O Exorcista escrita por Mateus Kamui


Capítulo 9
Capitulo 9


Notas iniciais do capítulo

Capitulo novinho a todos os meus queridos leitores :) Espero que gostem ;) Próximo capítulo entre os dias 23 e 31 de março dependendo apenas do meu tempo e do feedback de vcs :)



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Todos os preparativos estavam feitos. Agora só dependiam da sorte para a bruxa realmente continuar ali. Dois dias haviam se passado desde o encontro a noite e da maquinação do plano. Uma nova seleção começaria para a futura condessa, mas agora com apenas duas participantes.

A antiga escolhida agora estava presa numa torre do castelo recebendo cuidados da nobreza. Ser filha de um visconde mesmo estando enfeitiçada ainda a enchia de privilégios então não precisaria de auxilio algum por parte do Exorcista.

As duas concorrentes eram filhas de barões de baronatos próximos que tinham como objetivo se unir ao condado de Varmar em busca de mais poder. Sendo apenas duas pretendentes logo tudo foi resolvido e no dia seguinte já havia sido tudo decidido. Algo que basicamente se resumiu ao conde e sua esposa verem qual dos dois baronatos oferecia mais recursos e lucros a eles.

Bonham e Daan se alimentaram aquela manhã com a comida horrível que lhes era servida de propósito pelo dono da estalagem. Era a maneira dele de dizer que mesmo sendo quem eram e estarem no auxilio do conde não eram bem vindos e tinham que partir.

O Exorcista observou com calma suas poções, nenhuma das três estava no nível necessário caso ele precisasse lutar então teria que se virar com suas próprias habilidades e a magia branca da Ordem. Equipou-se com dois punhais, sendo um de ferro e um de prata, colocados sob seu manto negro e pôs sua espada especial nas costas.

Bonham pegou apenas seu alaúde e partiu ao lado do colega, iria tocar nas festividades do dia porque o menestrel do castelo havia adoecido e só havia o ruivo ali com habilidades suficientemente boas. Ninguém gostava do fato de um Filho do fogo ir tocar, mas era melhor aquilo do que ficar conhecido na região como fazedor de eventos em que não havia música.

Foram para o evento a pé e logo entraram no castelo. Poucos eram os nobres que haviam ali, mas ainda assim eram o suficiente para não deixar o salão com ar de vazio. E nem mesmo a sombra da garota amaldiçoada.

As duas candidatas sentavam cada uma de um lado do futuro conde que estava em um dos extremos da enorme mesa. No outro extremo o atual conde estava sentado com sua condessa ao seu lado esquerdo e o pardo ao seu direito. Próximo dali o bardo encantava a todos com sua música de uma maneira tão singular que até pareciam esquecer de seus preconceitos em relação aos visitantes ali presentes. Daan não podia negar que seu colega era realmente capaz de acalmar o coração das pessoas, era como algumas fábulas contavam sobre músicos capazes de domar feras com sua música.

O conde não se demorou. Assim que o prato principal chegou, três enormes e suculentos porcos recheados, o homem se ergueu de sua cadeira e exigiu o silencio dos presentes ali. Todos se calaram e observaram o arrogante líder fazer seu pronunciamento:

–Hoje é um dia para se festejar – brandiu o senhor de Varmar parecendo ainda mais abatido e velho do que o Exorcista se lembrava – Hoje meu filho escolherá sua futura esposa marcando então apenas poucos dias para que me suceda

Todos ergueram seus copos e gritaram vivas. Alguns realmente pareciam felizes com tal noticia como se a saída do seu soberano as alegrasse muito:

–Agora mediante as palavras de meu pai pronunciarei minha escolha – falou Brenno em bom som para todos ouvirem e ambas as candidatas se levantaram com sorrisos enormes no rosto – Escolho a senhorita Gealiaen de Darram

–Como ousa?! – o grito foi emitido pela outra garota, tão alto e gutural que parecia ter saído de uma besta e não de uma garota tão jovem e esbelta – Devia ter escolhido a mim, seu tolo! Se não casará comigo então não se casará com ninguém!

