Cada história escrita por Ela. escrita por Mrs Skars


Capítulo 4
Sempre ao Meu Lado - Parte 02


Notas iniciais do capítulo

Então, como havia prometido essa é a segunda parte e última da história "sempre ao meu lado". Espero que estejam gostando e aceito opiniões, críticas, dúvidas. Obrigada e beijinhos ;*



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– Eu não acredito, ela era psicóloga?

– Sim. – Eu suspirei.

–Porque ele fez isso? – Sarah me perguntou.

– Ele acha que precisava por causa da morte dos nossos pais. – Eu menti um pouco, afinal a Sarah não sabia de toda a minha história.

– Entendo. Mas você não vai mais encontrá-la né?

– Na verdade eu vou hoje. – Eu esbocei um sorriso.

– Então... como foi a volta para casa com o Liam? Ele é um amorzinho não é?

– Ele é bem gentil, me convidou para ir no parque essa sexta.

– Jura? Não acredito. Vou falar com o Kevin para irmos.

– Claro, promessa é promessa. – Eu sorri.

– Então, até amanhã, meu pai veio me buscar. Tchau. – Sarah se despediu de mim enquanto caminhava para o carro do seu pai.

Eu tinha hoje a consulta com Doutora Tina Calton, na verdade o colégio tinha terminado mais tarde hoje, pois teve reunião dos conselhos de classe para organizar um evento que sempre tem no final do ano, era uma feira cultural com direito a queima de fogos. Eu tinha perdido um ano do colégio, então apesar disso, ainda tive a oportunidade de participar destes tipos de atividades. Assim que cheguei na rua do endereço, percebi que era um consultório bastante arrumado, era bem aconchegante. Eu fiquei sentada na sala de espera enquanto uma recepcionista havia anotado meu nome e havia me instruído a esperar. Uau, aquela Tina tem mais nome do que eu pensei.

– Rachel Rupert, pode entrar.

Assim que entrei eu percebi a Tina com um bloquinho na mão anotando algumas coisas, na certa seria da consulta anterior. Mas assim que ela me viu, soltou o bloquinho e veio me cumprimentar. Assim que sentei no sofá ela naturalmente foi me perguntando coisas simples, como meu dia, a escola. Ela era muito boa de conversar, eu apenas fui falando do colégio, das atividades, das matérias. Ela não me forçava a falar nada, foi bem diferente do que eu havia imaginado.

– Em uma média de pesadelos, quantos tem durante uma semana?

Ela havia agora falado um pouco mais diretamente.

– Nunca parei para pensar, mas diria que é umas 4 vezes.

– Essa semana apareceu quantas vezes?

– Todos os dias.

Ela não disse nada apenas anotou algo em seu bloquinho rapidamente e se virou para mim.

– Está assustada não é? Na verdade não estou anotando nada ruim de você, são termos bem técnicos ou palavras chave. Nós da psicologia fazemos uma anamnese, avaliamos a pessoa mentalmente, para depois imaginarmos o que podemos melhorar ou tratar. Claro que nada do que faço será contra sua vontade.

Na verdade eu havia ficado mais aliviada com o que ela tinha falado, me sentia mais confortável.

– Mas posso te perguntar uma coisa Rachel? Se não quiser responder, não responda.

– Tudo bem.

– Naquele dia no carro, me pareceu claro que tem medo de que seu irmão case. Porque?

Ela realmente dessa vez tinha sido bem direta. Não é que eu não confiasse nela naquele momento, mas havia uma parte de mim que não estava preparada para me ouvir, muito menos para sentir certos tipos de reações.

– Eu... não sei.

– Rachel, eu não estou aqui para te julgar. Há um código na minha profissão que tudo em respeito a essa conversa, nada sairá daqui, muito menos falarei para o seu irmão. Eu já tenho 15 anos nessa profissão e acredite eu já ouvi e vi coisas surpreendentes.

Eu não sei porque, a cada palavra ou frase em que ela me falava, eu me sentia mais confortável. Eu poderia confiar nela. Eu apenas não queria... lidar com essa realidade.

–Eu penso que se ele casar, eu ficaria sozinha. Ele é tudo que me restou. Ele é aquela pessoa que me tira do meu pesadelo.

Um silencio se formou assim que terminei de falar, ela não anotava nada, mas parecia que apenas refletia nas minhas palavras, porém fazia de uma maneira bem natural.

– Quero que você feche seus olhos e apenas ouça a minha voz e me responda certo?

– Tudo bem.

Assim que fechei meus olhos eu respirei fundo e tentei me concentrar, tentei seguir a voz dela. Na verdade estava mais curiosa com aquilo.

– Quando você acorda do seu pesadelo e abre seus olhos, você vê o Ryan do seu lado. Como se sente quando você acorda e ele está lá?

– Eu... me sinto segura. Eu sinto que ele afasta as minhas dores por um momento, eu sinto que ele representa o meu porto seguro.

– Quando seus pais estavam vivos, quem você abria os olhos e encontrava?

– Minha mãe. Ela me abraçava, sentia ela me abraçando e me dando beijos, até que eu adormecia novamente. E... o Ryan estava atrás dela observando.

