Soluço, o líder de Berk: A Era dos Dragões escrita por Temperana


Capítulo 38
Hipnoses


Notas iniciais do capítulo

Eu não tenho o que dizer. Simplesmente não há o que dizer. Até as notas finais...



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Sou uma pessoa que conhece os dragões. Pude perceber quando a hipnose do Furioso os atingiu. Eu pude sentir. Vi os seus olhos tornarem-se brancos e nenhum sinal de que continuavam conosco parecia existir.

É doloroso escrever isso. Mas como estou escrevendo as minhas memórias, o diário do lendário Terceiro Soluço, sei que preciso registrar tudo isso.

Tudo isso aconteceu dez anos atrás e quando penso a respeito de tudo o que aconteceu, poderei ver as minhas memórias ao meu lado. Se eu der uma olhada na mesa onde as escrevo, poderei relembrar aquele tempo. Aquele dia.

E às vezes, eu quero apenas olhar para o canto do meu quarto e ver o Banguela novamente ali...

Acordei em um pulo. Vibrações fortes do que parecia ser milhares de dragões falando ao mesmo tempo enchiam a minha cabeça. Coloquei as mãos nos ouvidos tentando impedir as vibrações cada vez mais fortes. Não adiantou nada.

Astrid acorda assustada e quando recupera o espanto insiste para que eu mantenha a calma, balançando os meus ombros. Eu simplesmente não conseguia. Era impossível.

Banguela invade o quarto desesperado, seguido por Einar e Ágda, com lágrimas rolando em seus olhos.

–Mestre, Banguela não vai conseguir suportar por muito tempo. A pressão é realmente muito forte – seus olhos continuavam dilatados, mas uma vez ou outra ele cerrava os dentes com força para impedir as vibrações hipnóticas.

Quando o vi, sabia que aquilo era mais importante. Com o coração batendo forte e a respiração acelerada, consegui impedir as vibrações. Astrid suspirou aliviada ao meu lado. Beijei o topo de sua cabeça e então me ajoelhei ao lado de Banguela e encarei os seus olhos.

–Fica comigo amigão, você está indo muito bem. Vamos descer – eu disse calmamente. Ele assente e eu viro-me para Astrid. – Ele já está levando os dragões. Temos que certificar que eles não se machuquem. Vamos lá!

Nós descemos as escadas correndo, com Banguela ao meu encalço. Abro a porta e vejo Berk à beira do caos. Ainda estava escuro, mas o sol já iria nascer. Vejo milhares de dragões sobrevoando o mar e sinto a forte vibração do Furioso.

Berk era a última Ilha.

–Nenhum dragão ainda com sela não é mesmo? – eu perguntei a Astrid.

–Todas retiradas dos dragões – lágrimas escorriam pelo seu rosto.

Tempestade e Chama Crescente já haviam partido. Abracei-a com força enquanto observava Berk. As portas do Estábulo estavam abertas e grupos de dragões saíam em direção aos outros. Todos estavam tentado lutar contra o Furioso. E os vikings observavam tristemente os seus amigos partirem.

Ele havia chegado. Poderoso como nunca.

Sombra surgiu em minha frente e eu soltei Astrid, que beijou minha bochecha e tentou consolar Ágda. Einar aproximou-se do seu dragão em minha frente. Meus olhos estavam marejados.

–Não vou aguentar por muito tempo Encantador – ele disse. As suas pupilas faziam força para se manterem abertas. Ele também era um guerreiro.

–Está tudo bem Sombra – eu disse com a maior calma que eu conseguia. – Você estará sempre aqui.

Einar ajoelhou-se e abraçou Sombra. Afastei-me para que eles pudessem se despedir. Desviei o olhar para Vila. Restavam poucos dragões. Banguela mantinha-se ao meu lado.

–Adeus Einar – virei-me para Sombra rapidamente, a tempo de ver seus olhos tornarem-se totalmente brancos e ele disparar para junto dos outros sobre o mar.