A garota ia erguer seus braços quando Daan avançou por cima da mesa do banquete desenhando com seus dedos runas no ar, uma magia para libertação:

–Pode ficar parada ai – disse o Exorcista e logo uma intensa luz surgiu a sua frente e acertou o rosto da garota fazendo-a cair inconsciente sendo aparada a tempo pelo futuro conde

–Uma bruxa! – todos gritavam em desespero e assustados a garota desacordada, com exceção do pardo que fez questão de encarar a candidata escolhida que logo sentia o fio de um punhal contra o seu pescoço, Bonham estava parado logo atrás dela segurando a arma de prata

–A bruxa não é esta pobre jovem enfeitiçada, mas sim esta outra – a voz do Exorcista saiu o mais imponente possível para tentar conter a todos ali e se focarem nele, precisaria do povo o mais focado possível para o que ocorreria a seguir, qualquer gota de caos prejudicaria tudo

–Como pode afirmar isso da minha pobre, filha? – indagou o barão pai da jovem com a lâmina no pescoço visivelmente furioso – Como um gamuriano nojento como você ousa acusar minha nobre criança?!

Daan apenas suspirou pesadamente, tinha que guardar sua fúria para o que ocorreria a seguir. Puxando com calma seu punhal de ferro o moreno cortou pedaços da vestes da jovem revelando algo que deixou a todos enojados. Enormes postulas negras se espalhavam pela pele da garota enquanto pedaços dos braços, escondidas pela roupa, eram visivelmente mais escuras que o resto, como se estivesse necrosado:

–Esta jovem é uma praticante de magia negra, uma bruxa – brandiu com calma a sentença o Exorcista deixando o pai da garota sem palavras enquanto caia pálido sobre sua cadeira – Ela usou uma técnica de hipnotismo para manipular o corpo da outra. Sabendo que tinha um Exorcista aqui ela precisava se livrar de mim o quanto antes então acusaria outra em seu lugar. Assim que matasse a falsa bruxa ela desfaria a maldição que acometi a garota que prendem na torre e todos acreditariam que o trabalho estava feito. Enquanto isso ela virava uma condessa e poderia viver com luxos pelo resto da vida. Um excelente plano que teria dado certo se não fosse por mim.

–E onde minha pobre filha e adorável teria aprendido tais artes? – perguntou o pai choroso e visivelmente enojado e decepcionado com sua cria

–Com outra bruxa que conheceu aqui mesmo no castelo e que foi aquela usuária a lançar a primeira maldição, não é condessa?

Todos encararam para sua governanta com temor e dúvida nos olhos. Os guardas estavam completamente catatônicos sem saber o que fazer ali e Brenno apenas tentava manter a calma, não sabia daquela parte final do plano por mais que soubesse que haviam duas bruxas envolvidas ali. Nunca teria acredito que seria sua própria mãe, mas não duvidaria das palavras do Exorcista que tanto fazia para salvar a mulher que ele amava:

–Ousa acusar a minha esposa, gamuriano? – grunhiu o nobre com seu corpo tremendo em fúria

–Como os homens são interessantes quando estão com raiva. Só uma gota de ira e já se esquecem de todos os seus falsos modos e revelam os nojentos preconceituosos que são na realidade – respondeu o pardo apenas o encarando sem se mover

–É bom medir suas palavras, mesmo sendo um Exorcista ainda o mataria. Principalmente após acusar a mãe do meu filho de ser uma bruxa. Eu mesmo posso garantir que ela não tem nenhuma dessas deformidades que tanto fala

–É mesmo, conde? – o garoto mais jovem apenas riu, tinha realmente acertado em suas suposições – Bela técnica de ilusão que soltou nesse ai, bruxa

–Obrigada – comentou a condessa com um sorriso nos lábios e todos com exceção do conde a encararam com surpresa e medo – Deu muito trabalho, mas valeu cada esforço. Como descobriu, Exorcista? Muitos já passaram por estas terras e sequer suspeitaram de algo.

