My Songs, My Life escrita por Flame


Capítulo 8
Feelings


Notas iniciais do capítulo

Aí galera, capítulo novo com menos de uma semana. Milagre, uhul!
Mais uma vez, gostaria de agradecer a todos que estão lendo e também a Sofhi-chan que comentou novamente (desculpa, não consegui responder seu comentário, linda, mas fiquei feliz).
E atenção pessoal, eu esqueci quando postei a história aqui logo no início de colocar algumas tags. Alguns capítulos da história serão picantes, só avisando aí que coloquei tags como ecchi porque faltou e vai ter ecchi sim
(e se reclamar vai ter hentai também #sqn)
Boa leitura.



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Os ventos continuam a soprar e o tempo não para de passar. Nenhum uma voz é escutada. Nem minha, nem de Len. Será que eu realmente fiz a coisa certa? Por que ele não diz nada? Está confuso? Está envergonhado?

Eu não sei... Para ser sincera, eu não sei nem de mim mesma. Estou morta de vergonha e disso eu tenho certeza quase absoluta. Minhas pernas parecem começar a ficar bambas. Desço então da ponta dos pés, mas mantenho minha cabeça baixa, vejo apenas seus pés junto aos meus. Ele não move um músculo sequer. Permaneço com minhas mãos em seus ombros.

Vamos, por favor, diga alguma coisa! Não me deixe aqui sozinha nesse silêncio! Eu sinto que vou morrer!

Comprimo meus lábios, engulo um pouco do excesso de saliva que se acumulou em minha boca pelo nervosismo. Abro lentamente a boca como se fosse respirar, mas algumas sílabas acabam escapando:

–Hm... Hum... Eu...Falo sério...

–Sei... -ele finalmente deixa algo escapar.

Escorrego minhas mãos dos seus ombros quando os sinto ficarem mais rígidos. Uno minhas mãos e tento achar algo para dizer. Ele não diz mais nada depois desse “sei”. Começo a sentir algo ruim dentro de mim, algo no meu estômago. Quero acabar com isso.

–Bem... Se for tudo o que vai dizer....-tento dizer algo.

–É...

–Então obrigada por me ouvir.

Dou meia volta sem sequer olhar para seu rosto e saio correndo. Ele não disse nada. Ele não respondeu nada. Ele preferiu o silêncio. E ainda me disseram que o pior que poderia acontecer era ele me dizer não.

Eu fui uma idiota!

Como eu vou conseguir encara-lo agora? Estou morrendo de vergonha. Como eu vou poder chegar para ele e dizer “bom dia” naturalmente, na segunda? Será que nossa amizade ficará na mesma? Será que nunca mais nos falaremos?

Meu Deus... Eu só quero desaparecer.

Não quero parecer dramática, mas se ele realmente gostasse de mim, mesmo nervoso ou com vergonha, ele demonstraria alguma coisa. Ele estando confuso e gostando de mim, ficaria todo atrapalhado e gaguejaria, se embolaria nas palavras e tudo.... E ele nem disse nada. Sequer uma palavra completa.

Ele foi extremamente frio...

Nunca exigiria que ele retribuísse meus sentimentos e nunca vou cobrar isso. Eu ficaria muito satisfeita numa friendzone. Eu posso nunca ser sua namorada, nunca ser sua amante, nunca experimentar dele como eu quero, mas eu só quero poder estar do seu lado.

Mas talvez, a partir de agora isso não seja possível.

Corro quase que sem rumo pela escola, subo as escadas e acabo parando no corredor da sala do clube. Previsível. Mesmo não prestando atenção em para onde estou indo, eu ainda sigo uma linha de ciclo vicioso de vir para cá todos os dias. E de qualquer forma ainda tenho que pegar minha guitarra.

Entro na sala e vejo que já está vazia. Miku foi para casa, provavelmente Gakupo foi com ela. Acho que ela que acabou se confessando no lugar dele. Espero que tenha dado certo. Luka e Kaito também não estão aqui. Espero que já tenham ido para casa ou estejam assistindo alguma apresentação.

Droga... Acabei me esquecendo de assistir a apresentação de Gumi...

Olho pela janela e vejo que está começando a fica nublado. Vejo também uma silhueta andando em direção do portão principal, aquela pessoa de cabelos loiros esvoaçantes. Ele está indo embora e estou aqui sozinha...

Você foi tão frio...

Poderia ter ao menos ter dito um “não”.

