O mistério do Iris escrita por strangeland


Capítulo 3
A primeira pista




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/593339/chapter/3

Capítulo 3 – A primeira pista

— Eu acho que o Iris não é de origem cambojana – disse Lara, ainda fazendo suspense para Von Croy. – Eu achei algo escrito aqui.

— O que está escrito aí? O que você achou?! – gritou Von Croy enquanto se aproximava da borda, ficando perto do buraco circular daquele lugar. Todos perceberam a voz dele ecoar.

— Espere um pouco.

Lara posicionou a pequena mochila entre as pernas enquanto estava agachada. Retirou uma câmera e fotografou a escrita grega ali no pedestal. A primeira palavra era “Ίρις” e a segunda era muito difícil de entender. As letras estavam muito redondas e ilegíveis; para completar, o restante da palavra estava interrompido porque o pedaço do pedestal havia quebrado e se desprendido dali. Ela olhou para o pequeno abismo daquele lugar numa tentativa sem esperança de encontrar um pedaço de apenas 12cm daquele pedestal. Voltou a olhar as outras letras restantes. Acreditou que provavelmente eram “με”. Ligou a câmera e tirou foto daquele “Ίρις με...”, como se fosse uma legenda para o Iris que estava ali.

Guardou a câmera e pulou de volta para o local onde estava Von Croy e Jeffrey.

— O que você viu exatamente lá? – perguntou Jeffrey, que estava menos aflito que Von Croy.

— Havia algum tipo de frase lá, mas um pedaço do pedestal quebrou e deve ter caído naquele buraco. A inscrição do pedestal está em grego.

— Em grego?! – Von Croy disse.

— Sim. Eu tirei fotos disso. As únicas letras da segunda palavra estão escritas de forma estranha, mas acho que é um “mi” e “épsilon”. M e E em grego.

Von Croy permaneceu em silêncio. Se afastou um pouco de Lara e Jeffrey enquanto levantava os óculos sutilmente para pressionar os dedos nos olhos.

— Então a única esperança de uma história completa do Iris não está aqui e, sim, na Grécia. – Jeffrey disse sem um pouco de animação.

— Eu havia considerado a origem do Iris ser grega uma vez – disse Von Croy – mas nunca achei nada que o ligasse a Grécia. E como eu poderia fazer isso se tudo que li sobre ele estava em sânscrito?! – ele agora estava com uma expressão rígida no rosto. Queria descobrir mais sobre o Iris sozinho, sem a possibilidade de Lara o confiscar futuramente.

— Você tem razão, Werner. O Iris não tem cara de nórdico. Aparentemente, tem cara de grego – Lara usou o sarcasmo e agora se aproximava da saída.

— Se eu ao menos tivesse tempo de olhar aquele pedestal 13 anos atrás! Como queria ter 58 anos de novo. Se eu pudesse investigar sobre o Iris ainda naquela época, olha o quanto de tempo me economizaria.

—__________________________________

Antes que todos pudessem seguir freneticamente para a Grécia, Lara sugeriu voltar à Inglaterra por um momento. Logo após ser recebida por Winston em sua casa, já foi dizendo que o trabalho não havia acabado. Contou para Winston que talvez toda a história do Iris estaria na Grécia e que, mais uma vez, como se tivesse 16 anos de novo, teria que viajar com Von Croy... de novo.

— Quanto mais ele fica velho, mais ele fica chato – ela disse após levantar as pernas para o divã onde estava sentada.

— Quando alguém é rico, idoso e ganancioso, a tendência é ser chato mesmo, senhorita – Winston disse.

— Ele ainda levou o sócio dele das Indústrias Von Croy. Que coisa mais inútil - ela agora estava numa tentativa de pentear uma mecha de seu cabelo com seus dedos – Por um lado, se Jeffrey Hastings não estivesse lá, talvez meus diálogos com Von Croy seriam piores.

— Eu ainda me lembro daquela vez que ele esteve aqui na mansão, conversando comigo, enquanto esperava a senhorita. Ficou se gabando, como sempre, e ainda disse uma frase que gostava de repetir, como se fosse de sua criação. “Desrespeito... – Winston tentava lembrar.

—... é o caminho para o descuido.

— Oh, isso mesmo! Desrespeito é o caminho para o descuido.

— Se ao menos ele seguisse o conselho que dá... talvez não se meteria em tanta encrenca.

Lara se levantou e avisou a Winston que tomaria um banho. Subiu as escadas para seu quarto. Chegou no banheiro, tirou a camiseta branca e jogou no cesto de roupa suja. Olhou-se no espelho e enxergou o cansaço no seu rosto. Soltou os cabelos completamente e jogou-os para frente. Retirou o sutiã, a calça jeans, a calcinha e jogou tudo no cesto de roupa. Entrou no Box e sentiu a água morna cair no rosto e nos seios.

Enquanto tomava banho, pensava no Iris. Algumas teorias vieram à sua mente, mas sentiu que precisava fazer uma pesquisa em sua sala de estudos. “Mas que droga” pensou. “O que estava escrito naquele pedestal?!”. A frustração de Lara fez com que ela encostasse a cabeça na parede.

