Soluço, o líder de Berk: A Era dos Dragões escrita por Temperana


Capítulo 37
Banguela despede-se


Notas iniciais do capítulo

Eu cheguei a conclusão que eu não sei contar. Brincadeira. Quando eu postei o último capítulo estava realmente chorando. E bom, isso não ajuda muito a pensar. Então, temos mais dois capítulos agora. O 38 e o 39 que é o Epílogo. O 39 eu postarei Sábado. Um bom dia para acabar não? Até as notas finais...



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Um mês depois...

Era madrugada. Nós apenas deixávamos o vento nos levar para as nuvens. Para onde quiséssemos. Viajávamos para muito mais além do que os olhos poderiam ver. Na velocidade do Fúria da Noite. E íamos onde ninguém mais se atreveria a ir.

Se em uma madrugada, com a partida dos dragões mais próxima do que nunca, você estivesse voando com um deles? Você e o seu dragão rasgando a noite... As estrelas... O vento nos acariciava. E nós apenas voávamos.

Eu tentava não pensar que aquele poderia ser o nosso último voo. Eu fechei os meus olhos. Braços abertos. Coração acelerado. Eu apenas sonhava acordado com um mundo onde o Furioso não havia modificado o destino.

–Nós podemos pousar Mestre? – Banguela perguntou. Eu senti um aperto em meu coração.

–É claro amigão. A Ilha Sorridente está aí na frente – eu disse com a voz embargada.

Algo estava errado. Eu podia sentir o coração apertado de Banguela. O desespero em sua voz. Eu não podia acreditar que o que eu estava pensando era o motivo para o seu desespero. Eu não podia sustentar as minhas hipóteses.

Nós pousamos na Ilha à meia noite e sentamos perto da árvore que anos atrás o meu pai havia aparecido para mim pela primeira vez após pensarmos que ele havia morrido.

–O que está acontecendo? – eu perguntei com um nó na garganta. E com medo da resposta. Ele encarou os meus olhos.

–Amanhã é o dia Mestre – Banguela disse com convicção. – O Furioso vai agir.

Respirei fundo e meus olhos ficaram marejados. Meu coração acelerou. Tentei não chorar naquele momento e abracei o Banguela. Olhos fechados. Lágrimas caindo. Eu não conseguia segurá-las.

Aquele momento de silêncio... Momento em que não há o que falar. Só o gesto, o abraço, a emoção dizia tudo.

Quando olhei nos olhos de Banguela eu vi as suas lágrimas. Era a segunda vez que ele chorava. Afinal, ele estava perdendo mais uma vez a sua família.

–Vai dar tudo certo – eu dizia em meio as lágrimas para o Banguela. E para mim mesmo também.

–Sabe, quando Banguela escolheu proteger o Mestre, o Mestre era apenas um pequeno viking assustado e com medo. E Banguela escolheu protegê-lo – meu coração estava mais que apertado. – O Mestre é muito mais do que um amigo para Banguela. O Mestre cuidou de Banguela. Foi o irmão de Banguela. Companhia. Proteção. Era a casa de Banguela. O alicerce. Mesmo que Banguela não perceba, como conseguirá viver sem o Mestre? Banguela acha que não conseguirá – estávamos os dois emocionados. Aquilo era uma despedida. Nós dois sabíamos.

–Você tem que ser forte Banguela. Você tem que ser forte por eles. Pelos dragões. Você é o líder deles, não importa o que aconteça. Temos que ser fortes por eles. Somos líderes – eu coloquei as minhas mãos em suas bochechas e nossos olhos se encaravam. Pupilas dilatadas de Banguela que eu nunca iria esquecer. – Vai doer demais perder você. Você mudou minha vida para sempre Banguela. Vou lembrar sempre do seu sorriso meio humano. Do seu olhar terno, do seu jeito de criança levada, da alegria e luz que você deu para a minha vida. Das nossas aventuras, das ilhas descobertas, dos problemas, das lágrimas. E por causa de todas essas lembranças que eu sei que você nunca partirá de dentro de mim.

