Passados os dias de união conjugal, foi Shaoran à fábrica de porcelanas.

-Li-sama? Quanto tempo! Bom revê-lo!

- Poupe-me disso, Taken-san. Quero me inteirar de tudo que está acontecendo nesta fábrica.

- Mas senhor...não compreendo.

- A partir de hoje, estarei aqui todos os dias. Vou cuidar de tudo pessoalmente.

- Se quer minha opinião, não saberá como fazer isso.

Shaoran se virou para fitar o velhinho, seu administrador. Além do respeito pela idade, fora ele o braço direito do pai de Li e portanto alguém de confiança. Deveria contar-lhe o que passava?

- Venha comigo. Preciso me aconselhar.

Na sala onde o retrato do pai pendia, contou tudo para o homem. Ele ficou chocado.

- O que? A jovem Kinomoto fez tal coisa? Por si só? É admirável!!!

- Estás do lado dela?

- Não, mas temos que admitir que ela entende do que faz. E muito bem. É sagaz esta moça! Poderias escrever uma novela!

Shaoran suspirou.

- Que farei? Se desistir, esta fábrica irá para Sakura, e minha irmãs e mãe ficaram na rua!

- Bom, eu preciso pensar. É uma situação atípica.

O rapaz fechou os olhos, massageando as pálpebras cansadas.

- Peça inspiração aos deuses. A mim e a você. Até amanhã, teremos como fazer algo concreto.

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No dia seguinte, Sakura via Shaoran sair a pé.

- Onde vais?

- Para a fábrica de meu pai.

- Não precisas mais ir, Shaoran. Eriol pode assumir a administração.

Percebeu que era mais uma armadilha.

- Devo isso a minha honra com meu pai...

- Honra? Eu diria dívida...

Shaoran voltou-se em fúria para a moça, como se estivesse sendo vítima de uma naja venenosa.

- Que quer de mim? Enfurecer-me?

- Quero você aqui antes do pôr-do-sol – falou ela séria – temos reunião esta noite e quero você impecável.

- Sakura...

- Te comprei. Você me pertence. Obedeça.

Shaoran assentiu com a cabeça e retirou-se.

Se olhasse para trás, veria Sakura chorar. Sentia seu peito queimar ao fazer estas coisas. Não sabia se era por si mesma ou por ele.

Quando veio me contar tudo que estava acontecendo, entendi: estava ela tentando faze-lo sentir-se tão mal quanto ela ficou ao romper do noivado deles.

- Sinceramente, acho uma total perda de tempo. Ainda podem se entender.

- Enquanto ele não mostrar um pingo de caráter, não vou ceder.

- E vai chorar todos os dias?

- Se assim for! Jamais vou entregar meu coração a ele!

- Deus, Sakura! Que teimosa! Tente ao menos...

- Não. Por mais que respeite tuas palavras, não as escuto.

Suspirei ao ouvir isso. Tomoyo, que também tentava persuadi-la, não teve sucesso.

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Shaoran foi até a fábrica. Lá encontrou o senhor Taken.

- Taken-san, perdoe-me a grosseria ontem.

- Foi algo à toa, meu filho. Se você orou esta noite, então fomos atendidos.

- Teve alguma idéia?

- Sim.

O plano do senhor Taken era simples: se queria Sakura humilhá-lo, teria que Shaoran provar que conseguia manter a família em segurança e confortável. Se administrasse bem a fábrica, poderia montar outra fábrica bem longe. Deixaria a atual às irmãs, e indo embora dali, ninguém o conheceria, sendo assim não teceriam comentários.

- Veja bem: Sakura lhe acusou de mentir, se passar por quem não és, e tirar proveito destas mentiras para enriquecer. Se então você de fato se tornar um benfeitor dos pobres, enriquecer com o próprio trabalho e manter a sua família honrada, de que ela irá te acusar? Nada!

- É uma ótima idéia!

- Então vamos começar. Tu vais iniciar como aprendiz. A cada semana irá subir de posto se for bem à atividade que exercer. Precisa disso para poder administrar este lugar.

- Mas Taken-san! Isso vai demorar demais!!! Quantos são os degraus desta escada rumo ao degrau mais elevado?

- Só quem trabalha com os pés na terra sabe onde pisa, meu filho... Confio na tua capacidade e no teu caráter.

Conformou-se Shaoran. Se queria limpar seu nome, teria de esforçar-se muito...



CONTINUA...