Cada história escrita por Ela. escrita por Mrs Skars


Capítulo 6
Sintomas do Amor.


Notas iniciais do capítulo

Oláa pessoal *_* Então, estive sem escrever por um tempo. Essa vida semi adulta é complicada, porém estou aqui de novo. Bom, a história não ficou tão boa, mas espero que curtem mais um capítulo *_* Beijoss



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– Então você tem que agir assim entendeu?

– Quer dizer que as garotas demonstram que gostam de você pela linguagem corporal? - Ken, amigo tapado do meu irmão perguntou.

– Isso. Por exemplo... Você, se aproxime – Apontei para um dos meninos que estavam quietos de óculos e com os cabelos cobrindo um poucos os olhos.

– Quando vocês estão com uma garota conversando, percebam o alinhamento do meu corpo. Meu tronco estará inclinado em direção a ele entenderam? Se não estive interessada, estarei totalmente virada para frente ou para o outro lado, afinal quero manter distancia.

– Ohhh – Alguns pareciam entender o que eu falava.

–Mas se ela for tímida? – O mesmo Ken perguntou.

–Não importa se a garota for tímida ou não, o seu corpo estará levemente inclinado na sua direção. Esses são sinais básicos.

– Wow, sua irmã realmente sabe tudo Tomas.

– Eu falei. Mas não é só isso, como ela conhece muitas garotas, deve apresentar suas amigas para nós não?

Eu suspirei. Realmente era exaustivo ter um irmão apenas dois anos mais velho que você. Na verdade eu fazia esse tipo de aula com os amigos do meu irmão. Tudo começou quando o Tomas me perguntou em relação as meninas, na verdade queria ajudá-lo, então sempre dei opinião de como ele tinha que fazer com as meninas, por um tempo dava certo, porque ele conseguia atrair atenção das meninas, inclusive das mais populares. Paquerar para mim é como um jogo, você tem que estar atento e observar a outra pessoa, ela lhe dará sinais se está afim ou não de você.

– Pesquisas mostram que as meninas podem achar um cara atraente, porém se ele for um completo imbecil, essa atração cai em 80%,então claro que vocês precisam estar “apresentáveis”, mais o mais importante é ter isso. – Terminei a minha fala e encostei o dedo no meio da testa do menino que estava sentado do meu lado. Ele se retraiu um pouco, percebi que talvez essa fosse a primeira vez que uma garota tivesse o tocado. Apenas esbocei um sorriso, afinal acho que só um menino assim não tão “atraente” fisicamente poderia ter receio de um toque de alguém como eu. Afinal não era tão bonita, era comum, não tinha nada em especial, cabelos no ombro castanhos, olhos escuros, sem muita curva no corpo, tudo normal. Não tinha muita coisa atrativa, então a maioria dos amigos dos meus irmãos nunca ligaram para mim, apenas para minhas amigas, de uma certa forma era bastante raro ficar desconfortável com os meninos.

– Wow, faz quanto tempo desde a sua última aula Hanna? – Meu irmão me perguntou enquanto eu ainda terminava de me arrumar para a escola. De fato agora ele já estava na faculdade enquanto eu ainda tinha que esperar mais um ano para terminar o colégio.

– Não me lembro, mas desde quando você saiu do colégio, nunca mais tive que ensinar. – Esbocei um sorriso com uma certa saudade e alívio.

– Agora não preciso mais disso, estou expert – Ele esboçou um sorriso convencido enquanto bagunçava meu cabelo, no qual eu tinha acabado de arrumar.

–AAAAAAAAARGH! Como sempre estragando meu penteado. – Suspirei de raiva.

– Vamos, te levo para o colégio. Pega o capacete.

– Ah não, de moto, pra que? – Eu suspirei.

– Porque não? É bom para sua popularidade, chegar no primeiro dia de aula com um gato da faculdade. – Ele falou bem convencido enquanto eu suspirava com cara de desprezo.

– Eu sei bem quais são seus interesses irmãozinho – Eu sorri bem ironicamente.

