Perdida em Crepúsculo escrita por Andy Sousa


Capítulo 4
Muito prazer, xerife.


Notas iniciais do capítulo

Hoje estou inspirada e este é o segundo capítulo do dia. E pra vocês que leem a fic, muito obrigada e boa leitura! :}



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Trailer

"Tenho um bilhete para o caminho mais longo,
Aquele com as paisagens mais lindas,
Tem montanhas, tem rios
Tem vistas que vão lhe dar arrepios,
Mas com certeza seriam mais bonitas com você.
Quando eu for embora,
Você vai sentir minha falta quando eu for embora,
Você vai sentir falta do meu cabelo,
Vai sentir minha falta em todos os lugares,
Você sentirá minha falta quando eu me for."

When I’m Gone – Anna Kendrick

~*~

Fiquei encarando um ponto qualquer do quarto tentando assimilar tudo o que estava acontecendo, na retrospectiva mental que fiz não havia nada suspeito, era simplesmente isto: inexplicável. E ainda as últimas cenas de que me lembrava eram muito vagas, como se fossem de outra vida... Aquele pensamento me deu arrepios.

O ruído exterior e conhecido de um avião me fez recordar de algo que estivera deixando passar, no sonho que tive eu viajava para longe, sabia o que fazia, eu tinha que partir... Era surreal.

Uma tímida batida à porta me tirou de meus pensamentos.

– Aneliese, me desculpe se lhe deixei nervosa, não era minha intenção, será que posso entrar?

Suspirei pesadamente e me levantei indo destrancá-la. Renée entrou e me olhou com carinho.

– Você se parece com Bella, ela também tem personalidade forte, apesar dela mesma achar que não – riu curtamente e olhou à volta, com certeza pensando na filha.

Eu copiei seu movimento e não pude deixar de perguntar:

– Por falar nela, eu ainda não a vi...

Por reflexo olhei para a porta esperando que ela aparecesse, mas a resposta de Renée anulou minhas esperanças, me pegando de guarda baixa.

– Mas Bella não está aqui querida, não se lembra? Ela está em sua casa, no Brasil. Vocês fizeram o que ela chamava de... Como era mesmo o nome? Oh sim, ‘troca voluntária’. Havia tempos que ela queria ter a experiência, mas demorou em juntar o dinheiro para a viagem.

Eu tinha inúmeras perguntas, mas verbalizei apenas uma:

– E como ela conseguiu? Como encontrou alguém disposto a trocar de lugar com ela?

– Um site, ela chegou a me mostrar uma vez... Mas pessoas interessadas em conhecer outros países existem aos montes, não é? – Riu-se. – Sempre me admirei com a coragem dela, no começo não fui tão favorável, mas eu mesma já tive minha cota de coisas malucas, achei que era a hora de deixá-la fazer algo fora de seus padrões. Além disso, Bella é muito responsável e madura. E teimosa! Ela não me deixou em paz até eu lhe dar permissão, mas Deus sabe que só o fiz depois de ter certeza de ser seguro. Acredito que o mesmo se passou com seus pais Aneliese, que são ótimas pessoas por sinal. No final achei coincidência que a escolhida tenha sido você, pois como já disse as duas são parecidas, tem a mesma idade e acho que até o mesmo manequim – completou enquanto checava minha roupa.

Eu não sabia o que dizer, minha cabeça dava voltas, eu tinha certeza de apenas uma coisa: nada daquilo era coincidência.

Ouvimos passos e o homem que imaginei ser Phil apareceu à porta.

– Bom dia Aneliese, tudo bem?

– S-sim – pigarreei procurando soar mais convincente. – Sim, tudo bem e você?

– Estou bem, obrigado. – Ele olhou para Renée. – Precisamos nos apressar.

– Claro, Aneliese não consegui terminar de falar com você mais cedo, enquanto estivermos fora você vai ficar na casa do pai de Bella, achamos que será o melhor.

– Vão me mandar para Forks? – A última palavra saiu esganiçada, foi difícil segurar.

O olhar de Renée vacilou um pouco, com certeza havia interpretado mal minha reação e pouco disfarçava sua intranquilidade.

– Acho que você já deve ter ouvido falar de lá – conjecturou.

Ouvi, eu quis dizer, e muito. Entretanto contive minha exaltação.

– Está tudo bem – tentei sorrir.

Os dois se entreolharam, eu mordi o lábio.