Assim que abri meus olhos eu percebi que as lágrimas estavam rolando pelo meu rosto. Eu tinha falta da minha mãe, eu tinha feito daquela família o meu porto seguro, eu tinha referenciado o Ryan como a minha mãe, aquela pessoa que levaria minhas dores embora. Droga! A minha relação com ele era mais complicada do que eu achava.

– Talvez seja só esse sentimento. – Falei sem pensar, foi aí que percebi a merda que tinha feito. Na verdade agora se eu tinha começado, teria que terminar...

– Eu acho que esse sentimento todo que tenho com o Ryan, talvez seja só isso, seja de imaginar que eu perderia meu porto seguro. Afinal eu já perdi uma vez que foram meus pais.

– Talvez possa ser Rachel. Porém se não for só isso, você precisa ser sincera com você antes de tudo. Eu percebi hoje que existem alguns sentimentos que talvez você não tenha percebido ou até mesmo queira falar. Mas saiba que estarei aqui para nós discutirmos. E mais uma vez, eu não estou aqui para te julgar em nada.

– Obrigada Tina.

Ela terminou a sua consulta me dando um abraço apertado.A sua consulta eu percebi que não era ela querendo saber meus traumas ou até mesmo querendo saber toda a minha vida para no final apontar o dedo e me dizer o que eu era. Ela apenas me fez enxergar algo que eu não tinha percebido, ela apenas facilitou o modo de como eu realmente me sentia. Eu me sentia mais leve, porém ao mesmo tempo ainda havia aquele sentimento que nem eu mesmo quis expor, aquele que no fundo talvez eu mesma esteja confundindo. Afinal, era impossível que ele sentisse o mesmo por mim, ele nunca iria me enxergar da mesma forma.

**

Eu olhei para em cima da mesa e percebi que o Ryan havia se esquecido de levar a sua pasta do trabalho, para a minha sorte hoje eu não tinha aula, pois o colégio ia ter uma reunião com os professores. Eu caminhei até o meu quarto e peguei um casaco, não deu tempo de me arrumar, coloquei um tênis e enrolei o cachecol colorido envolta do meu pescoço e peguei a pasta. Eu sabia que poderia ser importante, afinal ele vivia para cima e para baixo com aquilo. Para a minha sorte o ônibus havia passado em 10 minutos, não demorando muito havia chegado no trabalho dele. O Ryan trabalha para uma empresa, ele ia todo arrumadinho, estilo almofadinha. Era até engraçado, pois não tinha muito a ver com a sua personalidade. Para a minha maior sorte ainda o segurança não estava, então foi mais fácil entrar sem ser percebida. Assim que cheguei no escritório, estavam varias pessoas de um lado para o outro, na verdade fiquei um pouco perdida sem saber o que fazer. Eu olhei para uma moça que estava na porta e pedi informações.

– Olá, o Ryan Rupert está?

– Quem é você? – Ela fez questão de me olhar de cima a baixo.

– Eu sou a irmã dele.

– O que? – Ela parecia surpresa e esboçou um sorriso.

– Nossa, você parece ser mais velha. Então, como é seu irmão é em casa?

– Deixa ela em paz Julia – Uma ruiva falou enquanto a morena apenas se calou e saiu caminhando.

– Então você é a irmã do Ryan?

– Sim. – Eu esbocei um sorriso.

– Você é mais bonita do que imaginei. – Ela sorriu e eu apenas fiquei sem graça.

– Então.. seu irmão está em uma reunião, mas vem aqui jajá ele é liberado. Aconteceu algo?

– Na verdade ele esqueceu a pasta em cima da mesa, como não tive aula, imaginei que fosse importante.

– Uau, linda e dedicada. Ele tem mesmo sorte de ter você. – Ela esboçou um sorriso. Mas quem era ela?

– Me desculpe, me chamo Milla. Sou colega do Ryan desde o colégio.

– Milla? – Eu havia arregalado os olhos. Realmente ela estava totalmente diferente. Eu lembro que a Milla ia lá em casa fazer alguns trabalhos e... ela foi a primeira namorada do meu irmão.

– Desculpa, quase não a reconheci. – Eu esbocei um sorriso.

– Agora entendo porque ele não gosta de sair muito com o pessoal do trabalho.

– O que? – Eu perguntei, afinal realmente não tinha entendido.

– Ele sempre diz que você pode estar sozinha em casa, que precisa chegar cedo. Parece até que apanha de você. – De verdade ela era engraçada na forma de falar, eu comecei a rir do que ela tinha me falado.

–Nunca aconteceu nada entre vocês? – Ela falou em um tom baixo enquanto eu permaneci com os olhos arregalados.

– Hãn? – Eu tinha ficado um pouco nervosa.

– Digo, vocês não são irmãos literalmente, foram criado juntos. Você é linda e ele dá pro gasto, morando juntos e.. nada? Nenhum clima?

– Está importunando a minha irmã de novo Milla?

Era o Ryan que havia me salvado de novo daquela conversa estranha com a Milla.

– É... ela cresceu e está mais bonita do que imaginei.

– Milla, ela não tem o mesmo gosto que você.