– Vamos logo, vai se atrasar. – Ele completou enquanto eu pegava o meu lanche e guardava dentro da mochila.

Era primavera, o clima estava agradável, sentia a brisa ainda um pouco fria tocar as minhas pernas, era realmente uma sensação agradável andar de moto. Lembro que papai fez bastante caso de não comprar aquela moto para Tomas, mas no final, ele sempre conseguia. Assim que ele parou em frente ao colégio, tive vergonha. Queria correr com o capacete na cara até chegar a sala de aula, de verdade. Assim que desci da moto, percebi que ele havia me virado para tirar o meu capacete, enquanto podia ver as meninas ao redor olhando para ele. Claro, afinal ao contrário de mim, meu irmão estava realmente lindo.

– TOMASSS – Ouvi um cara o cumprimentando, era um dos meninos populares do terceiro ano.

– Ken, quanto tempo cara – Eles se cumprimentaram.

– Então você está na faculdade?

– Sim, entrei agora.

– Nossa, que legal. – Ken esboçou um sorriso. Ele tinha um cabelo um pouco grande, na verdade era o suficiente para formar um rabo de cavalo, ele era bem alto e era simpático.

– Lembra da Hanna?- Ele me olhou sem me reconhecer, na verdade eu lembrava que tinha feito aquelas aulas e ele era um dos nerds que andavam com meu irmão, porém aquele grupo agora era do terceiro ano é um dos mais populares. Todos haviam mudado a aparência e o comportamento, estavam de fato mais atraentes para as meninas.

– Minha irmã. – Assim que ele falou, o Ken pareceu um pouco surpreso.

– Ohh, “Cupido” – Ele me cumprimentou e esboçou um sorriso.

– Sou muito grato pelas dicas, como vê, sou muito popular agora. – Ele esboçou um sorriso de satisfação.

Antes que eu pudesse falar algo, ouvi o sinal tocando e apressei meus passos. Na verdade meu Nickname lá era “cupido”. Na verdade antigamente, ouvir falar do “cupido” era muito mais comum.Se espalhou bem rápido no colégio, porque quando as meninas perguntaram para eles, todos respondiam:

– Foi o cupido que me transformou.

Não lembro quem inventou, mas de alguma forma eles queriam dizer que era a irmã do Tomas, mas fiz jurar nunca falarem meu nome, até que um deles teve essa idéia idiota de ser chamada de cupido, pois assim ninguém saberia se era um menino ou menina.

– Hanna, estamos na mesma sala – Gritou a Jenny. Ela era o oposto de mim, tinha um corpo curvilíneo, olhos azuis, cabelos loiros e enrolados, bem sorridente. Porém toda aquela beleza era escondida através das roupas largas e sempre colocava o cabelo em rabo de cavalo, porém mesmo assim sempre tinha um menino se declarando.

– Eii, ainda bem – Eu esbocei um sorriso. A Jenny sempre foi minha amiga, era minha melhor amiga. Sempre alguma garota tem que ter. Na verdade andava eu, Jenny, Patricia e Ivie. Mas diante do nosso grupo, a Jenny sabia de muitas coisas a meu respeito, inclusive da história do cupido.

– Então aquele gato na moto quem era? – Patricia esboçava um sorriso enquanto me arrastava pelo braço para dentro da sala.

– Você não sabe? Ele é o irmão da Hanna – Jenny esboçou um sorriso.

– UAU, ele é realmente lindo. – Ivie mecheu seus cabelos ruivos e seus olhos pareciam brilhar mais intensamente.

– Ah, então que dia vamos ter uma reunião com os amigos dele da faculdade? – Patricia esboçou um sorriso maléfico. Na verdade de todas nós, ela era a mais “para frente”. Ela não tinha a beleza da Jenny, porém mostrava um pouco mais o corpo com a saia menor, colocava mais maquiagem, então ficava “atraente” para os meninos.

– Então vocês ouviram que tem muita gente nova no colégio? – Uma das meninas da sala comentou enquanto nós prestávamos atenção.