– Bom, você quer que Renée lhe ajude com a bagagem? – Phil tinha uma voz jovial, seu tom transparecia a pressa em partir.

– Não, não precisa. – Respondi rápido demais, eu precisava ser mais crível. – Quero dizer, vocês devem ter coisas para fazer, eu me viro sozinha.

Renée me analisou por uma curta ocasião, mas no fim pareceu se convencer, ou apenas achou melhor não discutir, eu sabia que ela era mais perspicaz do que aparentava.

– Tudo bem, as malas estão em cima do guarda-roupa – apontou para o móvel ao canto e antes de sair me informou que meus pertences estavam espalhados pelo quarto. Eu agradeci e aguardei até que se retirassem.

Esperei alguns instantes até que o ruído dos passos se perdeu e enfim fechei meus olhos, pois sentia que ia desmaiar. Andei para trás até alcançar a cama e me sentei com cuidado, fiquei quieta até me sentir melhor e reabri os olhos. Contemplei o quarto novamente, só que dessa vez captei o desespero se alojando em meu estômago. Puta merda, como eu fora parar ali?

Era claro que estava tendo uma crise nervosa, deveras, eu simplesmente havia acordado em outra dimensão!

– Uma dimensão em que os heróis de um livro são impossivelmente reais – concebi em um riso histérico.

Risada nervosa e alucinações... Eu enlouquecera! Estava desvairada, era a explicação mais plausível. Eu via personagens de histórias, eu interagia com eles!

– Eu não posso ficar louca – sussurrei atemorizada.

E não ia ficar. Não ia dar trela para aquele disparate. Comecei a respirar rápido enquanto raciocinava e me decidi em um milésimo de segundo: eu daria um jeito de voltar pra casa.

Fiz exatamente o que disse que faria, preparei minha bagagem. Depois de pegar as malas abri o guarda-roupa e encontrei minhas coisas, trouxera tudo: roupas, perfumes, bijuterias, maquiagem... Que bizarro! Porque eu concordara com isto? Pela explicação de Renée era tudo uma troca, meus pais também haviam falado disso, eles estavam cientes, concordaram em deixar sua única filha partir, era algo difícil de aceitar.

Joguei tudo nas malas da maneira que pude, detestava bagunça, mas esta não era uma prioridade, eu tinha de ser rápida porque eu teria de fugir. Não estava disposta a ser pega e obrigada a dar explicações. Cinco minutos mais tarde eu estava pronta, até mesmo já trocara de roupa, peguei meu celular na cama e abri a única gaveta da mesa de cabeceira encontrando meus documentos e carteira, ao olhá-los a dúvida tomou novamente minha feição, era muito suspeito que eu tenha vindo com tudo a postos. Devia haver alguma anormalidade, algo que pudesse ser contestado, mas estava sendo o contrário.

Eu só queria ir pra casa...

Não havia tempo a perder, peguei a bagagem e a trouxe para perto da janela, pelo que vira ela dava para o jardim, talvez eu fosse vista, mas se tomasse cuidado poderia ir sem chamar atenção.

Era até fácil, então porque eu hesitava? Pela milésima vez fitei o quarto, as coisas de Isabella Swan o habitavam em silêncio, tinham tanto significado para mim! De repente comecei a considerar a possibilidade de um milagre estar à minha frente e no último minuto encontrei dificuldade em seguir.

No entanto eu tinha de fazê-lo.

Peguei a primeira mala e a ergui de forma que pudesse passá-la para o lado de fora, mas ao levantá-la um pedaço de papel caiu, flutuando devagar até o chão. Coloquei a bagagem de lado e me curvei até o recorte, resgatando-o do piso. Lembrei-me imediatamente dele, Rafaela me dera num dia qualquer, fazendo piada.

Desdobrei a folha e lá estava a foto de Edward, pequena, mas perfeita apesar das ranhuras. Eu achava que tivesse jogado fora, mas constatei que havia caído de minha carteira, eu a mantive escondida por tanto tempo que me esquecera dela. Edward esteve comigo literalmente em todos os lugares. Como se ele já não habitasse meus pensamentos a todo segundo...

– Quem diria – ri.

Olhando aquela face foi fácil perceber o quanto eu queria ser capaz de tocá-la. E agora eu estava em Crepúsculo e eu queria partir, não fazia sentido.