–Sou especial mesmo entre os meus

–Não me diga. Gostaria de averiguar isso eu mesma

Uma aura esverdeada percorreu a silhueta da mulher e chamas verdes começaram a queimar. As tochas apagadas que haviam nas paredes se acenderam emitindo aquela luz sinistra. Todos ali presentes começaram a correr em desespero com exceção das duas candidatas, Daan, Bonham, Brenno, o conde hipnotizado e a bruxa mais velha. Em meio aquela luz esverdeada e a mística aura as feições da mulher começaram a mudar, sua pele enrugou, seu nariz deformou, seus cabelos caíram, verrugas começaram a surgir em todos os cantos e visivelmente emagreceu:

–Minha mãe é uma bruxa? – falou assustado o jovem nobre deixando a garota em seus braços num canto da mesa

–Não, ela não é sua mãe – respondeu o Exorcista encarando a mulher – Ela matou sua mãe e tomou sua identidade com algum feitiço e hipnotizou seu pai

–Exatamente, jovem habilidoso – comentou a monstruosidade rindo – A mãe dele morreu no parto e eu fingindo ser uma das auxiliares da parteira hipnotizei a todas ali presentes e troquei de lugar com a mulher enquanto queimavam seu corpo na fogueira que havia no local. Ninguém suspeitou até você.

–Não nego que foi muito esperta – logo o pardo começava a puxar sua espada e as ondulações que havia na lâmina refletiam a luz esverdeada fazendo a bruxa mais jovem grunhir de dor

–Vai tentar me enfrentar sem tomar suas poções, Exorcista? Sua espada maldita não será o suficiente para me derrotar com apenas habilidades físicas humanas

–Não me subestime, bruxa. Não tenho apenas minha espada

E então o olho começou a sangrar. Filetes de sangue escarlate escorriam do lado direito do seu rosto enquanto a íris negra ficava vermelha:

–O olho de um dos Djinn – exclamou a bruxa deixando que baba escorresse de seus lábios escuros e rachados – Como conseguiu algo assim e ainda sobreviveu ao implante?

–Acredito que isso não interesse a você

–Não importa se vai me contar ou não. Agora tudo faz sentido. Com o poder do olho deve ter sido simples para você ver que quem executou minha magia foi minha tola pupila

–Sim, sim. Mas ainda assim foi difícil achar você.

–Sou mais velha do que pensa. Sei como esconder minha forma e minha essência dos olhos de qualquer criatura contanto que não use minha magia.

–Alguém como você deve morrer, bruxa

–Digo o mesmo, jovenzinho imprudente e arrogante. E quando acabar com sua imunda vida de Exorcista pegarei seu olho para mim.

Chamas verdes deram inicio ao combate. A bruxa parecia cuspir palavras em uma língua desconhecida por todos ali com exceção de Daan fazendo com que as chamas verdes que queimavam nas tochas fossem manipuladas e enviadas até ele.

Com rápidas esquivas o pardo conseguiu escapar de ser queimado, mas sabia que não podia se manter assim. Sem as poções estava sentenciado a ter o físico de um mero mortal, ainda era mais forte e veloz que qualquer guerreiro poderia vir a ser, mas ainda assim tinha limitações humanas que não auxiliavam quando se enfrentava uma criatura como aquela.

Escreveu na lâmina as runas para fogo e logo o moreno tinha a espada banhada em chamas rubras e conseguia agora se proteger daquelas chamas verdes cortando-as como se fossem feitas de carne. Observou com calma os outros ali presentes, Bonham e Brenno estavam juntos cuidando para que a outra bruxa ainda inexperiente e fraca fugisse sem tirar o punhal de prata do seu pescoço. O conde estava hipnotizado e não sairia dali por nada assim como a garota apagada.

O Exorcista avançou cortando tudo a sua frente e desenhando runas de purificação pelo local tentando enfraquecer os poderes da bruxa. Mas era em vão então logo mudou para tentar magia de fortalecimento. Não eram uma boa opção, mas eram sua única chance. Diferente das poções que melhoravam seu físico e depois cobrava efeitos colaterais a magia faria isso sem problema nenhum, mas roubaria o preço de sua própria vida. Assim como a magia de cura aquela se utilizava da energia da própria pessoa então quanto mais forte quisesse ficar mais energia e tempo de vida teria que abdicar.

Sabendo disso Daan usou a magia com cuidado e lembrando de suas longas e cansativas aulas de magia com seu Mestre calculou o quanto poderia melhorar sem perder nenhum dia de vida. E então avançou com sua estratégia em mente.