– Sim, será que vai ter algum príncipe na nossa sala? – Todas pareciam estar sonhando. Até que percebo uma agitação na porta.

Claro que tinha que ser ele, quem mais causava aquele tumulto? Era o Bruce. Ele era bem popular no segundo ano. Na verdade ele era um daqueles meninos que participavam das aulas com meu irmão, então ele sabia que tudo que ele era, pelo menos grande parte, eu tive influência. Se elas soubessem quem era ele, nunca ficariam. Aquele menino cheio de espinha no rosto, cabelo bagunçado, magro, de óculos. De verdade a imagem mudava muita coisa e atitude também. Ele estava com mais corpo, seus cabelos estavam bem arrumados, sua pele parecia que nunca teve espinha, sorriso perfeito, então... todas se derretiam por ele. Na verdade a especialidade dele era fazer todas ficarem “intimidadas”. De fato eu mantive o segredo dele, até mesmo para a Jenny. Ele me respeitava, então sentia que apenas comigo ele não mantinha o personagem, afinal eu o conhecia literalmente. Mas não éramos próximos, não éramos amigos, apenas eu conhecia uma parte da vida dele e nada a mais.

– Sentem-se.

O professor falou enquanto todos fomos arrumando um lugar para sentar, na verdade já tinha na lista onde eu ficaria, então sentaria perto da janela na última cadeira. Me afastaram literalmente das minhas amigas, então ficaria isolada durante as aulas, isso era deprimente. Pelo decorrer da aula, percebi que não havia ninguém de diferente na sala, de fato eu observava bastante as pessoas até que eu percebi um papel na minha mesa, na verdade tinha sido... O que?

“ O Tomas esteve aqui pela manhã?” Bruce

“ Sim.” Eu respondi e disfarçadamente o entreguei, afinal ele estava sentado na minha frente.

“ Me passa o contato dele?” Bruce

“ Ok. 82xxx-xxx”

– Com licença Sr. Jonathan, esse é o novo aluno.

Eu olhei para as meninas e todas estavam olhando vidradas para o novato, eu podia perceber que ele deveria ser bonito, pois até a Jenny estava “babando”, observei a reação dos meninos, todos pareciam não gostar muito, afinal era outra concorrência. E foi aí que percebi que Bruce era o único que não estava olhando para o novato, assim como eu.

– Apresente-se.

– Eu sou Kellan Court, fui transferido para aqui, vim da Europa.

– Seja Bem vindo Court, sente-se ali.

Eu agora pude olhar para o menino rapidamente, ele tinha um rosto bonito, tinha uma franja jogada na testa, seus cabelos eram bem escuros. Ele tinha uns olhos castanhos intensos, era bem arrumado, fazia um estilo “mauricinho” e “badboy”, aquele estilo que todas as meninas gostam. Ele era comum, mais um garoto bonito como todos os outros. Mas podia ver o olhar delas vidrados.

Assim a aula prosseguiu, na verdade eu permanecia distraída olhando para a janela, o pessoal estava correndo pelo jardim na aula de educação física. E foi quando percebi que tinha um giz batendo na minha cabeça.

– Senhorita Hanna, está com inveja dos seus colegas correndo? Quer fazer companhia?

– Sim, melhor do que esta aula chata – Respondi. Percebi que alguns colegas deram risadas, então para o professor mostrar disciplina falou

– Dará 10 voltas e eu estarei lhe observando.