Espere aí, o que meu cérebro acabou de afirmar? Eu estava em Crepúsculo... Minha nossa! Lógico que eu estava. Como pude ser tão avoada e deixar isto passar? Renée, Bella, Charlie... Todas as personagens de Twilight, pessoas que eu conhecia extremamente bem.

– E que são reais! – Constatei. Mas desta vez da maneira correta e não só como uma ilusão.

Eu ainda estava muito temerosa, não podia ignorar o sentimento de ansiedade crescente, mas por trás das sensações mais prementes fervilhava uma curiosidade sem igual. Não, curiosidade era pouco, havia uma esperança vigorosa e presente, eu queria ficar e ver o que mais esta realidade me reservava, eu queria conhecer mais personagens, viver mais experiências. Eu quase joguei tudo fora e não tinha como negar que, acima de tudo, eu queria conhecer ele.

Fui surpreendida pelo barulho de passos se aproximando e só tive tempo de guardar a foto em meu bolso. Houve uma batida à porta e Renée reapareceu, ela olhou para as malas aos meus pés e pareceu impressionada – não precisava lhe dizer o porquê de ter aprontado minhas coisas com tanta presteza.

– Vim checar se precisava de ajuda, mas parece que não.

Sorri e concordei: - Obrigada, mas já está tudo em ordem.

– Isto é bom. Mas querida, você não gostaria de tomar banho antes de irmos? Podemos aguardar mais alguns minutos.

Só então dei­-me conta de que precisava me limpar, o plano de fuga não incluía tais luxos, mas a esta altura não tinha certeza que ainda fosse segui-lo.

Não respondi a princípio e ela pareceu ponderar, logo adentrou o quarto e veio se prostrar a meu lado, admirando a paisagem dourada do lado de fora.

– É bonito, não é? Sei que reclamo do sol, mas não viveria sem ele. Gosto tanto que não consigo me arrepender de ter vindo para cá.

Segui seu olhar e tive de concordar com suas palavras, era reconfortante encontrar brilho em toda parte, em minha cidade os dias eram nublados em sua maioria.

– Sim, é muito bonito.

Renée se voltou para mim.

– Aneliese, sabe que não precisa ir se não quiser. Forks é... – Ela se calou, procurando pelas palavras, sua aversão, entretanto estava nítida em seu olhar. – O pai de Bella é a única pessoa que poderia gostar de morar em um lugar assim, eu não consegui ser igual, toda aquela chuva e aquele ar de melancolia quase me deixaram louca. – Ela desabafava comigo e procurei ouvi-la com atenção. Ao continuar colocou uma das mãos em meu braço, dando ênfase a suas palavras. – O que quero dizer é que você não precisa ir. Infelizmente não é conveniente deixá-la aqui sozinha, mas se não quiser ir para aquele lugar você pode voltar para casa.

Fiquei imensamente surpresa, não pensei que esta fosse a essência de seu discurso.

– Ainda não falei com Phil a respeito, mas sei que ele vai entender. O fato é que eu não me sinto bem em mandá-la para lá, em seu lugar eu gostaria de ter uma segunda opção. – Fitou meus olhos e revelou um sorriso. – E então minha querida? Quer voltar para sua casa?

Afinal todo meu plano de fuga foi desnecessário e a resposta para sua pergunta deveria ser fácil, mas o ‘sim’ e o ‘não’ ficaram presos em minha garganta, disputando entre si. Ela me oferecia exatamente o que eu queria, mas algo havia acontecido. Aquela foto... Ela não aparecera por acaso.

Eu podia ter acabado com toda a pressão ao lhe dar uma afirmativa, mas não o fiz.

Olhei o rosto da mulher à minha frente, quando eu poderia imaginar estar tão perto de Renée Dwyer? Quando eu poderia em meus mais loucos sonhos conceber uma ilusão tão eloquente e fascinante?

Não houve necessidade de pensar mais sobre isto, eu sorri e pela primeira vez no dia era um sorriso verdadeiro.

– Não, se não se importa eu gostaria de ficar. Sei que você se sente culpada por me enviar a Forks, mas não fique assim. Acho que pode acabar sendo uma coisa boa, afinal. – Tinha que ser, torci para que fosse.

Ela apenas assentiu e seu rosto se suavizou.

– Está bem, eu entendo. Acredito que... Bem, Charlie é um bom pai, não tenho dúvidas de que saberá tomar conta de você. Phil e eu faremos o possível para voltar o quanto antes, mas Aneliese isto não é algo que possamos prometer, você entende?

