Unforeseen escrita por UmaEscritoraAnônima


Capítulo 47
Após duas semanas


Notas iniciais do capítulo

Tão preocupados com ela, que lindo :3
Boa leitura u.u



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Abri meus olhos e enxerguei o clarão do dia. Já havia amanhecido, senti um enorme alívio por isso. A muito tempo eu não durmo assim.

Todas as noites estavam sendo perturbadoras, acordando de hora em hora pela noite. Ás vezes até acordando e permanecendo acordado, até o dia amanhecer.

Um silêncio se mantém no lugar. Meus sentimentos ruins indo em voltando, todas as lembranças retornando. Olhar para o lado e ver Amy pálida em sua cama de "hospital", sem um dedo se quer mover.

Os dias passam, devagar. As horas passam lentamente, sem pressa. O sol vem e o sol vai, nada parece mudar.

Quando o tempo fechava, e o céu parecia desabar sobre nós, ou quanto estava tudo muito difícil de aguentar, eu sei agora mais do que nunca o quanto eu precisava dela. Todos os dias, todas as horas, o tempo todo.

Eu posso passar o resto da minha vida me lamentando, eu posso.

Não vou seguir em frente sozinho.

Me levantei e respirei fundo, senti aquela vontade de chorar. Saí correndo pela escada.

Chegando lá embaixo, vi Maggie e Bárbara comendo e conversando alegremente, elas estavam sendo mais maduras do que eu. Até Bárbara estava mais desligada daquele quarto, não seria diferente, elas mal se conhecia.

Passei por elas direto e saí por aquela porta. Fechei os olhos quando o sol bateu no rosto, continuei caminhando.

–--- Oi ---- vi Deanna chegar sorridente

Que nojo dessa mulher.

–--- Como ela está? ---- ela continuou ao ver que não a respondi

–--- Vai lá que você descobre ---- respondi e continuei a andar

Não quero conversar, muito menos com ela. A vida já está uma merda mesmo, não tem que piorar.

Ouvi passos atrás de mim, ela não desiste.

Parei e me virei, encarando seu rosto sério e sem muita expectativa. Respirei fundo e me preparei para ouvir.

–--- Sabe sr. Dixon, nessa vida devemos aprender muitas coisas, uma delas é que nem tudo dura para sempre, confesso que a Amy foi um grande presente em nossas vidas, e ela serviu para nos ensinar coisas e mostrar muitas coisas, mas agora ela já cumpriu a missão dela, e está na hora de a gente continuar cumprindo a nossa.

Fiquei parado encarando ela por vários segundos, incrédulo com o que ela está dizendo.

–--- Você compreende sr. Dixon?

–--- Você fala como se ela já estivesse morta ---- consigo dizer

Ela me encara por um momento, com seus olhos ela procura uma resposta.

–--- Ela praticamente.. ---- ela faz uma longa pausa, medindo suas palavras

Ela suspira e desiste de terminar a frase. Seguro meus braços tentando me controlar. É melhor eu sair logo daqui, antes que eu me arrependa.

Dou as costas e dou passos fortes e fundos, o ódio sobe para minha cabeça e penso em voltar lá para continuar essa discussão.

É isso que ela acha? Que é como se ela estivesse morta?

A madeira da varanda faz barulho com meus passos. Puxo a porta e entro.

Ando duramente até a cozinha e coloco as mãos na sua bancada. Abaixo a cabeça e tento respirar. Ao menos tentar pegar um pouco de fôlego.

Levanto a cabeça devagar e tento limpar um pouco a minha mente.

Que vá tudo para o inferno então.

Empurro tudo que a cobria, o som de vidro se quebrando e metal batendo no chão permanece alto. Dou a volta e jogo tudo que via no chão. É tanta raiva, tanto ódio.

Ela não está morta! Como não entendem?

Respiro fundo e me arrasto pelo ármario me sentando no chão. Meus olhos se queimam e sinto meu rosto se molhar.

Abaixo a cabeça e coloco aquilo de dias para fora.

Ela não está morta! Pelo amor de Deus.

Só se passaram duas semanas.

Só isso foi o suficiente para o meu mundo cair ao chão. Dizem que isso leva anos, como as pessoas conseguiam passar por isso?

...

Subi cada degrau como se fosse uma eternidade. Não estou bem, realmente. Só tenho que me acalmar. O dia já está no final, e aqui estou pronto para continuar em seu quarto.

Como sempre está sendo. A esperança de em um minuto a outro ela abrir os olhos e me olhar assustada, se levantar desengonçada e xingar por alguma coisa no caminho.

–--- Daryl ---- vejo Bárbara chegar fechando a porta

A encaro confuso, o que foi?

–--- Devia ir para casa hoje ---- ela diz com um olhar triste ---- só hoje

–--- Não ---- digo dando passos até a porta

–--- Olha ---- ela diz me impedindo com a mão ---- passe só hoje fora daqui, não precisa ficar aqui, eu fico. Qualquer coisa que acontecer eu te conto, prometo. Você precisa de um pouco de descanso

Não tiro a razão de suas palavras.

–--- Por favor Daryl, é só hoje, vai te fazer bem ---- ela diz

Não sei por que prestei atenção, mas prestei.

–--- Assim que amanhecer você vem ---- ela propõe

Não sei se dou ouvidos a ela. Dou um passo a frente e abro a porta lentamente, tendo uma visão cada vez maior da Amy inconsciente, parada, gelada.

Ela está bem, e vai continuar bem.

–--- Viu? Ela está bem ---- Bárbara surge ---- pode ir, só hoje

'Só hoje'. Realmente só hoje.

–--- Vou chegar ao amanhecer ---- digo dando as costas

–--- Tudo bem ---- ela diz sorrindo

Penso novamente e me proponho a andar.

Desço as escadas pensando se é isso mesmo que quero fazer. Vai ser só hoje, é uma promessa.

...

Já se passou duas horas que estou com a cabeça no travesseiro e olhando para o teto. Sei que não vou dormir, sempre soube. Não sei por que quis tentar, não mudou nada.

Ela não está aqui.

Suas roupas estão guardadas, o banheiro não é mais o mesmo. Realmente parece que ela está morta, realmente parece que nunca mais vou vê-la andar ou ouvir sua voz.

Talvez estejam certos, todos estão. Só não quero acreditar.

Acredito que vou vê-la de novo. Tenho certeza de algum modo. É como se estivessemos ligados, de algum jeito.

Levanto da cama e começo a andar. Já deve estar quase no meio da noite, mas não é tarde demais para ficar do seu lado. Afinal, não sei nem porque saí.

Visto qualquer coisa e desço, abrindo a porta e saindo.

Sinto o ar frio e o céu negro, as ruas vazias. Todos dormindo, despreocupados.

Dou passos até o prédio que se mantém sempre aberto, afinal. Abro a porta e entro.

Todo o frio se vai, e chega aquele cheiro de luvas e márcaras. É este o lugar que estou a dias e dias. Já me é tão familiar.

Subo as escadas correndo, subo o último degrau e paro no corredor.

Um som invade minha cabeça, como sua voz. Acho que já estou ficando louco.

Sacudo a cabeça para essa voz sair.

Então ouço a voz de Bárbara.

Não pode ser.

Corro pelo corredor e empurro a porta de seu quarto.

Dois rostos se viram para mim e me olham confusos.

Congelo no tempo e meus olhos se enchem ao ver aquele lindo rosto com seus olhos bem abertos me olhando. Abro a boca para tentar falar mas não consigo.

–--- Oi Daryl ---- Amy sussurra


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