New Feelings escrita por Vtmars


Capítulo 20
Capítulo 19 - A Coroação de Gardar


Notas iniciais do capítulo

Hey, antes de tudo, eu esqueci de colocar a imagem no capítulo anterior, não é nada importante, era só um mapa de Arendelle e As Ilhas do Sul, mas se quiserem ver, já consertei.
Agora, vamos ao capítulo.



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No dia seguinte, dormimos mais do que deveríamos, e quase nos atrasamos para a coroação. O cortejo já ia longe quando alcançamos, ficamos atrás de todos, exceto Magnor e Clarisse, que eram os últimos, devido à dificuldade do primeiro em andar. O oitavo príncipe parecia extremamente cansado, mas determinado. Quando nos avistou, sorriu gentilmente, ao que retribuímos.

Reparei nas outras pessoas que caminhavam junto a nós. Todas provavelmente usando as roupas mais bonitas que tinham. Nesse momento, agradeci mentalmente pelas criadas do castelo terem me dado vestidos novos, eu não trouxera muitos, e eles eram simples, afinal, se eu achasse necessário, poderia fazer um vestido de gelo, mas fui aconselhada a não expor muito a minha magia, então acabei por aceitar a ajuda das criadas. Escolhi um vestido azul marinho solto, que me desse mobilidade e não me apertasse. Era modesto, mas com certeza melhor do que os meus.

Hans vestia um traje parecido com o que usara na minha coroação. Mas haviam algumas diferenças visíveis, como a cor, verde água. Ele parecia desconfortável.

– Algum problema? – questionei-o.

– É essa roupa, ela é desconfortável, parece uma fantasia.

– Não exagera, você está muito bem!

– Como se você fosse dizer se eu estivesse mal.

– Ora, eu diria!

– Sei... – ironizou.

– Você é muito convencido.

– E você é muito teimosa.

– Ah, então é pra listar os defeitos? – coloquei uma mão na cintura.

– Foi você que começou – rimos baixinho e ficamos em silêncio.

Olhei para os lados e reparei em como a cidade estava decorada para a coroação. Bandeirolas com a efígie de Gardar e tecidos e fitas verdes e azuis enfeitando as ruas e casas, parecia até exagerado, mas Hans disse-me que estava praticamente igual à decoração feita para a minha coroação. Eu gostaria de ter observado melhor no dia, mas quando saí do castelo, estava muito assustada e nervosa para prestar atenção nisso.

Após o que pareceram horas, chegamos à Igreja em que seria realizada a coroação. Sentamos nos primeiros bancos, próximos aos outros membros da família real. Gardar chegou alguns minutos depois, ao som de trompetes. O bispo fez a cerimônia e proclamou:

– Rei Gardar das Ilhas do Sul.

– Rei Gardar das Ilhas do Sul! – repetiram.

Depois disso vinha a melhor parte: o baile. Todos voltaram para o castelo, foram até o salão e deram início à comemoração. Enquanto alguns saudavam os novos governantes, outros dançavam ou comiam e bebiam. A antiga rainha estava ali também, mas a cara fechada, intimidadora e nem um pouco convidativa fazia os convidados manterem o máximo de distância possível dela.

Enquanto Hans saíra para buscar uma bebida, eu me atrevi a olhar o que os irmãos dele faziam. Gardar, obviamente, estava feliz e orgulhoso ao lado da esposa, sendo cumprimentado por nobres; Triwar estava conversando com as pessoas como se não houvessem normas de conduta e restrições; Henktris exibia-se para governantes e generais, falando sobre sua coragem e disciplina militar; Vegard fofocava e falava mal de tudo e todos; Forseti bebia champanhe enquanto Thrud tentava persuadi-lo a dançar com ela; Kelsig estava sozinho num canto, encostado numa coluna e olhando com o que parecia ser raiva para Gardar; Patrick tentava conquistar moças contando suas terríveis piadas; Magnor estava alegre e sorridente fingindo lamentar estar com a perna machucada e não poder dançar; Wilheim estava bêbado e discutindo com a mulher; Royd gritava com um coitado que derramara champanhe em sua roupa; Styr olhava de esguelha para os presentes e sorria sinistramente, e Yran dançava com Dagny no meio do salão.

– Voltei – Hans apareceu com duas taças de champanhe, mas eu imediatamente recusei.

– Leve-as de volta.