E então eu me ajoelhei em frente a Banguela, para encarar os seus olhos. Einar e Ágda choravam ajoelhados no chão e abraçados. Astrid estava com as mãos em meu ombro, e vi que em seu rosto escorriam lágrimas silenciosas.

–Está tudo bem amigo. Mantenha a calma. Você vai estar sempre comigo. Nos raios do pôr do sol. Nas cores da aurora boreal. No meu trabalho. Em nossa casa. Em minha vida – eu dizia com os olhos cravados em Banguela e as lágrimas rolando. – Você vai estar sempre aqui Banguela.

Era doloroso ver sua luta para manter-se comigo e não se render. Era horrível.

–Banguela vai ter sempre o Mestre no coração – ele disse firmemente.

–Você sempre esteve no meu Banguela. Você sempre estará em meu coração.

Ele abriu um largo sorriso sem dentes. As pupilas dilatadas. Ele era o único dragão em Berk. Ele era o mais forte.

–Você é o melhor dragão do mundo inteiro. O mais fiel. O mais carinhoso. Você é único. Eu nunca vou te esquecer Banguela – eu encostei minha mão em seu focinho e ele encostou a sua testa na minha.

–Eu te amo Soluço – ele disse ronronando. Ele era aquele habitual filhote de cachorro que sempre nos conquistava.

–Eu te amo Banguela. Para sempre meu irmão – eu respondi, deixando as minhas lágrimas rolarem livremente.

Encarei os seus olhos. A pressão havia aumentado demais. Até eu podia senti-las. As suas pupilas dilatavam-se e se comprimiam.

–Banguela não vai suportar – ele disse.

–Está tudo bem Banguela. Calma – eu continuava com os olhos cravados nos dele.

–Banguela nunca vai esquecer o Mestre – os seus olhos estavam próximos do completamente branco.

–Ah Banguela...

Suas pupilas sumiram. Ele afastou-se de mim. Ele ainda estava lá. Eu tinha que tentar trazê-lo de volta. Eu levantei-me bruscamente.

–Banguela. Sou eu amigo. Eu estou aqui – eu disse, me aproximando.

A hipnose não falhou. Ele simplesmente abriu as asas. E na velocidade de um Fúria da Noite disparou até os outros dragões. Eu corri inutilmente.

–Banguela! – eu gritava, para que talvez ele pudesse me escutar e voltasse. – Banguela! – eu caí de joelhos no chão, olhando para o céu.

Furioso estava levando eles embora. As lágrimas rolavam livremente pelo meu rosto. Astrid ajoelhou-se ao meu lado e me abraçou. Ela acariciava os meus cabelos carinhosamente.

E como se fosse para zombar conosco, o sol nasceu no horizonte. A vista era Encantadora. Mas se via os dragões indo embora. E aquela vista encantadora não era a mesma sem o Banguela.

–Eu vou te amar para sempre amigo – eu murmuro em dragonês, desejando que as minhas palavras chegassem ao fundo do coração do Banguela. Do meu dragão.

Eu não pretendia vir pra cá

E eu não tinha intenção de ficar

Foi apenas aonde o vento do mar

Quis um dia por acidente me levar.

Não era onde eu pretendia estar

Nem onde teve início a minha criação

Mas agora jamais deixarei esses pântanos

Pois em Berk eu deixei meu coração.


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Notas finais do capítulo

Eu estou chorando tanto. Por que a Cressida inventou essa história de sumiço dos dragões? Por que eu tive essa ideia? Lencinhos acabaram...
Últimas informações...
No final do capítulo, eis o Hino da Tribo Hooligan. Eu simplesmente achei muito lindo. Aparece primeiramente em Como Mudar a História de um Dragão. E depois Perna de Peixe o canta em Como Partir o Coração de um Dragão.
Eu acho que vou pedir desculpas a vocês... Está tudo mundo vivo?? Ainda tem o Epílogo. Acham que sobrevivem até o fim? Até Sábado? Então até lá...
Um beijo do tamanho do Everest!
Temp