– Como você sabe disso? Ah desculpa. Esqueci de dizer que gosto de meninas. – Ela me falou esboçando um sorriso.

O QUE? Milla era lésbica? Na verdade eu tinha ficado um pouco em estado de choque, hoje as informações estavam a flor da pele, era muita informação para assimilar naquele momento.

– Então, está tudo bem Rachel? – Ryan falou enquanto me olhava com uma certa preocupação.

– Sim, eu vim entregar a sua pasta que esqueceu em cima da mesa.

– Ah, muito obrigado. Eu realmente estava precisando.

– Tem como voltar para casa? Se quiser voltar de taxi eu..

– Não, tudo bem, aqui não é tão longe.

– O que foi Milla? – Ele pareceu perguntar em um tom irônico.

– Voces são tão lindinhos. Ok, já sei, vou voltar para o trabalho. Foi bom te ver de novo Rachel, até breve.

– Foi bom também te ver Milla. – Esbocei um breve sorriso.

– Não ligue muito para o que Milla fala, ela é meio doidinha mesmo. – Ele me alertou, mas já era tarde demais.

– Ei... eu ouvi isso. – Ela falou de longe enquanto nós três sorríamos naquele momento.

– Eu vou... voltar para casa. Ah... hoje eu vou sair pela tarde, caso você chegue e não me encontre.

– Alguma reunião da escola? Se quiser depois do trabalho passo para te buscar.

– Não, eu vou com o pessoal da escola no parque.

– Ah... aquele menino de novo?

– Sim.

Ficamos um pouco em silêncio, era estranho aquela sensação e foi quando eu apenas me despedi e ele esboçou um sorriso. Era um pouco desconfortável aquele tipo de conversa com ele, foi quando entrei no elevador e tinha duas mulheres na minha frente comentando.

–Então você viu a irmã do gerente Rupert?

– Não, mas soube que ela era linda.

– Ela é diferente dele, ele tem cabelos e olhos escuros e ela é loira dos olhos azuis.

– Porque será que ele sempre rejeitou as mulheres da empresa?

– Eu acho que ele é gay.

– Não é , porque ele teve um caso com a Kelly da recepção, lembra?

– É lembro, mas soube que ele estava bêbado e só foi uma noite.

– Eu não sei, talvez ele esteja com alguém em segredo.

O elevador tinha aberto e eu havia passado para sair. O que foi aquilo? Definitivamente aquele era o Ryan. Era estranho imaginar ouvir certos tipos de comentários do meu irmão, ainda mais na empresa. Mas será que elas tinham razão? O Ryan tinha alguém em segredo? Era algo que eu precisava descobrir.

***

Estou te esperando aqui fora. – Liam

Eu imaginei que o Ryan não ia chegar em casa cedo, por isso não iria me ver andando com o Liam de moto. Eu não estava muito arrumada, estava com uma calça jeans, uma blusa bem arrumada e um casaco bem grosso. O que dava a diferença era o cachecol. Como era muito frio, não dava para colocar sempre meus vestidos, shorts que adorava vestir, então era aquela opção de roupa que tinha, porém hoje eu estava mais arrumada. Meu cabelo estava solto e com leves cachos nas pontas.

– Você está linda!

– Obrigada. – Eu sorri um pouco sem graça enquanto o Liam ia me ajudando a colocar o capacete. Na verdade eu só tinha andado de moto aquela vez com ele. Eu tinha gostado da sensação de ficar na moto, claro que às vezes me segurava mais forte do que imaginava. Principalmente nas curvas eu achava que realmente ia cair. Não demorou muito e havíamos chegado no parque.

– Até que foi rápido. – Eu puxei assunto.

– Verdade.

– Então.. você mora só com seu irmão? – Ele puxou assunto.

– Sim.

– Ah, então era ele naquele dia nos olhando na janela. – Liam comentou.

– Eu.. acho que sim. Eu não vi – Eu falei um pouco sem jeito.

– Vocês não se parecem muito. – Ele continuou a insistir no assunto.

– Você veio Rachel ! – Graças a Sarah,ela interrompeu me puxando para me dar um abraço e aí cumprimentei o Kevin.

Achei que iria ter mais gente, mas no final acabou sendo apenas nós 4. Estava parecendo um encontro duplo, nunca tinha passado por uma situação assim, então foi apenas diferente. A noite com eles foi agradável, o Kevin era engraçado e ainda misturado com a Sarah, faziam palhaçadas o tempo todo, então não me senti muito constrangida. Apenas houve um daqueles momentos estranhos com Liam durante o parque que foi na roda gigante, fomos forçados literalmente a ficar apenas nós dois. E aí pudemos conversar.

– Você mora com seus pais? – Quebrei o silêncio.

– Sim, tenho uma irmã também, ela tem 13 anos.

– Jura?Brigam muito?

– Sim, a maioria das vezes. – Ele esboçou um sorriso.

– Eu achei que você não fosse aceitar sair sabia? – Ele mudou de assunto.

– Porque? – Falei um pouco surpresa.

– Você nunca aceita sair com ninguém do colégio. Por que aceitou comigo? – Ele realmente foi bem direto. Eu não podia dizer que era uma aposta que fiz com a Sarah.

