Como não conquistar um Duque. escrita por Naiana Mara


Capítulo 2
A chegada do Duque.




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Julie acordou antes mesmo de o sol nascer. Sabia que aquele dia seria especial para Danna e precisava estar do lado dela. Não, claro que não era para dar apoio emocional. Danna deixava bem claro que a relação delas não passava de uma relação de serventia. Amigas? Não mesmo. Julie apenas devia estar lá para arrumá-la e rezar para que esse casamento desse certo e ela se visse, finalmente, livre da princesinha dos Campbell.

Quando tentou calçar os sapatos, sentiu os pés doerem e fez uma careta. Ontem tinha sido um dia muito longo.

– Assim como todos os outros... - Ela disse, baixinho, enquanto forçava-se a entrar no sapato, tentando ignorar a dor que sentia.

Nunca fora uma mulher que reclamara da vida demais. Pegava o que tinha e tentava transformar aquilo no melhor que podia conseguir. Porém, quando olhou para a irmã e a mãe que ainda dormiam, sorriu, desejando que elas pudessem estar numa situação melhor. Não podia reclamar por estar na casa dos Campbell. De forma alguma. Christopher tinha sido muito generoso e, embora a mãe dele não tivesse sido, como ela poderia reclamar, vivendo em uma casa que não era sua e comendo também?

Andou um pouco mais e suspirou fechando a porta atrás de si. Desceu as grandes escadas da mansão Campbell, com um gemido de dor a cada degrau, ainda por conta dos sapatos. Quando, finalmente, chegou ao térreo, percebeu que os criados já trabalhavam.

– Bom dia, menina Julie. - Marry Alice, uma das mais velhas criadas disse, sorrindo. Sempre teve um grande afeto por Julie. Sempre a ajudara.

– Bom dia, Marry. Como vão os preparativos para receber o mais famoso libertino de todos?

Marry e as outras criadas riram.

– Tudo muito bem. Danna ainda não acordou.

– Graças a Deus. - Julie disse, rindo baixinho.

Todos concordaram, discretamente. A verdade era que ninguém gostava muito de Danna por ali. Ela sempre fora muito fria e ignorante com os criados.

– Ela é o completo oposto do irmão. Sempre gentil e amigo de todos. - Julie disse, sorrindo ao lembrar de Christopher.

– Gosta muito dele, não é, menina Julie?

– Espero que a resposta seja sim. - Christopher disse, dando um aceno de cabeça em direção aos criados. - Bom dia.

Julie ficou tão vermelha que seu rosto tomou a cor de um tomate maduro. Christopher riu com a cena.

– Acalme-se, Julie. Foi apenas uma brincadeira.

– T-t-t-udo bem, Sr. Campbell. Eu entendi.

– Marry, acha que Danna vai demorar muito a acordar? Estou indo buscar o Duque e pretendo vê-la acordada e pronta quando eu voltar.

– Pode deixar, senhor. Ela estará pronta.

Christopher sorriu e fez uma reverência muito elegante.

– Senhoras. - Em seguida, deu um aceno para os criados. - Senhores.

E saiu. Agora era oficial. O Duque estava chegando.


***

– Ai, Julie. Cuidado para não quebrar meus ossos! Preciso deles para andar até o Duque. - Danna dizia, com a voz mais estridente do que nunca.

– Desculpe, Srta. Campbell.

– Ah, poupe-me de suas desculpas, Julie. É hora de trabalhar. Nada de lamentações.

Julie assentiu. Fechou o vestido e olhou para o espelho. Era difícil acreditar que uma pessoa tão bela por fora, fosse tão desprezível em seu interior. Danna sorria, triunfante. Certamente porque sabia que dali a poucas horas conheceria o homem rico e charmoso que em breve a pediria em casamento. Julie apenas sorriu.

– Está muito bonita, Srta. Campbell.

– Ora, foi a única coisa interessante que disse hoje.

Julie assentiu.

– Como acha que ele é, Julie? - Danna virou-se a fim de encarar Julie. Os olhos brilhando e a ansiedade tornando-se visível.

Ela queria muito dizer que ele era um libertino, sem ideais e que iria jogá-la na sarjeta assim que descobrisse que era uma fútil. Essa era a sua vontade. Descontar a raiva de anos, com uma única declaração. Mas, isso nem valia a pena.

– Deve ser um rapaz muito honrado.

– Assim espero. - Ela disse, ao empinar o nariz de forma estratégica, exibindo o belo rosto.

O vestido que Danna usava era muito alvo. Branco como a neve, o que deixava-a mais deslumbrante ainda. Por um pequeno momento, Julie sentiu inveja.

– Danna, Danna! Minha filha, ele está chegando! Desça.

Danna abriu o maior sorriso e puxou Julie escada abaixo.

– Ai. - Julie gemeu com a dor em seus pés.

– Ora, vamos logo. Não reclame.

Quando chegaram ao térreo, todos já estavam posicionados. Os criados, lado a lado, com as mãos pra trás e um sorriso no rosto.

