–Adoro vir aqui, olho para as cadeiras vazias e me sinto bem melhor, odeio fazer apresentações, tenho medo e vergonha desse palco e da platéia.

–Esse teatro é imenso, quando eu era mais novo fiz aula de Teatro , todos eram comportados e faziam o que o professor mandava, mas eu era diferente, brincava e corria pelas cadeiras da platéia, eu ia no palco e começava a cantarolar e dançar, até que eu sai porque comecei a ser suspendido das aulas. – Ele ri

–Nossa que menino comportado você era. –Tom de ironia

–Sim, me orgulho de ter feito Teatro, não tenho medo nem vergonha do palco, ele se tornou meu grande amigo durante muitas aulas. Ele fez eu deixar a timidez e acho que com você não será diferente.

–É, talvez eu participe de uma ou duas aulas de Teatro. – Provavelmente não – Vamos , vou mostrar o campo de futebol.- Quando terminei de falar ele parou e começou a me encarar.

–O que foi? – Ele estava assustado, com medo.

–Podemos ir pra outro lugar?

–Qual o problema com o Campo de Futebol?

–Jura que não conta pra ninguém?

–Juro, pode contar qualquer coisa.

–Desde criança eu era um menino que amava futebol, que queria ser jogador, aí meu pai me colocou em um Clube na minha escola, eu era o melhor do time, o atacante, em todos os campeonatos eu ganhava uma medalha como melhor da equipe, fiz isso durante uns 2 ou 3 anos da minha vida. Até que em um campeonato um treinador de um Clube Oficial da minha cidade foi na escola assistir pessoalmente e era a minha chance, o meu futuro. O jogo estava empatado e quando estava indo em caminho pro gol, um menino do time adversário chutou minha perna e cai em cima dela, quebrei a perna no dia. Fui direto pro hospital. Passei 8 meses com a perna engessada e sem poder jogar. Depois quando melhorei nunca mais joguei do mesmo jeito que antes. Até que fiquei com Horror a Futebol.- Ele abaixou a cabeça com se estivesse envergonhado.

–Ei, você pode superar esse medo. O que fazemos é superar, a cada dia você precisa ter mais contato com o Futebol pra olhar e dizer que superou. Todos passam por isso. Não é porque me afoguei que não olho e nem vou mais na piscina. Eu superei. Mas precisamos também conviver com o medo porque ele não sai de uma hora pra outra. Ele nos dá força pra superar as coisas.

–Eu sei mais é difícil conviver porque foi uma parte dolorosa da minha infância.

–Todos nós temos partes dolorosas da infância – Como perceber que não tem mas como voltar no tempo ser criança de novo, é uma das piores coisas, eu queria muito que isso acontecesse, mais não tem como. Então é uma coisa que devo superar, mas ás vezes sinto que não consigo, que agora é só crescer e ter mais problemas a cada minuto da sua vida. Não quero compartilhar isso com ele porque é capaz de me deprimir mais ainda.

–Vou tentar superar, me ajuda? – Ele olhou pra mim como precisasse de mim pra superar se não iria superar, me senti bem, gosto de ajudar os outros, dar conselhos e exemplos, porque acaba me ajudando também, tudo que falei pra Thomas, era o que eu queria que alguém falasse pra mim, mas meus “ amigos ‘’ só servem para as horas boas da minha vida, no momento de dificuldade eles não nos dão apoio. Thomas tem meu apoio.

–É claro, isso que os amigos fazem. Pode contar comigo.

–Obrigada, vamos continuar com o Tour?

–Sim, vou te mostrar agora uma sala que todos gostam de ir.

O resto do tempo que nós tínhamos eu apresentei a escola pra ele, me sinto bem de estar com ele, perto dele, parece que ele é a única pessoa do mundo que consegue me compreender e me não me acha comum, acho que ele também gosta de estar comigo. Depois desse Tour, voltamos pra sala e ele sentou atrás de mim, estava na aula de literatura, até que não foi chata. Chegou o recreio, eu e Thomas fomos os primeiros a sair da sala. Quando eu estava indo ao banheiro, minha amiga Luana me chamou.