O que ela queria dizer é que minha escolha teria muito mais impacto do que eu imaginava, o tempo não seria meu aliado e poderia se estender por longos dias. Se eu me arrependesse teria de descobrir sozinha uma maneira de voltar.

– Eu entendo – respondi decidida.

A conversa não se prolongou, estávamos com os minutos contados, com tudo já pronto resolvi tomar meu banho e esperar com a maior tranquilidade que pude pela nossa partida.

A viagem até o aeroporto foi curta, mas mesmo no pequeno percurso minha ansiedade passou de zero a cem. Depois de sair da casa uma injeção de realidade me alertou outra vez do que estava prestes a fazer. A sensação anormal de estar vivendo um sonho ao menos se tornou cada vez menor, à medida que os minutos passavam meu coração só tinha espaço para nervosismo sem limites.

Chegando ao terminal me atrapalhei quando a funcionária me pediu minha documentação, foi a mãe de Bella que me tranquilizou dizendo que eu trazia tudo em minha bolsa. Sequer me preocupei em achar isto suspeito, àquela altura eu não duvidava mais de nada.

Enquanto esperava pelo voo não pude deixar de ficar apreensiva imaginando que teria de fazer sozinha o trajeto até a Península Olympic. Distraí-me procurando por algum motivo para eu não ter percebido antes a grande influência que Crepúsculo causava em mim, desconfiava que pudesse haver nível mais alto de envolvimento com uma história do que chegara a ser o meu.

Pensei em Bella e em como ela deveria estar se saindo em meu lugar no Brasil e fiquei aliviada de não ser a única com grandes obstáculos para enfrentar.

A chamada para o voo com destino a Washington ecoou pelo prédio. Havia dito a mim mesma para manter a calma, mas estava sendo difícil. O caso era que a hora de se arrepender já tinha passado e a mim restava apenas a necessidade de ser corajosa e seguir em frente.

Renée e Phil haviam ficado comigo todo o tempo e se levantaram para se despedir.

– Faça uma boa viagem e mande lembranças a Charlie – falou ela enquanto me dava um caloroso abraço.

Retribuí seu gesto e lhe agradeci pela hospitalidade, a Phil dei apenas um aperto de mão e murmurei um ‘obrigada’.

A chamada se repetiu e não tive mais tempo para vacilar, me apressei para o portão de embarque e dei uma última olhada para trás, memorizando seus rostos e os usando de prova concreta para que minha mente tivesse certeza de que eram reais. No entanto, eu havia avançado em tão pouco tempo, desconfiava que se continuasse nesse ritmo logo tornaria tudo tão plausível que teria dificuldade para separar uma coisa da outra.

Horas demais para se passar em um avião e eu nem mesmo podia torcer para chegar logo, quicava no lugar de tanto nervosismo e covardemente me vi desejando apenas estar indo para casa. O céu, agora nublado me permitia tornar o pensamento quase verdadeiro.

Cedo demais a pressão na cabine começou a mudar e meus dedos tamborilavam o braço da poltrona, tirando de minha cabeça considerações mais cruciais. Foi rápido, antes que conseguisse reencontrar minha bravura a porta se abriu e os passageiros foram aos poucos desembarcando. Entrei no modo automático, tudo o que fiz assim que saí do avião foi inconsciente, minha serenidade havia se esmigalhado e a adrenalina chegado ao ápice do dia.

Tratei de reaver minha bagagem e estava pronta para sair do aeroporto. Lancei olhares furtivos à volta, mas não vi sinal da pessoa que eu procurava, quando alcancei as portas automáticas me dei com o chuvisco fino de fim de tarde, era uma grande mudança quando pensava no sol forte do Arizona. Não estava tão frio, mas fiquei satisfeita de vir munida de minha jaqueta.

Comecei a seguir pela calçada que ladeava o complexo, estava movimentada, mas não tive problemas para reconhecer há alguns metros a radiopatrulha e Charlie parado de pé ao lado. Notei que ele parecia pouco à vontade enquanto segurava uma placa improvisada de papelão que já estava muito danificada pela chuva, mas pude ler ‘Ann Elise Rodriguez’ escrito nela com letra garranchosa. Tive imediata vontade de rir, mas pensei que seria pouco educado, então me recompus e me aproximei timidamente.