– Eu precisava sair com alguém. – Falei um pouco pensativa.

– Não tem muitos amigos não é? – Ele parecia mais afirmar do que me perguntar.

– Sim. Eu tenho apenas a Sarah e talvez sair com outras pessoas me faria bem.

– Então é isso que sou para você? Amigo?

– Eu não sei, talvez se você quiser ser meu amigo acho que sim.

– Eu não quero ser apenas seu amigo. – Ele havia se aproximado mais perto do que eu achei. Apenas senti seus lábios nos meus.Não deu tempo de reagir, era um beijo suave, seus lábios apenas se encaixaram nos meus, de certa forma eu correspondi. Eu queria muito saber até onde aquilo iria me levar, assim que fechei meus olhos a única imagem que se formou na minha mente foi o Ryan. Como seria beijar ele? Eu comecei a sentir o meu coração acelerar imaginando que o beijo dele deveria ser suave, melhor que aquele. Assim que abri meus olhos eu perecebi que o Liam havia se afastado, nesse momento meu corpo entrou em choque, senti tudo voltar ao normal.

– Desculpa Liam. Eu... não posso.

– Eu que peço desculpas Rachel, eu... fiz algo que queria ter feito há muito tempo, mas agora já entendi que não é o mesmo que você sente.

– Você é um menino legal, lindo, gentil e certamente qualquer garota terá sorte de ter você.

– Mas é apenas você que não se encaixa comigo não é? – Ele pareceu entender o que eu tinha dito.

– Quer ir pra casa? – Ele falou um pouco mais cabisbaixo.

– Sim.

– Vamos

– Está tudo bem, eu posso ir de ônibus.

– Está mesmo tudo bem se eu não te levar? – Ele ficou me olhando.

– Está sim. – Eu esbocei um sorriso.

Apenas me despedi da Sarah e o Kevin. Ela certamente havia entendido de que eu realmente precisava ir para casa. Aquela noite já tinha me deixado claro muitas coisas e estava na hora de ser sincera comigo mesma com os meus sentimentos. Ao caminhar até o ponto de ônibus senti que o frio estava cada vez pior, coloquei minhas mãos dentro do casaco para esquentar. Eu estava sozinha enquanto esperava o ônibus ouvi uma buzina insistente.

– RACHEL.

–Milla?

– Entra, te deixo em casa. – Ela falou bem amigavelmente.

– Tudo bem.

Eu entrei no carro. Eu não sei o que seria aquilo, poderia ser destino? Eu gostava da Milla, ela era bem extrovertida, desde pequena. Claro que agora estava bem mais, ela havia se tornado uma mulher.

– Que coincidência não é ? O que faz aqui até tarde?

– Eu estava no parque. – Eu fui sincera.

– Veio com algum paquera?

– Na verdade sim.

– Jura? – Ela parecia surpresa enquanto eu respondia.

– Então... você está namorando. Seu irmão sabe? – Ela me questionou.

– Eu não estou namorando. Ele é um amigo do colégio, apenas isso.

– Ah entendi. Ele te beijou e você viu que não era ele não é? – Ela parecia ser adivinha, eu realmente tinha me surpreendido com a frase.

– O que... eu não... disse... – Eu comecei a não saber qual desculpa dava.

– Eu sei como são essas coisas Rachel, já tive sua idade.

– Está com fome? Conheço um lugar ótimo. Na verdade eu estou morrendo de fome então me faça companhia.

Eu na verdade não pude nem dizer se estava com fome, apenas concordei enquanto ela dirigia para outra direção da cidade. Na verdade eu sentia que a Milla era sincera, ela não parecia ser falsa ou parecia querer me paquerar, nada do tipo. Assim que chegamos, era um lugar bem legal, era bem rústico e a iluminação era linda.

– Muitas vezes venho depois do trabalho comer aqui com o Ryan.

– Jura? – Eu olhei encantada para o lugar, na verdade eu imagino que aquele seria um tipo de lugar que ele gostaria de jantar.

– Então você é a melhor amiga dele do trabalho – Falei um pouco curiosa por imaginar como ele seria com os colegas.

– Acho que sim. O Ryan é um pouco fechado, não é muito de farra, então acaba que só eu o suporto. – Ela falou mais uma vez de um jeito engraçado, o que me fez rir.

– Mas na verdade ele não é assim não é? – Ela afirmou. Na verdade senti que nós duas conhecíamos bem o Ryan.

– Sim, não é assim mesmo. – Eu sorri.

Aos poucos fomos conversando sobre o trabalho, o colégio, comentei com ela sobre o festival lá do colégio, sobre assuntos da atualidade, música, filmes em estréia e descobrimos que amamos o mesmo seriado. Eu entendi naquele momento, porque Milla poderia ser bastante próxima do Ryan. Ela era uma pessoa ótima de conversar, era bem humorada e extrovertida. E foi em uma dessas conversas que ela tocou no assunto.

– Eu sei que não somos próximas e não sei se deveria te falar isso, mas eu gostei de conversar com você Rachel. Por favor, não machuque o Ryan.

– O que? – Eu realmente não tenha entendido o que ela tinha pra falar.