Eu...

Ué, por que meus olhos estão ardendo tanto? Estou... Chorando? Chorando por causa de um garoto? O quão idiota eu posso ser? Mas...

Eu te amo tanto...

Encosto-me à parede ao lado da janela e desço gradativamente até estar sentada no chão. Abraço minhas pernas e encosto minha cabeça em meus joelhos. As lágrimas caem sem parar. Sinto-me cada vez mais idiota por chorar por isso.

Eu já chorei pela perda de meu avô, já chorei quando meu pai estava no hospital, chorei quando minha mãe estava na mesa de cirurgia, chorei quando Teto quebrou o pé na quinta série, chorei pelo meu falecido gato, mas chorar por causa de um garoto... Não posso dizer que nunca aconteceu, pois quando terminei meu antigo relacionamento eu chorei muito.

Mas nunca pensei que isso fosse acontecer depois de eu ter crescido e amadurecido tanto. Talvez eu não esteja chorando porque não tive a oportunidade de ficar ao lado dele, mas sim de perder nossa amizade. Da nossa relação mudar. E era isso que eu temia desde o início.

E as lágrimas continuam descendo. Meu corpo começa a sentir frio e minha voz não quer sair. Começo a soluçar e engasgar-me com meu próprio choro.

Eu ainda te quero tanto.

Eu ainda te amo tanto.

Estou me contradizendo. Eu quero continuar sendo sua amiga, mas eu quero estar do seu lado como sua amante. Eu quero amar você. Quero beijá-lo e abraçá-lo deliberadamente. Quero satisfazer todas as minhas vontades ocultas com você. Quero torna-lo meu e não quero o dividir com ninguém.

Porque eu te amo.

Quanto tempo deve ter passado? Meia hora? Creio que mais ou menos isso. Paro de chorar e seco meu rosto, meus olhos estão coçando e ardendo muito, meu nariz está cheio, meu rosto e lábios queimando. Sempre fico assim quando choro. Pego um lenço de papel e assuo o nariz. Vejo pela janela e está chovendo, assim como meus olhos. Resolvo não levar minha guitarra para casa nessa chuva e deixo minha amiga na sala ao trancá-la.

É, acho que pegar uma chuvinha vai salvar meu humor.

Desço lentamente as escadas e percebo que as apresentações acabaram juntamente com o festival do fundador. O dia foi tão atribulado que nem consegui ouvir comentários sobre a nossa apresentação. Acho que quando chegar em casa devo procurar saber das meninas.

Todos saem correndo da escola, a maioria das pessoas sem guarda-chuvas. É mais uma daquelas chuvas inesperadas na transição de primavera para verão. Assim como a maioria, eu também não trouxe guarda-chuva nem capa de chuva, sequer tenho um casaco para por na cabeça. Acho que para mim está tudo bem pegar uma chuvinha, ainda é de tarde, o máximo que pode acontecer é que eu pegue algum pequeno resfriado.

E eu estou pouco me importando com isso.

Saio da escola a passos lentos. Também não estou com pressa para chegar em casa. Não estou com vontade de nada, não quero nada, não quero sentir nada.

Nada= Vazio Vazio= Falta Falta de som =Silêncio.

Silêncio... Maldito silêncio.

Estou prestes a virar uma esquina quando sinto um toque suave no meu obro. Fico um pouco assustada, mas não demonstro, nem viro para ver quem é, apenas sinto um guarda-chuva acima da minha cabeça.

–Onde pensa que vai nessa chuva? –Kaito me pergunta se aproximando de mim.

–Estava indo comprar um guarda-chuva na loja de conveniências lá em baixo. –minto sem virar meu rosto.

–Podia ter me chamado. Ou chamado alguém, não queremos mais um membro resfriado.

–Eu não estava com paciência. Queria vir logo. Meu celular descarregou, quero chegar em casa logo e saber da Miku.

–Ela está bem. O Gakupo está na casa dela.

–Ela se confessou?

–Eles o fizeram ao mesmo tempo.

–Que bom, estou feliz por eles. Bem Kaito, você já pode ir. Obrigada por se preocupar comigo, mas eu assumo daqui, vou ali e compro um guarda-chuva, certo?

–Eu vou com você. –ele segura meu braço.

–Eu já disse que não precisa. –sou um pouco grossa e solto o braço.

–Poxa, eu só queria lhe ajudar. Não precisa ser tão fria.

