Survival Challenge escrita por Dama das Estrelas


Capítulo 9
Capítulo 9




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O pesadelo era uma realidade; algo que ela não conseguiria esquecer. Matthew, morto.

Daphne não acreditava naquilo. Ela não conseguia crer que, assim como Fred, o rapaz levara um tiro protegendo-a. Só que dessa vez, não resistiu ao ferimento.

A ruiva afogou-se em lágrimas. Mesmo sendo alguém que acabara de conhecer, ela ainda sentia a dor da perda de uma pessoa que salvou sua vida e a dos outros. Novamente, Daphne sentiu o peso da culpa recair sobre suas costas como uma avalanche.

Então ela correu até ele.

“Matt? Matt, não!”

Fred também se entristeceu. Ele ficou parado apertando seus punhos, e fechando os olhos, sentiu a lágrima cair em seu rosto.

Nada estava dando certo. O que era uma busca até a verdade, tornou-se uma tragédia. Aquilo era uma armadilha que a ruiva caiu facilmente.

“Daphne.” Ela sentiu o toque do namorado, o que a fez olhar para cima. “Nós... vamos acabar com isso. Vamos vingar a morte dele.”

“O q-“

“Enlouqueceu?!” Steve levantou, encarando o homem. “Olhe só para você, mal consegue andar! Como acha que vai fazer alguma coisa desse jeito?”

Ela olhou novamente para Matthew.

“Fale com seu namorado! Ele está maluco!” o velho persistiu, apontando com a mão.

“Fred, pare com isso.” Daphne levantou-se e olhou para ele. “Você não tem condições de continuar.”

“É claro que eu tenho!”

“Não!” ela ergueu sua voz “Nós vamos voltar e dar a esse homem que salvou as nossas vidas um enterro digno!” e apontou para o rapaz morto.

“É por isso que eu prosseguir, Daph! Acha justo deixar que ele tenha morrido em vão?”

“Não sabemos nem se há alguém por trás disso. Ir até o fim, se é que há um, pode ser perigoso demais!”

Novamente um som estranho foi ouvido em volta deles. Todos os três olharam em volta tentando identificar de onde vinha, mas não conseguiram.

“Mas que-“

De repente tudo apagou.

Os olhos do loiro abriram-se. Ele estava sonolento e cansado e seu corpo doía bem mais que antes.

“Argh...!” Fred tocou em sua nuca com a mão direita, sentindo um pequeno ferimento. Percebeu então que havia sido sedado. Olhou para si mesmo vendo que estava sentado num chão frio de concreto, e depois ao seu redor, notando o brilho do sol que vinha de uma pequena janela quadrada no canto superior esquerdo. Já era dia.

“Daphne?” Ele olhou em volta. Estava sozinho.

Com dificuldade o loiro se levantou, apoiando as mãos no chão e caminhou até a porta de metal. Não havia maçaneta, apenas uma fechadura, que a propósito estava trancada.

“Ei! Tem alguém aí?” Fred bateu na porta com os punhos cerrados. Mas nenhuma resposta.

“Droga!” ele afastou-se sem saber o que fazer. Então olhou ao seu redor novamente tentando achar algum modo de fugir; pela pequena janela seria impossível, já que esta estava com grades firmemente postas. Ele caminhou ao redor da sala para notar algo que pudesse usar em seu favor. Não havia qualquer rachadura visível nas paredes que mais pareciam ser de concreto puro, o chão estava sólido, e qualquer outra coisa que parecia ser de utilidade. Na verdade, não havia nada naquela sala, apenas a presença dele.

Mas o detetive não desistiu. Foi até a porta e continuou a bater mais forte e mais intensamente. Persistiu até seus braços latejarem de dor.

Novamente, sem resposta. Não demorou muito até que o desespero entrasse à tona. Ele mal tinha ideia de onde estava, muito menos sua namorada.

“Daphne. Daphne!” Ele continuou batendo até suas mãos ficarem vermelhas e inchadas.

