O coração de Castle pulsava forte dentro do peito. Estava aliviado por ela ainda estar viva, mas só ficaria totalmente seguro quando ambos saíssem dali. E ele esperava que isso fosse logo.

Os dias se arrastavam lentamente e a rotina diária de Castle era ir de seu quarto até o de Kate observá-la respirar até que alguém o forçasse a voltar para o seu quarto novamente. Mesmo depois de ter recebido alta, Rick ainda não havia deixado o hospital, mudando apenas de sua cama para a cadeira ao lado da cama de Kate, que agora era seu ponto de vigília.

Uma semana já havia se passado e Kate já havia melhorado bastante, respirando sem a ajuda de aparelhos, mas permanecendo desacordada pelo efeito dos sedativos. Ela se mexeu algumas vezes durante a semana, movimentos leves e involuntários, quase que imperceptíveis, mas nada relacionado a ela passava despercebido por Castle.

Martha e Alexis estavam juntas no quarto e Rick havia acabado de voltar do banho. Estavam todos relaxados quando de repente o monitor cardíaco de Beckett disparou. Castle ficou ansioso e, ao aproximar-se da cama de sua musa, foi a vez de seu coração disparar. Kate olhava diretamente em seus olhos. Finalmente estava acordada.

O olhar dela era assustado, não entendendo o que estava acontecendo ou como havia ido parar ali. Sentiu algo arreliar as suas narinas e imediatamente elevou uma das mãos até o cateter nasal que lhe ajudava no fornecimento de oxigênio. Castle foi mais rápido que ela.

– Não tire... Isso está ajudando você – ele disse tocando docemente sua mão. – Está se sentindo bem?

Kate demorou uns segundos para responder, ainda processando tudo com dificuldade. Suavemente os pensamentos foram fazendo sentido, e respirando calmamente ela olhou para o escritor.

– Rick...? - ela sussurrou assustada.

Ele entendeu que, na verdade, ela queria saber como ele estava. Afinal, a última cena registrada em sua mente era de Castle ainda amarrado naquela maca por aquele maníaco.

– Oi meu amor... – ele disse abrindo um largo sorriso. – Eu estou bem. Está tudo bem agora.

Ele a beijou suave na testa, mas não demorou muito para que ele procurasse os lábios dela, molhando-o com suas lágrimas.

– Eu senti sua falta – disse ele beijando-a carinhosamente. – Tive medo de perder você... – ele falou novamente, dessa vez junto com Kate que também chorava de alívio e emoção.

– Você está bem? – ele perguntou e ela apenas acenou com a cabeça. – Você não deve se emocionar assim. Vou chamar o médico – disse Rick, percebendo que agora ela respirava também pela boca.

–N-na-não... – Kate ofegou, segurando a mão dele, não permitindo que desse nem um passo. Não estava disposta a perdê-lo de novo, mesmo que fosse por poucos segundos.

– Eu vou chamá-lo! – disse Alexis animadamente, indo ao encontro do médico de Kate.

Martha se aproximou um pouco e, acariciando o rosto molhado de Kate, agradeceu por ter trazido o seu filho de volta, mesmo arriscando a própria vida. A velha senhora Rodgers temeu pela vida de Kate, mas sabia que o amor que ela sentia por Castle era forte o suficiente para que desistisse da própria vida, outra vez, se fosse necessário. O médico finalmente chegou e, apesar da emoção, os sinais vitais de Kate estavam bem estabilizados. Começava a reta final de sua fase de recuperação. Em breve poderiam voltar para casa.

Uma semana depois, Kate respondia bem às sessões de fisioterapia, não apresentando nenhum tipo de alteração ou mesmo cansaço. Castle sempre estava presente, acompanhando tudo e aprendendo os exercícios para que ela pudesse fazer alguns mesmo estando em casa. Diante de todos os últimos acontecimentos, eles estavam de férias por tempo indeterminado.

Finalmente chegou o tão esperado dia em que voltariam para casa. Juntos. Castle, ao descer do carro, a carregou no colo até a entrada do apartamento deles. Não que fosse necessário visto que ela já podia andar por si mesma, mas ele não perderia a oportunidade de mimá-la.

Entraram no loft e uma bonita recepção estava esperando por eles e especialmente por Kate. Como ainda não havia se passado nem metade da manhã, foi providenciado um belo café da manhã com sucos e frutas das mais variadas e coloridas.

Todos estavam muito animados pela volta do casal e pelo desfecho do caso, mas era hora de deixar a família a sós. Então logo estavam todos se despedindo e desejando felicidades, e Martha e Alexis saindo para resolver assuntos pessoais ou para deixar os dois sozinhos, de volta ao lar.

Castle beijou Beckett calorosamente ali mesmo na sala, sozinhos. Estavam mortos de saudades um do outro. Ao mesmo tempo, também estavam muito cansados, pois a cama de um hospital não é igual a nossa cama, ou melhor, a cama deles. Rick subiu as escadas com Kate mais uma vez em seus braços levando-a para o quarto dela. Quando ele abriu a porta, ela se impressionou com a vermelhidão que cobria todo o seu quarto: flores.

A suíte de Kate estava complemente saturada de rosas vermelhas exalando o seu perfume, e era difícil ver algum móvel ou até mesmo o chão que não tivesse sido tomado pela paisagem romântica que aquele ambiente possuía.

– Oh, Rick... – ela suspirou.

– São todas para você, minha princesa – ele disse sorrindo.

Beijaram-se mais uma vez longamente e então relaxaram juntos na maciez da cama de Kate, adormecendo ali entre o aroma de rosas e cerejas até o entardecer. Martha e Alexis já haviam chegado, mas não quiseram incomodá-los. Às vezes um bom descanso é o melhor alimento.

Acordaram juntos, meio tontos por terem dormido quase o dia todo e, logicamente, estavam famintos. Tomaram um banho rápido e desceram para o jantar, que já estava esperando por eles junto com a velha atriz e a jovem estudante.

Brindaram e comeram à vontade deliciando-se com o fato de estarem juntos mais uma vez. Todos em família. Organizaram-se para uma sessão de filmes e antes mesmo do término do segundo filme Martha e Alexis já cochilavam no sofá. Castle acordou as duas e logo ambas foram para a cama sussurrando algo que não foi discernido nem por ele nem por Beckett.

– Você quer ver mais um filme? – Castle perguntou.

– Não... Eu quero ficar aqui com você – ela disse fazendo sinal pra que ele se sentasse ao lado dela no sofá.

Ficaram ali abraçados, no silêncio. Silêncio que uma vez o devastou quando ela não estava lá. Silêncio que uma vez a devastou quando ele não estava lá. Finalmente agora podiam estar ali, respirando juntos e em paz. Silenciosamente.