Fria...

Nunca seja para os outros, o que não quer que sejam para você.

–Desculpa Kaito. Desculpa mesmo. –viro gradativamente para ele com a cabeça baixa.

–Você me pedindo desculpas? Isso é tão raro. É por isso que está chovendo?

–Desculpa... Bakaito... Desculpa... Eu só estou... - digo meio engasgada, ainda com a cabeça baixa.

Eu não posso chorar na frente dele.

–Rin... –ele segura meu queixo e levanta meu rosto- Você andou chorando?

–Não lhe interessa... –e as lágrimas voltam a cair.

Ele não pergunta o que houve nem nada a respeito. Não porque ele sabe o que aconteceu, na verdade ele nem sabe. Pode até supor por saber dos meus planos, mas não sabe ao certo o que aconteceu. Kaito apenas larga o guarda-chuva e abraça meu corpo encharcado.

Nunca o deixei chegar tão perto. Sempre fiquei incomodada com seu contato corporal. Mas agora, tudo o que eu preciso é realmente de um abraço. Não importa de quem seja. Eu só queria ser abraçada.

E Kaito faz isso. Abraça meu corpo de uma maneira tão forte que parece que vou sufocar. Pela primeira vez sinto seu verdadeiro cheiro. Agarro o tecido do blazer do uniforme. Engasgo com meu próprio choro tentando dizer algo, até que finalmente eu consigo dizer:

–Eu o perdi. Eu fiz uma besteira enorme!

–Calma. Você não perdeu nada ainda.

–Eu fui rejeitada Kaito.

Separamo-nos, mas ele não solta os meus ombros. Ele encara meus olhos e eu não consigo desviar o olhar, ainda seguro lágrimas, parecer fraca na frente de alguém que sempre quis se aproveitar das minhas fraquezas é tão ridículo.

–Você se confessou? E o que ele disse?

–Ele não disse nada. Não fez nada. Eu sei que silêncio é sinal de rejeição.

–Você não pode se basear só nisso. Vai ver ele estava apenas com vergonha.

–Eu sei como o Len fica quando está com vergonha. Nem a orelha dele ficou vermelha. Ele foi extremamente frio!

–Entendo... Você deve amar muito mesmo esse cara. Nunca te vi assim além daquela vez que você teve que refazer a prova de matemática uns três anos atrás.

–Nem lembra isso. Mas, a questão não é ser rejeitada e sim como vou encará-lo de agora em diante. Será que tudo vai continuar como antes? Eu duvido muito.

–Bem, isso você só vai saber no dia-a-dia. E se ele realmente te der um gelo então vocês não eram para serem tão amigos assim.

–Eu fui uma idiota em arriscar uma das minhas melhores amizades. –digo quase voltando a chorar.

–Não, você foi corajosa. Você, o Gakupo, a Miku. Se não for então é porque não era para ser. Desde o início... –ele limpa uma lágrima minha com o polegar- Eu achei que ele não te merecia.

Na verdade, Len disse o mesmo uma semana atrás. Sigo o caminho para a loja de conveniências debaixo do guarda-chuva de Kaito ao seu lado. Faço um levantamento de todas as conversas que tive com Len e todas as pistas de que ele supostamente gostaria de mim.

–É se fosse eu, acharia a mesma coisa. – o azulado diz secando as bordas da roupa enquanto compro o guarda-chuva.

–É por isso que estou confusa.

–Sabe Rin, eu passei por algo parecido hoje. Tinha uma garota que gostava de mim no primeiro ano, mas eu não dei muita bola pra ela na época. Hoje eu tentei me aproximar dela, chama-la para sair e até mesmo beijá-la, mas ela me deu um baita pé na bunda.

Lily-senpai. É dela que ele está falando e eu sei disso porque eu vi. Então ela realmente gostava um tempo atrás. Mas o que o fez ir atrás dela só agora?

–E você está preocupado com isso? –digo ao sairmos da loja- Quero dizer, você sai com qualquer garota que lhe aparece. Você deve ter beijado todas as garotas do colégio só para se divertir.

–Eu não beijei todas. Nunca beijei você.

–E vai continuar sem beijar, idiota.

–Então é essa a imagem que todos têm de mim? Um baita mulherengo que não se preocupa com os sentimentos das pessoas?

–Exatamente- digo sem piedade.

