New Feelings escrita por Vtmars


Capítulo 21
Capítulo 20 - O Santo do Pau Oco


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada, releia o título. Se você pensou besteira, que feio, você devia se envergonhar! Agora sim, alguns recados:
1º Não dizendo que a fic já está acabando, mas o fim é confirmado e não tá tão longe assim. Não sei se chega no capítulo 30. Por isso, comente e favorite antes do fim...
2º Cuidado: Este capítulo pode bugar cérebros desavisados.
3º Ah, eu amo muito vocês, leitores! Nos vemos lá embaixo, queridos!



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Hans ficara tão irritado com o discurso de Gardar que simplesmente não calava a boca, esbravejava o tempo todo sobre como ele era “tolo, falso e enganador”. Não dormiu bem à noite e também não me deixou dormir, virava-se para um lado e para o outro, levantava, resmungava... Estava ficando incomodada. Felizmente, fui vencida pelo sono e cansaço e acabei adormecendo.

Quando acordei na manhã seguinte, Hans nem pensava em abrir os olhos. Arrumei-me e saí para dar uma volta pelo castelo. Caminhei menos de dez passos e encontrei Brunnehilde parada na escada, apoiando-se no corrimão, olhando para algum ponto perdido no espaço. Hesitei por alguns segundos, sem saber se a cumprimentava, passava reto ou dava meia-volta. No entanto, antes que eu pudesse tomar qualquer decisão, ela falou:

– Eu sei que está aí, Elsa. Não precisa ter medo, eu não mordo.

– Rainha Brunnehilde, eu s-sinto muito – tremi da cabeça aos pés, fiz uma rápida mesura.

Ela suspirou e finalmente virou-se para me olhar, com pesar e melancolia.

– Acho que não sou mais a rainha, não é mesmo?

Eu não quis arriscar dizer alguma besteira, permaneci quieta. A rainha andou até o antigo quadro da família real e passou a mão nele.

– Se eu tivesse dedicado mais tempo, amor e carinho a eles, isso não teria acontecido – disse ela, emocionada.

– Posso saber do que está falando? – indaguei.

– Gardar vai mudar tudo. Ele não manterá a sua promessa, tenho certeza. As Ilhas do Sul estão correndo um terrível perigo em suas mãos.

– Você desconfia tanto assim do seu próprio filho?

– Gardar pode ter saído do meu ventre, mas não é por causa disso que vou aplaudir tudo o que ele fizer. Nunca fui assim, sou uma mulher justa – afirmou, seu semblante se tornando sombrio de repente.

– Se até mesmo você, que é mãe dele, não confia na sua integridade, quem confiará?

– Já há tempos que Gardar foi para o outro lado, e devo me culpar por isso também, afinal, se eu tivesse lhe dado mais atenção, talvez ele não fosse assim. Tentei confiar nele, nas suas ações... Mas ele sempre se mostra pior do que eu imaginava. Ele só deseja poder. Não quer e não precisa de mais nada. Você não sabe do que ele é capaz. Kelsig enfrentou-o uma vez, as consequências foram terríveis. Ele quase foi morto, pelas costas – isso explicava o fato do sexto filho olhar com raiva para o mais velho.

– Eu nem posso acreditar... – balbuciei.

– Venha aqui, Elsa.

Eu aproximei-me lentamente. Ela tirou de dentro das vestes uma corrente de ouro, com um pingente de W, abriu minha mão e largou-a em cima da palma.

– O que é isso? – perguntei confusa.

– Que pergunta! É uma corrente de família, é claro. Você agora também é uma Westerguard.

– É muita gentileza, mas não posso aceitar.

– Não é um presente, é uma tradição. Deve ser passada de geração em geração. Eu deveria dá-lo a Lydia, mas aquela mulher é tão peçonhenta e falsa que não merece sequer uma farpa.

– Obrigada – agradeci com um leve sorriso.

Ficamos em silêncio por alguns momentos até que a rainha continuou:

– Apenas tome cuidado, Elsa. Tenha um bom dia.

– Bom dia...

A rainha saiu e eu fiquei só com meus pensamentos. Continuei meu passeio pelo castelo, mas tão desnorteada e confusa que logo esbarrei em alguém, por sorte, era Clarisse.

– Cuidado! Desculpe-me, está tudo bem?

– Sim, sim. Eu que me desculpo, não olhava para onde ia.

