Capítulo 5 – Corrida (pelas origens) do Iris

Von Croy até tentou usar de artimanhas para enrolar Lara, convencer de ir um pouco depois, mas não adiantou.  Em pouco tempo, eles pegaram um mapa e o carro de Otto emprestado. No carro, Jeffrey dirigia por meio de ruas muito estreitas que, por incrível que parecesse, eram ruas de mão dupla. Não havia calçada direito, era apenas mato baixo.

— Como o tempo passa... Se fosse em 84 de novo, eu e você poderíamos estar apostando uma corrida por causa do Iris – Von Croy sorriu. - Você sabe que eu era bom nisso. Eu ganhei de você.

Lara levantou a sobrancelha de uma forma naturalmente sexy, mas sem ter a intenção.

— A gente pode fazer uma revanche se quiser – ela disse.

— Pfff! – Von Croy debochou fazendo um barulho na ponta dos lábios – E você ganhar de mim? Agora que uso bengala? Seria trapaça demais até para você.

Houve um breve silêncio na conversa. Então Lara disse:

— Eu não consigo entender porque o Iris foi parar em Angkor Wat. Não faz sentido.

—Está faltando o “elo” dessa corrente de pensamento. Mitologia grega e um país budista como o Camboja não tem nada em comum. Mas... não é a primeira vez dois assuntos completamente diferentes se ligam nesse mundo arqueológico, né?

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  Quando eles chegaram no lugar, eram umas 16 horas, e  Jeffrey estacionou o carro de qualquer jeito perto do templo. Lara retirou a foto do templo do bolso e olhou. Confirmou que era o mesmo lugar.

O templo era mais simples se for comparado às edificações destruídas com o tempo na cidade olímpica, entretanto este estava erguido completamente. Parecia que pouquíssimas pedras estavam foram do lugar.

Von Croy se apressou dando passos largos e forçando o cajado no chão de qualquer jeito. A entrada do templo era aberta e revelava um curto hall, como se fosse um tipo de beco sem saída. Não havia nenhum tipo de inscrição nas paredes que rodeavam ali. Só havia um tipo de desenho cravado nas pedras da parede do lado de fora, que lembravam o Iris.

— Beschissen! — Von Croy resmungou enquanto apontava sua lanterna freneticamente em qualquer ponto da parede procurando algo a mais – Este templo não pode ser só isso! Essa coisa minúscula! Tem que haver mais do que isso!

Lara não queria dividir o espaço daquele local com Werner, então preferiu ficar do lado de fora por um momento. Porém não demorou muito para que ela notasse um pedestal ao lado da entrada. A parte de cima do pedestal era quadrada e havia um pequeno detalhe no centro desta placa. Um pequeno quadrado com um desenho que se assemelhava ao Iris estava gravado ali. Lembrou automaticamente do pedestal lá em Angkor Wat. Com certeza, eles não eram parecidos, já que o do Camboja era mais elaborado. Mas o fato de haver um pedestal ali, não poderia ser mera coincidência.

— Mas que porra...! – Jeffrey disse um pouco assustado, meio que apontando para Lara. (Neste momento, Von Croy saiu do templo e procurou por alguma pista nas paredes de fora) – Por que sua mochila está em pé?!

— O que? – e ela esticou o pescoço para trás, tentando procurar o motivo de surpresa de Jeffrey. Quando Lara retirou sua mochila das costas e a agarrou contra o peito, percebeu que Von Croy já não estava mais olhando para as paredes, e, sim, para ela.

— Você... Você trouxe o Iris contigo! – disse Von Croy enquanto se aproximava um tanto quanto ameaçadoramente.

— Sim, eu trouxe – a arqueóloga disse de forma séria.

— E por que trouxe o meu artefato sem ao menos me dizer nada?

— Eu achei que seria útil. Eu achei que se estaríamos o mais perto do fim dessa história, seria mais fácil trazer o Iris e resolver o que tiver que resolver aqui.

— Ousada, você, senhorita Croft.

— E por sorte sua, eu acho que o Iris tem que ser usado aqui. Mas vou avisar logo: eu vou ficar com ele.

Von Croy se aproximou, ainda que se apoiando fortemente na bengala. Quando encostou no pedestal, olhou para o centro dele e reconheceu o mesmo desenho simples do Iris que estava na parede do lado de fora. E então o velho pensou alto, com um olhar distante:

— O Iris ignora a gravidade, mas sempre está em cima de um pedestal.

Lara olhou para os dois homens ali. Estava com receio do que fosse acontecer a seguir. Ela abriu a mochila e retirou o artefato. Quando posicionou a 5cm do pedestal, algo aconteceu. Um leve tremor pode ser sentido no chão e um barulho de porta se abrindo foi ouvido. Von Croy e Jeffrey pararam na entrada do templo e viram que a parede do fundo havia descido e revelou uma escada de pedra. O caminho a seguir era muito escuro.

— É isso... – Von Croy começou a rir – Estamos perto da verdade, Lara.

— Werner – Lara estava séria, apreensiva. Se aproximou dele e disse olhando nos olhos – Eu estou preparada pra qualquer coisa que acontecer lá dentro. Até mesmo se a situação ficar muito feia.

Werner se afastou de Lara, porém ela o acompanhou junto com Jeffrey até àquela nova passagem. Mas antes que Werner descesse a escada, ele deu meia-volta e disse:

— Não podemos deixar o Iris ali sozinho. Eu sei que estamos aqui sozinhos, mas sempre há a chance de alguém aparecer e roubá-lo.

Lara, imediatamente, retirou o Iris de cima do pedestal e esperou algum tipo de reação, como por exemplo, a passagem secreta se fechando novamente. Nada aconteceu.

— Bom, acho que é seguro dizer que podemos levá-lo para dentro.

Lara se aproximou do começo da escadaria, e então os três olhavam para a passagem escura.

— Lara, querida, poderia ir na frente? – Von Croy disse.

— Que foi, Werner? Tem medo do escuro? – Tão previsível de você.

Lara retirou uma lanterna da mochila e aproveitou para guardar o Iris novamente. Quando começou a descer as escadas, Jeffrey e Von Croy passaram a segui-la.