Senhora escrita por urbaninha


Capítulo 14
Capítulo 14 - Renascimento


Notas iniciais do capítulo

Eu escrevi este capítulo ouvindo "Strani Amore", na voz de Renato Russo. Se quiser tente ler ouvindo esta...eu acho que a letra encaixa totalmente hehehehehehehe



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Naquela tarde, Shaoran fechou os últimos detalhes de sua partida para Tomoeda.

- Li-sama, é tão inesperado! Estás certo que queres ir agora?

- Sim, Taken-san. Não suporto mais essa agonia!

- Entendo você, meu jovem. Esperava que ficasse, melhoraste tanto! Mas que devo fazer? Aconselhar-te não adianta! Que os teus antepassados te protejam!

- Agradeço pelo teu apoio incondicional. Cuide de tudo aqui. Em breve venho visitá-lo... mas antes vai a minha festa?

- Sim, claro! É uma honra!

Naquela noite, era a festa do aguardado aniversário de Shaoran.

Comemorava realmente alegre, enquanto Sakura estava triste. Tinham levado apenas os mais próximos amigos, a mãe e as irmãs do rapaz, e vários funcionários da fábrica. Foi a pedido dele, já que Sakura não gostava de muita gente estranha em sua residência.

Dentre os convivas, o mais festejado era Yukito, apoiado em uma muleta e no braço direito de Meiling. O noivado deles tinha sido discretamente anunciado na noite da festa da Daidoiji, mas para evitar comentários foi tudo feito entre as famílias.

Chiharu via a cena e sorria, mas percebeu que Sakura estava calada.

- Sakura, que aconteceu?

- Eu...Shaoran...acho que ele...esta festa foi uma péssima idéia...

- Pare com isso, venha dançar – Chiharu puxou a amiga, que tentava se concentrar nos movimentos, mas sem descolar os olhos do esposo. Este nem parecia perceber. Estava com o semblante tão sereno, mal lembrando o homem de aspecto grave que saíra do quarto naquela manhã.

Era estranho. Agora que, de fato, se tornara mulher daquele homem, temia perde-lo. Mas se perguntava se algum dia o teve para si, e se fora totalmente dele.

- Senhora, o jantar está servido – RubyMoon tirou-a do devaneio, discretamente.

- Avise Kerberos para chamar todos. Eu volto logo.

Foi até seu quarto. Estava nervosa. Alguma coisa lhe dizia que aquele seria o momento de decidir sua vida. Lembrava-se dos últimos meses, e de como Shaoran mudou. De um rapaz frívolo e vulgar, para um homem ponderado e gentil, sublime em educação e firmeza de caráter.

Mas ainda não confiava nele. Seu coração e seu espírito brigavam, um querendo o perdão, o outro querendo o orgulho. Ferida em seu amor, pensava Sakura que ainda não fora vencida. Entregar-se a um homem que foi capaz de fazer atos abomináveis no passado, sem a plena confiança, estava fora de cogitação.

Mas seu coração, este era traiçoeiro!!! Sedenta de paixão, a moça, cujos horizontes não eram o mesmos da noite anterior, ficara a meditar o dia todo sobre o que aconteceu.

Era uma mulher afinal. Não era mais uma menina.

E quando pensava em como foi sublime o ato de amor, lembrou-se de apenas um detalhe.

Que Shaoran fez o mesmo ato com Meiling.

O rosto de Sakura avermelhou-se até a raiz de seus belos cabelos. Que dor atroz corroeu sua alma! Decidira-se. Não ia entregar seu coração aquele homem. Não poderia.

Voltou altiva para a sala de jantar, onde todos estavam a se sentar para ouvir o aniversariante.

Na hora do brinde, levantou Shaoran, sentado na ponta da mesa.

- Amigos! Hoje comemoro meu nascimento!

Gritos e aplausos saudaram o início.

- Digo-lhes que hoje de fato nasci. Não apenas porque hoje é meu aniversário, mas porque preciso fazer uma revelação a vocês.

Sakura arrepiou-se, como envolvida em roupas de puro gelo. Chegara a hora.

- Eu gostaria de dizer-lhes que vou-me embora de Kioto – murmúrios começaram – e sem minha adorada esposa. Quero dizer, sem Sakura Kinomoto, a quem não me considero mais ligado por votos de matrimonio. Digo-lhes isto porque quando casei com esta bela mulher, o fiz por puro interesse em seu dinheiro.

Protestos encheram a sala. Sakura ficou lívida.

- Mas ela me mostrou que minha canalhice não tinha limites. Enganei a todos me fazendo passar por Conde Yue, que na verdade eram obras de minha bela esposa. Casei com ela jurando amá-la, mas na verdade abandonei-a órfã muito antes, pois desmanchei meu compromisso com ela para firmá-lo junto a Meiling – a prima fitava-o muito pálida – que também enganei, ao corresponder a seu amor e depois romper o noivado para me casar com Sakura.

O silêncio quase palpável era tenebroso naquela sala. Os olhares confusos e estupefatos não desgrudavam do rapaz.

- Fiz isso, pois gastei todo o dinheiro que possuía em leviandade e farras, sem pensar em minha família. Quando precisou minha irmã de um mínimo para si, descobri que estava falido. A fábrica de meu pai mal se sustentava. Era um perdido. Perdoe-me, minha querida mãe. Perdoe-me, minhas irmãs, tão sofridas. Fui o que não tem outro nome, a não ser um crápula.

A mãe de Shaoran o fitava com os olhos cheios de lágrimas.

