Segundo dia aqui no hospital. Continuo sem lembrar de nada e com minha perna doendo. Thomas ainda não veio desde de ontem, nossa conversa mexeu com ele, mas vou confessar, já estou com saudades. São 11:33 AM e a enfermeira veio me avisar que 18:00 tenho que fazer exames e uma ressonância.

Tento voltar a dormir, mas um barulho me acorda do cochilo. Minha ''mãe'' e uma menina (que obviamente não sei que é).

– Bom dia querida. Como você está? - Ela entra e coloca suas sacolas na poltrona.

– Estou um pouquinho melhor. Ainda continuo com as dores.

A menina não para de me olhar, já estou ficando incomodada.

– Ah, desculpa. Filha essa aqui é a Karen. Ela é sua colega da escola. Estava com você antes do acidente. Talvez você se lembre que alguma coisa. Tudo bem ela ficar aqui?

– Er ... pode ser. - Falo gaguejando. Ela estava comigo antes o acidente? Ela sabe me explicar o que aconteceu então. Já que ninguém fala.

– Será que pode me deixar conversar com ela. Por favor? - Ela percebe que não utilizei a palavra ''mãe'' e sinto que foi uma pontada no peito dela. Só preciso de tempo para organizar minhas memórias, mas por enquanto não tenho muitas.

– Claro querida. Volto em 20 minutos. - Ela sai e Karen se aproxima.

– Érr ... oi Grace. - Ela parece está nervosa demais.

– Oi. - Digo.

– Hum.. ér ... como você está?

–Eu? Bom, eu estou nesse quarto sem poder me mexer, morrendo de dores e sem nenhuma recordação. Fora isso eu acho que vou ficar bem. - Ela arregala os olhos. Não foi minha intenção ser grosseira, mas só queria intimida-la para arrancar respostas.

– Érr, me ... me desculpe ... eu te entendo. - Ela chega para trás.

– Certamente você não me entende.

– Grace não fale coisas que você não pode confirmar. Eu posso não ter sofrido o acidente mais já perdi muita gente e sei como é sentir dor.

Dessa vez fiquei em silêncio. É claro que não posso confirmar nada. Perdi a memória.

– Eu vim aqui porque, em parte eu me sinto culpada. Fiquei dias sem dormir me sentindo péssima com seu acidente. Quando sua mãe me ligou para avisar que estava tudo bem eu fiquei bastante contente. Érr, por favor Grace, não me culpe. Foi .. foi sem querer... eu só queria que você visse o que aquele traste do Thomas fez. Se eu fosse você gostaria que alguém me falasse.

Mas é claro que eu não estou entendendo nada. Parece que ela se esqueceu que perdi a memória.

– O que ele me fez?

– Ele te ... Bom, Grace acho melhor eu ir,tá ficando meio tarde...

– Se você sair por aquela porta vou te culpar pelo resto da sua vida. - Digo apontando para porta.

– Tá bom, tá bom... ele te traiu com a ex dele, a Kaliscia.

''...um menino que fez a maior burrada da vida dele. Ter deixado você ir foi um erro e ele está arrasado por isso.''

Assim que ela falou, me lembrei das palavras de Thomas. Foi ele.. ele que escreveu o cartaz. Se ele disse que me amava e que foi o maior erro de sua vida, porque me traiu?

– Porque ele fez isso?

– Ah isso você pergunta para ele. Agora tenho que ir. Bye.

x.x.x

São 14:55 e ele ainda não veio me ver. Quero fazer muitas perguntas para ele. '' porque me traiu? porque não veio me ver? por quem você foi ameaçado? ''. O que me resta é esperar.

Tento descansar um pouco.

* lembranças de Grace *

– ... Eu te amei desde que te vi. – Ele diz com um sorriso malicioso.

– Idem.

– Daqui a pouco isso ta virando Ghost. – Rimos juntos.

– Nossa aquele filme é deprimente. – Eu digo sentando no nosso banco.

– Eu gosto. Eu morreria se eu vivesse num mundo no qual você não existisse. Mais no caso ela superou. – Ele me encarou.

– Eu tava pensando ... em aceitar o convite da sua mãe. – Ele corou.

– Do almoço? – Mamãe chamou ele logo depois de ele ganhou alta. Disse que ele tinha que experimentar a comida dela. Ele nunca tinha se importado em conhecer minha família (minha mãe). Por que será que ele resolveu aceitar agora?

– Aham, namoramos a 4 meses. Já ta sério né? – Ele me olha com olhos brilhantes cor de mel.

– Sim. Mas você sempre foi lá em casa. – Eu sempre o chamava pra jogar vídeo game e minha mãe sempre entrava no quarto, isso me matava.

– É, mas agora é diferente. É um almoço com sua mãe. Não quero que ela me veja como um jogador profissional de vídeo game.- Ele me olha e ri. Eu sempre fui meio ruim no vídeo game, ele sempre me derrotava.

– Você falando assim parece que vai me pedir em casamento. – Eu me ajeito e deito a cabeça no colo dele, e ele começa a mexer no meu cabelo solto.

– Quem sabe ... – Ele dá um sorriso pervertido. ''

Acordo em disparada. Tive um sonho. Uma lembrança.