Lendas, contos, profecias...

Tudo em um dia entrou para o meu conhecimento. Embora fosse para eu estar ainda mais confuso, eu não estava. Na realidade tudo se encaixava de uma maneira impressionante. Na verdade eu sabia tudo que eu tinha que fazer.

–Muito bem – eu disse a minha mãe. – Eu preciso que você me diga tudo o que você sabe sobre a Pedra de Fogo e sobre o Dragão de Fogo. Tudo que possa me ajudar. Preciso que ele me diga onde está o Dragão Furioso ou qualquer coisa sobre ele.

–Você não irá sozinho falar com o Furioso sozinho né? Nem irá a lugar nenhum agora. Você nem falou nada com a Astrid ainda, ela iria ficar preocupada contigo. Você precisa planejar-se muito bem não é um passeio por Berk.

–Mãe, eu sei disso muito bem. Não iria a lugar nenhum sem me planejar – falei como se fosse óbvio.

–E, além disso, eu posso até não me opor a que você vá ao Ponto Culminante, mas não permitirei que você vá sozinho.

–O que você sugere então?

–Reúna a velha turma de pilotos. Vocês são ótimos juntos.

–Sempre que temos algo para resolver reunimos a velha turma – eu sorri. Eu gostava de reunir a nossa turma. Era sempre louco, mas tudo dava certo. Na medida do possível. – Você está certa mãe. Hoje então vamos nos reunir na Fogueira e conversaremos sobre tudo que iremos fazer a seguir. Eu vou falar com a Astrid e pedir que ela cancele as aulas na Academia.

–Irei então à noite lá. Mas agora eu tenho que ir para o estábulo. Se cuide querido – ela me deu um abraço e beijou minha bochecha.

–Eu sempre me cuido – fui até o meu pai. – E você não se preocupe pai. Você sabe que tenho que fazer isso. Ir atrás de uma solução. E não importa como, a gente sempre consegue sair-se bem.

–Só... Tome cuidado. Não significa que você pode... Que você pode falar com dragões que não deve ficar com o pé atrás.

–Eu sei. Mas tudo dará certo. Vou até a Academia falar com a Astrid – eu falei. Eu e Banguela fomos saindo da casa dos meus pais. – Vamos Banguela? – troco do norueguês para o dragonês como se nascesse fazendo isso.

*****

Eu entro na Academia e observo a Astrid dar a sua aula, acompanhada a distância pelo Perna de Peixe. Os dois professores dos novos pilotos. Tinha seis “alunos” acompanhando a aula naquele dia.

Não deixava de sorrir com o olhar atencioso de Astrid com os jovens e seus dragões. Era ótimo quando conversávamos e falávamos sobre as suas aulas. Ela citava os bons alunos e os que progrediam como se fossem seus filhos, com os olhos azuis brilhando.

Fiz sinal para que ela viesse falar comigo. Ela sorri e assente com a cabeça e o Perna de Peixe continua com a aula sobre os Transformasas. Os dragões cuspidores de ácidos que ele vira de perto.

–Bom dia milady – eu digo encostado na parede da entrada da Academia quando ela chega perto de mim.

–Não acho nada romântico que você saia de manhã sem falar nada comigo – ela põe as mãos na cintura e eu reviro os olhos.

–Desculpa, mas eu posso te explicar tudo – dei-lhe um selinho e ela sorriu. - Mas eu preciso de bastante tempo para isso. Sabe, é complicado... Mas preciso que você cancele as próximas aulas da Academia, infelizmente.

–Cancelar as aulas? – ela arqueou uma sobrancelha. – Mas por que cancelar as aulas?

–Irei falar tudo, mas é muito importante.

–Eu prefiro confiar em você como sempre faço. Eu vou falar com eles sobre as aulas então – ela disse para mim apontando para os alunos.

–Certo – eu assinto.

Ela voltou para a frente da classe de “pilotos” e falou para eles que as aulas seriam canceladas e que avisaria a eles quando seriam retomadas.

Ela disse-lhes que eles já eram ótimos treinadores e que as outras aulas eram destinadas aos conhecimentos sobre as classes e os dragões. Portanto eles já podiam viver com os seus dragões. Voar com eles.