Uma onda de chamas verde emergiu em sua direção e se ele não fizesse nada todos ali presentes seriam acertados. Com um pulo para o lado usando uma força e uma velocidade sobre-humanas o pardo cortou as chamas mortais com as suas soltando a espada por uma fração de segundos que mudaria todo o combate. Enquanto a espada girava pelo ar o Exorcista puxou seus dois punhais e os atirou escrevendo em seguida no ar as runas que precisava. E então antes mesmo das lâminas voadoras acertarem seu alvo ele pegou sua espada e rolou pelo chão.

Seus dedos doíam e ele sabia que três da sua mão esquerda haviam quebrado de tão rápido que foram os movimentos. Seus músculos doíam mesmo tendo usado a melhoria na velocidade por um curto segundo e sentiu uma falta de ar lhe consumir. Já havia usado magia demais e ainda em si mesmo. Tinha que acabar com aquilo logo ou desmaiaria sem forças.

A bruxa gritou de dor quando ambos os punhais a acertaram. Cada um em uma mão e a prendendo contra parede próxima. Ambas as mãos presas do lado direito próximo a seu rosto, com a mão esquerda logo acima da direita:

–Maldito, Exorcista! – o grito da bruxa parecia fazer tudo ao redor tremer, sangue negro escorria de seus ferimentos enquanto fumaça também saia e ela grunhia de dor, as lâminas haviam sido previamente imbuídas com o concentrado de ervas utilizados para purificação e em alguém corrompido como uma bruxa devia causar uma dor imensa

Bonham por um momento temeu seu destino, mas antes que as chamas negras o tivessem acertado as runas lançadas pelo moreno os protegeram e até mesmo enfraqueceram a bruxa mais nova. A garota não era forte como sua mestra e a magia usada por Daan durante todo o combate já havia a enfraquecido o suficiente para não representar mais perigo. Brenno e o bardo agora só tomavam cuidado para que ela não tentasse fugir já que a magia não era mais um perigo vindo dela.

O gamuriano avançou com calma na direção da bruxa mais velha, tanto por precaução quanto por estar com o corpo enfraquecido. Mas então ouviu apenas sua rival rir e medo se instalou dentro dele:

–Um moleque como você não pode me derrotar – disse rindo a mulher enquanto as chamas verdes se apagavam – Já derrotei vários da sua Ordem mais fortes e experientes que você. Só será mais um morto, garoto. Mais um para minha coleção. Agora esse conde me servirá mais além do que como alma para executar as maldições assim como você, pupila inútil.

Recitando palavras tão obscuras que fizeram os ouvidos de Bonham e Brenno doerem mesmo sem entender o que era dito o espetáculo macabro começou.

O conde ergueu sua cabeça para o alto e logo uma onda de sangue saiu da sua boca como se ele fosse um chafariz. O sangue escuro caia por sobre ele extraindo um grito de pânico por parte do filho do homem e então logo a magia negra começou a agir. A pupila da bruxa logo começou a gritar de dor e em poucos instantes também vomitava sangue.

O sangue que parecia vazar dos dois iam em direção a bruxa numa velocidade assustadora e Daan começou a apressar seu passo. Aquilo não era um bom sinal. Mas mesmo que o moreno estivesse no seu estado normal não teria conseguido chegar a tempo. A mulher riu de prazer enquanto sangue entrava pelo seu corpo por cada orifício possível.

Grunhidos bestiais começaram a ser emitidos e todo o salão pareceu tremer. Pequenas pedras ao redor do local começaram a se mover na direção da bruxa e a se fundir a sua pele corrompida. Urros crescentes eram cada vez mais ouvidos enquanto o corpo da antiga condessa parecia aumentar de tamanho.