“Não... Daph...”

A ruiva não sabia para onde estava sendo levada; seu rosto estava coberto com um saco de pano preto e suas mãos estavam presas. Sentia-se tonta e cansada, além de perceber que era carregada por alguém. Ela mal tinha como mover-se para sair daquela situação, então esperou pelo que iria acontecer em seguida.

Daphne ouviu uma porta que parecia estar à sua frente abrir. A pessoa que a carregava a deixou no chão logo depois, ouvindo passos ficarem distantes e a porta fechar novamente.

Ela ficou parada, de joelhos, apenas aguardando. E enquanto ficava imóvel, ela sentia algo no chão como se fosse uma espécie de carpete fofo; a sala estava fria, provavelmente por haver um ar condicionado. O ar era ameno, como se estivesse num escritório ou algo do tipo. Então ficou imaginando se tivesse saído daquela ilha.

A ruiva sentiu alguém se aproximar e retirar a corda que imobilizava seu braço, em seguida o saco que bloqueava sua visão. Quando acostumou-se à luz forte que vinha da janela, ela levantou e observou a figura de pé. Ela usava um grande casaco preto e usava o capuz para esconder parte de seu rosto.

“Q-quem” ela tentou ser firme ao falar “quem é você?”

“Você queria saber a verdade.” Uma voz masculina um pouco grossa tocou os ouvidos dela com intensidade. “estou apenas realizando seu pedido.”

Ainda um pouco fraca, Daphne se levantou e tentou dar um passo ao encontro dele, por mais que parte de seu corpo quisesse reagir ao contrário. O homem, notando a cação dela, também se aproximou, e os dois ficaram frente a frente. Foi então que a detetive conseguiu notar o rosto dele.

“Não pode ser...” ela sussurrou levantando sua mão em direção ao rosto dele. Mas de alguma forma o medo tomava conta dela.

“Há quanto tempo.” a voz falou de modo profundo e intenso.

“M-michael...?”

“E quem mais seria?” ele afastou-se dela erguendo os braços. “estou aqui, irmã. Vivo.”

O coração dela começou a acelerar. Sua mente ficou agitada e confusa. Ela tentava acreditar e não acreditar ao mesmo tempo. As únicas palavras que queriam sair de sua boca eram todas perguntas.

“O quê? Como?” a ruiva balançou a cabeça “eu não entendo.”

“Você não entende muitas coisas, Daphne. Sempre foi desse jeito.”

“Michael. Eu vi... eu vi você morrer na minha frente.”

“Fico decepcionado com minha irmã. Uma grande detetive que mal sabia que seu irmão estava vivo esse tempo todo.” Ele foi até sua mesa e encheu um copo com uísque. “não foi fácil ‘morrer’ daquele jeito, sabe?” disse irônico “aquilo deu um grande trabalho não apenas meu como do cara que atirou em mim, dos médicos que levaram meu corpo e outros tantos.” Quando terminou bebeu um gole.

Daphne não conseguia administrar o que ouvia da boca dele.

“Percebe... o que está dizendo?”

“Estou dizendo a verdade.”

“Por que forjou a própria morte?” ela perguntou indignada “Por que me trouxe até essa ilha, e... por que está fazendo tudo isso?”

“Você pergunta demais, Daphne.” Ele bebeu mais “Fiz isso porque eu quis.” Então aumentou sua voz “Eu quis sair daquele mundinho em que me encontrava. Já não aguentava mais viver daquele jeito. Por fim, estou aqui.”

“Suas palavras não fazem sentido algum.”

“Demora tanto assim para você entender algo?!” ele gritou “Você é ingênua demais para perceber tudo isso que eu fiz!”

“Você fez aquilo tudo? Os assassinos...” ela fez uma pausa, pensando “aquela bomba no restaurante... não posso acreditar. Você quase matou a mim e a Fred!”

Michael balançou a cabeça, rindo.