– Aconteceu alguma coisa? – ela questionou, desconfiada.

– Não foi nada. Só estou cansada, não dormi direito.

– Ah, eu entendo! Desde que Magnor machucou a perna, não tenho mais descanso. Bem, não quero roubar mais o seu tempo, pode ir. E bom dia!

– Pra você também – sorri.

Caminhando pelos extensos corredores enquanto olhava os quadros nas paredes, encontrei com a maioria dos príncipes, cada um me cumprimentava a sua forma. Triwar, um dos mais simpáticos, parou-me para conversar um pouco.

– Eu sei que já esteve aqui antes, mas espero sinceramente que esteja gostando das Ilhas do Sul, Elsa. E perdoe o comportamento de alguns dos meus irmãos, eles não estão acostumados a comportarem-se como cavalheiros, vivem brigando entre si.

– Não se preocupe, Triwar, estou gostando da estadia, obrigada. E quanto ao comportamento dos seus irmãos... Fique tranquilo, eu sei lidar com eles.

– Que bom que você é compreensiva. Agora, com a sua licença, eu tenho que ir. Precisam de mim no porto – ele sorriu, fez uma leve reverência e saiu apressado.

Assim que Triwar se foi, tratei de me dirigir ao salão para tomar o café da manhã, onde estava uma verdadeira confusão, os criados tentando desfazer a decoração e mudar os móveis de lugar. Hans chegou pouco depois de mim, agora já bem mais calmo, conversava normalmente, sem ao menos mencionar Gardar, o discurso ou a coroação. Ele me avisou que o navio partiria naquela tarde, e por isso teríamos de arrumar tudo rapidamente. Eu concordei, e de repente, Patrick chegou carregado de papéis e deu um sorriso torto para nos cumprimentar, antes de começar a falar:

– Hans, eu sei que não é sua função, mas será que você poderia me ajudar com estas leis? Tenho um baita problema pra resolver! Chegou um sueco aqui na capital e quer se instalar sem documentação. Eu tenho certeza de que há uma lei que proíbe isso, só não sei onde está!

Hans me olhou pedindo aprovação e eu a dei.

– Não vou demorar muito. Você vai ficar bem – ele beijou minha testa e saiu com Patrick.

Mal eles saíram, Magnor e Wilheim chegaram discutindo.

– Você não está entendendo, Magnor! Não dá pra manter o hospital desse jeito! – dizia Wilheim, nervoso.

– Está sugerindo que eu não atenda os mais necessitados?

– Você não pode fazer os tratamentos de graça! Desse jeito o hospital vai à falência!

– Nem todos têm dinheiro para pagar!

– Essa é a desculpa que todos usam! Logo estaremos atendendo ricos se passando por pobres!

– Isso é fácil de perceber.

Os dois atravessaram o salão gritando mais do que falando, e eu decidi sair dali. Mas para onde? Não havia lugar naquele castelo em que fosse silencioso e solitário. A não ser... A biblioteca.

Na biblioteca era sempre silêncio e tranquilidade. Como da última vez que estivera lá, o único presente era o Duque Jorunn. Conversamos enquanto líamos, como um senhor sábio, ele jamais dizia algo desinteressante, mas um dos seus assuntos chamou-me mais a atenção que os demais.

– Eu admito, Rainha Elsa, que temo não só pelo reino, mas pelos príncipes, pela rainha e por mim mesmo. O rei Gardar não é nenhum santo, não devemos esperar boas coisas dele. Ao mesmo tempo em que te abraça, apunhala-te pelas costas.

– Você já não é a primeira pessoa que me diz isso... – eu ri.

– Então minhas suspeitas não são infundadas, há motivos para ficar de olho aberto com Gardar. Cuidado, Elsa, ele é imprevisível...

– Não diga isso! Não vai acontecer nada, não se preocupe.

A conversa morreu ali. Hans terminara o seu trabalho com Patrick e nós fomos arrumar as malas para voltar para casa. Arendelle. Quantas vezes eu já não havia prometido que não queria mais sair de lá e quantas vezes eu já não quebrara essa promessa e ainda quebraria?

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Notas finais do capítulo

Acho que vocês entenderam o título, né?
Há! E agora? E vocês não iam com a cara da Rainha... Coitada.
Enfim, espero que tenham gostado, muitos bjs e comentem :).