Nesperim - A Irmandade Fantasma escrita por L S Gabriel


Capítulo 1
Prólogo.


Notas iniciais do capítulo

A história que você não deveria saber...



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As Profecias da Morte

Capítulo: Os Servos

Conto da Origem dos Fantasmas

Desde que a luz e a vida deram seus primeiros passos sobre a terra, escuridão e a morte também. Deus criou diversos anjos, e um deles – assim que abriu seus olhos – foi o escolhido a se encarregar dessa tarefa tão divina. Seu nome era Samael; que, caia entre nós, sempre foi um sujeito muito calado, obscuro, misterioso, solitário, e apaixonado por aquela foice que carregava de um lado ao outro como se fosse seu coração – a mesma foice que ele usava para ceifar as vidas na hora certa. Samael era tímido, reservado e inocente. Mas aos poucos começou a se aliciar gradualmente aos demais anjos; principalmente a um grupo seleto – o qual parecia ter assuntos próprios. Anos depois e uma força tomou impulso nos céus. Aquele grupo – agora um exército de anjos iludidos, liderado por outro anjo: Lúcifer – se rebelou contra Deus, querendo para si um poder maior, igualável ao do seu criador. A batalha dos céus fora travada por horas, dias, semanas, e enfim teve um lado vitorioso, cujo não foi o dos rebeldes de Lúcifer. Em castigo por tal sacrilégio, a corja de traidores foi atirada do paraíso.

Naquela noite, uma tempestade de luzes celestes despencou do além dos céus escurecidos, enquanto este era borrado por auroras esverdeadas.

O paraíso estava em paz novamente, porém fragilizado. Novos anjos ocuparam as lacunas que os rebeldes deixaram; e para o lugar de Samael, Deus criou e nomeou um novo anjo da morte e da escuridão: Mortem, que abraçou a tarefa de bom grato.

Abandonado, revoltado, iludido e um tanto arrependido – assim como boa parte dos outros anjos –, Samael praguejou por toda uma noite e desejou mais que tudo uma vingança contra o paraíso por sua queda. Esperançoso, esperava de Lúcifer uma tentativa de reivindicação; entretanto Lúcifer virou-lhe as costas, alegando que caminharia sozinho a partir de então. Ele se afundou sob a mais profunda e perversa escuridão da terra, levando consigo apenas alguns fiéis anjos caídos.

Se sentindo ainda mais traído, Samael ainda fervilhava por vingança, porém estava enfraquecido e sem a menor chance de conseguir atingir o paraíso sozinho. Entretanto, Samael logo achou outra forma de se vingar de Deus, mirando aqueles que o Criador mais amava: os Mortais.

Samael reuniu e convenceu os outros anjos caídos a juntarem o que sobrou de seus poderes aos dele, e a participarem de um plano tão diabólico quanto se rebelar contra o paraíso. Os anjos, humilhados e magoados, se vendo numa existência sofrida e sem outro objetivo se não se livrarem da dor através da vingança, aceitaram.

Então, na décima terceira noite do mês seguinte – uma escura e trovejante sexta-feira –, Samael e a multidão de renegados seguiram a uma vasta e plana colina. Pararam. Os anjos deram as mãos e formaram um círculo perfeito. Por horas Samael caminhou centrado ao círculo, proferindo palavras entoadas e místicas; um coral de gritos sofridos começou a soar perante os rostos agoniados dos anjos. Por fim o proibido Ritual explodiu os corpos dos anjos em lampejos faiscantes que tomaram o céu, e espalharam-se pelo mundo como um vírus movido por nuvens raivosas. As trevas levaram os sentimentos iludidos e carregados de maldades a plantarem uma maldição no mundo.

A partir daquele dia, algumas almas, após a morte, não conseguiam seguir o caminho da paz e ficavam presas entre os mortais; amaldiçoados pela impureza dos pecados dos vivos e o rancor dos anjos caídos... Assim nasceram os fantasmas. As almas corrompidas – não só de humanos, mas de alguns anjos recém-sacrificados –, que caíam em desespero enquanto eram possuídos pelas trevas, e tornavam-se seres obscuros e malignos, transfigurados em homenagem aos pecados, à ambição e à maldade. Bestas humanóides, sedentas pela vitalidade das almas vivas, as quais eles devoravam por uma fome insaciável e poder. Surgiam pelo mundo como uma praga, livres para vagarem, atormentarem e espalharem o medo entre os vivos.

