Doce Fruto de um Passado Amargo escrita por XxLininhaxX


Capítulo 1
POV Camus


Notas iniciais do capítulo

Yooo pessoitas XD!!Olha eu aqui de novo voltando as minhas raízes XD!!Comecei essa fic agora XDNon sei como vai ficar a frequência de atualização XD!!Volto a dizer q estou tremendamente atolada de coisas pra fazer, então non garanto atualizar todo dia XD!!De qualquer forma, espero que gostem e acompanhem xD!!Estou realmente empolgada com a ideia e qro mto agradar aos leitores tanto quanto fico feliz por escrever XDBom, era só isso q qria dizer XD!!=**Boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/593735/chapter/1

POV Camus

Finalmente, depois de tanto tempo eu consegui tirar férias. Podia curtir um pouco de leitura, passear com Milo e nada daquela correria do hospital. Fazia dois anos que eu não tirava férias. Era sempre a mesma desculpa; não tinham médicos cirurgiões suficientes. E que culpa eu tinha disso? Claro que sou uma pessoa responsável, que preza muito pela eficiência de meu trabalho. Mas, como qualquer outro ser humano, também preciso de um tempo de descanso. A minha sorte era que Milo trabalhava tanto quanto eu ou eu teria sérios problemas em meu relacionamento. E não poderia ser diferente, já que ele era um empresário de sucesso. Acredito que ele tinha mais dificuldade para tirar férias do que eu. Apesar de ser o dono de uma rede de empresas, ele não podia tirar férias quando bem entendia. Muitas vezes ele tinha que trabalhar durante as folgas que ele tirava. Eu não tinha nada a reclamar. Nós apenas íamos levando a vida como podíamos. E claro que tínhamos tempo para ficar juntos e curtir um ao outro. Caso contrário, não teríamos estado juntos por esses cinco anos.

Eu estava deitado no sofá, lendo um livro tranquilamente naquela tarde de clima ameno. Milo estava cozinhando algo para o jantar. Aquele dia estava tão prazeroso que eu recordava da vida pacata que levava naquela pequena cidade no interior da França. Eu sentia muita falta daquela época. Aquela culinária maravilhosa, aquelas pessoas reservadas e simpáticas, nada de estresse ou aquela agitação toda. Paris tinha lá o seu charme, mas não era bem meu estilo. Mas foi graças a essa cidade que fui capaz de encontrar a pessoa com quem desejo passar o resto de minha vida. Um tanto quanto clichê se apaixonar na cidade do amor. Nem parecia comigo, o famoso médico altivamente frívolo. Mas com o passar dos anos, descobrimos que somos vulneráveis, não importando quão centrado você seja. Claro que aprendi isso de formas bastante dolorosas, mas foram essas experiências que me tornaram o que sou hoje. Apesar de tudo, não guardo rancor de ninguém e não me arrependo de nada.

O silêncio predominava naquela casa. Podia ouvir apenas alguns barulhos dos utensílios da cozinha, mas nada que pudesse me desconcentrar da minha leitura. E aquele cheiro de comida grega estava invadindo minhas narinas e me deixando com fome. Tive que aprender a gostar daquela culinária exótica, mas Milo era um bom cozinheiro. Também o ensinei a gostar da famosa culinária francesa, o que foi extremamente difícil. Apesar do nível social em que se encontrava, Milo tinha modos de um pedreiro. Fazê-lo saber aprecia um estilo de vida mais sofisticado, realmente não tinha sido tarefa fácil. Mas eu me orgulhava por ter conseguido. O que mais me agradava naquele relacionamento é que nos entregamos, de fato, um ao outro. Mergulhei no universo daquele grego extravagante e ele se inteirou do meu mundo reservado e culto. Crescemos e amadurecemos juntos. Isso era o que eu mais apreciava nessa nossa vida a dois. E pensar que algum dia eu me encontraria naquela situação. Depois de tudo que me aconteceu, jamais imaginei que seria capaz de amar novamente.