Aquilo era uma punição. Com certeza os professores tinham todo “poder” na sala de aula. Eu não era uma aula ruim, nem excelente, era mediana na verdade. Então apenas esbocei um sorriso e caminhei em direção a porta. Na verdade eu estava com inveja deles correrem na primavera, então coloquei meu iPod e minha roupa de educação física. Comecei a correr pelo campo, sentia o sol tocar o meu rosto, só que... Eu fui ficando cansada... já era... O QUE? Ainda estava na terceira volta. Maldita hora que tive que “responder” o professor. Tentei colocar uma música mais animada, assim que olhei para a janela eu percebi que ninguém da minha sala estava me observando, a não ser o professor que fez um sinal com os dedos, avisando que era a terceira volta ainda. Ele devia estar bem orgulhoso daquele castigo, de fato eu estava arrependida. 5..6...7...8.. Só mais um pouco. Eu comecei a sentir câimbra na minha perna, parei um pouco e me sentei para esticar enquanto respirava fundo. Percebia meu corpo molhado de suor e foi quando acidentalmente olhei para minha sala, afinal precisava ver se o professor estava me olhando. E foi exatamente naquele momento em que percebi que o novato tinha levantado o braço para perguntar algo, eu fui salva. Kellan estava sentado na frente do Bruce, então dava pra ver. Eu tentei me levantar e me recompor. Pelo alongamento que fiz na perna eu consegui voltar a correr e agora estava perto, era a décima volta, eu terminei e olhei para o professor suando e sorrindo mostrando 10 com a mão. Quando me dei conta, o sinal havia tocado e percebi que as minhas amigas estavam na janela me olhando e batendo palmas enquanto a Jenny ficava encarando o novato.

Caminhei até o vestiário feminino, claro que precisava de um banho. Afinal estava molhada de suor, assim que vesti a farda do colégio caminhei até o corredor, afinal precisava pegar meu lanche. Assim que entrei na sala, percebi que estava um aglomerado de meninas perto do meu lugar. Ai meu Deus, não podia ser. Claro.. tinha que ser. Todas estavam cercando o novato e foi quando percebi que ele tinha pegado um fone na sua mochila e colocado no ouvido e levantado para sair. UAU, ele era realmente...

– Rude. Nossa, que menino rude. – Patricia completou.

– Estou tentando entender que tipo de menino ele é – Ivie comentou.

– Vamos perguntar para “A.C “ – Jenny sorriu.

Aquele A.C era meu outro “apelido” pelas meninas, eu era realmente boa em analisar comportamentos, então claro que algumas pessoas eram fáceis decifrar, outras mais difíceis, porém todas faziam “tipos”.

– Então que tipo você acha que ele é?

– Pela atitude dele, ele não se encanta fácil pelos elogios. É aquele personagem “gelo” de mangá que se apaixona por uma menina perseguidora caliente. – Esbocei um sorriso.

– Eu não gosto dessas personalidades assim, prefiro alguém como Bruce. – Ivie completou.

– Aí é que você se engana, Bruce é amável com todas,então é difícil saber quem realmente meche com ele. – Patricia falou. De verdade eu precisava concordar com ela.

– Que tipo de menino você gosta Hanna?

– Eu não sei. Só sei dos que não gosto. – Respondi sincera.

– Como? Não é possível. Cada um tem seu gosto. Por exemplo a Patricia gosta de um professor, um homem mais velho, a Ivie prefere um fofo romântico e geek, eu prefiro um bem popular, lindo,perfeitinho. E você? Nenhum te agrada?

– Na verdade, o que me agrada vai muito além da idade, ser romântico ou mauricinho. Acho que um conjunto faz toda diferença. – Tentei me expressar, mas como sempre talvez elas não me entendessem.

Eu na verdade já fui apaixonada várias vezes, porém sempre foi apenas unilateral, ninguém gostava de mim, ou pelo menos ninguém sabia. Na verdade eram as pessoas sempre que eu tinha contato, por exemplo, pessoas que eu conhecia o jeito, eram meus amigos, porém nunca tive coragem para falar. Por exemplo, o Ken na época que andava com meu irmão, eu era apaixonada por ele na sétima série, mas depois desencanei total. Porém não tinha um “tipo” certo, apenas os garotos que eram gentis comigo, amigos e me faziam rir. Será que ainda existe alguém que me corresponderá? Porém sempre quando começo a me interessar, acabo me aproximando pelo menino apenas por causa das minhas amigas ou das colegas que pedem, então sempre é quase uma regra, nunca me aproximo demais, apenas sei das informações o suficiente para marcar o encontro. Então muitos casais no colégio sempre me cumprimentam, afinal quase todos eles foram por minha causa que estão juntos, eu fui o START, depois eles se desenvolveram sozinhos.