–Isso cruel. Mas tem uma razão para isso. –ele começa a parecer sério, o que é raro- Na época do fundamental, tinha uma garota linda, inteligente, pavio curto. Cara, como ela era linda, aposto que ainda é. Eu fiquei apaixonado no momento que a vi. Mas ela me rejeitou se pensar duas vezes. Acabei ficando bem para baixo na época, todas as garotas me queriam, mas eu não dava bola para nenhuma delas, isso tudo porque eu só queria aquela garota.

–Todas as garotas não, eu nunca te quis. –chega a ser frustrante admitir que isso seja uma mentira, já que tive uma pequena queda por ele no passado.

–Não banque a durona. Estou tentado contar meu trauma de vida aqui. –ele diz sorrindo.- Para tentar deixar a garota que eu gostava com ciúmes, comecei a sair com várias garotas.

–E deu certo? –pergunto curiosa.

–Não, pelo contrário. Não demorou muito até ela arrumar um namorado. Foi aí que eu fiquei realmente mal. Desisti de sair com as garotas para fazer ciúmes a ela, mas sim para substituí-la. A verdade é que, pessoas são insubstituíveis.

–E você continua com isso?

–A Lily parece bem com essa garota, em praticamente tudo. Mas resolvi rejeitá-la quando soube que a garota que eu amava tinha terminado seu relacionamento. Mesmo assim, não consegui a garota. Voltei a sair com várias garotas.

–Isso significa que você nunca conseguiu seguir em frente. Logo você. Achei que você fosse à pessoa mais inteligente do mundo. Sofrer por alguém faz qualquer um parecer burro.

–Isso é porque os sentimentos transcendem a lógica e a ciência. É uma coisa muito instintiva para que nós controlemos. –ele diz sorrindo.

Como esse bastardo consegue dizer isso com esse sorriso no rosto?

O pior é que ele está certo. Como sempre.

A chuva começa a parar e estamos quase que chagando no meu bairro. Foi estranho conversar com Kaito sem perceber o tempo passar. Deve ser pelo fato que eu não conhecia suas fraquezas.

–Então Rin-chan –ele continua seu discurso- Eu não devo ser a pessoa mais apropriada para dar conselhos amorosos mas, se ele tiver realmente lhe rejeitado, não esquenta com isso. Vai se divertir um pouco, saia com seus amigos, conheça uns caras, beije algumas bocas e encontre um amor que valha a pena. Converse com o Len e diga que apesar de tudo ainda quer ser amiga dele. Vá em frente e seja feliz. Afinal, você é linda demais para acabar com seu rosto chorando.

–Nossa muito obrigada Kaito. Muito obrigada mesmo. Por tudo. Desculpa por ter tomado seu tempo. É constrangedor ter que admitir suas fraquezas para alguém então eu sei que deve ter sido difícil para você contar tudo isso para mim.

–É, pode ter certeza que foi. Eu não consigo medir meus batimentos. –ele diz fechando o guarda-chuva.

–Isso é porque você é um baterista.

Depois dessa conversa, nos despedimos. Não posso negar que a conversa com Kaito me motivou de verdade. Não vou dizer que diminuiu meu nervosismo nem nada, mas me deixou mais confiante.

Afinal, todos sabem que relacionamentos adolescentes são instáveis. Nem todos os casais que começam no colegial vão em frente pelo resto da vida. Sabe-se lá quanto tempo eu passaria com Len.

Se eu conseguir me apaixonar por outra pessoa, como será?

Tento pensar na possibilidade, mas parece que meu coração não quer deixar Len.

De algum jeito, o final de semana passa rápido, já que se resume praticamente apenas ao domingo. Fico sabendo que Miku terá que ficar mais dois dias de repouso, mas que não perderá ensaios do clube, já que vamos descansar um pouco do festival.

Ao sair na segunda, coloco uma música calma para ir para a escola. Não quero me sentir estressada ao encontrar Len e abrir o jogo. Mas mesmo dessa forma, minhas pernas travam ao chegar ao portão. Mordo meu lábio inferior e me encorajo a entrar.

Troco meus sapatos rapidamente e vou para a sala com as articulações rígidas feito um robô enferrujado. Trêmula, abro a porta de correr do fundo da sala, Len já está na sua carteira. É um milagre vê-lo na sala antes de mim. Ele está distraio olhando pela janela, isso é quase que diário para ele.