Ouvi a campainha tocando. Quem raios estaria nos visitando em pleno domingo à tarde? Eu não estava esperando ninguém. Milo também não. Levantei-me em desgosto. Não estava com saco para ser cordial.

– Não precisa se preocupar. Eu atendo. – Milo veio da cozinha, impedindo que eu fosse até a porta.

– Está esperando alguém? – perguntei.

– Não, mas sei o quanto você odeia ter sua leitura interrompida. – ele disse sorrindo debochado.

– Não sei se faz isso por gentileza ou por gozação, mas aceito o gesto de qualquer forma. – disse me sentando novamente e sorrindo.

Era bom saber o quanto meu marido era atencioso, apesar de que eu nunca confiava em suas boas intenções. Voltei a me concentrar no livro. Escutei Milo conversando ao fundo com uma mulher. Talvez fosse uma vendedora ou algo do tipo. Não reconhecia aquela voz e eu conhecia todas as amigas de Milo. Com certeza meu marido espantaria aquela mulher, bem rápido. Não tinha que me preocupar.

– Camus! – ouvi meu marido me chamando.

Estranhei. O que será que era para que Milo me chamasse? Não acredito que fosse algo que ele não pudesse resolver sozinho. Levantei-me desgostoso por sair de minha zona de conforto. Esperava que realmente fosse algo importante. Dirigi-me até a porta e logo vi Milo e uma senhora, já de idade. Tinha estatura baixa e cabelos completamente grisalhos, uma típica avó. Parente do Milo? Acredito que não. Pelo que eu soubesse Milo já não tinha mais parentes vivos. Quem poderia ser então?

– Camus, essa senhora diz ter um assunto a tratar e tem que ser exclusivamente com você. – Milo falou em tom de revolta, provavelmente irritado por não poder resolver o assunto.

– Pois não...? – dirigi-me a senhora.

– Boa tarde, senhor Camus. Lamento lhe incomodar, mas não tive condições de vir outro dia. – ela disse bem calmamente, enquanto arrumava os óculos que lhe caíam na ponta do nariz.

– Peço perdão pela indelicadeza, mas eu conheço a senhora? – perguntei.

– Não. Não chegamos a nos conhecer, mas eu ouvi falar do senhor diversas vezes.

Aquela senhora estava me intrigando. Onde ela poderia ter ouvido falar de mim? Ok, eu era um médico de fama considerável. Porém, ao julgar por suas vestimentas simples e humildes, ela não parecia ser o tipo de público ligado ao meu mundo. Então, o que ela fazia ali? E como sabia onde eu morava?

– Imagino que esteja curioso sobre minha presença aqui, não? – ela perguntou como se lesse meus pensamentos.

– Não devo negar que essa situação é um tanto incomum. – falei, erguendo uma sobrancelha, demonstrando desconfiança. Ela apenas sorriu de leve.

– Não vou demorar-me. Serei breve. – ela deu uma pausa. – Você se lembra do nome Natássia?

Arregalei meus olhos. Não estava acreditando que depois de tantos anos, aquele pesadelo voltaria a me assombrar. Nem sequer sabia quantos anos tinham se passado desde todo aquele ocorrido. Uns 14 anos?! Não conseguia conceber retornar aquele inferno. Não agora que minha vida já estava estabilizada e tudo estava correndo perfeitamente. Não podia imaginar que aquele passado voltaria. Não! Não! Não! Eu precisava me acalmar. Talvez não fosse algo realmente ruim. Eu nem havia escutado nada. E pensar que aquele nome ainda tinha aquele poder sobre mim.

– Sim, recordo-me desse nome. – falei tentando não transparecer a perturbação em minha voz. – Por quê?

– Bem, sei que não deve ter boas lembranças dessa pessoa, mas venho lhe informar que ela faleceu algum tempo atrás.