– Ouviram a pergunta boba que o novato fez? – Ivie mudou o assunto.

– Eu também fiquei sem muito o que entender, afinal soube que ele era muito inteligente. –Patricia completou.

– Posso falar com você Hanna? – Alguém interrompeu a nossa conversa.

O que ele... quer? Eu fiquei curiosa para saber o que era, apenas me levantei e olhei para as minhas amigas todas de olhos arregalados, apenas a Jenny permanecia quieta. E foi quando percebi os olhares no corredor para mim.

– Então... é que perdi o número do Tomas, me passa novamente? – Bruce esboçou um sorriso.

– Precisava desse drama? – Eu esbocei um sorriso irônico.

– Você sabe que gosto de causar fofocas no colégio. – Ele sorriu convencido.

– Você quer é causar minha morte. Se seu fãclube vier em cima de mim é tudo culpa sua. – Eu sorri enquanto pegava meu celular e ia procurando o numero do Tómas. Assim que fui procurar ele pegou da minha mão.

– Ei.. o que está fazendo?

Eu vi seus dedos digitarem um número e a ligar. Que menino cara de pau, só podia ser. Ele ligou para quem? Será meu irmão? Ouvi que o celular dele estava tocando, ele imediatamente desligou e me entregou o celular.

– Pronto, me manda por mensagem que aí não perco facilmente.

– Uau suas técnicas são impressionantes. Isso foi além do que ensinei. – Eu esbocei um sorriso convencido.

– Como... soube... – Ele permanecia um pouco incrédulo.

– Leio muito mangá e vejo muita série, acho que você também. Mas as meninas gostam dessas coisas. – Eu esbocei um sorriso.

– Então.. qual é o lance entre você e novato? – Ele mudou de assunto.

– Como assim? – Eu não sabia onde ele queria chegar.

– Ele viu no momento em que você parou de correr, na verdade ele te salvou fazendo aquela pergunta idiota.

– Argghh!! Odeio isso. – Suspirei.

– O que? – Ele parecia curioso.

– Odeio ter que agradecer, por que não pedi isso entende?

– Entendo. Então você foi “cupido” dele também?

– Não, nem sei quem é.

– AI está você BRUCE, VEM CÁ. – A patricinha Megan apareceu enquanto puxava ele pelo braço e eu dei um jeito de sair antes que ela me olhasse. Na verdade Megan era a nova namorada do Bruce, pelo menos era o que todos falavam. Mas até um idiota como Bruce percebeu que o novato perguntou para me salvar, mas porque? Talvez ele fosse aquele personagem de mangá que é frio, gelado, grosso, mas no fundo era gentil. Ahh, droga, agora eu tinha que... agradecer. Aliás, eu não precisava, afinal ninguém mais tinha visto, só o Bruce. Eu voltei confiante para sala enquanto percebi que depois do intervalo, as fofocas ficavam mais intensas. O professor já estava em sala enquanto escrevia algo no quadro, foi quando Jenny se aproximou e sentou-se no lugar do Bruce.

– Estão dizendo que o novato te salvou.

– O que? Como assim?

– Falaram que ele perguntou ao professor Jonathan algo bobo porque você estava sentada no chão, ou seja, ia ter que dar mais uma volta.

Não era possível, se a Jenny já estava sabendo, possivelmente a minha sala toda já sabia, afinal eu não tinha contado nada para ela, o Bruce não acredito que tenha falado, mas... talvez mais alguém da fila viu e repassou a mensagem. Agora eu tinha que... agradecer. Era oficial praticamente.

– Você sabe que tem que agradecer não sabe?

– Argh... você sabe como odeio isso – Suspirei.

– Eu sei, mas ele fez algo legal. – Ela concluiu.