“Falando nisso, onde ele está?”

“Seu namorado? Não sei... deve estar por aí: preso ou morto, uma das duas opções.”

Daphne ouvia cada palavra que seu irmão dizia com espanto e temor; parecia que o homem com quem conversava não fosse mais a pessoa que há anos era considerada por ela como um herói. Era como ele se estivesse de frente à criatura mais horrenda e vil.

“Eu tenho tantas perguntas, mas, mesmo que eu as fizesse não seriam suficientes para esclarecer minhas dúvidas. Por isso só lhe faço apenas uma: Por quê?”

“Há muito mais coisa envolvida.” Ele fez uma pausa “Eu quero mudar o mundo, Daphne. E queria que você fizesse parte dessa mudança. Aqueles eventos envolvendo você e seu namorado foram praticamente um teste.”

“Aquilo não foi um teste, Michael,” a ruiva falou interrompendo-o “foi tentativa de homicídio!” ela aumentou a voz.

Michael a encarou com olhos frios. Sua irmã nunca havia o visto daquela forma. Com certeza aquele não era mais o Michael de anos atrás. Seu olhar durou poucos segundos, mas mesmo assim ela percebeu a situação.

O homem depois mudou seu semblante para um sarcástico, novamente.

“Pense como quiser. E pelo visto, parece que você não foi tão mal assim, está viva!” ele arqueou as sobrancelhas, zombando.

“Eu quero vê-lo.” Daphne disse num tom firme, apertando seus punhos.

“Por que acha que está em condições de exigir algo?” deu de ombros.

“Vai me atender?” ela cruzou os braços;

Michael a encarou, seguindo até sua mesa e pegando um telefone sem fio.

“Traga ele aqui.” Então pôs o aparelho de volta ao seu lugar. “Satisfeita?”

Daphne novamente cruzou os braços.

“Deve ser um sim.”

Três minutos se passaram e a porta abriu. Dois homens trouxeram Fred preso por cordas em suas mãos. Ele estava atordoado e sem forças ainda, como se o tivessem drogado. Eles o empurraram, e o loiro caiu no chão.

“Fred!” a mulher no mesmo momento foi ao seu encontro. Os indivíduos foram embora, deixando apenas os três na sala. Quando o loiro conseguiu ficar de pé, o irmão de Daphne resolveu falar.

“Agora que estão aqui, podemos fazer um acordo.”

“Acordo?” Fred perguntou, desconfiado.

“Não queria ficar falando com mais uma presença.” Michael dirigiu seu olhar para o loiro, que logo percebeu. “Mas como não tenho escolha, vou ser direto.”

Os dois detetives entreolharam-se.

“Daphne. Fique comigo e seja minha sócia.”

“Sócia? Não me diga que fez aquilo apenas para um convite estúpido!”

“Minha irmã... aquilo foi mais do que algo simples. Eu queria saber se você estava capacitada.”

“Eu repito: você quase matou todos nós! Inclusive Steve, e... Matthew.”

“O garoto? A culpa foi dele mesmo. Mandei que fossem embora e acabou naquilo.”

Michael virou-se de costas para os dois. Ele apertou os punhos e fechou os olhos; começava a ficar irritado.

“A propósito... onde está Steve?” Fred de ombros.

O homem não respondeu.

“Michael-”

“Calem-se!” ele gritou, e dando dois passos à frente deles, continuou. “Serei bem claro, Daphne. Minha proposta é que você seja minha parceira daqui em diante.”

Daphne ficou quieta por alguns segundos, tentando entender a gravidade daquelas palavras que mais pareciam ser uma piada.

“Do que está falando?”

“Foi isso que eu disse. Seja minha sócia.”

“Acha que mesmo depois de disso, que eu ainda vou me juntar a você?! Está louco!”

“Não acho que você tenha muitas opções.”

Michael abriu seu casaco, tirando um objeto e apontando para Fred. Era uma arma.

“Que diabos?” o loiro disse, pego de surpresa.

