O Exorcista escrita por Mateus Kamui


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Uma obra que só não é 100% original por ter me sido inspirada por tantas outras e ainda assim espero que gostem :)



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O olho direito ardia, mas já havia se acostumado aquele incomodo naquele passar de anos. Havia se acostumado a toda a maluquice em que vivia, o olho era talvez a mais comum. Mesmo seu mestre dizendo o contrário:

-Meu ultimo trabalho, rapaz. Finalmente terei paz – disse o homem mais velho montando no cavalo branco ao lado, tinha a aparência de um homem de mais de cinqüenta anos com suas rugas e cabelos brancos, mas o vigor de um jovem

-Sim Mestre, finalmente – falou em resposta seu pupilo enquanto seu cavalo negro acompanhava lado a lado o do homem – Já decidiu o que fará da vida após este trabalho?

-Não preciso pensar nisso agora, Daan. Lembre-se, um bom Exorcista só pensa no trabalho e em nada mais. Se quiser me suceder terá que sempre ter o Código em sua mente e nossa Arte em seus atos.

-Sei disso, Mestre

Um pouco após o zênite eles chegaram ao seu destino. O castelo erguia-se íngreme e causava uma boa vertigem em quem estivesse em suas torres mais altas. Por um momento os dois guardas que protegiam o portão de entrada iriam pará-los até que então simplesmente saíram do caminho. Como sempre era assim após reconhecerem o homem ao seu lado.

Desceram com calma do cavalo e os prenderam no estábulo que havia próximo da entrada e na parte interna do castelo. Os soldados armados os encaravam sem desviar o olhar, sabiam porque estavam ali e o jovem tinha certeza que não eram os primeiros.

A dupla não se demorou a cruzar os caminhos do castelo e chegarem ao salão principal. O marquês estava sentado num trono de mogno, com adornos em ouro e descansos para as mãos que lembravam as cabeças de leões enquanto o descanso para os pés era um obvio leão deitado, mas não adormecido. Era jovem, não mais de trinta anos como Daan calculara rapidamente, mas parecia bem mais cansado do que deveria. A coroa aparentemente pesava na sua cabeça, por mais que pela cara dos conselheiros no local fosse evidente que não era a única coisa:

-Diga-me a que vens as minhas terras, Exorcista – brandiu o rei encarando ambos de cima a baixo mesmo sabendo exatamente quais seriam as palavras a seguir, as mesmas de todos que vieram antes

-Ofereceram duas mil moedas de ouro pela morte de uma certa criatura que tem atormentado estas terras a alguns meses – disse em resposta o homem mais velho retirando o pergaminho que trazia na cintura onde o selo do marques estava impresso e a missão era explicada

-Exatamente, duas mil moedas para aquele que conseguir

-Essa é uma quantia muito alta para uma mera missão. O que vem lhe atormentando tanto assim, Vossa Senhoria?

-Um lobisomem, bom Exorcista. Um horrendo e poderoso lobisomem – por um momento Daan tremeu, não apenas por saber qual seria seu alvo, mas também pelas palavras do próprio marques, elas foram carregadas de um medo e um ódio tão puros que o havia feito tremer

-Lobisomem....... – por um momento o Mestre pensou sobre as palavras do homem, isso explicava muita coisa

-Ouvi dizer que a maldição pode ser desfeita e gostaria que assim fizesse

-O pergaminho citava morte e não quebra de maldição

-Pensei que sua Ordem só matava se não tivesse outra opção

-E é a mais pura verdade, mas então me deixe lhe perguntar algo, Honorável Marques de Denna

-Pergunte

-Quantos vieram antes de mim?

O silencio dominou o local e mesmo com uma enorme lareira acesa o frio parecia queimar a cada um ali e ainda estava em pleno começo de tarde:

-Muitos – foi a única coisa que o nobre foi capaz de falar, já fazia dois anos que sofriam daquilo e a solução só parecia cada dia mais distante – Por mais que Exorcistas apenas três

-O que ocorreu a eles? E aos outros obviamente – indagou o Mestre, ele realmente precisava confirmar a seriedade da missão

-Dois morreram, o terceiro quando soube disso disse que iria averiguar o caso e após ver a fera fugiu. Todos os outros também morreram. Irá fugir também?

-Poucas vezes soube de um Irmão meu de Ordem fugir, mas as vezes acontece. Com novatos principalmente, como esse devia ser. Mas para sua sorte já sou um velho.

-Então volto a lhe perguntar, Exorcista. Há uma cura?

-Não, Vossa Senhoria, não há – por um momento a mão do pupilo desceu até o cabo de uma de suas duas espadas, o olhar que o nobre lançara havia sido carregado de um ódio sobrenatural de tão intenso, havia mais ali do que ele deixara explicito no pergaminho – Lobisomens são frutos de uma poderosa e antiga maldição e como toda boa maldição só a dois métodos de cura. Ou quebramos o feitiço, quando se é possível fazer isso. Algo que não é no seu caso. Ou matamos aquele que conjurou tal mal. Mas duvido que saiba quem foi

-E está correto

-Então só resta a morte para libertar o pobre espírito preso no corpo de fera

-Pode fazer isso, Exorcista?

-Não carrego o símbolo em meu pescoço a tua, Honorário. Ele é a prova que uma vez que eu diga que farei o trabalho usarei até minha ultima gota de vida para realizá-lo

-Mesmo que falhe

-Não falharei

-Todos os anteriores disseram isso, incluindo os seus Irmãos

-Mas nenhum deles tem a vontade que eu tenho

-Vontade?

-Sim, vontade

Os dois trocaram olhares por tanto tempo que Daan decidiu mudar sua idéia e aos poucos liberou o cabo de sua espada de aço. O trabalho já estava garantido:

-Se der-nos licença, irei me preparar para o trabalho – disse o Mestre realizando uma rápida reverencia

-Pode ir, claro que não sem antes me mostrar a prova que é um Exorcista – cortou o nobre encarando o colar que pendia do pescoço do homem

-Mas é claro – rapidamente o homem mais velho se aproximou e deixou seu pingente circular ser tocado e no mesmo instante o marques largou a peça sentindo como se tivesse posto suas mãos em puro fogo

-Então é realmente um deles

-Diferente dos que vieram antes de mim, não é? – Daan observou seu mestre e então o homem ali sentado que apenas virou o rosto numa concordância

-Os que morreram sim, só dei para averiguar a veracidade deles após suas mortes. Mas o terceiro era realmente. E como disse, bem jovem. Talvez só um pouco mais velho do que o Gamuriano que traz consigo

-Entendo, mas não precisa mais se preocupar com isso. Essa noite o trabalho estará feito

-Só pagarei a recompensa a um de vocês

-Só precisará pagar para um de nós

Aos poucos então a dupla começou a sair do salão. Daan odiava quando o chamavam de Gamuriano, não por ser errado, mas por saber do preconceito que havia naquela palavra. Como todos do reino de Gamuria ele tinha a pele da cor da terra, algo bem distinto de todos os outros reinos conhecidos onde as pessoas eram brancas. Alem disso, era o único com os olhos negros feito obsidiana por mais que os cabelos morenos não fossem uma característica tão rara assim por ali:

-Coincidentemente veio na noite de lua cheia?

Se o Mestre havia ouvido aquelas palavras, que o pupilo sabia que sim, ele apenas ignorou e continuou a andar agora com um sorriso no rosto. Tinha trabalho a fazer e como o velho estava se gabando seria o seu ultimo. Não tinham tempo a perder.


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Notas finais do capítulo

Comentários, elogios, críticas, ou melhorias, comentem :)



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