O mundo secreto de Alice Slaski escrita por lettshine


Capítulo 5
Capítulo 4 - Phantoma


Notas iniciais do capítulo

Bem,não deu para lançar todos os capítulos de uma vez, então eu vou compensar no sábado, ok? Sorry por não ter conseguido cumprir minha promessa. Ainda assim,espero que gostem do capítulo. Boa leitura!/lett



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/592531/chapter/5

No meio das sombras, dois vultos escuros se esgueiravam pela noite, evitando a iluminação dos postes. O homem alto e magro de cabelos brancos fitou a casa na sua frente.

– Como imaginei, ele não está aqui.- ele sussurrou para si mesmo. Observando de rabo de olho o vulto pequeno ao seu lado, perguntou-Você está pronta?

– Eu nasci pronta.

– Então eu vou marcar você. – Solomon começou a fazer uma insígnia nas costas da mão de Alice com uma estranha mistura arroxeada, que queimava a pele da garota- Não se preocupe. No minuto em que tudo isso acabar, não vai sobrar sequer uma cicatriz.

– Desde quando eu me importo com cicatrizes? – o idoso deu de ombros. Retirou um objeto cilíndrico da mochila e a entregou, junto com uma shotgun carregada, dizendo:

– Eu sei que armas de fogo não são seu forte, mas você tem a capacidade de fazer isso.

– Tá, tá, obrigada pela confiança e tal, mas vamos logo antes que eu recupere minha sanidade.

Ele pôs- se a entoar uma prece em latim, ativando o símbolo na mão dela. Alice entrou na casa escura tão silenciosamente quanto um gato. Logo a antiga dona da casa veio ao seu encalço.

Os humanos comuns são tolos ao acreditar que os fantasmas são exatamente iguais ao momento em que morreram. Nesse caso, haveriam motivos para realmente temer fantasmas. Não deve ser divertido ver alguém com a cabeça quase se separando do pescoço, tipo o Nick Sem Cabeça. Mas fantasmas são manifestação das almas no ápice da vida de qualquer pessoa. Então, a Ruby Owtermann que atacou Alice era na verdade uma mulher de olhos e cabelos claros, no auge da juventude.

Alice odiava fantasmas do fundo do coração. Primeiro, eles eram consideravelmente fracos, o que até mesmo tinha causado estranhamento na garota pelo fato de Solomon não ter conseguido lidar com uma mera aparição. Segundo, eles não tinham matéria, então não era exatamente fácil lutar com eles corpo a corpo, que era infelizmente a especialidade dela.

Quando Ruby a atacou, Alice jogou o cilindro na oponente. Como era de se esperar, o objeto atravessou a fantasma sem causar dano algum. Alice então sacou a arma de fogo, mirando aparentemente na cabeça de Ruby. O projétil atravessou a cabeça dela, acertando o cilindro, que explodiu, lançando água benta em todas as direções. Ruby, que estava agarrando o pescoço de Alice, se contorceu em dor ao ser atingida pelos jatos de água.Aproveitando a oportunidade, a Caçadora tocou a testa da rival, consolidando o Selo.

Ela quase se arrependeu disso. O espírito tentou se apossar de seu corpo, e logo as duas animas passaram a disputar o corpo de Alice. De repente, Alice não era mais Alice. Ela revivia cada memória, cada pesadelo, cada parte do eu fora Ruby. Ela era Ruby. Flashes de rostos desconhecidos, de objetos aleatórios que lhe eram estranhamente queridos, cenas das quais tinha certeza que nunca participara, tudo isso povoava sua mente em um frenesi caótico, se misturando a suas caçadas...todos os sentimentos em revoada, sentimentos que nunca teve, ou que nunca teve em tamanha proporção ecoavam em sua cabeça, fazendo-a enlouquecer...