Terminado o banho, enrolou uma toalha em si e outra só para o longo cabelo. Secou bem os cabelos e agora estava na parte mais chata: pentear os cabelos. Deu um sorriso. Lembrou de uma vez que quase morreu por um urso e sua reclamação interna era de ter que lavar e pentear seu cabelo depois de ter caído numa enorme poça de barro.

—_______________________________________

Lara lembrou-se que Sarit disse que o Iris precisava de uma “energia do arco-íris”. Pegou um dicionário grande, que fazia uma parte de coleções de dicionários com mais ou menos 5 línguas em cada livro. O que ela pegou era o volume 5. Procurou arco-íris na parte do dicionário grego, mas ficou frustrada. Infelizmente, arco-íris em grego era “ουράνιο τόξο”. Nenhuma das palavras se parecia com as que estavam no pedestal. Fez mais pesquisas no dicionário e encontrou duas coisas interessantes.

Entretanto, a palavra “Iris” se encontrava em, pelo menos, duas línguas que significavam “arco-íris”: em português e espanhol. Apesar de isso ser um progresso, não era suficiente grande. Deixou o dicionário na mesa e procurou por outro livro.

Puxou um livro sobre deuses primordiais e sentou-se na mesa. Winston apareceu com uma bandeja com um bule com chá e uma xícara.

— Milady, seu chá – ele colocou a xícara na mesa, e a encheu com chá preto. Colocou açúcar também.

— Obrigada, Winston.

— Algum progresso?

— Acho que o Iris possa estar ligado à deusa grega Iris – Lara tomou um gole do chá. – O chá está ótimo como sempre – ela sorriu – Mas então, como estava dizendo... Arco-íris, Iris... Até tem uma certa ligação. Mas uma mitologia tão explorada como a grega não ter vestígios daquele artefato, é completamente frustrante. Uma coisa é supor que ele tem alguma ligação à deusa Iris, outra coisa é imaginar que em meio a tantas histórias gregas, não há um mínimo de vestígio do artefato – Lara suspirou de frustração – Quando pisei no Camboja, achei que ele era indiano, ou algo assim. Sua minúscula história está em sânscrito, mas a inscrição do pedestal em grego. Se ele realmente é grego, por que sua mísera história é cambojana?

— Milady, algumas coisas se perdem com o tempo. Técnicas, coisas boas, coisas ruins... Até segredos.

—________________________________________

Após ter passado a noite anterior pesquisando o que pôde sobre mitologia grega, Lara agora tinha um pouco de informação que a faz ter uma pequena teoria. Sentiu que agora era uma corrida pelo segredo do Iris. Lembrou daquela vez em Angkor Wat, que Von Croy apostou uma corrida com Lara até a câmara do artefato. Agora, seria mais metafórica. Uma corrida de quem poderia ter uma epifania mais rápido.

Enquanto arrumava a mochila para outra viagem com Von Croy, Lara resolveu ir à sua sala secreta onde guardava os artefatos mais especiais. Retirou o Iris de um mostruário de vidro e o segurou diante de seus olhos. Ela podia largá-lo em qualquer lugar do ar que ele simplesmente flutuaria. Se segurasse alguma parte dele, como por exemplo, um dos “pratos”, esta parte ficaria parada enquanto as outras partes rodariam normalmente. Sem aquela máquina de energia das Indústrias Von Croy, o Iris aparentava ser inofensivo.

Resolveu andar com ele até seu quarto, mas se deparou com Winston no caminho.

— A senhorita irá levar o Iris contigo?

— Eu vou. Minha intuição diz que será melhor levá-lo comigo. Mas não direi nada a Von Croy.

— O que teme?

— Eu não sei exatamente... Talvez se eu e Von Croy descobrirmos a história do Iris, ele ficará completamente sedento de obtê-lo o mais rápido possível. Talvez ele possa mandar ladrões virem roubá-lo, não sei. Se ele quiser roubar minha casa, quero que ele tente quando eu estiver aqui. Por isso, vou levá-lo comigo - Lara seguiu para seu quarto e deu um jeito de esconder o Iris dentro de uma mochila.

No dia seguinte, quando Von Croy buscou Lara para levar os três para um jatinho particular que os levariam a Grécia, ele disse:

— E então, senhorita Croft, não consegue sentir o quanto estamos mais perto do “arco-íris”? – ele a estava testando.

— Por acaso seu jatinho vai passar perto de um arco-íris, é? Não se iluda com o pote de ouro – Lara debochou com um sorriso falso.

— Seu deboche é deprimente, mas não me atinge. Aliás, eu sempre gostei da historinha infantil do pote de ouro no fim do arco-íris. Eu realmente espero achar o meu.

Os três ficaram em silêncio: Lara, Werner e Jeffrey. Era como se Lara e Von Croy não estivessem com o mínimo de vontade de contar suas teorias pessoais um para o outro.

— Pra onde iremos? Atenas? – Lara perguntou.

— Não. Olímpia – disse Von Croy. E então, Lara se espantou um pouco. “Será que Von Croy sabe mais do que eu?” pensou.

— Por que lá?

— Quando chegarmos lá, você saberá, criança – e então ele riu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O mistério do Iris" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.