– Rachel, eu não tenho nada a ver com a vida de vocês. Mas o Ryan, ele realmente gosta de você e... sinto de alguma forma você também sente isso.

– O que? É claro que ele gosta de mim, nós somos irmãos. – Eu tentei disfarçar.

– Você sabe do que eu estou falando. Olha só, eu não tenho nada contra esse tipo de relacionamento, até porque vocês não são irmãos de sangue e não escolhemos quem amamos. O Ryan sempre anda preocupado em chegar em casa cedo para ficar com você, seus aniversários eu sempre acompanhei as inúmeras surpresas que ele fez e... eu vi ele com outras garotas e acredite que a maneira como ele fala ou o brilho dos olhos nunca será o mesmo quando se trata de você. Talvez ele seja lento e você também para admitirem isso, mas como já falei para ele uma vez, seja sincera com o que você sente.

Eu não podia deixar de sentir cada palavra dela surtir um efeito em mim, meus olhos começaram e encher de lagrimas, eu não conseguia me controlar mais. Aquele era um choro de algo que estava guardado e preso por muito tempo, algo que talvez eu não tivesse coragem de falar para mim mesma, a Sarah falava sempre bem superficial, mas a Milla, ela conhecia ele o suficiente para saber do que falava, ela conhecia a minha história, a nossa história.

– Desculpa eu.. não quis... – Ela falou um pouco preocupada.

– Está tudo bem Milla. Eu apenas estava chorando por um momento de alívio, de sentimentos guardados por tanto tempo, coisas que nunca pude falar com ninguém, pois não me entenderiam ou iriam me julgar mal. E sentimentos que eu nunca tenha admitido para mim mesma – Eu dei um imenso suspiro, talvez de alivio por ter em parte colocado aquilo para fora, ou por ter ouvido aquelas palavras.

– Ele...gosta de mim da mesma maneira que eu gosto dele? – Eu a perguntei um pouco curiosa.

– Se duvidar até mais. – Ela sorriu e foi quando eu esbocei um sorriso.

– Eu, não tenho ninguém para contar essas coisas. – Eu fui sincera.

– Eu sei, ele também não. Ai meu Deus, virei um cupido. Onde fui me meter! – Ela suspirou imaginando que aquilo daria algum problema e eu sorri.

– Vamos não é? Ele já deve estar preocupado.

– Sim. – Eu sorri.

Aquela noite realmente foi um alivio poder contar com a Milla sobre aquele assunto. Eu me senti a vontade saber daquelas coisas ou falar tudo que eu queria dizer. Será que de verdade ele gosta também de mim da mesma forma? Ele sempre permaneceu na dele, nunca aparentou gostar de mim daquela forma carnal ou nunca vi ele fazendo algo “safado”. Homens sempre tem a mania de espiar no banheiro, olhar calcinha, essas coisas do tipo. O Ryan não era assim, ele sempre foi bem discreto e até em seus abraços eu sentia ser o mais respeitador possível. Assim que cheguei em casa e a Milla parou o carro eu a olhei.

– Obrigada Milla, você não sabe o quanto me fez sentir aliviada. Parece que tirei um peso enorme.

– Sem problemas. Estarei sempre que precisar Rachel, agora a próxima sessão em casal é mais cara. – Ela me fez rir novamente com suas brincadeiras.

Assim que sai do carro eu caminhei o mais rápido possível para entrar em casa, após virar a chave eu percebi que ele estava no sofá assistindo televisão, vendo seus incansáveis jogos. Uma mão ele estava com o controle e a outra segurando uma garrafa de cerveja enquanto dava goles. Eu só fiz tirar o casaco e o cachecol, pendurando perto da entrada e tirei o meu tênis, caminhei em direção ao sofá.

– Cheguei.

– Ah.. Oi. – Ele mal me olhou enquanto ainda dava goles na cerveja.

Eu me sentei ao seu lado e fiz questão de apoiar o braço dele que estava apoiado no sofá envolta dos meus ombros. Eu não olhei para o seu rosto, para imaginar a sua reação, mas apenas sabia que ele estava me olhando. Eu encostei minha cabeça na lateral do seu ombro enquanto me ajeitava no sofá.

– O que quer me pedir? Tô sem dinheiro. – Ele respondeu grosseiramente.

– Nada, posso ficar aqui com você não? – Eu o olhei com cara de “brava” e dei língua, depois sorri e continuei olhando a televisão.

– Como foi seu encontro? – Ele bebeu um gole na cerveja.

– Foi legal. Voltei de carona com a Milla.

Ele nesse momento quando ouviu o nome dela se engasgou com a cerveja, quase cuspindo tudo.

– O que? Como achou a Milla lá?

–Eu estava no ponto de ônibus esperando e aí ela passou de carro. Fomos jantar naquele restaurante rústico que vocês vão. Lá é bem legal. E aí depois ela me trouxe.

– Porque ia voltar de ônibus? – Ele perguntou.

– Eu não queria ficar mais lá, queria voltar pra casa.

– Então essa demora toda foi porque você estava com a Milla?

– Sim. – Eu esbocei um sorriso.

– Você brigou com seu namoradinho lá? – Ele realmente queria saber.