Antes que eu possa chegar a minha carteira, sou quase que literalmente atacada por vários colegas. Todos comentando sobre a apresentação de sábado. Eles ficam dizendo que fui incrível e que cantei bem. Claro que todos esses elogios me deixam feliz, mas agora estou focada em algo que não posso desfocar.

Tentar chegar perto de Len é difícil, mas quando finalmente chego a minha carteira, ele continua a olhar pela janela. Continua indiferente, ignorando a minha presença, como se eu fosse algum fantasma. Imagino se minha declaração soou tão ofensiva assim.

Fico tão trêmula e nervosa que passo o dia sem conseguir dizê-lo o que quero dizer. Que quero continuar sendo sua amiga e que também quero que ele aja como se eu nunca tivesse dito nada, como se a declaração nunca tivesse ocorrido. Mas o dia passa e eu não consigo dizer uma palavra.

Não temos atividades no clube hoje, então chego mais cedo em casa. Minha mãe continua na clínica e meu pai dá aulas a noite hoje. Alimento meus cachorros e troco a água dos gatos. Ainda tem um bom tempo até que meus pais cheguem, decido então, tomar um bom e longo banho.

Na banheira, reflito sobre tudo o que aconteceu desde que conheci Len. Como me apaixonei como desenvolvemos a amizade, como eu ficaria se não falasse mais com ele e o que aconteceria caso começássemos a namorar. Tentar seguir o conselho de Kaito não é má ideia, mas eu nunca fui o tipo de garota que fica experimentando vários garotos. Eu ainda faço o tipo romântico, além de ser tímida ao ponto de congelar na frente de um menino bonito.

Também, imagino como ficarei caso consiga a amizade de Len de volta. Agora não estamos nos falando, não nos falamos o dia inteiro, sequer trocamos olhares. Isso é ridículo, isso me machuca e me destrói, até porque, isso tudo é culpa minha. Mas, caso eu realmente consiga sua amizade de volta, será que eu iria ficar satisfeita com isso? Que eu quero ficar perto dele isso é fato, não quero ficar indiferente com ele e também não quero que ele continue com isso, mas se voltarmos a ser amigos, ainda conseguiríamos encarar um ao outro sem pensar em outras coisas?

Eu certamente não. Quanto mais fico perto dele, mais perto ainda eu quero estar. E quanto mais longe, essa vontade acaba se tornando ainda mais avassaladora. Eu simplesmente não posso ficar sendo sua amiga sem deseja-lo.

Eu já coloquei na minha cabeça que o quero.

Deixo meus pensamentos de lado, saio da banheira e enrolo-me em uma toalha branca. Vou até meu quarto e começo a secar meu corpo. Depois me enrolo novamente na toalha e jogo-me na cama. Não tenho vontade de fazer nada. A água quente e todos aqueles pensamentos me deixaram tonta e com sono.

Volto a pensar em Len. Começo a achar isso insuportável, mas não consigo evitar, é como se a imagem dele se projetasse na minha frente do nada. Penso em cada parte mínima que o compõe. Seus cabelos loiros soltos, um pouco a baixo do pescoço. Pescoço esse que cheira a colônia masculina misturado com xampu, seus olhos azuis, seus ombros largos, seus lábios corados que nunca cheguei a experimentar.

Len...

Sua personalidade apagada, mas seu jeito divertido que agora se mostra tão diferente. Seu jeito despreocupado que sempre me preocupou, o jeito que usa a mão esquerda para escrever, o jeito que prende o cabelo, o jeito que folga a gravata nos dias mais quentes. Tudo nele, eu reparo tudo nele.

Eu amo tudo em você Len...

Queria que você ficasse comigo. Queria que fosse meu, queria também que me possuísse que me fizesse sentir tão bem de uma maneira que nunca me senti. Eu faria você se sentir bem também, tão bem que nunca mais precisaria olhar para nenhuma outra garota.

Penso em Len de diversas formas e meu corpo começa a ficar quente. Eu posso ser uma garotinha apaixonada, mas eu também tenho desejos. E quanto menos a probabilidade desses desejos se consolidarem, mais intensos eles ficam. E meu corpo fica cada vez mais quente.

Uma das minhas mãos circunda minha boca. Toco meus lábios de maneira gradativa e lembro-me de como são sensíveis. Quanto tempo tem que eles não são beijados? Dois anos? Essa sensação é nostálgica, mas eu não queria senti-la com meus dedos.

