Born To Kill escrita por Vlk Moura


Capítulo 21
Capítulo 21




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Os dias de trabalho passaram e nada da minha voz voltar, eu já estou enlouquecendo, ninguém respeita a minha sala de trabalho, todos entram e saem e me zoam ainda por cima, a sorte deles é que sou uma pessoa muito equilibrada e...

Cacete, Ripcord, o que você ta fazendo aqui novamente?

Que droga! Ninguém me escuta, ninguém respeita, eu vou socar um para mostrar quem é que manda.

– Vim te chamar - eu o olhei - Não é uma missão, mesmo que você queira socar alguém - que bom que você sabe disso, e se você voltar aqui enquanto eu trabalho você é quem vai me tirar da seca, seu idiota - o grupo está combinando de ir jantar - jantar? Mas ainda é... Eita, já são sete horas, que droga, eu não vi a hora passar. Espreguicei e o olhei - E aí, você aceita? - eu o analisei - Não me olhe como se você quisesse me comer vivo - aceitei, não fazia nada há tanto tempo.

Ele comemorou.

Arrumei os papéis, observei um que eu não tinha visto antes, tinha um brasão com uma cobra enrolada a uma hidra, os dois pareciam ser um só, mas eu via um entrosado com o outro.

Segurei Ripcord antes que ele saísse da minha sala. Tentei imitar uma cobra, ele não entendeu, produzi minha língua bifurcada, ele me olhou assustado, apoiei minha cabeça com a mão, mostrei para ele.

– Snake Eyes? - confirmei - Vem comigo. - ele me puxou - Vocês parecem não estar se falando muito, aconteceu algo? Não é como se você fosse recuperar sua voz para me responder, mas acho que aconteceu algo sério e... Snake! - ele chamou, eu corri até meu sensei, ele me olhou, analisou e ignorou, continuou andando.

Fala sério, você não vai me ignorar agora, passou tanto tempo tentando fazer com que eu voltasse a interagir com você e agora que venho até aqui você me ignora, não vai ser assim, é importante Snake!

Eu o puxei, ele se soltou, Ripcord ainda nos assistia, eu não sabia dizer se atento ou com medo.

Snake Eyes voltou a andar, eu o puxei e o rendi contra a parede, ele em olhou, apontei o brasão para ele, ele me olhou atento e tomou o papel da minha mão. Ah, agora você está prestando atenção. Ele me olhou, apontou o brasão confirmei. Ele fez gestos falando que depois nós conversariamos sobre isso, confirmei.

Não sei como seria essa nossa conversa, na verdade, eu não fazia a menor ideia de como eu e ele, eu sem voz, ele com o voto de silêncio, iriamos discutir uma questão sobre o Cobra e a Hydra, mas enfim, ele parecia ser o único a me entender, ou não, sei lá.

Fui para meu quarto, levei o papel comigo, o guardei nas minhas coisas, peguei meu celular, Scarlett me ajudou a escolher algo, um vestido mais arrumado, ela prendeu meu cabelo parcialmente, me ajudou com a maquiagem e me emprestou uma sandália. Ela estava linda, os belos cabelos ruivos soltos em enormes cachos, um vestido esmeralda combinava com seus olhos, uma sandália preta. Eu me apoiava em seu braço, ela falava sobre o trabalho e perguntava do meu e sempre depois de não obter respostas ela ria sozinha e pedia desculpas por tentar puxar assunto.

Os meninos estavam prontos, usavam ternos bonitos, Roadblock usava um em um tom roxo escuro que ficava muito bem em seus enormes músculos. Ripcord usava um preto que ele segurava as golas as puxando em uma pose de galã de filme, estava bonito. Duke usava um terno comum, aberto e sem nenhuma gravata e com a camisa branca por baixo aberta até o inicio do peitoral, ele podia ter usado um preto ao invés do bege, esse o deixava ainda mais branco. Snake, bem pensei que o encontraria com o uniforme, nunca o vi usando outra coisa, mas primeiro: ele não estava pronto ainda; segundo: ele chegou usando smoking; arrumava a gravata, ele nos olhou, eu não contive o susto, ele estava lindo, o cabelo penteado para trás, alguns fios na frente ainda caiam sobre sua testa, ele nos olhou e eu percebi que não era a única surpresa.