– Ele não é meu namoradinho, eu... não gosto dele.

Aquela conversa estava um pouco mais estranha do que parecia e foi aí que resolvi que era naquele momento que eu teria que saber o exato momento de subir, antes que eu fizesse ou falasse alguma besteira.

– Vou dormir, estou cansada.

– Tudo bem, boa noite. – Ele esboçou um sorriso.

***

Já havia se passado um mês após a minha conversa com a Milla e estava em tratamento ainda com a Tina. Na verdade ambas viraram minhas confidentes, pelo menos eu pensava assim. Eu me sentia eu mesma, não precisava me esconder e muito menos meus sentimentos. A Tina sempre era mais reservada, então ela não me incentivava a falar nada com o Ryan, apenas apoiava algumas posturas minhas, mas continuava daquele mesmo jeito, sempre me fazia perceber as coisas e não me dizia nada do que pensava ou achava. Já a Milla sempre me dava apoio em relação aos meus sentimentos pelo Ryan e me incentivava a ser sincera não só comigo mesma, mas até com ele. Eu diria que minha relação com ele havia se intensificado mais. Haviam muitas ações para poucas palavras, era estranho dizer isso, mas a minha forma de dizer que gostava dele estava no dia a dia, nas coisas simples. Nós saíamos mais juntos, fazíamos muitas coisas juntos, íamos a muitos lugares juntos. A cada momento que passava com ele era divertido, porém eu me sentia cada vez mais pesada, o fardo de guardar um sentimento e não expor para a pessoa que você gosta é o momento mais difícil. Eu sempre tentava falar, mas a voz não saia ou sempre acontecia algo. O Ryan me confundia, ao mesmo tempo em que ele parecia realmente gostar de mim da mesma forma que eu gostava dele, ele mudava e parecia nada mais do que um irmão comum, isso me matava. Eu não sabia ao certo o que ele achava, claro que o medo de ser rejeitada era enorme, afinal ele era a única pessoa que eu tinha, então isso pesou muito para contar qualquer coisa para ele.

Nós resolvemos passar um final de semana fora na casa de praia que nossos pais costumavam passar todo o verão lá. Eu precisava de um ar puro, precisava de natureza e talvez aquela viajem seria o momento em que eu precisava criar coragem para conversar com ele de uma forma madura e ao mesmo tempo tentar resolvermos aquela situação. Eu tinha decidido que não dava mais para conviver daquele jeito, ou ele falava que sentia o mesmo e daríamos um jeito ou ele me pediria desculpas e falava que não era o mesmo que eu sentia e continuaríamos a viver, eu seguiria em frente. Mas essa incerteza ela corrói, ela destrói a cada dia que passa. Eu não acho que ele deveria falar primeiro ou eu, apenas quero fazer isso, porque eu não suporto. Talvez o limite dele seja bem maior do que o meu, mas eu de fato não posso suportar mais. Nós não éramos inocentes, eu não era, nós éramos maiores de idade, porém apesar de nenhuma experiência com garotos, eu sentia uma enorme atração por ele, ele me consolar a noite estava sendo mais difícil do que o normal. Claro que percebi que após ter começado o tratamento com a Tina e minha aproximação com a Milla, meus pesadelos tinham diminuídos, então isso contribuiu um pouco.

– Enfim, chegamos!

Ryan falou enquanto estacionava o carro na garagem da casa de praia. Ela ainda continuava linda, tinha um jardim imenso na frente que a mamãe sempre cuidava, era uma pena que estava já um pouco mal cuidado. A casa era um pouco antiga, mas era bem ampla e tinha uma visão incrível. Assim que abrimos a casa sentimos o cheiro da poeira.

– Vamos precisar limpar – Eu falei entre as tosses que dei.

Passamos o dia arrumando a casa, colocamos os móveis no sol e limpamos tudo que estava empoeirado. Assim que terminamos de arrumar as coisas o sol estava a se por. Eu estava cansada, aquela casa tinha me deixado exausta. Resolvi tomar um banho, assim que terminei coloquei uma roupa fresca, um short jeans e uma blusa grande de manga que deixava um ombro aparecendo, arrumei meus cabelos molhados que já estavam maiores, perto da cintura. Assim que terminei de arrumar as coisas no meu quarto eu desci as escadas, fui em direção a cozinha. Eu imaginei que o Ryan estava tomando banho também e a fome agora tinha sido enorme, fui desarrumando as compras que fizemos antes de virmos para cá. Eu preparei o jantar, fiquei olhando a panela e não podia deixar o molho ali sem mexer se não poderia queimar, estava bem distraída pensando no que faria. Foi quando senti ele se aproximar atrás de mim encostando o rosto bem próximo o meu para cheirar a panela, podia sentir o seu peitoral encostado nas minhas costas. Aquilo havia de fato me deixado um pouco nervosa.

– Cheiro bom. Vai estar pronto que horas Senhorita?

– Daqui a 3 minutos. – Eu tentei parecei um pouco normal.

– Quer ajuda?

– Está tudo pronto, só falta arrumar a mesa.

– Tudo bem.