Samael batizou seus filhos de Espectros!

O mundo estava horrorizado e assombrado por diversas criaturas apavorantes, desalmadas e incrivelmente poderosas. Desaparecimentos e mortes misteriosas estavam tão comuns quanto o dia e a noite.

Mortem se viu contra a parede. Tinha poder para iniciar uma caçada contra os Espectros e talvez destruir a maldição, todavia levaria muitas décadas, pois eram muitos, e Mortem não tinha esse tempo; afinal era o anjo da morte, e seu dever era colher as almas falecidas e levá-las ao céu – principalmente agora que o aumento de mortes crescia mais a cada dia por causa dos Espectros. Realmente nenhuma saída se encontrava diante de Mortem, se não um apocalipse para livrar a terra de todos os Espectros, a contrapartida, devastaria toda a vida também. Talvez no final das contas fosse esse o real objetivo de Samael. Mas, nem por um instante, Deus aprovou a ideia; afirmava que Mortem era sábio e iria achar a resposta entre a tormenta. Mortem aceitou o voto de confiança, mas não absorvera a lição que ele vinha a lhe passar...

Até certo dia...

Havia um grande Porém na maldição. Um efeito colateral que ninguém imaginava; nem mesmo Samael. Os fantasmas não se resumiam apenas nos Espectros ou espíritos tristonhos e vagantes – outra espécie de fantasmas nascia das sombras e vagava pela terra. Almas recém-falecidas, mas que então, incrivelmente, reencarnavam e renasciam em novas vidas; ainda retinham a aparência de mortais comuns, mas eram tão místicos e sombrios quanto os Espectros.

Numa tarde, Mortem desceu ao mundo dos mortais para colher as almas dos assassinados aldeões de um vilarejo recentemente devastado por um Espectro faminto. Tinha acabado de enviar as almas aos céus, e vagava entre o mar de cadáveres – ensaguentados e violentados –, quando Mortem se deparou com algo que o fascinou imediatamente: alguns dos corpos estavam se levantando. Fantasticamente aos seus olhos, eles não eram mais mortais comuns, corpos comuns – aliás, novos corpos –, vidas comuns, nenhum deles. Eram assim como os Espectros. E todos estavam extremamente inconformados e sedentos por vingança. Mortem estava perplexo. Eles eram reencarnados, eventualmente fantasmas. Seria então eles a resposta entre a tormenta?... Fantasmas combatendo fantasmas. Sim!

Mortem se revelou aos reencarnados, e clamou-os como os seus escolhidos. Contou a eles toda a verdade e o mau que afligira o mundo, e suplicou por ajuda. Os reencarnados aceitaram. Mortem então se tornou padroeiro daquele seleto grupo. Ensinou-os a acolherem e se tornarem seres da escuridão; a magia e os mistérios da vida. Quando estavam prontos, Mortem batizou-os como seus filhos e, a partir de então, guiou a jornada daquele grupo – em busca dos Espectros –, através de devaneios.

Por décadas aquele grupo de reencarnados esgueirava-se pela escuridão das cidades e aldeias, livrava-as de diversos Espectros que lá causavam caos; enquanto também descobria mais reencarnados, e guiava-os e preparava-os para se juntarem à vossa causa divina.

Claro que não iria acabar por aí. Os Espectros sempre iriam renascer, enquanto vários já vagavam por aí. Portanto, diversas Irmandades de Reencarnados caçavam-nos devotamente por todo o mundo. Mortem era o vosso anjo da guarda agora; criou uma grande Aliança entre todas as Irmandades de Reencarnados, a Nesperim, e batizou os que lutavam e lutassem por ele – e eventualmente por Deus –, como: Servos da Morte.

Infelizmente por serem seres ocultos e das sombras, houve alguns contratempos. O estudo e a possessão de poder místico fizeram muitos Reencarnados serem clamados como magos ou feiticeiros, enquanto outros eram caçados e queimados pela Inquisição, acusados de bruxarias ou pactos com demônios. Espectros foram temidos e venerados como deuses ou criaturas pagãs. Entrementes o mundo se tornara cenário de uma violenta e divina – mas oculta ao extremo – batalha entre os Servos da Morte e os Espectros de Samael, que vem cruzando os séculos; tudo pelo futuro e a sobrevivência das almas inocentes... Inclusive a sua!...


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Notas finais do capítulo

Espero que agrade. Boa leitura.



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