– Já que todos estamos aqui, vamos? - Duke chamou, ele sorriu para mim e me ofereceu o braço, eu aceitei, caso contrário eu cairia feio.

Me espantei foi em ter um segundo apoio que não foi o Snake e sim o Ripcord, ele colocou minha mão em seu antebraço, sorri agradecida, ele abriu um largo sorriso.

Entramos em um elevador que parecia que não pararia de subir. Eu já estava cansada de ficar na mesma pose e já tinha apelado par ame escorar ao fundo, as portas se abriram e me surpreendi que ali tinha um lugar tão luxuoso quanto aquele.

Era um restaurante facilmente encaixado em um para a classe AA, o piso encarpetado, as mesas eram aquelas antigas e os pés dourados, as cadeiras estofadas vermelhas, lustres lindos, a luz perfeita, eu não acreditava que ali tinha algo daquele porte e eu nunca tinha visto ou suspeitado.

Segui o grupo até uma mesa que tinha o nome de Duke, Scarlett me explicou que o nome do líder era sempre usado para reservar uma mesa para um time, mesmo que ela tenha feito a reserva. Explicou que o nome do líder também importava sobre a mesa, quanto mais reconhecido melhor era a mesa, e bem nós estavamos na melhor parte do salão, do lado de fora onde a lua nos iluminava junto a uma luz linda enfeitada com flores, tinha mais duas mesas ali junto da nossa que imaginei que eram de pessoas importantes.

– Acho que ela está assustada - Roadblock falou apontando para mim.

– Você nunca esteve em um lugar assim? - neguei - Sabe por que estamos aqui? - Ripcord perguntava sorrindo - neguei.

– Estamos aqui por causa da nossa missão de resgate e destruição da Hydra - Snake me olhou, eu o encarei e mexi a cabeça de forma negativa da forma mais discreta que eu conseguia - Ganhei alguns pontos por tê-los comandado nisso - Duke falou - Então o time todo é convidado a passar uma noite aqui, legal, não é?

Confirmei. E ao mesmo tempo me perguntei quantas vezes eles já estiveram ali, quantas missoes eles já devem ter concluído e que deram meritos a ele, e a pergunta que mais martelava minha mente era de como aquele grupo tão diferente tinha sido juntado.

Observei a noite, a vista dali era como a do terraço do prédio de Anung, com a diferença que a decoração em volta era muito mais agradável.

Pediram os pratos, todos conversavam animados, parecia que todos os problemas tinham sumido, mas até aquele instante para eles era a verdade e eu não pretendia envolver os outros nessa minha nova descoberta, talvez se eles se metessem em mais uma briga como a que quase matou o Wade eles poderiam morrer, foi muita sorte nenhum deles não ter sofrido nenhum atentado.

– Vejam só, o grupo perdedor tem mais uma mocinha - um dos homens tocou meu ombro, eu o olhei, era tão alto quanto Duke, tão forte quanto Road - Vocês têm sorte com as mocinhas, são todas lindas.

– Mais uma vez não... - Scarlett revirou o olhos - Nos deixe em paz, Luke.

Luke, Duke, isso era engraçado. Eu ri sem perceber, o homem apertou ainda mais meu ombro, eu juro que se ele apertar mais eu não respondo pelos meus atos.

– Mas é a verdade - ele desceu a mão, ia chegar em meu peito.

Ei! Que ousadia é essa, seu babaca, não me toque! Peguei sua mão, ele riu como seu apenas o tivesse desviado de seu caminho, eu sorri quase simpática, ele retribuiu, torci seu pulso, ele gritou, os outros se aproximaram eu o soltei, os outros na mesa riam, Scarlett estava vermelha.

Olhei para os meninos da minha mesa, me arrumei na cadeira e sorri para eles.

– Ora, sua... - Snake se levantou rápido, parou o homem e com a cabeça indicou a mesa do homem - Certo...

Snake voltou e se sentou, o agradeci com um aceno, ele respondeu da mesma forma e arrumando a roupa. Duke nos encarou, eu me questionava se era mesmo verdade o que tinham falado, se era mesmo verdade que ele gostava de mim. O líder me observou enquanto eu comia e ria dos outros, eu não conseguia falar, mas ouvia as besteiras que falavam, até Snake se permitia alguns risos e que belo sorriso ele tinha.