Não precisou que eu arrumasse a mesa, ele mesmo se encarregou de fazer isso. Assim que ele deixou tudo arrumado, já era o tempo de desligar o molho e assim coloquei em cima do prato principal em que eu tinha feito. Nós jantamos em silêncio por um momento, eu acho que era fome misturado com cansaço na verdade. Quando você convive com uma pessoa, o silêncio não é perturbador, esse tipo de situação às vezes era normal, mas eu constantemente me sentia incomodada com o silencio. Eu queria saber o que ele pensava, mas eu não tinha como saber, afinal eu não tinha falado com ele e muito menos ele não tinha me dito nada. Assim que terminamos de comer lavamos a louça e guardamos tudo.

– Vamos caminhar na praia? –Ele sugeriu quebrando o silêncio.

– Sim. – Eu falei um pouco animada.

Assim que terminamos de guardar as coisas, caminhamos até a rua. A praia era em frente a casa em que estávamos, apenas atravessamos a rua e já pisamos em cima da grama, aos poucos fomos pisando em cima da areia fofa. A Lua estava incrível imensa e amarela refletindo nas águas do mar. O cheiro da maresia e o som das ondas do mar, realmente era incrível essa sensação.

– Costumávamos fazer fogueira e brincarmos aqui a noite lembra? – Ele lembrou.

– Sim. Mamãe sempre fazia chocolate quente e ficamos grande parte da noite aqui admirando a lua e o mar, comendo marshmallow e contando histórias. – Nós dois sorrimos, isso era algo que não podia ser apagado da nossa história.

–Como foi pra você ter uma irmã adotiva? – Eu de fato era curiosa para saber sobre isso, mas nunca tive coragem.

– No inicio tive ciúmes de voce.

–Jura? – Eu fiquei surpresa pela resposta.

– Sim, nossos pais davam muita atenção a você, mas depois que vi a mamãe cuidando das suas feridas eu percebi que você precisava deles mais do que eu naquele momento, então passei a aceitar você na nossa casa.

– Uau. Estou impressionada de verdade. Um menino daquela idade já pensando assim. Minhas feridas não te impressionaram? – Eu quis saber aquilo, será que impressionava até hoje?

– Não. Eu achava legal porque pareciam pista de carrinho.

Nós dois rimos daquilo, criança realmente naquela idade inventava coisas e hoje o que seria algo traumatizante para um adulto, para elas era tão simples e bobo. Não me incomodei dele ter pensado assim, afinal ele tinha mais ou menos 12 anos na época.

– E para você, como foi ter uma nova família? – Ele me perguntou.

– No início foi estranho, ter que lidar com o trauma recente do meu pai biológico. Mas senti algo pela primeira vez que nunca havia experimentado: o Amor. Louise e Brian me deram algo inexplicável, muito mais do que uma casa, me deram uma família e me sinto uma menina com muita sorte de ter tido eles na minha vida. – Eu falei um pouco emocionada, percebi que não havia segurado algumas lagrimas, mas era apenas de saudade e sinceridade nas minhas palavras.

– Eles te amavam.

– Eu sei, amava e amo muito eles também.

Assim que terminamos a caminhada pela praia nós sentamos em uma cadeira de madeira antiga que tinha na areia e por um momento contemplamos o mar, o céu estrelado e as imensas lembranças que tivemos naquele lugar e nas recordações que insistíamos em lembrar constantemente. Realmente aquele lugar era nostálgico e não me fazia pensar em mais nada além dos nossos pais e do quanto eu fui feliz naquela família que me acolheu como um membro, eu era uma Rupert.

**

– Ryan... eu preciso conversar com você.

Eu estava decidida, daquele dia não passaria. Havia se passado uma semana depois da nossa viagem da praia e a tensão apenas continuou. Eu não consegui falar com ele, o clima não tinha acontecido, era um lugar em que apenas recordamos nossos pais e foi um momento de descobertas de nossas lembranças esquecidas e adormecidas, eu não tive vontade de falar com ele. Mas hoje... eu daria um basta. Eu falaria como eu me sentia, aprendi que o não eu já tenho e apenas queria tentar um sim.

– É algo muito urgente? – Ele falou um pouco apressado, afinal era de manhã cedo.

– Não, assim que voltar do trabalho conversamos.

– Tudo bem, nos vemos a noite. Boa aula.

Por mais que eu quisesse falar o dia hoje tinha se arrastado, as aulas do colégio pareciam infinitas, os professores falavam e falavam, olhava para o relógio e haviam se passado apenas 10 minutos. Como isso era possível? Era uma tortura psicológica. O que eu falaria? Eu tinha ensaiado tudo na frente do espelho, mas eu sei que na hora nada daquilo sairia. Eu tinha que conseguir falar, não podia continuar vivendo como eu estava. A hora do recreio também parecia infinita, as meninas conversavam de algo que eu não dei importância, apenas sorria e tentava participar da conversa, talvez o horário fosse mais rápido. Graças a Deus o sinal havia tocado e essa era a ultima aula, fui apressada para casa. Assim que cheguei, estava tudo vazio e quieto. Eu arrumei a casa , assim que terminei tomei banho e coloquei um vestidinho curto e solto bem leve, na verdade ele era confortável. Fui para a cozinha e preparei o jantar mais uma vez. Arrumei a mesa e foi assim que acabei de colocar os pratos na mesa ele tinha chegado. Meu coração disparou, eu sabia que não teria volta e aquele seria o dia em que falaria com ele, eu iria me confessar. Ele me cumprimentou rapidamente e subiu para tomar banho, assim que ele voltou nós sentamos na mesa e devoramos a comida, porém eu estava até evitando não comer muito. Assim que terminamos tudo e lavamos a louça, percebi que ele estava falando de outras coisas do trabalho e eu falando das aulas e até mesmo dos casos que a Tina me contava, gostava de ouvir.