– Por quê? O que houve?

Apenas apontei discretamente para Wilheim que estava bêbado e Royd que estava a ponto de surrar o homem que derramara a sua bebida nas vestes dele.

– Ah, mas é completamente diferente...

– Não quero saber. Nada de bebida.

Hans ficou um pouco desapontado, então resolvi convidá-lo para dançar, na esperança de que isso o animasse. Ele sorriu achando graça.

– Acha que pode me acompanhar? – provocou.

– Eu ia perguntar o mesmo de você.

– Pelo que ouvi falar, você não sabe dançar.

– Há muita diferença entre não querer dançar e não saber. Eu apenas não estava a fim de passar vergonha na frente de todo mundo dançando com o Duque de Weselton.

– Então se eu tivesse a convidado, aceitaria?

– Talvez... – respondi levemente corada, olhando para baixo.

Por um momento, achei que Hans tivera uma recaída e pensara no que poderia ter sido se tivéssemos dançado juntos no dia da minha coroação. Em como poderia ter me seduzido, conquistado o trono e me matado. Mas quando olhei em seus olhos, vi apenas uma expressão leve de melancolia misturada com carinho.

– Me pergunto como seria se eu apenas tivesse tomado decisões diferentes... Mas não me arrependo mais, sabe? Porque não sei se sequer conheceria você se eu não decidisse ir à Arendelle, ainda que para executar um plano diabólico.

– Há males que vem para o bem – eu disse com um leve sorriso. - Se você não tivesse pedido Anna em casamento, eu não teria descontrolado meus poderes e fugido, mas também nunca teria experimentado a liberdade.

Com sorrisos nos rostos e olhares carinhosos, nos deixamos levar pela música e dançar tão natural e fluidamente que parecia que tínhamos ensaiado. Eu realmente não era nenhuma pé-de-valsa, mas não me saí nada mal. Quando a música acabou e todos pararam a dança, Gardar pediu a atenção a todos e começou a discursar:

– Há mais de quarenta anos, Freyr Westerguard, meu pai e antecessor, foi coroado rei das Ilhas do Sul após a precoce morte de seu irmão mais velho, Klaudius – ao ele pronunciar esse nome, a rainha emérita Brunnehilde balançou a cabeça, como se afastando uma triste lembrança. – Durante o seu reinado, muitos territórios foram conquistados, As Ilhas do Sul tornaram-se um país rico e próspero. Ele deu alento aos pobres, melhorou a situação de vida de muitas famílias, construiu hospitais e escolas, foi um ótimo governante, militar e pai – todos ali sabiam que aquela era uma mentira deslavada. – Agora, eu, como seu filho mais velho, continuo seu legado, e prometo ser-vos tão bom quanto ou até mesmo melhor que ele!

O salão explodiu em aplausos. Perguntava-me se aquelas pessoas eram falsas ou iludidas. Durante seu discurso, Gardar não fez nada além de enrolar e depois afirmar que seria igual a ou pior que o pai, que até onde eu sabia, não fora apenas um bom governante, e sim um tirano cruel e com sede de poder. Nem ele próprio acreditava nas suas palavras, mas não conteve o sorriso orgulhoso ao receber tantos aplausos e elogios. Muito me intrigava o que ele e a mulher viram um no outro, mas ficou claro que eles eram dois gananciosos e interesseiros. Eu apenas rezava para que ele ficasse ali, quieto no seu reino, e não viesse nos perturbar. Gardar não parecia má pessoa, mas eu não colocaria minha mão no fogo pela sua integridade. E além do mais, se até Hans enganara a todos sem levantar suspeitas, o que me garantia que o irmão mais velho não poderia fazer o mesmo?

Olhei ao redor. Nenhum dos príncipes parecia muito feliz ou satisfeito, pelo contrário, alguns estavam visivelmente irritados, incluindo Hans, que após o discurso, decidiu ir embora da festa, e eu, sem poder contrariar, deixei o salão com ele.

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Notas finais do capítulo

Foi isso! Alguém aí tem desconfianças? Eu tenho muitas! Não confiem em ninguém... Eu avisei.
Bem, parando com esse papo estranho, eu tenho uma música para este capítulo, que explica bem o ponto de vista do Gardar sobre sua vida, o nome é "On Top Of The World", da banda Imagine Dragons. Bjs, comentem e até logo mais!