Depois de comer a sobremesa resolvi dar uma olhada no terraço e ver o quão alto estavamos, me apoiei no parapeito e observei o transito embaixo, já era tarde e o tráfico já tinha reduzido muito, alguns comerciantes fechavam seus comércios. Alguém se apoiou ao meu lado, não olhei para quem o fizera, pelo silêncio imaginei que fosse Snake, mas olhei e encontrei Duke, ele me olhou e sorriu.

– Aqui é muito bonito, não? - confirmei - É muito estranho não ouvir sua voz - nem me fale - mas pelo menos agora você não pode me interromper - hm, então eu falo demais. Me sentei no parapeito, ele me observou e riu - Você fazendo isso parece uma criança - saiba que considero isso um elogio - mas gosto disso em você - o olhei, qual é, você não vai fazer o que eu acho, né? - Gosto de você, Agnes - pelo menos ele não me considera muito - Gosto mesmo de você, mesmo depois de tudo eu tentei te esquecer, mas você veio e se instalou no meu coração e...

Que droga é aquela subindo pelos vidros do prédio, Duke ainda falava, mas minha mente estava concentrada naquela figura estranha que com o leve vento trouxe o cheiro até minhas narinas, senti o cheiro, o fedo dele era inconfundivel, saltei do parapeito, deixei Duke falando sozinho, passei pela mesa e puxei Snake que tropeçando me seguiu. Road e Scarlett olharam em volta e pareceram ver o que eu vi, logo uma agitação no terraço começou. Empurrei Snake para o elevador, apertei o último andar que ficava cinco andares acima, o puxei pelas escadas de trabalho.

Sua arma, preciso dela. Eu o abracei e arranquei a pistola da parte de trás da sua calça, ele me olhou espantado, agora eu sabia. Fui até e beirada, atirei, Snake me acompanhou, o corpo começou a cair. Entreguei a pistola para ele, mergulhei pelo prédio, ele grunhiu algo que eu não identifiquei, agarrei Dentes pelo casaco, peguei impulso nos vidros e parei no terraço com ele pendurado, o corpo balançava, ele era bem pesadinho. Dentes-de-sabre me olhou, na verdade, não só ele, todos ali me encaravam, alguns espantados, o time de Duke sorrindo para o que eu tinha feito. Snake saiu no elevador atraindo alguns olhares, ele veio até mim e me ajudou a tirar a fera da queda, o colocamos no chão, prendemos suas mãos.

– Eu não podia imaginar um jantar calmo - Duke reclamou - Ele é o inimigo do Wolverine, não é? - confirmei.

Bati no rosto de Dentes, não com força, dei tapinhas leves ele grunhiu, não levantaria. O ajeitei e o levantei nas minhas costas. Peguei meu celular escrevi uma mensagem para Duke e pedi para Snake me seguir, ele veio atrás como guarda, ninguém poderia nos seguir, ele cuidou disso. Dentro do elevador eu carregava aquele enorme monstro nos ombros como ele fizera comigo tantas vezes, meu sensei me analisava, ver seus olhos por fora da máscara e sem o uniforme era encantador, eu queria abraçá-lo e pedir para passarmos mais tempo assim apenas nos observando, mas eu estava perdida, ele tinha medo de mim, tinha desconfiado de mim, será que agora eu poderia confiar em suas palavras, confiar em suas emoções.

– Ai... - Dentes começou a acordar, peguei impulso afastando o corpo e o bati contra o elevador que balançou um pouco, Snake olhou em volta e me olhou.

Suspirei.

A porta se abriu, ele saiu, eu carregava Dentes meio desequilibrada, malditos saltos. Snake abriu uma das celas, coloquei o monstrengo lá dentro, bati os pelos da minha roupa, tancamos tudo, meu sensei acionou a segurança, colocou várias senhas, e o que fizemos depois... Voltamos para o jantar.

Snake me ajudava a andar, Luke na mesa ao lado me olhava assustado, sorri e mandei beijinho, sentei.

– Oi, irmãzinha - eu quase caí assustada, que raios ele fazia ali, como ele chegou ali, mas que caralh... - Sem palavrões, hoje você é uma lady - ele falou - Mesmo que eu já tenha ficado sabendo de tudo o que você acabou de fazer, tente se comportar como uma lady - ele arrumou a gravata, ele usava smoking e por baixo o uniforme, ficava uma combinação engraçado - Não pense que te ver assim também não é engraçado - Agora não tenho meus próprios pensamentos - Não tem, e se aquele cara ali atrás continuar te encarando daquela forma eu vou arrancar a mão dele e não só torcer, você me ouviu, seu babaca - ele falou ameaçando socar o homem, era bom ter o velho Wade de volta - Velho? Eu não sou velho.