- Graças a Sakura, percebi como era fútil e egoísta. Não me importava com nada além de mim mesmo. Esta mulher mostrou-me o quanto eu fiz mal a quem amava, e como o amor pode salvar um homem. Mas sou indigno dela. Portanto, me vou embora. Não quero prender esta bela jovem a um cotidiano com um homem como eu. Tenho uma fabrica em Tomoeda, é pra lá que irei. Vou com a consciência limpa, pois revelei a verdade a vocês, salvei o nome de meu pai, mantive a vida de minha mãe e irmãs em boas condições e dei emprego a quem precisava. Mas sobretudo, fiz tudo isso por redenção. Amo Sakura, não era justo prendê-la a um malandro da corte. Agradeço por ela ter me tornado alguém melhor...

A voz de Shaoran o traía, dominado pelas emoções que sustentava há meses na alma.

- Apesar de amá-la, não posso afundar-lhe na lama, não posso permitir. Me perdoem! Perdoem este, que nunca foi nada além de um cafajeste... Podia ir embora te acusando, minha esposa, de muitas injúrias, mas não pude... Sinto por tudo que te fiz sofrer, Sakura...

Shaoran então saía da sala, fugindo daquela dor, deixando atrás de si um silencio indescritível.

Ali nascia e morria. Quanta serenidade em sua alma. Mas quanta saudade sentiria, quanto sofrimento passara! Que homem se tornara? Sempre seria atormentado por perder a única mulher que viu de fato sua vida como era, e o tirou do negro charco da degradação para levá-lo para a vida que deveria ter!!!

Aquele noite seria sempre maldita... Não ia se recordar, prometia a si mesmo. Não ia querer ver o rosto alvo de Sakura, de olhos tristes, uma única lagrima escorrendo pelo rosto da jovem. Aquela lembrança trespassou-lhe como uma lança de puro e frio metal.

Absorvido pela dor, mal andara quando ouviu a voz de Sakura.

- Shaoran.

Tremeu ao ouvir aquela voz, encantadora. Não conseguia olhar.

- Olhe para mim quando falo com você!

Ele se virou para fitá-la. Ela chorava. Se aproximou devagar, como se o temesse. Mas não resistiu. Abraçou-o e disse:

- Meu amado, fica! Eu que tanto sofria a cada escárnio, cada ironia contra você! Ah meu querido Shaoran, te imploro! Amo você com cada fibra do meu ser. Você se tornou meu ideal, meu ídolo, como eu sempre sonhei! Não imagina o quanto esperava por isso! Aceite esta que te adora, que no veneno que destilava contra você se envenenava! Aceite-me! Eu que sempre te pertenci, que te julguei e hoje percebo que quem mais foi ferida na alma fui eu! Tens meu respeito, minha gratidão e minha admiração. Não vai Shaoran!

Shaoran abraçava a mulher, para beijá-la, convencido por aquelas palavras, quando separou-a de si.

- Não Sakura. Isto sim seria covardia. Não devo te machucar mais.

Nisso volta-se a jovem para um dos convidados.

- Taken-san, mostre a ele.

O velhinho aproximou-se. Era um envelope datado de meses antes, com uma carta de Sakura. O rapaz leu emocionado:

“Gentil e nobre senhor. Peço que leia com atenção. Casei-me hoje com o herdeiro de tua fábrica. Sei que tens dele uma percepção negativa, mas juro-te que ele está arrependido, disposto a aprender e a honrar o nome da família. Sei também que fostes amigo do pai de Shaoran, então imploro que o sirva de amigo e conselheiro. Ele é inteligente e habilidoso, e aceitará qualquer coisa que o ajude. Serás esforçado, acredite! Por favor!

Em sua estima profunda

Sakura Kinomoto Li”


- Você... acreditou desde o início em mim? – Shaoran a fitava sorrindo. As lágrimas molhavam seu belo rosto.

- Sim meu amor. Eu sabia que tu ias te tornar o homem que sempre fostes em tua alma, que ias aprender desde o mais servil até se tornar um supremo senhor, digno de qualquer pessoa. E digo, doía mais em mim que em você cada uma das estúpidas palavras que te disse!!!!

Chorou. O rapaz a abraçou.

- Tudo bem. Já passou – erguendo o rosto dela – amo você, mais do que poderiam contar as flores de cerejeira da primavera. Perdoe-me se te fiz derramar lágrimas, meu anjo.

Abraçou-a também chorando, sob aplausos dos convidados, que aliviados viam o morrer e o renascer de Shaoran e de Sakura.

Aqui recomeçou esta história de amor, que graças a nossas preces terminou como deveria ser.

Tiveram 3 filhos homens, Fujitaka, Toya e Daiki, e uma menininha linda, chamada Nadeshiko. Criados na fraternidade e na verdade, destacaram-se pelas maneiras e pela educação, mas sobretudo pelo coração valoroso.

Assumiram, cada um, as fábricas de seu pai e o cultivo de sedas da mãe. Mas sempre ajudaram aos pobres e necessitados. Com a humilde e o caráter atribuídos por aquele casal.

E todos foram felizes. Imensamente felizes. Como um feixe de luz quente após um longo inverno frio, floresceram as flores de um amor nunca esquecido.

E para quem duvida destes acontecimentos, há de ouvir algum dia esta mesma história, e se convencerá de que o amor é sublime. Sempre.




FIM




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Notas finais do capítulo

AAaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaiiii acabou...
Mil agradecimentos pelos reviews maravilhosos! Espero que o fim tenha agradado vocês! Procurei ser fiel ao livro, mas deu uma patinadinha...perdoem, tá?
Esta é a minha fic que mais estimo, que mais dei duro, que mais me custou noites insones reeeeeeeeeelendo o original...então só por isso e por cada review valeu muito!
E recomendo ler a história original. Literatura brasileira é surpreendente!
Beijos!



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