Unforeseen escrita por UmaEscritoraAnônima


Capítulo 46
Após uma semana


Notas iniciais do capítulo

Oie leitores gatos
Quem sentiu saudades?



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Pov Daryl

Continuo sentado na cama, vendo seu rosto coberto com aparelhos médicos, seu corpo imóvel. Onde você foi se meter dessa vez?

–--- Ainda está aqui? ---- viro a cabeça para encarar a pessoa que diz, Bárbara surge com uma bandeja na mão

Viro a cabeça de volta, ela se aproxima e coloca a bandeja na minha frente.

–--- Vai fazer uma semana ---- digo

–--- Ela vai acordar ---- ela responde sorrindo

Concordo com a cabeça. Eu sei, um dia.

–--- Vai passar a noite aqui de novo? ---- ela diz se sentando

Concordo com a cabeça.

–--- Tudo bem, vou ficar aqui com você

–--- Não precisa ---- digo ríspido

Ela me encara por um longo tempo.

–--- Se ela acordar, eu preciso estar aqui ---- ela diz

Reviro os olhos e continuo ali parado.

É trágico vê-la assim. Acho que ela apenas achou um lugar melhor para ficar, em minha mente me perturbando. Espero que isso seja apenas questão de tempo.

Quando existe algo bom, esse mundo o tira de nós. Ainda tenho esperança que ela ainda vai abrir os olhos e me olhar com o seu olhar de louca e seu sorriso de rainha do mundo.

Ela é forte, e vai estar aqui pronta para a próxima.

–--- Já volto, quer alguma coisa? ---- ela diz se levantando

Sem a encarar eu respondo que não. Ouço a porta se fechando.

Encaro seu rosto pálido, olhos fechados, respiração com a ajuda de aparelhos. Se há algo que eu gostaria de apagar da minha mente, é isto.

Desço os olhos até seu braço e até sua mão, estendo a minha e a seguro. Acho que nunca havia feito isso antes.

–--- Você disse que não iria embora, é melhor cumprir ---- digo respirando fundo

Ás vezes não sei se estou conversando com ela ou comigo. Mas ela pode ouvir, né? Já ouvi casos assim antes. Pelo menos acho que ela me ouve as vezes, ela tem seu próprio mundo.

–--- Vou te contar uma coisa, dá pra ver um filme com a história de vocês ---- ouço a porta abrindo

–--- Ah, é você ---- resmungo

–--- Tão delicado ---- ela diz se sentando de volta ---- A noite não tem que ser mais longa do que ela já é

–--- É ---- respondo nada interessado

Olho novamente seu rosto pálido, gosto de pensar que ela está só dormindo.. e uma hora vai acordar.

Me afastei e senti vontade de morrer, ainda era final de tarde e estava muito frio. Não posso continuar morando naquela casa, sem ela, sozinho. E fora que sem ela lá não teria graça nenhuma, sem as ironias dela, os gritos, as brigas dela que eram bem empolgantes, mas principalmente o perfume dela de hortelã bem doce.

Comecei a pensar em diversas coisas.

Como enfrentar isso. Coma não é algo que você se acostuma, visitar uma pessoa todos os dias e esperá-la abrir os olhos é algo que você não quer viver. É como se me destruísse de dentro para fora.

–--- Eu sinto muito pela sua perda ---- ouço Bárbara me dizer, é a segunda vez que ela menciona isso, não precisa ficar repetindo. Afinal de contas, querendo ou não, perdi algo naquele dia. Algo pequeno e indefeso que Amy levava consigo à 3 meses. Ela me disse que ainda há esperança, mas ela precisa acordar.

Não quero falar sobre isso, como nunca mais quis. Me levantei e fui ao banheiro, passei água abundante sobre meu rosto. Fiquei me encarando no espelho por minutos. Me lembro da manhã que ela acordou e foi lavar o rosto, preocupada com suas tonturas. Acho que tudo que eu faço em lembra ela, desde andar até dormir. Por algum motivo eu não estava gostando de mim. Eu senti um tremendo ódio por mim mesmo, sinto que sou culpado por tudo isso.

Me pergunto se eu poderia ter mudado as coisas. O modo como a esta hora poderíamos estar andando por aí ou jogados no sofá brigando por alguma coisa idiota.

Retornei ao quarto, retornei a presença daquelas duas. A diferença é que de uma eu gostava.

–--- Precisa comer alguma coisa ---- ela diz apontando para a bandeja

Eu não estava comendo fazia bastante tempo. Eu estava tentando lutar contra meu estômago, mas ele estava me socando implorando por alimento.

Não é algo que eu não queira fazer, acontece que há coisas maiores a terem minha preocupação. Acho que eu precisava falar com alguém.

Ás coisas acontecem em um estalo de segundos. Poderia estar morta, ela poderia.
Ela ainda respira, ainda tem pulso, mas sabe aquela sensação daquela pessoa não estar mais aqui? Talvez seja porque eu acordo de manhã e não tem ninguém do meu lado, ou talvez saudade de uma briga durante a noite, suas piadas em momentos tensos, ou simplesmente sua presença com seu sorriso de louca.

Nunca me apeguei a ninguém dessa forma, sinto que posso contar tudo para ela, contar tudo. Ela foi muito forte para o que veio a acontecer. Não me imagino presa entre um carro e uma parede, tinha que ter sido ela a fazer isso.

Me lembro daquele dia como se tivesse sido ontem. Quando saí da casa em sua procura e ninguém sabia onde ela estava. Quando vi os portões se abrindo e pessoas correndo. Um corpo na mão de um dos homens e sangue fazendo um rastro no chão.

Foi um caso urgente, então logo a colocaram em uma sala médica com pessoas a supervisionando, por minha sorte ela estava bem, mas respirava com dificuldade. Mas o fato é, ela ainda está viva e é o que realmente importa.

Eu não quero perder mais ninguém, e com certeza não vou perdê-la, é uma promessa.
Pensamentos sempre me invadem, é inevitável.

...

Olho para a janela que estava aberta, senti a brisa gelada soprando em meu rosto e também olhei para o céu estrelado daquela noite fria, todas as noites estão sendo frias, gélidas.

Escoro a cabeça e respiro fundo. Amanhã é um novo dia, afinal.

...

(Pov Bárbara)

Não o conheço a muito tempo, e nem sei pelo que passaram. Mas aprendi uma coisa.

Ele esconde seus sentimentos, e principalmente as lágrimas.


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Notas finais do capítulo

Façam suas perguntas se tiverem dúvidas, vou adorar responder :*



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