Comporte-se, vou pedir para pedirem algo para você.

– Gostei disso.

Ele colocou os pés na mesa, levou as mãos até atrás da cabeça. Sossegou.

Quando o serviram ele comeu desesperadamente, e ainda não descobri qual a magia dele para não retirar a máscara enquanto come.

– Ele não fica quieto - Wade falou de boca cheia, apontava para Snake com a faca, meu sensei tinha os braços cruzados - Você ainda o chama assim, sensei, sério, pensei que tinha cortado relações com ele - todos na mesa olharam - Não sabiam da declaração? - Wade! PAra! - Ah, não, eu vou contar, quero ser o primeiro a relatar isso, eu... Solta! Solta! - eu dava uma chave de braço no pescoço dele, ele esperneava - Agnes, solta!

Só se você prometer se calar, não vai contar nada para ninguém não importa o que perguntem.

– Prometo, larga, larga - o soltei.

– Acho que nosso jantar acabou - Roadblock falou se levantando e rindo.

Concordo.

– Mas eu não comi nem a sobremesa.

E nem vai, vem comigo, preciso conversar comigo.

– Mas Agnes...

Agora, Wade!

Ele abaixou a cabeça e nos seguiu.

Entramos no elevador, Wade balançava e assobiava enquanto eu pensava sobre Dentes-de-sabre, ele mandou eu parar de pensar e reclamou que Snake estava muito agitado, todos olhamos meu sensei que estava encostado ao fundo de cabeça baixa concentrado. Eu queria saber o que ele estava pensando.

– Sobre você e o branquelo bundão - Wade sussurrou em meu ouvido - Ele quer saber o que vocês conversaram, eu posso te contar, ninja - eu tapei a boca de Wade, todos nos olharam - Mas eu não ia contar aqui, eu não quero ver minha irmãzinha exposta - Vai ficar me chamando de irmãzinha sempre? - Pelo menos agora tenho do que te chamar. - eu ri e destampei sua boca.

Saimos do elevador, Wade e Snake foram conversar a pedido do sensei, eu os observei ao longe, queria ouvir o que falavam, mas eu não me aproximaria se os dois ficassem bravos quem me protegeria deles, ninguém. Fui para área de treinos, precisava treinar um pouco, queria conversar com Dentes saber do Storm Shadow, mas eu não iria até ele, estava com medo, sim eu estou com medo de saber das coisas, estou com medo de que ele me conte sobre a Hydra e Cobra, eu estou com medo, eu estou humana, eu estou...

Me joguei ao chão, eu ainda usava o vestido, tinha tirado as sandálias, colocado um saco de pancada ao centro e treinado, fazia tempo que eu não treinava, e ficar ali eu lembrava dos ensinamentos do Snake, as correções de chute, soco e todo o resto. Droga, Snake! Saia da minha mente.

– Agnes? - me sentei assustada.

Duke?

– Tudo bem? - confirmei - Sobre o que eu te falei mais cedo - franzi o cenho, eu tinha perdido mais da metade do que ele me falara - Você aceita? - dei de ombros e mexi a cabeça - Sobre me dar uma chance - eu me levantei, arrumei o vestido, ele se aproximou de mim, segurou minha cintura, ninguém me segurou assim, era reconfortante, não, não quero isso, Duke, você é meu grande amigo, eu não consigo parar de pensar no Snake, sempre pensei nele, você sempre me deu apoio, mas eu nunca te vi de uma forma mais, eu não...

Ele me beijou, eu fiquei parada, e o afastei.

Para! Duke, eu não quero isso, eu não posso fazer isso.

Ele não me entendia, peguei minhas sandálias e saí correndo, que droga, por que eu estou tão humana? Por que estou me importando com isso? Por que Duke fez isso? Mesmo que essa atitude tenha apenas me ajudado a entender o que acontecia.

Esbarrei em alguém enquanto saia, mas não olhei, fui par ao quarto, taquei as sandálias no armario, arranquei o vestido e me enfiei nas cobertas, Scarlett tinha ido se encontrar com algumas meninas da ala dela. Eu dormi e não a vi entrar.


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