– Filha, quer minha opinião? - Minha mãe olha para mim.

– Aham.

– Você gosta muito dele ainda. Até ele sabe que você não vai esquecer ele de uma hora para outra. Lembra que eu te disse que quando nós gastamos muito de alguém vale a pena se arriscar? Você não se arriscou por ele Grace. Ele se arriscou, e tenho quase toda certeza que ele não se arrepende. Eu te amo filha e eu me arriscaria por você. Novamente estou falando disso porque você parece não ver o que está óbvio.

– Eu me pergunto se vale a pena passar por tudo que eu passei de novo por causa dele. Eu estou confusa. Desde o acidente.

– Eu sei. O que aconteceu com você foi horrível. Perder a memória deve ser a pior coisa, mais ele estava ali com você meu amor. Ele sempre estava lá. Bem do seu lado.

Fico em silêncio e deixo meus pensamentos me levarem.

x.x.x

Estou decidida a fazer uma coisa.

Coloco uma regata cinza e uma calça jeans. Calço meu All Star e pego meu celular. Dou uma última olhada para o espelho e vejo uma... sei lá... uma Grace que vai se arriscar? Bom, exatamente isso. Vou correr atrás do que é meu.

Desço as escadas e vou até a cozinha.

– Já estou indo mãe.

– Indo a onde?

– Você sabe onde.

– Boa sorte filha. - Minha mãe sorri e pisca para mim.

– Obrigada mãe.

Mando beijo e saio de casa. Caminho pela calçada e a cada passo minha barriga dói mais ainda. Não sei o que falar. Só sei que hoje topo qualquer coisa por Thomas. Confesso que fui uma idiota com ele. Meu celular toca.

Thomas.

– Grace? - Ele fala do outro lado da linha.

– Ah Thomas! Você não pode esperar? Já estou quase chegando aí.

– Chegando onde? Você está vindo para cá?

– Chego em 5 minutos. - Desligo.

Foi uma surpresa para ele, pois ele não sabia de nada. Passei pela mesma rua do acidente. Fechei meus olhos e tentei não pensar nisso.

Thomas apareceu na porta de sua casa. Estava com bermuda e camisa de manga. Seu cabelos estavam perfeitamente bagunçados e seus olhos estavam brilhando.

– Oi. Eu sei que você deve estar estranhando... - Ele concordou com a cabeça. - Mas eu tenho muita coisa para falar. Então só me escuta. Tudo bem? Então, por onde vou começar... fui uma idiota, e você também. Fomos dois idiotas cometendo erros que ferraram nossa vida. Estávamos felizes, aí vem esse acidente e acabou com tudo. Você sempre esteve do meu lado e nunca me deixou na mão. Você se arriscou. Eu estou aqui para me arriscar. Agora é minha vez. Eu estou pronta para me machucar de novo. Tudo vale a pena se é para estar com você. Eu só fui entender isso a uma hora atrás. Estava muito confusa e agora está tudo claro de mais. Eu amo você e ninguém vai tirar esse sentimento de gratidão que eu tenho por você existir na minha vida. Eu só... precisava falar isso.

Thomas me olhava atentamente. Ele sorriu e eu me derreti.

– Grace, eu sempre vou estar do seu lado. Independentemente se não estivermos nos falando. Nunca desisti e nem desistirei de você. Você sabe que sou capaz de tudo. - Ele me abraça. - Você é minha. Nunca deixou de ser. Só estava afastada. - Ele me beijou na testa. - Vamos ser idiotas juntos.

– Topo tudo com você. - Digo sorrindo.

Ele finalmente, FINALMENTE... Chegamos ao 'finalmente' me beija.

Esse tão esperado beijo que nunca mais tinha sentido. Thomas morde meu lábio inferior, isso me faz sorrir. Nosso beijo foi especial. Do estilo 'beijos dos idiotas que se amam'. Erramos muito e fizemos bastante merda até chegar nesse beijo, mas pelo menos nós chegamos até aqui.

– É impossível ficar longe de você. - Ele diz.

– Idem.

– Acho que estou lembrando de uma coisa. - Ele sussurra.

– Idem. - Sorrio.

x.x.x

(uma semana depois)

– Xeque Mate. - Derrubo a última peça.

– De novo?

– Você é muito ruim nesse jogo. - Falo rindo.

Thomas e eu estávamos na varanda da minha casa jogando xadrez. Eu derrotei ele pela terceira vez só hoje.

– Você é boa demais. Acho que vai ter que me ensinar. - Ele diz se aproximando.

– Ah Thomas, sinto muito. As pessoas nascem com dom de jogar xadrez, você não é uma dessas pessoas. Desculpa.

– Ah é? Você vai ter que me ensinar Grace...

– Se eu não fizer isso o que vai fazer comigo? - Ele de aproxima e me beija. Beija meu pescoço. Beija minha clavícula... e depois me surpreende com um ataque de cócegas.

– Para Thomas! Ah não! - Eu ria muito e ele continuava.

Era a primeira vez que muito tempo que eu não ria desse jeito. Thomas não tinha o dom para xadrez, mas tinha o dom de me fazer sorrir.

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