Creatures of The Night - The Called of The Wolf escrita por Giovana Machado


Capítulo 2
Capítulo 2 - Home and not happy thouths.




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Era um pouco mais de sete horas da noite quando finalmente pararam numa lanchonete ao lado de um posto de gasolina. As duas estavam famintas e o tanque do carro precisava ser completado.

– Até que enfim! - suspirara Sasha guardando o celular. Tinha passado a última meia hora checando no Twitter, Facebook e no Google Maps alguma coisa referente a tal cidade, mas nenhum dos aplicativos parecia querer cooperar com a garota.

Autumn havia estacionado o carro perto de uma das bombas e ido comprar comida, deixando Sasha encostada no capô.

– Sabia que eu não consigo achar nada e quando digo nada é nada mesmo, sobre a Baía das Esmeraldas? - começara ela, tirando o cheeseburguer duplo de dentro do saco e dando uma generosa mordida. - É muito estranho.

– Okay, mastigue primeiro, fale depois. - rira Autumn, sugando o canudo da Diet Coke. - E não estou surpresa, a cidade é realmente muito pequena.

– Pequena quanto? - Sasha estreitara os olhos, lambendo o molho no canto da boca.

– Muito pequena. - ela levantara as sobrancelhas, a olhando maliciosamente. - Provavelmente esse seu sotaque será a atração principal no ensino médio. - brincara, entregando um guardanapo a Sasha.

– Isso não tem graça! - tomara o pedaço de papel das mãos da loira, bufando. Sempre que podia, Autumn a provocava com o pesado sotaque russo que ainda se mantinha presente na fala dela, mesmo já estando nos Estados Unidos há vários anos. - Fico apavorada só de pensar que amanhã ou depois estarei estudando com adolescentes ricos e metidos.

– Como se houvesse alguma diferença entre vocês! - alfinetara ela, recebendo uma migalha de pão na testa como resposta. - Okay, talvez haja algumas diferenças sim, a idade, principalmente.

Sasha apenas escutava sua tutora atentamente. As duas às vezes tinham momentos como esse, onde conversavam sobre os problemas ou sobre o que as estava incomodando e sempre ouviam uma a outra.

– Três anos de diferença. - a garota dera de ombros, como se isso não importasse. - Vai ser divertido andar pelo corredor e ouvir comentários sobre uma possível gravidez ou coisa pior. - enfiara o último pedaço do sanduíche na boca, mastigando de forma barulhenta. - Não vou ter que explicar o porque de eu ter quase vinte anos e ainda estar no ensino médio, vou?

– Não se você não quiser. - tranquilizara a mais velha. - Mas eu acho que seria bom se você conversasse com alguém, sabe? Alguém que realmente possa te ajudar com todos esses problemas.

– Tipo um orientador ou um... Psicólogo? - Sasha arqueara as sobrancelhas grossas. - Isso é mesmo necessário?

– Não, é só uma ideia. - Autumn pegara os sacos de papel e os amassara, arremessando na lixeira mais próxima. - Como eu disse, tudo depende de você.

Sasha apenas assentira, preocupada. Não era estúpida, sabia que havia algo de errado com ela há muito tempo, na verdade todo um conjunto de fatores, tais como ansiedade, compulsividade, déficit de atenção e, recentemente diagnosticado, transtorno explosivo intermitente ou TEI como os doutores gostavam de chamar.

Se sua situação realmente fosse como lhe diziam, seu corpo era uma bomba relógio prestes a explodir a qualquer momento, o que a deixava ao mesmo assustada e indignada.

– Vamos? Agora são só uns dez minutos até nossa casa. - a historiadora já sentava no banco da frente do carro e chamava Sasha com a mão. O tanque de gasolina estava cheio e agora tudo o que restava era encontrar a nova casa e desempacotar toda a mudança.

Numa das explicações de Autumn, ficara sabendo que a Baía das Esmeraldas ficava bem ao norte e era um dos pontos mais afastados de qualquer metrópole urbana. Suas praias não eram como as do Caribe ou qualquer outra praia que já tinham visitado; no lugar da areia e palmeiras havia cascalho e florestas de pinheiros, com temperaturas altas e um clima úmido no verão, e neve e tempestades violentas no inverno. Tudo muito estranho.