Não demorando muito, já estávamos no final da aula. Aos poucos percebi que o assunto eram outras coisas. O bom do colegial é que todos esquecem do que comentaram há 5 minutos atrás, claro que só lembram se for algo realmente muito significante. As meninas se despediram de mim, todas iam ter compromissos, menos eu claro. Então sem muita pressa eu arrumei minhas coisas para ir para casa. Assim que passei pelo portão do colégio, percebi que o novato estava pegando um lixo do chão e jogando na lixeira. Olhei ao redor e muitas pessoas já tinham ido embora, graças a Deus.

– Ei, Kellan...

Falei um pouco baixo, aquela era única vez em que o chamaria, aquele tom de voz foi proposital, não queria ter que falar. Como esperado ele não deve ter ouvido, apenas virei as costas, afinal minha direção era outra.

– É feio cumprimentar as pessoas e dar as costas sabia?

Droga. Ele tinha ouvido. É isso, não iria demorar muito, iria agradecer e ir embora.

–Eu... queria agradecer pelo o que fez na sala.

– Desculpa, quem é você? – Ele parecia um pouco confuso. Claro, afinal ele não sabia da minha existência.

– Me chamo Hanna, estava correndo no pátio.

– Ahh, sim. Está me agradecendo pelo que?

Eu realmente não sabia o que falar, me arrependi no momento em que acreditei nas fofocas do colégio. Eu apenas suspirei e respondi.

– Deixa pra lá, enfim. Desculpa, até amanhã. – Esbocei um sorriso forçado e continuei a caminhar.

–Ei Hanna, você também vai em direção ao metrô? – Ele parecia realmente perdido.

– Sim, porém não pego metrô. – Ele agora já estava ao meu lado caminhando comigo.

– É que como voltei recentemente pra cá, muita coisa mudou e não lembro muito das direções. Sabe onde fica esse endereço?

Ele me entregou um papel branco embrulhado, eu abri e tive que conter um pouco o “choque” que levei. Era... em frente a minha casa.

– Uau, somos vizinhos.

– Jura? – Ele parecia um pouco surpreso.

– Sim. – Continuei a caminhar enquanto evitava olhar muito para o seu rosto. Depois de caminhar em silêncio por alguns minutos, resolvi fazer daquela caminhada um pouco mais comum para mim.

– Então... como foi o seu primeiro dia? – Puxei assunto.

– Eu gostei. Realmente senti falta de casa. – Ele respondeu sereno.

– Demora muito? – Ele perguntou.

– Daqui a 10 minutos chegamos – Conclui. Imaginei que ele não estava se divertindo muito, afinal estava andando comigo.

– Antes você morava nessa vizinhança? – Eu o perguntei.

– Achei que não fosse lembrar mais de mim – Ele respondeu.

Na verdade após dessa resposta foi que eu me lembrei que costumávamos brincar juntos quando éramos crianças, porém nunca fomos melhores amigos, sempre andávamos com o grupo do bairro, mas claro que aos poucos vamos crescendo e paramos de brincar com muitos meninos, ficamos mais reservadas. Mas o meu irmão sempre jogava bola na rua com eles, até que... algo passou na minha mente de repente. Não, de verdade era ele?

– Isso te lembra alguma coisa? – Paramos de andar um pouco enquanto eu tentava processar quem era ele, foi quando ele estendeu o dedo indicador e encostou na minha testa. Ele era aquele menino de óculos, tímido que andava com os outros do bairro e com meu irmão. Com o toque do seu dedo eu pude perceber o quanto perto ele estava naquele momento, aquilo fez percorrer algo estranho no meu corpo, senti um cala frio estranho.

– Mosquito. – Eu falei o apelido que os meninos sempre diziam, na verdade eu não tinha associado o nome, por conta do apelido.

– Sim. Eu voltei para testar suas teorias com você.

Ele se virou e voltou a caminhar, ainda sentia algo estranho no meu corpo. Aquele era um sintoma de que muitas coisas ainda estavam por vir. Será que aqueles sintomas, o calafrio, aceleração das batidas, um calor, tudo ao mesmo tempo era o indicativo de algo? Queria ser racional naquele momento, porém apenas não conseguia, a única coisa que meu corpo fez era caminhar automaticamente.

THE END


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