" Quero que pareçam uma família feliz. Honrada por poder nos servir. Sorriam. "

Essas foram as palavras da Sra. Campbell no dia anterior. Pelo visto, todos tinham acatados as ordens. Amanda e Sra. Scott também estavam ali. Sorriram para Julie, que apenas fez o mesmo.

– Muito bem. Amanda, pro piano. Já.

Amanda apenas assentiu e pegou as partituras, colocando tudo a sua frente.

– Julie, sorria. Parece cansada demais.

– É porque estou... - Disse baixinho.

– O que disse?

– Vou tentar. - E sorriu, juntando-se à mãe.

Sra. Scott olhava deslumbrada para a carruagem que chegava. Sorriu e tocou a mão de Julie. Uma empolgação silenciosa. Foi quando Manfrey, o mordomo, sorriu e tocou na maçaneta da porta.

– Senhoras e Senhores, o Sr. Campbell e seu amigo Harry Heathcliff, o Duque de Kent.

Danna empertigou-se e começou a rir, baixinho. Julie apenas suspirou e a mãe também. Embora a emoção que as motivava a fazer tal gesto fosse diferente. Julie, frustração e cansaço. E, a mãe, a empolgação e o entusiasmo.

Foi quando ele finalmente apareceu no campo de visão de Julie. Agora sim, ela entendia o porquê de tanto entusiasmo ao redor do Duque mais libertino de todos. Os olhos verdes varreram a sala a procura de Danna, mas acabaram mirando em Julie. Ela quase engasgou ao perceber seu olhar sobre ela. Sorriu, envergonhada e ele apenas continuou olhando, até que Amelia Campbell tomou partido da situação, fazendo com que seus olhares fossem desviados para quem, de fato, os estava esperando.

– Bom dia, Milorde! Espero que esteja tudo do seu gosto.

Amanda tocava piano baixinho e sorria, ao ver que a mãe estava embasbacada com os encantos do jovem Duque.

– Bom dia a todos. - Por fim, disse. - É com imenso prazer que venho visitar a família de um amigo tão estimado como Christopher. Vejo que se prepararam tão bem para me receber que só me resta agradecê-los.

Todos os criados sorriram, menos Julie que ainda estava perturbada com o olhar do Duque. Ela se permitiu observá-lo novamente. Era muito alto e tinha os cabelos compridos e castanhos. Um corpo de dar inveja em muitos, roupas finas e linguajar sofisticado. Era, de fato um Duque. Percebia-se pelos seus modos educados e metódicos.

– Esta é Danna Campbell. - Disse Amelia, orgulhosa. - Minha linda filha.

Harry apenas assentiu, tomando uma das mãos de Danna e beijando-a, enquanto olhava fundo em seus olhos. A garota enrubesceu, em seguida e sorriu.

– Eu já imaginava que ela era linda, mas sua beleza é indescritível. Espero que possamos nos conhecer melhor.

– E vão! Mas, não agora. Você deve descansar, meu amigo. Temo que deve ir dormir, para estar recomposto até o baile. - Christopher disse, sorrindo. O baile seria dado hoje na casa dos Campbell, a fim de mostrar a todos que o Duque havia chegado. - Julie, você pode levá-lo a seus aposentos, por favor?

Julie engoliu em seco, enquanto o Duque sorria maliciosamente.

– Claro, senhor. É por aqui. - Disse, levando o Duque até o primeiro quarto do andar de cima.

Ela abriu a porta e entrou, abrindo as cortinas em seguida.

– Espero que esteja confortável. Limpei ontem. Se quiser qualquer coisa, estaremos lá embaixo.

O Duque assentiu, sorrindo.

– Não pensei que criadas costumavam ser tão bonitas, mas acho que tenho que mudar minha concepção, Srta Julie.

Julie engoliu em seco novamente, quase derrubando um jarro de flores e Harry riu.

– Vejo que não corresponde bem a elogios. É uma pena.

– Hã... Talvez porque não os recebo com frequência. - Julie disse, rindo e tentando sair do quarto o mais rápido possível.

– Não vejo o porquê. Toda Londres é cega?

Julie engasgou, por fim e se apoiou na porta.

– Acredito que o senhor que seja.

Harry começou a gargalhar.

– E ainda é bem humorada! Ah, Julie. Estou vendo que vou me divertir muito com você. - Ele disse, passando a mão pelos cabelos estrategicamente.

– Qualquer coisa é só chamar.

Qualquer coisa?

Julie enrubesceu e assentiu, descendo as escadas rapidamente e com o coração aos pulos. Enquanto isso, Harry deitava na cama e sorria, olhando pro teto. Talvez a viagem à Londres, não fosse totalmente um martírio como pensava antes de avistar os olhos de Julie pela primeira vez naquela manhã.


" E o Duque de Kent está na cidade! Fontes seguras afirmaram. A família Campbell está tão orgulhosa que marcou um Baile para apresentar o Duque à toda a sociedade Londrina. Esta autora está muito ansiosa. A razão não é meramente conhecer o Duque, e sim a esperança de acontecimentos, no mínimo, estranhos. Não é novidade pra ninguém que, por azar, as festas dos Campbell sempre dão errado. Será que hoje será diferente ou teremos uma notícia quentinha para a próxima coluna? "
– O diário de Londres, 1818.


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