Menina Veneno escrita por DreamsOfASummerNight


Capítulo 12
Capítulo 11




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Mal consegui me concentrar na reunião, os olhos sempre voltando para o celular em minhas mãos. Confesso que em geral não sou assim. Sou centrada, e pouquíssimos assuntos me abalam. Supus que aquela ansiedade toda fosse consequência do pavor de ver meu mundo perfeito desmoronar por causa de uma fedelha mimada. Só no fim da tarde, quando eu estava a caminho de um evento beneficente (em amparo a crianças abandonadas - você sinceramente acreditou que eu não faria algo por elas? Ah, certo. Me esqueci de mencionar que eu fui uma dessas crianças. Pois é.), o número do telefone novo de Mary por fim apareceu na tela. Atendi no primeiro toque.

–Mary, querida.

–Fofadrasta - respondeu em voz pastosa.

–Nunca mais me chame assim.

–Tá bom, Regina.

–Você está indo para Storybrooke, é isso, querida?

–É... acho que estou.

–Excelente ideia. Peça a Robin para levá-la até lá. Você vai adorar a paisagem.

–Robin!- gritou ela. - Roobin!

–Oi? - A voz grava dele soou um pouco abafada.

–Me leva pra Storybrooke?

–É claro.

–Eu pedi - contou ela.

–Boa menina - elogiei. - Fique lá e não volte até eu mandar.

–OK.

–Aproveite as férias para ler um pouco... e comer menos - adicionei por puro capricho.

–Tá bom.

–Boa viagem. Desligue agora.

Ela desligou.

Chamei um táxi e decidi fazer mais compras, meu ânimo subitamente renovado. Voltei para casa tarde, e nem sinal de Robin. Isso era bom.

Eu terminava de tomar um longo e revigorante banho de espuma quando o celular antigo de Mary tocou. Analisei o número desconhecido, limpei a garganta e me sentei em frente ao espelho da minha suíte.

–Alô?

–Mary Margaret? - arriscou uma voz masculina.

Eu a reconheci no mesmo instante. Era David.

–Este número não é dela.

–Regina...? Oi, é o David.

–David...? - Óbvio que eu não me lembraria dele. Um conselho: se quer que um homem rasteje aos seus pés, não faça isso primeiro.

–O cara que acertou a porta do banheiro na sua cabeça - adicionou.

–Ah, oi. Como conseguiu meu número?

–Eu... pensei que fosse da Mary.

Soltei um dramático suspiro.

–Ah, não. Ela fez isso de novo? Toda vez que ela tenta se livrar de um cara, dá meu número para ele. É tão cansativo e embaraçoso...

–Ela... faz isso com frequência? - questionou ele, soando muito chocado.

–O tempo todo! -Suspirei outra vez. - Eu até chamaria ela pra você, mas ela está na casa do namorado. Um deles. Não lembro qual.

–Ela tem mais de um?!

Mordi o lábio para não rir.

–Ah... Humm... Eu não... - gaguejei como uma colegial. - Ah, meu Deus, eu não deveria...

–Ela tem mais de um. - Ele expirou com força. - Cara, como pude me enganar tanto? Ela parecia um anjo.

–Eu... - Baixei a voz até que ela se tornasse um suave ronronar. - Não sei o que dizer, David, além de "lamento muito".

–Eu, não. - Seu tom magoado se tornou ofendido. - Se você não tivesse me contado eu jamais saberia. Tá cheio de garotas desse tipo por aí, com cara de inocente, mas que na verdade são... Que idiota eu fui! Ela deve ter rido muito de às minhas custas.

–Não seja tão severo. Todos somos iludidos em algum momento da vida. Acontece! Eu mesma descobri que... O que estou fazendo? Você não quer ouvir isso.

–Quero, sim. Seria... muito esquisito se eu te chamasse para sair?

Deixei que o silêncio acentuasse minha pausa.

–Ser usada para ferir Mary não é muito atraente. Desculpa.

–Não é nada disso! - Ele se apressou. - Eu jamais faria algo assim. Apenas... me deixei levar por causa da carinha de anjo e aquela voz... Deus, como fui estúpido. Tendo uma mulher como você, como pude olhar para qualquer outra pessoa?

Eu me fazia a mesma pergunta desde o ocorrido.

–Sério - prosseguiu. - Eu quero te ver. Sua irmã... ela me deixou tonto com aquela beleza delicada, por cantar minha música e tudo mais, mas foi só isso. Você não. Você tem uma beleza perigosa que aguça algo dentro de mim, algo intenso, Regina. Eu deveria ter te convidado para sair no instante que acertei sua cabeça.

–Eu não sei... Não quero magoar Mary.

–Ela não vai ficar magoada. Não percebe? Ela nem sequer queria sair comigo de verdade, já deu seu número como se fosse o dela. E isso foi a coisa mais bacana que ela podia ter feito. Por favor, só um jantar. Sua irmã nem precisa ficar sabendo. Não conto nada, se você não contar.

–Onde?

–Uma mulher como você merece o melhor. Só que eu não posso pagar o melhor... ainda.

Dei risada.

–Mas eu posso, David.

–De jeito nenhum! Acredite ou não, há um cavalheiro aqui. Que tal se eu te levar numa cantina que eu me amarro? Não é nada chique, mas a comida é muito boa.

Como se eu fosse comer alguma coisa. Meus jantares consistiam em nada além de uma vitamina.

–Podemos tentar... - comecei, fazendo uma excelente imitação de alguém em um momento de dúvida crucial.

–Tá combinado, então. Amanhã, às oito. - Ele se adiantou. - Posso passar na sua casa para te pegar?

–Melhor não.

–Tudo bem, então anota o endereço do lugar. - Ele me passou as informações. - Te vejo amanhã, Regina.

Desliguei. Um sorriso lento se abriu em meus lábios. Tudo voltava ao seu devido lugar.

Bom ao menos era o que deveria ter acontecido, se isso fosse um conto de fadas e não a vida real.


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