– Com licença, senhor Swan?

Ele olhava para o outro lado e se virou, fitando-me por um pequeno instante.

– Sim, sou eu. Você é a amiga de Bella – não foi uma pergunta.

– Sou, muito prazer, me chamo Aneliese Rodrigues.

Ele apertou a mão que eu mantinha estendida, sua face estampava o alívio. Pensei um pouco na ideia de ser considerada amiga de Bella, parecia conveniente, mas eu teria gostado mais se tivéssemos forjado os laços pessoalmente.

– Vamos colocar sua bagagem no carro e sair dessa chuva.

Ajudei-o com as malas e o segui para dentro do veículo, era diferente dos que eu estava acostumada, o que era compreensível, uma vez que eu jamais entrara em um carro de polícia antes.

Charlie dirigia com prudência e nenhuma pressa. O silêncio predominou entre nós pelos primeiros quilômetros, mas mesmo sabendo que ele era um homem de poucas palavras não consegui conter minha língua, eu era outra vez vítima do efeito surpresa e da fantasia, consequentemente tinha uma vontade louca de tagarelar.

– O senhor parecia um pouco sem jeito na plataforma, me desculpe por tê-lo feito esperar na chuva – comecei pelo começo.

Ele não disse nada a princípio e comecei a pensar se seria como meu pai que às vezes não respondia minhas perguntas. Argh, eu odiava quando ele fazia aquilo, o vácuo se tornava meu pior inimigo.

– A chuva não é o problema – respondeu finalmente. – Renée achou que a placa lhe ajudaria a me encontrar e no início achei uma boa ideia, mas logo me senti um pateta parado lá, parecendo não ter mais o que fazer – resmungou.

Cerrei os dentes com força, quis muito rir do que ouvira, não foi ao todo uma sentença engraçada, mas o jeito que ele falava de alguma maneira tornava tudo cômico.

– Ela disse que era comum, mas para falar a verdade não vi uma só pessoa fazendo isso.

Foi demais pra mim, sem conseguir conter soltei uma risada enquanto pensava no equívoco que se passara.

– Me desculpe, acho que o senhor só estava no lugar errado. Os cartazes são perfeitamente normais no aeroporto, mas em geral as pessoas ficam do lado de dentro, sabe, longe da chuva que não é lá muito amiga do papel – esclareci com a maior humildade que pude.

Torci para que ele não se ofendesse, por sorte quando me olhou sua expressão revelava que ele reconhecia que havia seguido errado as instruções.

– É, isto faz bem mais sentido – assentiu para si mesmo.

Fiquei feliz por ter conseguido tirar a culpa dos ombros de Renée, ela havia tido boa intenção e equívocos eram grande motivo para desentendimentos entre as pessoas.

O trajeto era longo, havia somente estrada à vista, às vezes um posto de gasolina ou um comércio decadente passava veloz, mas nada mais que isso. Eu não pude deixar de notar que quanto mais avançávamos, mais a chuva aumentava. Depois do embaraçoso começo tentei não deixar a conversa morrer, Charlie quase sempre precisava de incentivo, mas logo também mostrou interesse em todo o assunto da troca que eu fizera com sua filha. Neste ponto em especial tive de aparentar normalidade, somente eu estava ciente da enorme mudança que era minha ida à Forks.

Quando atingimos certo ponto uma pequena, porém significante diferença captou meu interesse. A paisagem se modificara, a vegetação viera ladeando os dois lados da rodovia, mas só agora ficava mais proeminente, a mata fechada era como um labirinto esmeralda e algo de mítico parecia se esconder entre as árvores. Eu sabia que não estava vendo demais, nunca o verde fora tão misterioso ou mais convidativo.

Mordi o lábio procurando conter a excitação, eu pensava que por agora minha ansiedade já estaria tomando completa posse de mim, mas estava enganada. A palavra que melhor se encaixava no momento era felicidade, repentinamente desejei que Charlie acelerasse e que usasse toda a potência do motor para me levar o quanto antes ao meu destino. Eu ansiava por isso com uma necessidade esmagadora, metros à frente estava meu sonho e eu apenas o queria com todas as forças que tinha.


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Notas finais do capítulo

Por hoje é só. Espero que estejam gostando, não deixem de comentar, quero muito postar esta história até o fim e sua opinião é muito importante! Beijos e até a próxima :*



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