O que antes era uma bela mulher e depois virou uma horrenda bruxa agora era um monstro deformado. Com quase dois metros e meio de altura a bruxa se libertou dos punhais com simples força bruta. Suas pernas tinham bolhas em locais aleatórios, o lado direito de seu corpo começando em seu peito e indo até o ombro e se espalhando pelo braço pareceu quintuplicar de tamanho como se fosse uma bolha de pus. Seu rosto se deformou mais ainda tendo todo lado esquerdo dominado por um enorme tumor. A mão esquerda agora criava garras enquanto a direita crescia ainda mais. Então a bruxa soltou um riso tão bestial que era mais parecido com o urro de um demônio. E não apenas da sua boca, mas também das outras. Agora dois novos rostos surgiram. No ombro direito surgiu a versão deformada do rosto do conde assim como surgiu a versão deformada da jovem bruxa no estômago da mestra:

–Diga adeus ao mundo dos vivos, Exorcista! – grunhiu a criatura monstruosa com uma voz parecendo mais um urro

Daan queria se manter em pé, mas seu olho sangrava ainda mais aumentando a dor e o prejudicando. Quanto maior o mal visto pelo olho maior o sofrimento do moreno e naquele momento ele encarava algo de um nível que nunca tinha imaginado antes.

A criatura emanava um cheiro fétido como se fosse uma latrina. Soltava urros aleatórios por novas bocas não-humanas que surgiam em seu peito. Gemia de dor enquanto novos tumores iam surgindo por toda a extensão de seu corpo com a pele cada vez mais necrosada. E avançava em fúria.

Vendo que não tinha escolha o Exorcista se deixou possuir pelo poder de seu olho. A fúria fluiu pelo seu corpo como se fosse o sangue em suas artérias. A força pulsava dentro de si querendo ser expelida. A esclera de seu olho se tornava negra, a pupila fina como a de um felino e sua íris tão vermelha e brilhante quanto um rubi demoníaco. Naquele frenesi de poder o humano também avançou.

Dominado pelo poder ancestral que havia dentro de si e ignorando todos os seus limites físicos o gamuriano atacou e dilacerou o peito da bruxa. Gosma negra vazou pelo chão enquanto as garras da bruxa se cravavam no ombro direito. Daan rolou pelo chão com a mão no ombro observando o peito da criatura sangrar e queimar até literalmente se partir. A bruxa havia perdido toda a parte de baixo do seu corpo e metade do rosto deformado da pupila no estômago e ainda assim não aparentava que iria parar.

Com seu ombro direito machucado daquele jeito e os dedos da mão esquerda quebrados ele não tinha como usar sua espada e a fúria dentro de si parecia ter sido superado pela sua dor então o poder do olho se limitava a sangrar agora enquanto voltava a coloração usual.

Era visível que a espada sagrada havia afetado a estrutura da bruxa e as chamas mágicas também, mas com tamanho poder aquela fera não pararia a não ser que fosse completamente destruída.

Brenno lançou com precisão o punhal de prata. A lâmina percorreu o pescoço da criatura e teve a ponta saindo pelo outro lado. Mas foi inútil. Se o ferimento da espada que a havia partido ao meio não a havia parado aquele golpe não o faria. E então com movimentos desajeitados de seus braços deformados e de tamanhos tão diferentes a figura foi se aproximando de seu alvo.

Daan respirou fundo e tentou manter a calma. Precisava pensar em algum jeito de sair dali e de ferir a bruxa, mas não tinha forças pra isso mesmo ela estando tão mais lenta. E quando finalmente pareceu ver a morte a sua frente um poderoso estrondo tomou conta do local.

A figura deformada e partida caiu para o lado direito com seu corpo pesado e grunhiu de dor. O gamuriano encarou os outros dois que permaneciam vivos tentando achar a resposta para o que aconteceu e viu apenas um Bonham segurando seu alaúde com uma corda quebrada e suando muito:

–Fique longe dele, sua bruxa idiota! – gritou o ruivo com dificuldade visivelmente desgastado tentando se manter em pé apoiado em Brenno – Vá, Matador de lobos, acabe com ela.

E então o bardo começou a tocar uma belíssima canção e o pardo sentiu sua dor diminuir. Seu cansaço reduzia e mesmo sabendo estar ferido ele parecia muito bem. Pegou a espada com a mão direita e a ergueu mesmo com o ombro dilacerado, era como se nem mesmo sentisse mais o ferimento.

O Exorcista respirou fundo e começou a escrever runas no ar com os dedos quebrados que não incomodavam mais. As chamas na espada intensificaram e pareciam querer devorar tudo a sua frente. E então em meio ao belíssimo som emitido pelo alaúde Daan golpeou cravando sua espada no enorme ombro direito da criatura e explodindo as chamas ao seu redor.


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Notas finais do capítulo

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