– O que você queria conversar comigo? – Ele me questionou calmo, senti meu coração acelerar aquele momento e a boca ficar seca.

– Venha, vamos nos sentar. – Eu segurei o braço dele pelo punho e o puxei até o sofá da sala. Nós dois sentados e dei um jeito de ficar de frente para ele. Eu estava nervosa, como eu faria aquilo? Eu não sabia por onde começar. Eu estava de fato me confessando para um garoto que eu gostava, porém não era um garoto qualquer. Eu estava colocando tanta coisa em risco, sabia disso. Muita coisa estava em jogo, nossa amizade, cumplicidade e até mesmo o meu único porto seguro eu estava arriscada a perder.

– Então... nos conhecemos há muito tempo, desde crianças é obvio. Mas eu venho conversando com a Tina e a Milla, existe uma coisa que você não sabe. Eu resolvi te falar porque está sendo algo insuportável para mim, eu não tenho aguentado mais esse tempo todo e senti que cheguei no meu limite. Várias vezes tentei conversar com você, o que tenho pra te falar talvez mude tudo, mas não vou viver de incertezas e...

Antes de terminar de falar eu senti que o Ryan havia aproximado o seu rosto perto do meu, foi algo inesperado sentir seus lábios nos meus, eu não sabia o que sentir, meu corpo não correspondia de uma forma coerente, um frio percorreu por dentro. Eu senti meu rosto ficar entre suas duas mãos, seus polegares alisavam as minhas bochechas, seus dedos compridos ficavam tocando perto da minha orelha enquanto levemente pressionava meu rosto contra o dele, fazendo nossos lábios se fixarem mais. Aos poucos eu fui me entregando aquela reação, deixei nossos lábios deslizarem um sobre o outro, seu beijo era gentil e ao mesmo tempo intenso, senti aos poucos os movimentos dos nossos lábios deslizarem um sobre o outro. Eu estava entregue aquela situação, totalmente entregue a ele. Aos poucos senti que ele estava diminuindo o ritmo e estava afastando lentamente nossos lábios, ficamos assim por um tempo enquanto abrimos nossos olhos lentamentes, eu o encarei enquanto ele me olhava no fundo dos meus olhos.

– Eu me sinto exatamente da mesma maneira Rachel. Eu não quis te dizer isso porque você estava saindo com um garoto do colégio e talvez fosse apenas idéia da minha cabeça achar que você gostava de mim. Estava ficando cada vez mais difícil para mim a cada dia e me desculpa se foi você quem teve que ter essa atitude, eu só não queria me precipitar e te afastar de mim. Eu não sei como será daqui pra frente, não faço a mínima idéia,a única coisa que eu sei é que estou extremamente feliz em saber que sentimos a mesma coisa.

Ele fazia exatamente deixar meu coração gelado e quente ao mesmo tempo, era inesplicavel aquele tipo de sentimento, mas o Ryan sabia como fazer causar reações estranhas no meu corpo. Eu não queria dizer mais nada, eu queria apenas sentir o seu toque, seu cheiro, seus beijos, eu queria sentir ele. Era a única coisa em que eu mais queria naquele momento.

**

– Bom dia, está tudo bem? – Ele falou com uma voz rouca e preocupado.

A noite anterior tinha sido... incrível. Era a minha primeira vez, ele foi tão paciente e romântico, na verdade foi um tipo de experiência em que nos tornamos um só naquele momento, era o que eu pensava. Naquela noite eu tive a certeza que tinha valido a pena a nossa espera e principalmente que eu tenha me guardado para ele. Eu podia sentir ainda os seus beijos em minhas costas, ele foi gentil com seus lábios em todas as partes do meu corpo, ele não teve pressa em me explorar, era a primeira vez que ele me conhecia daquela maneira e também não tive pressa em conhecer ele, cada curva e cantinho. Aquele tipo de intimidade nós não tínhamos até então e hoje já era totalmente diferente. Eu ainda estava com um pouco de sono, mas eu o respondi.

– Bom dia, está sim. Você é incrível senhor Ryan. – Eu sussurrei enquanto me virava para ficar de frente para ele, seus dedos já estavam percorrendo a minha cintura enquanto sentia subir pelas minhas costas e ia até o meu ombro. Senti um leve arrepio e assim que percebi ele encostou o seu rosto no meu pescoço me dando breves beijinhos além de me acordar com vários selinhos.

– O que vai querer de café da manhã?

– Tenho essas regalias hoje?

– Sempre. – Ele me respondeu.

– Te amo!

– Também Te amo!

THE END


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