Eles levantaram e cada um deles deu um abraço em Astrid. Eu sorri. Ela ria como uma grande mãe. Um a um, os pequenos pilotos foram embora e Banguela fez graça com cada um deles. Eles desejaram-me Bom dia quando passaram por mim e eu fui até Astrid e Perna de Peixe.

–Muito bem. Obrigado Astrid – ela fez uma mesura e eu ri. - Perna de Peixe, nós vamos nos reunir na fogueira hoje à noite. Você poderia avisar para o Melequento, Cabeça Quente, Cabeça Dura, Liv e Bruce?

–É claro Soluço. Eu sei que é importante, do contrário não cancelaria as aulas.

–E é muito importante amigo.

Ele foi embora para avisar os outros e restou apenas eu, Astrid e o Banguela na Arena.

–Onde está a Tempestade? – eu perguntei.

–Ela acompanhou as crianças até o Estábulo. Eles iriam ficar com a Valka até a hora que eu terminaria de dar essa aula aqui – eu sorri.

–Então parece que você terá que me acompanhar milady. Eu preciso conversar contigo.

–É eu sei que precisa – ela disse carinhosamente e me abraçou, ficando na ponta dos pés. – E eu não perderia a oportunidade de um passeio com um Fúria da Noite e o seu piloto – ela sussurrou no meu ouvido e eu sorri.

–Vem Banguela – eu chamei.

Nós montamos e decolamos. Depois de um tempo de voo e estarmos bem alto no céu, iniciamos a nossa conversa.

–Você falou com o Banguela? Foi mesmo o que eu ouvi? Ou algo do tipo? – ela perguntou.

–Temo que você ainda não viu ou escutou nada – eu disse seriamente. – Astrid, você já foi à antiga contação de lendas no Snoggeltog, antes da paz com os dragões?

–Claro! Desde quando eu era criança eu fui a todas elas.

–E você lembra-se de te ouvido a lenda do Dragão Furioso?

–Lembro sim. Essa lenda era muito louca. Não dava para acreditar naquilo.

–Pois acho que você pode acreditar... – eu suspirei.

Então eu contei tudo nos mínimos detalhes. Lendas, contos, profecias e planos. Ela escutou tudo atentamente, abraçando-me pelas minhas costas e com a cabeça encostada em meu ombro.

Depois que contei tudo, ficamos em silêncio. Concordava que ela precisava de um tempo para absorver tudo aquilo.

–Se não tivesse escutado você falar ou murmurar algo com o Banguela acharia que você enlouqueceu de vez – ela disse quebrando o silêncio.

–Eu ainda acho que eu enlouqueci de vez Astrid – eu disse e ela riu. – Isso é sério.

–Não, você não enlouqueceu de vez Soluço. É só muita coisa para você absorver de uma vez só. Mas eu fico tão orgulhosa de você Soluço. Você é um Encantador de Dragões, e tenho certeza que isso é a maior de todas as honras.

–Obrigado. Mas eu ainda temo isso tudo. Os dragões vão se extinguir por minha causa Astrid. Ou pelo menos eu tenho uma parcela de culpa nisso. Mas eu vou tentar impedir isso, com todas as minhas forças.

–Não se julgue tanto Soluço. Você fará tudo que está ao seu alcance e fora dele também. Eu sei disso. E mesmo se não der certo... Mesmo se... Você foi a melhor coisa que aconteceu para essas criaturas nessa nova Era dos Dragões. Eu vou continuar pensando assim, não importa o que você pense e argumente.

Eu virei-me para ela e sorri.

–Agradeço por pensar assim – ela beijou minha bochecha. - Mas você pegou essa frase do Banguela? – eu perguntei e ri.

–O quê? – ela perguntou meio incrédula.

–Nada. É só que o Banguela me disse algo parecido mais cedo. Que não importava o que eu pensasse e argumentasse ele continuaria pensando da mesma forma.

–Isso soa completamente estranho.

–Eu concordo plenamente – nós rimos.

Mudei a marcha do leme para que voltássemos para Berk.

–Acho melhor nós irmos falar com a Ágda e o Einar. Eles também devem participar da reunião hoje e da missão do Dragão de Fogo.

–Certo, vamos falar com eles. Mas e quanto ao que você descobrir sobre o Furioso com esse dragão Soluço?

–Creio que do Dragão Furioso cuidarei eu.