– Não preciso me preocupar com ataques de ursos ou de algum outro animal, não é? - perguntara Sasha, ao ver parte do telhado de uma cabana entre as árvores. - Ou com alguém saindo detrás de um tronco com uma faca na mão.

– Está com medo? - debochara Autumn, estacionando em frente a uma garagem coberta de folhas. - Cadê toda aquela coragem que eu sei que você tem?

– É só que esse parece ser o cenário perfeito para um filme de terror. - as duas pararam lado a lado em frente a construção. O tempo havia maltratado a pobre cabana de madeira e agora ela parecia abandonada.

– Quem chegar primeiro escolhe o quarto. - a mais velha arqueara uma sobrancelha sugestivamente, como que desafiando-a e um segundo depois as duas já subiam as escadas de troncos aos tropeços, competindo para ver qual delas ficaria com o melhor quarto.

– Sabe que isso não foi justo, não é? - Autumn encostara-se ao batente da porta, horas depois, secando o cabelo. - Eu sou a mais velha e deveria ficar com o quarto maior.

– Pensasse nisso antes de sair por aí anunciando uma competição. - rira a outra, abrindo o notebook. Todas as coisas mais frágeis e de valor haviam sido acomodadas no porta malas e Sasha agradecia mentalmente por ter trazido o computador consigo, assim pôde liga-lo assim que encontraram algum sinal. - Mas um mal perdedor é um mal perdedor. - provocara, recebendo uma almofadada na cara.

– Não vá dormir muito tarde, você tem aula amanhã e eu também, e o caminhão provavelmente vai chegar na hora do almoço, o que nos dá pouco tempo para recebe-los e ajeitar tudo. - ela beijara o cabelo de Sasha antes de sair.

A garota havia ganhado a pequena aposta que fizera com Autumn e a mesma não se conformava por ter perdido o maior e melhor quarto do andar de cima. Tudo naquela casa era bem rústico e antigo, dando a entender que um lenhador havia morado ali no passado. Os móveis estavam todos empoeirados, o piso rangia e haviam teias de aranha em todos os cantos, principalmente nas vigas do telhado. Felizmente toda a fiação ainda estava boa, assim como a tubulação do encanamento.

– Já não era sem tempo! - exclamara ela, finalmente encontrando alguma informação sobre a cidade na internet.

Era o site oficial da faculdade e parecia desatualizado há um bom tempo. Clicou num dos ícones que dava acesso ao histórico da instituição e o que viu ali não a surpreendeu nenhum pouco.

O prédio tinha mais de cem anos e foi fundado pela primeira família a imigrar para aquela região, eles já possuíam vários estabelecimentos pela colônia e decidiram criar um lugar onde seus filhos recebessem a melhor educação disponível na época.

– Apesar de ser uma cidade velha, rica e esnobe posso considerar você fora do mapa. - dissera, fechando o notebook. - O que é estranho porque com toda essa gente importante você deveria ser a mais badalada no Google.

***

"Corra". Mandava a voz. "Corra o mais rápido que puder". Estranhamente ela não me mandava correr de alguma coisa ou de alguém, muito menos de cadáveres tentando me estuprar. Não, agora era diferente.

"Teste a si mesma", instigava ele. Sim, ele. Meu interlocutor agora possuía um sexo, mas isso era só. Não consegui identificar mais nada.

Fiz exatamente o que ele havia pedido e logo senti meus pés tocarem a terra molhada de uma trilha. As árvores pareciam se mover apenas para que eu passasse, como se ficar em meu caminho fosse uma afronta.

"Mais rápido!", ordenara ele e eu não me opus, forçando minhas pernas a correrem o mais rápido que conseguiam.

Eu não me cansava, nem sentia mais meus pés tocarem no chão. No lugar dele estavam os troncos ásperos das árvores e eu logo me vi as escalando, uma por uma, até o topo. Eu era imbatível.

"Mas isso tem um preço". Foi a última coisa que ouvi antes de ouvir um estalo e cair, fazendo com que vários galhos se quebrassem contra minhas costas no caminho até o chão.

***

Sasha acordara assustada. Seu peito subia e descia rapidamente e estava ciente da camada de suor que cobria seu corpo.

Sentara na cama, fazendo com que algumas molas rangessem. O cabelo castanho estava todo grudado em sua nuca e haviam manchas úmidas de suor pelo lençol.

– Foi só um sonho. - repetia a si mesma, tentando se acalmar. - Só um sonho.


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Notas finais do capítulo

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