Discussões seguidas de discussões, ferimentos, tapas, socos, brigas... todos os conflitos que povoaram os últimos anos de Ruby foram sentidos de uma vez só no corpo da caçadora. Então, calmaria. Uma única memória pareceu perdurar. A última memória de vida daquela mulher que tinha sofrido tanto...

“ Socos e mais socos, discussões e sofrimento. Era em torno disso que a sua vida girava. Aquela noite não seria diferente. Andrew entrou em casa, reclamando como sempre que ela nunca fazia nada certo, que ela era uma inútil. Logo o festival de tortura começou. Alice/Ruby sentia na pele todos os flagelos. Chorando caída no chão, as sobrancelhas unidas em uma expressão de desespero, ela fez sua ameaça de sempre, repetindo que ia embora, que nunca mais iria voltar. Andrew pegou seu rosto, levantando-o em direção a ele:

– Você nunca vai sair daqui, docinho. E, se tentar, eu juro que vou até o fim do mundo atrás de você.

Ele saiu, deixando-a sozinha como sempre, ignorando as lágrimas da esposa. Ela levantou-se, apoiando-se em uma cômoda. Uma das gavetas se abriu, revelando o frasco de veneno para ratos. “ Até o fim do mundo, heim? E se eu não estiver mais no nele?”, ela pensou, pegando o frasco. Suspirou. “ Que ideia. Eu não faria isso...”

– E se houvesse uma outra maneira? – uma voz sussurrante desconhecida alcançou seus ouvidos.

– Quem está aí? - Alice/Ruby perguntou em voz alta.

– E se houvesse uma maneira ainda melhor de você se livrar dele?

Ela olhou para os lados, buscando encontrar o invasor.

– Você quer isso, não quer? Mas antes, eu preciso te fazer minha.

Um ser azulado saiu das sombras, vindo em direção à humana. Ele tocou a pele dela, a carne adquirindo uma marca espiralada no lugar do toque.

– Durma bem, meu anjo.- ele sussurrou.

E Alice/Ruby caiu em um sono sem sonhos. Para sempre.”

Ainda lutando em sua mente, Alice observou o rosto cheio de lágrimas de Ruby, e finalmente compreendeu. Ela nunca quis morrer de verdade. Aquilo não fora suicídio, o veneno nunca foi sequer tomado. Era por isso que ela era um fantasma, e especialmente por ter sido morta por um djinn, ela havia se tornado um tão forte. O ser louco que a tudo e a todos matava não era ela. Aquilo nunca tinha sido parte da sua natureza...

Alice olhou para a marca em sua mão. Ela estava brilhando, devanescendo, significando que o tempo dela estava acabando. Ela olhou para sua rival, que era agora tão íntima como se fosse ela mesma. As lágrimas de Ruby brilhavam como diamantes, e ela implorava. “ Por favor, não. Não me deixe aqui sozinha. Não me abandone.”

Engolindo em seco, Alice negou com a cabeça, sussurrando em resposta:

– Desculpe. – pegando a faca, Alice cortou a ligação que as duas haviam criado, sentindo uma dor excruciante. Ela conseguiu ver Ruby se dissolver em um misto de fumaça e mistério, antes de cair no chão.

Solomon segurou a menina em queda.

– Eu consegui?- ela perguntou, em um fio de voz.

– Sim, minha querida. Nós conseguimos.

– Nós? Eu fiz tudo sozinha. – e, com essas palavras, ela desmaiou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Um comentário não faz mal e não mata ninguém! Só com isso eu vou poder saber o que falta no nosso mundo de Alice. Leiam também a história que gerou tudo isso:
http://fanfiction.com.br/historia/591698/Organizacao_Cacadores_de_Monstros_interativa/
Leiam também as outras spin- off de Organização Caçadores de Monstros:
http://fanfiction.com.br/historia/594106/Cacadas_mortais_de_Raquel_Kaene
http://fanfiction.com.br/historia/593266/Por_Tras_de_Piper_Lawrence



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O mundo secreto de Alice Slaski" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.