Lucas viu a dourada aliança em seu dedo. O secretário ficou falando sobre pegar chaves, tirar fotos e assinar documentos. Lucas não prestou muita atenção no que ele estava falando, aquela “coisa” dourada parecia pesar quilos em sua consciência.

Eles caminharam em direção a um salão, onde tinha uma mesa com vários papéis em cima. Lucas assinou tudo àquilo que era necessário e pegou o par de chaves, que lhes foram entregues. Logo após, foram guiados até outra parte do salão, onde o fotografo pediu para que eles fizessem poses, deixando-os nada confortáveis.

– Agora, pegue cada um, uma chave e olhem um para outro, sorrindo naturalmente. Exigiu o fotografo.

“Como se tudo isso fosse algo natural.” Pensou Lucas.

Alguns segundos depois, os familiares de Manuela começaram a entrar pela porta e Lucas percebeu que sua família não iria participar daquele momento, pois ainda tinha a esperança de que eles estivessem apenas atrasados. Ele se sentiu péssimo e Manuela logo notou sua expressão de derrota, segurou suas mãos e disse:

– Não se preocupe tudo vai dar certo. Quem está perdendo são eles.

Aquilo o confortou um pouco e o fotografo registrou aquela cena com apenas um clique.

– Esta ficou perfeita! Vamos terminar de tirar com a família da senhorita, quero dizer, senhora e vocês serão liberados. Disse ele na maior empolgação.

Eles foram guiados para parte de fora do colégio, esperando os outros casais, que foram chegando logo em seguida. Todos foram acomodados no ônibus e uma mulher com uma voz calorosa começou a falar:

– Vocês serão direcionados agora ao barco, que levara-los até a cidade Cometa. Chegando lá, irão a uma festa preparada pelo governo, para comemorar o inicio da experiência. Cada casal receberá um carro e nele terá um GPS, que irá guia-los até suas respectivas casas. O número da conta no banco estará na casa de vocês, usem o dinheiro com cuidado.

Eles chegaram até o porto de estrela e pegaram um barco para leva-los a suas novas vidas. Lucas, finalmente, estava se livrando da sua família e de seu passado.

– Finalmente chegou o dia! Disse ele contemplando o céu.

– Estava muito ansioso para sair daquela casa. Manuela o olhou com uma cara questionadora, mas não nada.

Lucas não reparou muito na cidade, naquele momento, a alegria de sair daquela casa e a animação para chegar à festa era maior do que qualquer coisa.

Logo que chegaram à festa, Lucas e Manuela se distanciaram e ele encontrou Filipe.

– Cara, eu soube que você casou com a Julia, você definitivamente é sortudo. Disse Lucas entusiasmado.

– Você também não pode reclamar Lucas, a Manu é uma gostosa, além de ser a mais inteligente da sala. Disse Filipe.

Lucas sentiu uma pontada de ciúmes, de onde vinha àquela intimidade entre Filipe e Manuela? Aquilo fez com que ele pegasse a bebida que estava na bandeja do primeiro garçom e pensou:

‘’Essa noite está só começando’’

Depois de ter tomado uma considerável quantidade de bebida, começou a rodar pela festa e encontrou Manuela em um estado deplorável, ele nunca a tinha visto bêbada antes e preocupado, chegou perto dela e disse:

– Acho melhor você parar, já passou do seu limite.

Manuela não deu a mínima para o que ele disse e virou o copo inteiro de tequila de uma só vez, quando Lucas olhou , ela estava caindo em seus e decidiu que aquilo já era o suficiente para eles voltarem para casa.

Ele a segurou pela cintura, colocando o braço dela em volta de seu pescoço e guiou-a até a recepção do salão onde estavam e se dirigiu ao recepcionista.

– Por favor, nós somos o senhor e senhora Fitch, precisamos do nosso carro para irmos embora. Disse Lucas estranhando o modo a como estava se dirigindo agora.

– Aqui está a chave senhor Fitch, o carro do senhor já está lá fora, o GPS irá mostra-lo o caminho até em casa, assine aqui, por favor. Disse o recepcionista.

– Obrigado. Disse Lucas após assinar os papéis.

Ele segurou Manuela novamente pela cintura e levou-a até o carro que já os esperava. Devido ao emprego que eles possuíam, tinham um carro muito bom, deixando Lucas com um brilho nos olhos.

Após colocar Manuela no carro, sentou no banco do motorista, ligou o GPS que logo começou a guia-los.

– Boa noite, senhor e senhora Fitch, sejam bem vindos à cidade Cometa! Disse a voz de um homem.