Quando eu abracei Banguela foi como se tudo nunca acabasse. Foi a forma de aquecer os nossos corações e de simplesmente ter certeza de que nunca ficaríamos separados.

Nunca.

Banguela pulou em cima de mim e me derrubou no chão. E deu suas tradicionais lambidas em mim. Pela primeira vez em todos aqueles anos eu desejei que aquela baba grudenta do meu dragão nunca mais saísse...

Quando consegui levantar e me sentar novamente e depois de muitas risadas, Banguela deitou a sua cabeça em meu colo. E eu voltei a pensar.

–Será que algum dia nós iremos nos ver de novo? – eu perguntei, enquanto acariciava suas orelhas.

–Eu queria poder ver o Erick crescer – ele diz tristemente. O Erick só nasceria dali a sete meses. Então ele não o veria crescer.

–Não vou parar de tentar encontrar você e todos os outros dragões – eu disse firmemente.

Era uma promessa. E eu nunca descumpro as minhas promessas.

–E Banguela promete tentar voltar.

Enquanto olhava para o mar, lembrei-me das vezes que caí no lago da clareira que conheci o Banguela. Olhei para o meu dragão com os olhos marejados. Eu havia me lembrado do leme de sua cauda.

–Eu vou ter que colocar o leme automático e a prova de fogo em você – ele grunhiu irritado. – Você não tem escolha Banguela – eu engoli em seco com o que eu iria dizer. – Não irá ter mais nenhum piloto para controlar você e o voo.

Ele me lançou um olhar triste. Os 20 anos que viveu comigo, ele nunca havia voado sozinho por muito tempo. Por não ter um piloto para controlar o seu voo.

–Eu vou tirar a sua sela e vou manter apenas o equipamento para você poder voar sozinho – eu encarei os seus olhos. – Hey amigo. O leme vai ser como se eu estivesse lá controlando o seu voo. Foi eu quem fiz, lembra?

–Eu vou sentir saudades de ter você montado em mim – ele disse.

–Eu também amigão. Vou sentir muita falta do meu dragão – eu disse sorrindo e com os olhos cheios de lágrimas.

Enquanto eu retirava a sua sela, o seu leme controlado pelo pedal (e o próprio metal) e enquanto colocava o equipamento automático eu pensava.

Pensava em como seria acordar e não ser derrubado por um Banguela faminto em busca de peixes. Ou me incomodando para ir voar com ele. Em como nós viveríamos sem milhares de dragões voando pela Ilha ajudando os vikings.

Podíamos lidar com isso. Fazíamos tudo sem eles na época da Rebelião. Mas nunca deixaríamos de nos lembrar dos dragões e de sua grande ajuda a nossa Tribo.

Tudo mudaria. Nada seria como sempre foi. E quando voltamos lado a lado para casa naquela madrugada, eu sabia, eu sentia que o dia seguinte não seria assim.

Porque o Furioso estava chegando. E ninguém poderia impedi-lo.

Nobody said it was easy

It's such a shame for us to part

Nobody said it was easy

No one ever said it would be this hard

Oh, take me back to the start

Ninguém disse que seria fácil

É uma pena nos separarmos

Ninguém disse que seria fácil

Mas também não disseram que seria tão difícil

Oh, me leve de volta ao começo


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Notas finais do capítulo

Esse trecho coube tão perfeito no capítulo. Acho que nunca mais cantarei essa música depois dessa fanfic.
Esse capítulo. Eu digitei com a vista embaçada com as lágrimas. Mas nada se compara ao próximo. O próximo é aquele capítulo do qual falei. O Capítulo.
Coragem. A história deve seguir.
Eu espero que continuem amando a fanfic tanto quanto eu. Então até Quinta, com o penúltimo capítulo!
Carinhosamente, uma chorosa Temp