“Você tem razão, Daphne. Não viria aqui passando por todo aquele sofrimento para chegar aqui e negar minha proposta, não é?” seu irmão girou o barril do revólver.

“Não faria isso.”

“Já viu que eu fiz tudo isto. Por que eu hesitaria em tirar mais uma vida?”

A ruiva sentiu o poder daquelas palavras. Ele não estava mentindo.

“Michael.” Ela falou levantando suas mãos para acalmá-lo “Por favor, podemos resolver de uma forma melhor.”

“Daphne.” Seu namorado disse, olhando para Michael. O tom dele já demonstrava que a conversa não daria certo.

“Veja só. Parece que o rapaz aqui percebe que o melhor é que você venha comigo.”

“Eu não disse isso.” Fred falou curta e claramente.

“Acho que não ouvi direito.”

“Foi justamente o que eu falei.” Corajosamente, o loiro deu um passo para frente. Seu rosto não mostrava um sinal de medo sequer.

“Freddie?” a ruiva o estranhou. Ela preocupava-se ainda com o recente ferimento que ele sofrera horas atrás, temendo algo pior.

O irmão de Daphne abriu um sorriso irônico.

“Soube que você teve um pequeno incidente, não é, Fred?” Michael apontou a arma para o estômago dele “Não sei se ia querer sofrer novamente.”

“Isso é uma ameaça, Michael?” Fred perguntou ainda confiante.

“Poderemos evitar qualquer problema se minha querida irmã concordar em vir.”

O loiro olhou para ela.

“Você fica, certo, Daphne?”

A ruiva observou o namorado, depois encarou o irmão com tenacidade, mesmo sabendo que um dos dois poderia pagar por isso.

“Nunca pensaria em me juntar a ele, Fred.”

“Viu só, Michael? Você pode acabar com minha vida, fazer o que quiser... mas, não acho que sua irmã deva mudar de ideia.” Fred lançou um sorriso desafiador.

“Pois bem. Vejo que mesmo assim não tenho escolha.”

“Não!” a ruiva gritou, estendendo a mão.

Os dois não tiveram tempo de reagir. Imediatamente o homem de cabelos castanhos estendeu a arma para Fred novamente e pressionou o gatilho. O loiro fechou os olhos, esperando o pior... que não aconteceu. Então abriu os olhos, e viu Michael olhando para sua arma.

“Mas, que coisa! Fiquei tão distraído, que me esqueci de recarregar o revólver.” Ele disse, dando uma risada sádica.

“Daph?” Fred sussurrou para ela. A ruiva já sabia que ele planejava algo para que pudesse escapar dali.

Eles pegou as balas de seu próprio bolso, colocando-as na arma. Mas antes que pudesse atirar, a porta abriu, revelando ser um dos guardas dele.

“Temos problemas.”

A feição de Michael mudou imediatamente ao ouvi-lo. Daphne viu a cena, e estremeceu com seu rosto. No estado em que se apresentava, ele poderia agir imprevisivelmente e a qualquer momento.

“Não é irritante quando se está prestes a fazer algo e, de repente, tudo acontece para atrapalhar seus planos?” Michael disse num tom ligeiramente decepcionado.

O casal fiou em silêncio.

“Sinto muito que as coisas chegaram até esse ponto, Daphne. Infelizmente, não será hoje que sairemos juntos daqui.”

“E você ainda achava que eu iria com você?” a ruiva indagou.

“De um jeito ou de outro.” Ele começou a caminhar em direção à porta, e respectivamente, em direção até os dois. “Mas antes, vou terminar o que comecei.”

O homem não esperou mais. Ergueu novamente a mão que carregava o revólver, e sem hesitar, atirou.

As coisas aconteceram rápido demais. Fred mal viu o que acontecera, já que caiu no chão devido ao empurrão que Daphne provocara nele. Por milésimos de diferença, a ruiva salvou a vida dele, sendo atingida pelo disparo.


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