A minha outra mão desce pelo meu corpo. Aí sim fico com vergonha de admitir o que estou fazendo. É tão errado. Se Len soubesse disso iria me odiar pelo resto da vida. Iria achar que sou uma pervertida depravada. Mas eu não posso evitar.

Afinal, já estou ensopada.

Meus dedos fazem um trabalho frenético em minha intimidade, enquanto minha cabeça parece não funcionar. É ridículo admitir, mas isso é muito bom.

–Len...

Você me deixa desse jeito. Estou desejando seu corpo junto ao meu.

Quero me tornar uma com você.

Se isso é errado, deixa-me com ainda mais vontade.

Eu te quero. Te quero em mim.

Quero tanto que não consigo mensurar.

–Ah... Len...

É bom... É tão bom... É incrível...

Vem ser um comigo! Vem sentir-se bem comigo!

Seja meu! Eu te quero!

Eu te amo!

–Aaah... –um último gemido escapa da minha boca.

Minhas pernas se contraem e apertam meus dedos, que continuam entre elas. Uma sensação ardente invade meu corpo inteiro. Jogo minha cabeça para trás em resposta a essa sensação.

Então é isso que chamam de orgasmo...

Um orgasmo deprimente.

Sinto tanta vergonha de mim mesmo que saio da cama rapidamente a procura de roupas. Nesta mesma noite, vou para a cama mais do que cedo. Estou com vergonha de mim mesma. Sou uma pervertida apaixonada.

Ir para a escola nos dias seguintes segue como uma completa chatice. Fico com ainda mais vergonha de olhar para o rosto de Len. Afinal, eu estava gemendo seu nome em minha cama enquanto me masturbava ao pensar nele. O que é mais deplorável que isso? É ridículo, é perturbador!

Antes que percebemos, já é sexta-feira novamente. Miku já voltou para o clube e já está bem. Nós já voltamos a nossas atividades, nós quatro. Mas ainda não falei nada com Kaito, afinal, não tenho nada para falar. Nesta sexta, acabou que eu e uma garota da sala com quem não falo muito, ficamos com a limpeza da sala.

Como essa garota é preguiçosa, acabo fazendo todo o trabalho sozinho e ela vai para casa mais cedo. Não me incomodo com isso, assim posso limpar a sala ouvindo música. Deixando-me levar pelos meus devaneios.

Acabo perdendo a noção do tempo na limpeza e me atraso para ir para o clube. Antes que eu perceba, Kaito já está lá me esperando na porta da sala.

–Desculpa. Atrasei-me.

–Está tudo bem. Vamos?

–Sim, vamos.

A maior parte do caminho até a sala é feito em silêncio, até que, quando chegamos ao prédio dos clubes, ele decide perguntar:

–E aí, falou com ele?

–Com o Len? Bem, passamos a semana inteira sem sequer trocarmos olhares.

–Ah, entendo. Então vai ficar nessa?

–Não quero, mas tenho medo de que se voltar a ser amigos, eu acabe me apaixonando cada vez mais por ele.

–E por que você não abre o jogo para ele?

–Porque eu não tenho coragem suficiente para isso.

–Poxa, que pena. Você já devia ao menos tentar uma pequena tentativa.

–Bem Kaito, eu meio que já aceitei. –subo uns degraus a sua frente.- Eu fui abandonada e agora rejeitada. Talvez eu não tenha sido feita para amar.

Digo isso com um sorriso sucinto enquanto o azulado olha para mim com um olhar espantado e diz:

–Não diga isso.

–Dizer o quê?

–Não diga que não serve para amar. Você é bem egoísta, Rin-chan.

–Aonde quer chegar?

–Você só quer amar quem lhe inspira a paixão. Sequer liga para outras pessoas que lhe amam, ou que lhe amaram.

–Kaito, eu não entendo.

Ele sobe um degrau e agarra minha cintura. Acaba dizendo:

–Se você continuar dizendo que não serve para amar... Eu vou lhe amar de verdade.

Fico confusa e nervosa o bastante para sentir meu corpo amolecer. Eu realmente não entendo o que ele quer dizer até ele dizer:

–Para ser mais claro... A garota que eu gostava no fundamental... Era você, Rin-chan.

Antes que eu possa dizer qualquer coisa...

Shion Kaito me beija.

...

Continua...


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Notas finais do capítulo

Só uma notinha:
O casal RinxLen não morreu.
Se quiserem saber o que acontecerá, continue lendo.
Beijos!