Born To Kill escrita por Vlk Moura


Capítulo 23
Capítulo 23




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~Jared~

Meu primeiro trabalho foi quando eu tinha quinze anos, matei um mutante que atrapalhava nas hortas que alimentavam a cidade, depois do primeiro matar mutantes é apenas como brincar na rua com amigos, você faz sem perceber que o está fazendo. Acertava seus corações, os arrancava sem dó nem piedade.

Recebi um serviço interessante quando eu tinha vinte. Teria matar a mutante mais procurada, era um jovem não muito mais nova do que eu, diziam que arrasava corações, todos que a caçaram a levaram para a cama e acordaram mortos, e ela sequer parecia se importar. Me preparei para a festa onde a encontraria pela primeira vez. Coloquei as roupas chiques e fui para a festa, todos comiam e comemoravam algo que eu não sabia o que era.

Andei pelos convidados, todos pareciam não se importar com o fato de mutantes passarem por ali, eu sentia seu cheiro, mutantes fedem, eu preciso matá-los e livrar a humanidade dessa sujeira que no assola. A vi, minha vitima, descer as escadas, estava deslumbrante como me alertaram, usava um vestido verde e dourado longo até os tornozelos, o cabelo impecavel, estava linda.

Diziam que seus acompanhantes eram escolhidos a dedo pela mãe e ela sempre a respeitava.

Fiquei ao longe a observando, estaria sozinha em algum momento da noite, mas me equivoquei.

Não consegui me aproximar dela, mas ela se aproximou de mim, reclamava de já estar cansada dos acompanhantes chatos que a mãe escolhia, a convidei para um dança, então começamos a conversar sobre festas da cidade sobre conhecidos em comum, até ela me lançar uma proposta.

– O que acha de irmos andar pelo jardim, lá parece menos cheio de gente chata.

Concordei.

Ela corria pela grame e eu observava, não culpava os outros de a terem levado a cama, eu o teria feito se não soubesse de sua natureza. Ela veio até mim sorridente, me abraçou pelo pescoço em mais um ato de sedução, mas ela foi atacada, enfiei a faca próxima de seu coração, ela caiu adormecida, o poder de facas envenenadas. A levantei em meus ombros e a carreguei até minha prisão, a prendi, e fui dormir.

Durante o amanhecer senti algo grudar em minha garganta, ao abrir meus olhos a encontrei montada em meu corpo com a faca rente a minha pele.

– Sh... Não vou te matar - eu a olhei, não tinha me amarrado - Você é um homem bom, senhor Westfild - ela sabia meu nome - E por não ter me matado sei disso, podia tê-lo feito, mas não o fez, é diferente dos outros que teriam aproveitado de minha distração para me matar.

– O que você quer?

– Diversão. - ela sorriu - E fazer um acordo - a analisei - você cuida de mim e eu cuido de você.

– O que quer dizer?

– Você é o melhor no que faz - confirmei - então pensei que o melhor caçador poderia me proteger de outros caçadores e em troca teria a minha proteção contra qualquer outro ser, o que me diz? - ela já tinha tirado a faca de minha garganta, apoiava as mãos em meu peito.

– Parece tentador, mas o que te faz pensar de que não irei traí-la?

– Se o fizer todos morrem - eu a analisei - Todos aqueles que têm o nome Westfild morrem, seus pais, irmãos, primos, tios, avós, todos.

– Certo, eu concordo com você, mas não quero ser seu escravo.

– Seu desejo é uma ordem, Jared Westfild, e nosso pacto é de sangue. - ela abriu um corte em X no meu peito, cortou o polegar e o apoiou no sangue que escorreu - Protegeremos um ao outro até o fim de nossas vidas.

Os primeiros dias eu não passava de um guarda-costas qualquer que a seguia para todos os lados, a defendia de homens que tentavam assediá-la, mas com o passa do tempo nossa relação foi ficando cada vez mais forte. Em alguns dias eu acordava e a encontrava dormindo em minha casa, ela dizia ter se sentido desprotegida e não confiava em nenhum outro lugar.

– Hoje minha mãe chegou com mais um casamento para mim - ela falou enquanto eu arrumava algo para comermos, eu não die muita atenção - Disse que será em alguns meses, o homem é rico e ela acho que lhe dará netos - eu ri - Qual a graça?

– Quanto netos ela já simulou ter? - recebi uma chave de pescoço que quase me derrubou.

– Quem você pensa que eu sou, Jared? Uma prostituta por acaso?

– Olha... - eu passava a mão no pescoço - Para mim não, eu a respeito muito, senhorita Agnes, mas o que sua mãe faz com você não é o que uma mãe deveria fazer a filha.

– Ah, não? Você acha que eu devo me casar com quem?

– Com quem a senhorita goste - ela me olhou - Acho que seria um casamento mais longo.

– E se eu não amar ninguém.

– Não deve se casar- dei de ombros - Agora coma, antes que suspeitem de que eu a sequestrei.

Ela comeu.

Dois dias depois me convidava para o seu noivado. Eu fui, não com gosto, mas por ela, ela disse se sentir melhor comigo por lá já que a familia de seu futuro marido era de caçadores. Sentei ao seu lado na mesa, o noivo a sua frente, era um homem alto, mais velho do que eu logo muito mais velho do que Agnes, ele tinha o cabelo penteado para trás, era um tal de Victor Creed. Os olhos pareciam assassinos, os dentes enormes pareciam não caber em sua boca o que lhe dava um ar ameaçador, eu não deixaria minha filha casar com um homem que parecia capaz de matá-la com o olhar.

