Menina Veneno escrita por DreamsOfASummerNight


Capítulo 7
Capítulo 6




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Ao chegar em casa, me tranquei em minha suíte. Cheguei a procurar por David depois que o filme acabou, mas o rapaz havia desaparecido. Arrisquei a perguntar a Killian e Emma, mas eles não o conheciam. Tinker também não. Contudo, dei a ela todas as informações de que eu dispunha sobre o rapaz exigi um relatório completo pela manhã.

Retirei o vestido e os sapatos e fui para o closet, vestindo a primeira roupa que me servisse. Me certifiquei de que a porta estava trancada antes de me dirigir a minha linda estante de sapatos. Um suspiro escapou dos meus lábios. Empurrei a primeira prateleira para o lado, revelando uma segunda logo atrás, em seguida uma terceira, até por fim chegar a quarta. Afastei um par de botas Gucci e abri a tampa do dispositivo de segurança embutido na lateral da prateleira. Digitei minha senha e a luz piscou, ficando verde antes de o painel de madeira recuar meio metro e liberar a entrada.

As luzes acenderam automaticamente logo que entrei no meu santuário. OK, não era bem um santuário, mas ali eu podia ser eu mesma, sem cobranças ou análises - só as minhas, é claro.

Havia muito lixo guardado ali, como as roupinhas medíocres que eu usava quando me encontraram, o primeiro objeto que comprei com meu próprio dinheiro - óculos escuros de camelô; decadente, eu sei -, um caderno da época da escola. Coisas que me faziam lembrar o quanto a vida podia ser cruel. Entretanto, a sala também abrigava uma de minhas antigas paixões. Tubos de ensaio, condensadores, pipetas. Eu ainda morava no abrigo quando descobri o curso técnico em farmácia. Desde pequena o assunto me fascinava. Sonhava um dia criar uma poção da felicidade. O problema é que na época eu não sabia bem o que felicidade significava.

Ah, sim, passei a vida toda num orfanato, assim como Robin e Tinker. As únicas boas lembranças que eu tenho de lá são eles dois e o curso. Deixei o abrigo no dia em que completei 18 anos, já com uma profissão. Optei pelo curso técnico em vez de fazer ensino médio comum como a maioria dos adolescentes, porque ''faculdade'' era uma palavra tão distante da minha realidade quanto diamantes.

Mas você não quer ouvir todo esse drama certo?

Poções, elixires, cremes exclusivos tomavam a bancada. Um acervo imenso de experimentos que fiz ao longo dos anos usando diversas substâncias estavam catalogados em um caderno de capa negra. Ingrid sempre me apresentava novos elementos químicos, e era dessa maneira que eu me atualizava. Tinha a esperança de um dia conseguir encontrar o que toda mulher - bonita ou feia - deseja: juventude eterna.

É óbvio que eu ainda não descobri como ser jovem para sempre, mas mesmo naquela época já havia conseguido alguns resultados bem interessantes. Como creme que fazia inchar determinada parte do corpo. Deixei os jornalistas abismados ao aparecer em um evento com os seios inflados, e na semana seguinte exibi-los em seu tamanho natural em um decote profundo, o que resultou numa acalorada discussão sobre uma suposta cirurgia para implante de prótese de silicone e outra, para a retirada.

E havia aquela poção que fazia manchas e marcas desaparecerem em 24 horas, a razão que me levara até ali. Eu não podia posar no dia seguinte com aquele galo arroxeado incrustado na minha cabeça.

Sentei-me na cadeira giratória, admirando os inúmeros ingredientes tão difíceis de arranjar. Pensei que eu deveria dar um aumento a Tinker, por sempre conseguir tudo tão depressa. Então escolhi os materiais que precisava e dei início a mistura. O resultado foi um creme amarelado que esfreguei de leve no local machucado. Pinicou um pouco, mas isso era sinal de que estava funcionando.

Arrumei a mesa antes de sair, e me certifiquei de religar o sistema de segurança.


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