– Para chegarem ao seu destino, sigam cem metros e vire à direita... O GPS levou-os até uma casa moderna e aconchegante, deixando Lucas feliz.

– Você vai seguir a tradição e me carregar no colo para entrarmos. Não é, Lucas? Choramingou um pouco Manuela, convencendo-o.

–Claro, por que não? Disse Lucas revirando os olhos e bufando discretamente.

Ele girou a chave na porta, pegou- a nos braços e quando ia entrando, Manuela o assustou:

– Está entrando com o pé direito, não é, Lucas? Perguntou Manuela rindo.

– Claro que estou! Como poderia esquecer? Disse ele com uma foz sarcástica.

Ao adentrarem a casa, Lucas olhou em sua volta e viu o quanto a casa era bonita, confortável e espaçosa, além de ter uma ótima vista.

Lucas foi despertado de seus pensamentos quando Manuela desceu de seus braços e começou a puxa-lo pela gravata até o quarto, mas ele estava resistindo um pouco.

– O que você está fazendo? Perguntou ele curioso.

– Você achou mesmo que eu iria perder a nossa noite de núpcias? Perguntou Manuela mordendo o lábio inferior e fazendo uma cara sexy.

– Eu não posso, nós dois estamos bêbados, isso pode nos causar problemas. E se você se arrepender depois? Se houver uma ‘’ primeira vez’’ entre nós, eu quero que seja especial. Disse Lucas, mas ele sabia que não aguentaria por muito tempo e logo Manuela percebeu.

– Mas eu estou vendo que você quer. Disse ela apontando para abaixo da cintura dele.

– Eu não vou me arrepender, prometo. Disse ela fazendo um X com os dedos indicadores e beijando-os.

Lucas não conseguiu resistir, afinal ele não estaria perdendo nada, só estaria ganhando. Ele segurou-a carinhosamente e começou a beijar seu pescoço, foi subindo até encontrar seus lábios quentes e macios. Ele nunca tinha sentido aquilo antes, foi um beijo intenso e gostoso. Eles logo começaram a aumentar a velocidade dos beijos, deixando-os ofegantes. Para ganhar fôlego, voltou novamente para o pescoço e foi se direcionando para a cama.

Chegando lá, deitou-a delicadamente e começou a beija-la novamente. Em seguida, deu chupões tanto em seu pescoço, como em seu ombro. Ao voltar novamente para a boca, Manuela saiu correndo para o banheiro, que conseguiu identificar rapidamente.

Ela se agachou na frente do vaso sanitário e só deu tempo de Lucas correr e segurar seus cabelos, Manuela colocou tudo para fora, deixando Lucas preocupado, ela não parava de vomitar e estava cada vez mais “forte”. Quando ela pareceu estar melhor, disse:

– Você não deveria estar me vendo aqui, onde é que eu estou?

Era como se ela não estivesse lembrando-se de nada o que havia ocorrido até ali. Fazendo com que Lucas agradece-se de não ter acontecido nada mais do que apenas beijos.

– Você está na nossa casa. Disse ele, lembrando-a ou, simplesmente, situando-a.

– E eu preciso estar aqui sim, enquanto você está assim. Sou seu marido, está lembrada?

Antes de Manuela conseguir responder, Lucas segurou novamente seus cabelos, enquanto ela vomitada mais uma vez.

Depois dos acessos de vômitos, Lucas deixou Manuela no banheiro e foi em busca de uma toalha para limpar a boca dela. Por sorte, não foi difícil de encontrar, tinha de tudo na casa, então ele pegou uma, limpou a boca da Manuela e a carregou até a cama, tirou seus sapatos, desmanchou seus cabelos, tirando grampo por grampo, deitou-a na cama e cobriu-a.

– Boa noite! Disse ele pensando que em seu primeiro dia como marido, havia se saído bem, na medida do possível.

– Boa noite. Disse ela quase não completando a frase, seus olhos pareciam pesados.

Ela dormiu em um segundo e ele, ainda sem sono, foi conhecer sua casa. Tudo aquilo que houvera estava pesando na cabeça dele, parecia que a qualquer momento algum de seus irmãos fosse despertá-lo para sua verdadeira vida.