Agnes apertou minha mão quando o homem entrou e a cumprimentou de longe. Sentamos a mesa e logo ela pareceu se preocupar.

Depois de comermos, ela se levantou rápida e preocupada, correu par ao quarto, logo Victor a seguiu, a mãe não parecia se preocupar em deixar a jovem filha sozinha com o homem monstrengo. Depois que todos começaram a conversar resolvi ir ver o que acontecia. Entrei no quarto e o encontrei montado sobre Agnes, ela estava amarrada a cabeceira, as pernas presas abertas, ele parecia prestes a assedia-la, mas não o permiti que o fizesse, o acertei uma coronhada, ele caiu desacordado, no rosto as marcas de uma briga que pareceu ser longa e dolorida, em Agnes as marcas não eram muito diferentes, o olho inchado, a boca cortada, quando a soltei ela me abraçou fortemente e chorou, olhei o homem caído eu queria fazer mais, queria acabar com aquele homem que ousou fazer aquilo a Agnes, a minha Agnes.

– Você está bem? - ela confirmou - Olha para mim, Agnes, você realmente está bem?

– Estou... Me tira daqui.

Ela me abraçou fortemente.

– Por favor, me tira daqui, Jared, eu não aguento mais...

Olhei o terraço, parecia baixo, a puxei, coloquei em minhas costas, ela me apertou como uma criança indefesa. Saltei, caí no chão e rolei com ela que ao se levantar antes de mim ria, me esticou mão e me puxou para minha casa.

– Deixa eu cuidar disso - falei limpando seus machucados.

– Não precisa se preocupar, logo vou estar curada e...

– Até isso curar não vou ficar te olhando toda nojenta - ela riu.

Limpei seu machucado e sentei ao seu lado no sofá já sem estofado. Ela se deitou em meu ombro, a abracei. Dormimos ali.

Acordei com o sol batendo na janela e no meu rosto, Agnes ainda dormia e o rosto já estava completamente recuperado, preparei algo para comermos. A acordei, ela levantou sonolenta, comeu e voltou a dormir, parecia tão calma, abaixei ao seu lado.

– É feio observar os outros dormindo - ela sussurrou.

Ela me puxou para perto de si, os dedos em meu cabelo, ela me beijou, eu me levantei e a levei junto, ela ficou de joelhos no sofá, alguns centimetros mais baixa do que eu, peguei seu rosto em minhas mãos e a beijei.

Fomos para meu quarto.

Ela me fez jurias de amor e ao final dormimos nos prometendo casamento, mesmo que ela fosse imortal eu não me importava, ela dizia ser horrivel me ver envelhecer e a ela nada acontecer, dizia que era horrivel imaginar os filhos crescendo o marido morrendo e nada acontecendo com ela, mas se fosse para passar tudo isso comigo não se importava.

Um dia acordei sem tê-la ao meu lado. Desci a procurando, ela passou o dia fora.

Uma batida na porta ao anoitecer foi o que me acordou, abri e encontrei um homem parado a minha frente, Victor Creed cheirava álcool, suor e mais coisas nojentas, ele me acertou um soco que me fez cair, logo recebi outros pontapés, o acertei alguns chutes e socos, mas para alguém daquele tamanho e alterado não era o suficiente. Em uma de suas quedas corri para meu quarto, pela janela pude ver o caos que estava do lado de fora, enquanto eu dormira o mundo resolvera se destruir. Eu via moradores da cidade exaltados, três pessoas eram necessárias para segurar Agnes que urrava, eu não entendia, até ver que ateavam fogo na minha casa.

Victor me arrancou da janela, me tacou no chão e acertou repetidos socos até que eu ficasse desacordado. Quando acordei ouvia gritos e a minha volta estava mais quente do que qualquer outra coisa, eu não conseguia sair, tive de me entregar a morte, mas ainda pude vê-la, a vi pela última vez em meio as chamas, ela me encontrou, mesmo sendo tarde demais e todo o seu corpo também estar consumido pelas chamas, eu a vi, ela se deitou ao meu lado empurrando o de Victor para longe de nós. E essas são minhas últimas lembranças, eu e Agnes morrendo, juntos da mesma forma como nos metemos na confusão.

Depois de morto descobri que ela não tinha morrido, que a mãe e o irmão a salvaram, descobri também que a mãe manipulara a cidade para me matarem apenas porque sua filha dizia apaixonada por mim e romperia o noivado com o rico Victor. Todos forma induzidos a achar que eu a corrompi, quando ela já estava corrompida a séculos, e por isso todos me condenaram. Eu não busco vingança, nem dos familiares dos que me mataram, nem mesmo de Victor Creed, na verdade dele um pouco, ele me bateu e ele abusou da Agnes e é por isso que gostaria de ver seu rosto destroçado, mas a pessoa de quem quero ver o corpo apodrecer e todo o seu poder esvair é a mãe de Agnes, ela eu quero matar com minhas próprias mãos, lembro de sues olhos sanguinarios me observando, lembro de seu sorriso ao ver o fogo se alastrando, é dela que busco vingança e ninguém mais. Quando eu a ver destruida poderei ir par ao outro lado e assim deixar, você, Agnes, em paz, é tudo o que eu mais quero, ver você feliz, mesmo que não seja comigo.


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