Ás 7h, ouço batidas na porta.

– Mãe! É Karen! Manda ela subir! - Grito para minha mãe.

– Tá bom! - Ela responde.

Tiro os fones de ouvido e prendo meu cabelo em um coque.

– Oi. - Karen abre a porta.

– O que é tão importante? - Karen arrasta a cadeira e ficamos frente a frente.

– Grace você não sabe de 'tudo' que aconteceu naquele ano. - Ela diz nervosa.

– Então me conta.

– Kaliscia era minha melhor amiga desde dos 10 anos.

– O que? Você e Kaliscia? Amigas?

– Pois é, meio inacreditável.

– Meio? Totalmente inacreditável. Nunca imaginaria isso. - Falo desamarrando meu coque e o prendendo de novo. É uma coisa que eu faço quando estou nervosa.

– Então, um ano antes dela conhecer Thomas, ela sabia que meu irmão era aquele ''psicopata'' e que meus pais não faziam nada contra ele. Tudo foi uma grande crise. Meus pais queriam internar meu irmão, mas ele se recusava e ficava impossível obriga-lo já que ele vivia sumindo. No começo, Kaliscia queria armar para ele, para ele ser pego e levado a uma clínica já que ele era um drogado. Quando ela conseguiu falar com meu irmão, eles ficaram muito tempo conversando sozinhos e quando ela saiu ela estava tensa e diferente. Passou uma semana e ela nem falava comigo.

– Você está me dizendo que seu irmão fez alguma coisa para ela ter mudado?

– Sim. Minha teoria é que ele fez a cabeça dela ou até ameaçou. Mas continuando, ela não falava mais com ninguém. Depois de um ano ela conheceu Thomas e estava toda apaixonada e tals. No começo até achei bom ela se distrair com alguma coisa, mesmo não sendo mais a melhor amiga dela eu me preocupava com ela. Mas ela estava ficando neurótica. Ela era aquela 'namorada super protetora que levava uma faca para escola e se alguma menina chegasse a falar com Thomas ela rasgava a garganta''. Foi por isso que ele terminou com ela.

– E ela entrou em depressão?

– Sim. Thomas terminou com ela antes do meu irmão drogar ele.

– Eu pensei que tivesse sido depois.

– Foi um pequena mentirinha. Bom, eu tenho certeza que Karen sabia disso. E a minha teoria de agora é que ela tenha se envolvido com meu irmão e ajudado a drogar o 'ex namorado' dela.

– E o que essa história tem haver com o que está acontecendo agora.

– Grace,a Kaliscia é o estilo de psicopata que só consegue vencer com outro psicopata. Você deu uma surra nela e ela nem conseguiu encostar em você. Ela é fraca. Ela pode estar tentando nos colocar medo.

– Eu pensei nisso. Mas porque ela faria isso com você se foi eu que bati nela?

– Você não viu a mensagem? ''Por bons momentos''. Tivemos ótimo momentos quando éramos amigas. Ela deve ter tomado raiva de mim agora que sou amiga da ''menina que roubou o namorado dela''.

– Eu não roubei nada de ninguém.

– Eu sei, eu sei. Mas não é isso que ela pensa.

– Ela é maluca.

– Estou com medo. - Karen finalmente deixa o medo transparecer.

– Eu não. Eu quero que ela morra, seria fácil. Mas como não podemos fazer isso, tenho uma solução. - Digo sorrindo.

– O que? - Karen enxuga as lágrimas 'imaginárias'

– Vamos as compras! - Exclamei.

– Ah amiga pensei que você não ia dizer isso.

– Está tarde, vamos deixar para amanhã. - Digo levantando da cama.

– Podemos chamar Lara e ir lanchar na nova pizzaria que abriu ontem.

– Boa ideia. Chama Lara e alguns meninos para acompanhar vocês.

– Para que chamar eles? - Karen dá um sorriso.

– Para vocês não ficarem de vela. - Digo com um olhar malicioso.

– Oh, e você Grace? Vai chamar quem para ir com você? - Karen pergunta com ironia, como se ela não soubesse que eu ia chamar.

– É surpresa! - Digo abrindo o armário para pegar uma roupa.

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Ligo para Karen.

– Ka, você disse que ia estar aqui antes das 8h30min!

– Grace eu tenho que ficar bonita!

– Lara já está aqui. Junto com um menino bem bonito.

Lara está do meu lado no banheiro da pizzaria. Ela está usando uma calça jeans rasgada e uma blusa de seda rosa. Ela está linda.

– Grace, como você mudou heim? Você não era assim. - Karen ri no telefone.

– Quando você vai estar aqui?

– Daqui a 3 segundos.

Karen desliga e entra no banheiro.

– Oi gatas! - Karen manda beijinho.

Ela está usando uma saia longa e uma blusa larga estampada.

– Lara e Grace vocês estão lindas! - Karen aponta para nossas roupas.

– Digo o mesmo de você. - Digo.

– Karen você vai me dizer quem é o seu 'acompanhante' ou não?

– Okay. Chega de guardar segredo. É o Tiago. Ele foi me buscar em casa por isso demorei.

– Ah vocês são tão fofos juntos. - Lara diz fazendo uma voz de quem engoliu um arco íris cor de rosa.

– O amigo de Thomas? - Falo.

– Ele mesmo.

– Ele em alguma chance com você? - Peguntou com um olhar que só ela entende.

– Talvez. - Ela responde.

– Adoraria continuar aqui mas temos que voltar, a pizza já deve estar quase pronta. - Lara nos interrompe.

– Podem ir. Já estou indo.

Elas saem.

Olho para o espelho e retoco meu batom. Não sou de usar muita maquiagem. Só coloquei o básico. Um traço com delineador, rímel e uma batom vinho que eu achei no meu armário. Estou usando um vestido rodado cereja. Ele é lindo. Não gosto de salto então coloquei minha sapatilha preta brilhosa. Meus cabelos estão com cachos e soltos.

Estou pronta.

Saio do banheiro e vou em direção a minha mesa. Thomas me acompanha com seu olhar e eu finjo não ligar. Vamos dar ênfase ao ''finjo'' okay?

Na mesa tem 5 pessoas. Karen, Tiago, Lara, Murilo e Thomas. Me sento na frente de Thomas e do lado de Karen.

Thomas se inclina na minha direção e sorri.

– Eu já falei o quanto você está linda hoje, princesa?

– Já. No total 6 vezes. - Falo.

– Você está linda.

– 7 vezes.

– Esse lugar é legal né? - Murilo fala.

– Falam que a massa daqui é a melhor de todas. - Karen sorri.

– Que gulosa. - Lara ri de Karen.

– Só vamos saber quando comermos né? - Tiago dá uma piscadinha para Karen. Ela sorri.

– É só eu ou você também percebeu o clima entre eles? - Sussurro para Thomas.

– Deixa eles serem felizes Grace. - Thomas responde.

– Ele gosta dela? - Pergunto para ele.

– Isso é uma resposta confidencial. - Thomas ri.

– Não tem graça. - Cruzo os braços.

– Você fica ainda mais linda quando está com raiva. - Ele sorri.

– Não estou com raiva.

– É mesmo? - Ele fala irônico.

–Você me irrita. - Falo para ele.

– Eu também te adoro.

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