Senti meu coração gelar. Faleceu? Faleceu? Como assim faleceu? Por que eu não fiquei sabendo disso? Não conseguia acreditar! Meu coração estava, cada vez mais, pequeno. Depois de tudo que aconteceu, eu deveria odiá-la, mas lá estava eu sentindo-me triste por aquela notícia. Quando? Como? Nada disso estava esclarecido. Tudo bem, eu não tinha o direito de reclamar por não ter sido avisado. Mas, então, por que agora? Por que aquela senhora se dera o trabalho de vir até minha casa só para me informar isso? Não conseguia entender. Tentava não transparecer meu choque, mas não sabia se estava sendo bem-sucedido. Milo olhava para mim, curioso. Ele também parecia confuso. Claro que ele sabia de toda a minha história. Não começaria um relacionamento sério sem lhe contar sobre minhas experiências passadas. Até porque eu só me descobri bissexual após conhecê-lo. Mas, como eu mesmo havia dito para ele, era passado. Prometi que não havia chances de nada daquilo voltar. E lá estávamos nós diante daquela sombra.

A senhora pareceu perceber nossa surpresa e resolveu continuar.

– Sinto-me um pouco emocionada de ver que isso lhe causou certa comoção. A história de vocês foi linda e triste ao mesmo tempo. – ela limpou uma lágrima que teimou em cair por seu rosto castigado pelo vários anos de vida. – Natássia morreu há 10 anos em um naufrágio no mar da Sibéria. Foi algo extremamente difícil para nós, que éramos próximos a ela.

Um naufrágio? Natássia tinha pavor de barco. O que ela estava fazendo viajando em um? Aquela história estava muito estranha. E, afinal, onde aquela senhora queria chegar com toda aquela história?

– Ela queria se encontrar com você. – a senhora suspirou e senti que ela começaria a chorar.

Ela queria encontrar-se comigo? Por quê? Pra que? Depois do que ela fez, ainda tinha coragem de querer se encontrar comigo novamente? Eu não estava entendendo nada daquela história. Senti um misto de tristeza e revolta em meu coração.

– Infelizmente essa tragédia aconteceu e não foi possível. – ela falava tristemente e calmamente, o que estava me irritando.

– Será que a senhora poderia chegar ao ponto que a trouxe aqui? Acredito que não se deslocou da Sibéria para vir me contar isso. – perguntei um pouco impaciente.

– Desculpe-me. Sempre me emociono quando falo dela. – ela respirou fundo e continuou. – Acontece que ela guardou um segredo de você, antes de lhe deixar e voltar para a Sibéria. – ela deu uma pausa longa que me deixou apreensivo. – Quando ela voltou para sua terra natal, ela estava grávida.

Grávida? Grávida? Como assim grávida? Não! Ela não me esconderia nada disso! Ela não teria coragem de me esconder algo assim! Não era possível! Mesmo que ela tenha me deixado sem motivo algum, não acredito que tudo que passamos juntos não tenha significado nada ao ponto dela ocultar algo desse nível. Aquilo só podia ser brincadeira.

– Perdão, senhora, mas você deve estar me confundindo com outra pessoa. – falei um tanto revoltado.

– Entendo sua confusão e é totalmente plausível. Mas você não sabe de toda a história, meu jovem. Sei que ela fez algo horrível com você e seria totalmente compreensível se você a odiasse. Mas você não sabe de praticamente nada. Se ela fez o que fez, foi para lhe proteger.

– Me proteger? Me proteger? O que você sabe? – falei um pouco mais alterado do que queria. Milo colocou a mão em meu ombro e eu suspirei.

– Ela não tem culpa de nada, Camus. – Milo disse.

– Tudo bem, senhor...? – ela pausou, esperando que Milo dissesse o nome.

– Milo. – ele respondeu.

