados até o umbigo da barriga definida da loira depois de trocarem de posição.

— Isso é tão injusto. — Quinn resmungo lançando a cabeça um pouco para trás, apreciando os toques da judia. — Você ainda está vestida, baby.

Rachel riu baixinho antes de sugestivamente levar a mão da loira até o fecho de seu sutiã. A loira deslizou a peça para fora do corpo da morena e sem pensar duas vezes abocanhou um dos seios recém descobertos de Rachel. Quinn achou que fosse explodir em um orgasmo intenso só de ouvir seu nome sendo pronunciado em meio aos gemidos desesperados que saiam dos lábios sensuais daquela mulher.

Rachel notou que a loira estava tentando ser o mais delicada possível no ato, mas tudo que a morena queria era sentir Quinn preenchendo todos os seus espaços. — Quinn, por favor, não me torture.

Ouvir Rachel completamente entregue daquela forma despertou o lado mais selvagem da loira. Quinn rasgou a última peça que cobria o corpo da baixinha, fazendo a morena soltar um gritinho surpresa. — Eu juro que te compro outra. — A voz carregada e rouca com um toque de malicia fez o centro de Rachel escorrer de desejo. A loira voltou a beijar a boca da morena enquanto tirava sua própria calcinha e voltava a se encaixava em cima dela.

— Você é a mulher mais linda que eu já vi Quinn. — Os olhos avelã assim como a íris chocolate se encontravam tingidos de uma cor escura que refletia a intensidade e a luxúria do momento. Rachel podia jurar que aquela loira sobre ela era um anjo.

Quinn fez seus sexos entrarem em contato, mas em um pequeno e último momento de lucidez que dominou os sentidos da judia, ela rapidamente se afastou.

— Mas o que? — A loira resmungou e a morena sentiu a frustração da outra queimando seu corpo.

— Eu não posso. Eu quero Quinn, quero muito. Mas eu não posso.

A loira soltou um gemido fraco, antes de se afastar e calmamente colocar suas roupas de volta. Rachel sentiu sua boca secar com a visão do corpo nu de Quinn tão perto. — Olha, eu entendo Rachel. Juro que entendo, mas isso não vai me impedir de continuar te beijando, ok?

A baixinha sorriu antes de pegar as roupas estendidas por Quinn e vesti-las, sentindo os lábios da loira sobre os seus pouco tempo depois.