Lucas queria se acostumar com seu novo lar, afinal, ele terá que morar ali por dois anos. Ele observava tudo, como se quisesse memorizar cada detalhe: uma sala com um sofá imenso e uma televisão de plasma; uma cozinha bem grande, apenas para eles, aproveitando que estava lá e estava morrendo faminto, foi abrindo os armários e a dispensa a procura de comida, mas percebeu que estavam sem comida, então deixou para ver o resto da casa no dia seguinte e foi se deitar ao lado de Manuela. Não teve sonhos naquela noite e dormiu com a sensação de ser um intruso na própria casa.

Na manhã seguinte, Lucas acordou com um grito e quando abriu os olhos assustado, olhou para o lado e percebeu que ele vinha de Manuela.

–Onde eu estou? O que você está fazendo aqui? Perguntava confusa e assustada.

– Nós somos casados, essa é a nossa casa. Você não se lembra de nada do que aconteceu ontem? Perguntou Lucas perplexo, mas não assustado, Manuela nunca tinha bebido antes, a resaca iria ser grande.

– Eu só me lembro de ter bebido na festa do governo e agora estou aqui. Espere aí, como assim “nada do que aconteceu ontem”? Nós não fizemos, não é? Eu teria lembrado se isso tivesse acontecido. Afirmou Manuela super assustada, apalpando a própria roupa como se quisesse ter a certeza de que estava vestida.

– Bom... Nós não chegamos a esse ponto, mas por pouco... Disse Lucas com um sorrisinho.

– Então você está dizendo que ontem nós demos uns amassos? Como você pôde? Eu estava bêbada.

– Para começo de conversa, foi você quem quis e eu também estava bêbado. Um agradecimento pelo que eu fiz ontem enquanto você vomitava, não seria nada mal. Disse Lucas um pouco irritado.

– Obrigada por tudo o que você fez por mim. Disse Manuela com a cabeça baixa.

Lucas foi até o armário e verificou que todas as suas roupas foram parar lá, assim como as de Manuela. Ele pegou um conjunto e foi tomar banho. Ao sair, Manuela esperava por ele na cozinha.

– Precisamos passar no banco, pegar dinheiro e fazer compras, aqui nesta casa não tem comida, nem material de limpeza. Avisou Manuela.

–É eu sei, enquanto você dormia ontem, notei que não tinha comida. Falou ele.

–Então eu vou tomar um banho rápido e depois nós saímos. Ela disse já entrando no banheiro.

Enquanto Lucas esperava, ligou a televisão e reconheceu um de seus colegas, dando uma noticia:

“O colégio, voltará a funcionar a partir da próxima segunda-feira, enquanto isso, os novos cidadãos podem aproveitar bem a cidade. Uma carta os informará o dia de iniciação de seus determinados empregos”.
Assim que Manuela saiu do banheiro, Lucas ficou se perguntando, como aquela garota podia ser tão chata e bonita ao mesmo tempo. Ela o tirava do sério.

– Estou pronta, vamos? Disse ela já saindo de casa.

Lucas pegou as chaves do carro e o número da conta no banco e saiu de casa, após irem ao banco e tirarem uma quantia necessária para fazer as compras, foram ao supermercado.

Era um local muito agradável, tinha tudo o que eles precisavam e logo encontraram seus colegas.

–E ai cara, como foi à noite? Perguntou Filipe.

– Foi tudo tranquilo. Disse Lucas dando uma piscadela para Manuela, ela agradeceu-o disfarçadamente por ter omitido certos acontecimentos.

Depois de comprar tudo o que era necessário para abastecer a casa, Lucas notou que havia alguma coisa errada com Manuela.

– O que há de errado com você? Não falou nada desde que saímos de casa.

–É que minha cabeça está me matando. Respondeu ela com a voz baixa.

– Você pode passar na farmácia, por favor? Preciso comprar alguns remédios, caso nós precisemos algum dia.

– Claro, é melhor prevenir, do que remediar. Disse ele.

Ao chegarem à farmácia, encontraram Isadora e Danilo lá.

– Oi Isa, como foi a primeira noite? Perguntou Manuela animada.

– Nada bem, o Danilo teve uma intoxicação alimentar e passou a noite inteira vomitando, mas pelo visto a sua foi arrasadora. Disse Isadora apontando para o chupão no pescoço de Manuela.

Lucas estava ferrado e sabia disso. Ele tinha esquecido completamente de avisar sobre aquilo. Manuela olhou para ele com aquele olhar raivoso e ele já estava se preparando para a bronca.

– Você tinha me dito que só foram uns beijos. Disse Manuela cerrando os dentes.

– Não, eu disse que nós demos uns amassos e admito que se você não tivesse uma crise de vomito, nós teríamos continuado, com muito prazer. Disse Lucas com uma voz irônica.