– Senhor Milo. Eu já esperava por essa reação. Claro que eu entendo perfeitamente o motivo da revolta dele. Natássia o deixou dois dias após o casamento e sem nenhuma explicação. E agora, depois de 14 anos do ocorrido, aparece uma velha estranha em sua casa lhe dizendo que Natássia o abandonou grávida. É muita coisa para digerir de uma única vez. – ela respirou novamente. – Mas você precisa saber a verdade. Eu lhe garanto que só estou me dando a esse trabalho porque, apesar de não concordar com o que ela lhe fez, Natássia sempre me foi muito querida. E eu prometi para ela que se qualquer coisa acontecesse, eu tomaria as devidas providências para proteger o que lhe era mais precioso.

– Com licença, senhora. Sei que pode não parecer da minha conta, mas poderia, por favor, chegar ao ponto? – Milo disse já impaciente também.

– Sinto muito. Prometi que seria rápida e estou me postergando. Bom, a verdade, senhor Camus, é que Natássia foi obrigada a lhe abandonar. Não sei se ela chegou a mencionar quando vocês estavam juntos, mas quando ela veio para a França, ela estava fugindo do ex-marido dela.

– Sim, ela me contou. – respondi.

– Não sei até que ponto ela chegou a lhe dizer, mas o ex-marido dela era um homem extremamente violento e perigoso. Era um bandido muito procurado na Sibéria. E ela foi forçada a se casar com ele para pagar uma antiga dívida do pai dela, que era viciado e comprava drogas na mão do referido. Depois que o pai dela morreu, ela se cansou daquela vida de violência e humilhação que ela tinha ao lado daquele crápula, então ela fugiu. O problema é que depois de um tempo, ele descobriu onde ela estava. Não só isso, também descobriu que ela já estava envolvida com outro, no caso, você. Ele, então, a ameaçou um dia depois que ela casou-se com você. Ela tentou ir contra, mas então ele ameaçou vir atrás de vocês e lhe matar. Foi então que ela tomou a decisão.

Eu olhava perplexo para aquela senhora. Que história toda era aquela? Eu não sabia de nada daquilo. Natássia apenas me contou que depois de separar do marido, resolveu procurar uma nova vida longe de tudo. Ela não disse nada daquilo! Como aquela senhora esperava que eu fosse acreditar nela? Todos aqueles anos eu me trancafiei dentro do meu mundo de solidão, acreditando que o amor não valia a pena. Com muito custo, Milo conseguira me fazer mudar minha visão. Mesmo assim eu vivi anos de tristeza e isolamento por conta de algo que, agora, eu descobria ser completamente diferente. Eu acreditei que tinha sido abandonado injustamente e sem razão. Aquilo foi minha certeza durante anos! Agora tudo desmoronava e uma nova história aparecia a minha porta. Eu deveria acreditar? Eu queria acreditar! Finalmente uma explicação para o comportamento contraditório do meu primeiro amor. Mas aquilo mudava tudo! Se ela tinha um motivo para fazer o que fez, então eu passei anos lamentando por uma mentira. Desperdicei anos parado, enquanto minha Natássia sofria. Isso fazia de mim um covarde? Por que não fui atrás dela? Por que permiti que ela partisse sem me dar uma explicação? Preferi me fechar em minha dor. Não! Aquilo estava errado!

– Deve haver algum engano! Não posso acreditar nisso! A Natássia... Ela... – eu estava começando a perder a cabeça.

– A senhora tem alguma prova disso? – Milo perguntou, passando o braço ao redor do meu ombro, em um meio abraço. Como se ele estivesse tentando me apoiar.

– Claro que eu tenho.

A senhora virou-se e foi andando até o carro que estava parado na porta de nossa casa. Ela apenas abriu a porta e um jovem saiu de lá. Fiquei boquiaberto! Meu coração se apertou de uma forma que pensei estar em processo de ataque cardíaco. Aquele rapaz, aquele jovem... Ele era a cara de Natássia! Os mesmos cabelos loiros, os mesmos olhos azuis, a mesma pele branca. Será que...?

Eles vieram em nossa direção novamente. O jovem olhava para mim de maneira profunda.

– Gostaria de apresentá-los. Camus, esse é Hyoga. Seu filho.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Doce Fruto de um Passado Amargo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.