Sol da Meia-Noite escrita por Manuela Freitas


Capítulo 8
Iniciação


Notas iniciais do capítulo

Comentem! Boa fic =)



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Fiquei paralisada. De início, não acreditei. Porém, ele não estava brincando, nem ao menos fingindo. Eu sentia isso.

Andrew viu meu desespero ao ouvir suas palavras: “Aro quer matar toda a sua família”. Nós não tínhamos cometido crime algum, os Volturi temiam um ataque contra nós, pois no último –se houvesse luta- eles teriam perdido. Não fazia sentido algum.

–Pra começar – Ele respirou fundo – Eu não sou um Volturi de verdade –

–O quê? – Me esquivei

Ele coçou a cabeça.

–Eu me infiltrei na guarda

Eu tentava contrariá-lo por me manter em pé e acreditar que tudo aquilo não era loucura. No fundo, eu acreditava no que ele dizia.

–Como? Isso é impossível! Aro leria os seus pensamentos e veria que você é um invasor – Assenti

–Não se ele pensasse que eu sou um escudo. Mentes de escudos...

–Não podem ser lidas... – Concluí – Mas você não é um escudo. Ou é?

–Não, mas eu não sou o único infiltrado. Nós temos um escudo, ela protege meus pensamentos. Assim, Aro pensa que eu também sou. Mas, o nosso disfarce não vai durar muito.

Eu estava muito confusa. Andrew percebeu e sorriu.

–“Nós”? Você e o seu clã? - Questionei

–Não somos bem um clã. Mas, isso você não precisa saber agora – Ele assentiu.

–E o que eu preciso saber agora? – Meu desespero era translúcido.

–Você tem um dom muito interessante Nessie.

–Mostrar meus pensamentos aos outros não é nada interessante – Revirei os olhos – Não me beneficia em quase nada.

Ele começou a andar de um lado para o outro. Parecia que Andrew tentava ser cuidadoso com as palavras, falava com calma. Isso me deixava ainda mais perplexa e com medo.

–Por que você é tão teimosa? –

–Teimosa? – Bufei – Você que é...

–Você lembra-se de ter desmaiado? – Ele interrompeu – E você também sabe que atingiu a maturidade, certo?

Afirmei com a cabeça. Eu estava a ponto de voar no pescoço dele e obriga-lo a falar depressa.

–De onde eu venho, nós chamamos de um jeito – Ele sorriu – Mas depende do clã e de região.

–Por que você não fala de uma vez?

Você é uma vampira predadora– Ele exclamou com frieza. Tomei um susto.

–Você me chamou de quê? – Fiquei séria

–Não é nada de errado! Pelo contrário, é um dos dons mais poderosos que um imortal ou um híbrido pode ter. Você tem e nem sabe, que desperdício!

Andrew

Renesmee ficou extremamente séria e assustada com as minhas palavras. Seus olhos confusos se destacavam em sua pele pálida.

–O que isso quer dizer? – Ela questionou

Falei calmamente, tentando não assustá-la ainda mais. Não que eu me importasse. Apenas não queria aquela voz gritando na minha cabeça.

–Vou te ensinar como controlar. Eu nunca conheci um predador antes, não tenho ideia do que isso significa, só já ouvi falar. Não vai ser fácil, já que nem com o meu dom eu sei lidar direito.

–Você também tem um dom? – Ela pareceu mais calma.

Balancei a cabeça, ela sorriu de um jeito torto. O clima estava menos tenso.

–Eu queria contar com mais calma – Suspirei – Parece que não está sendo como eu imaginava –

Ela me olhou vorazmente. Então continuei:

–É difícil achar vampiros muito poderosos. Geralmente, os Volturi se apossam deles. Como Jane, Alec, Demetri...

–Aro quer a Tia Alice – Ela engoliu seco – E vai me querer também, não é?

–Exatamente – Sussurrei

–Por isso vão querer matar minha família – Seus olhos se encheram. Puxei seu corpo com o meu braço. Ela chorou em meu ombro.

Ela automaticamente me empurrou. Com os olhos já vermelhos pelas lágrimas.

–Por que você está me ajudando Andrew? O que você vai ganhar com isso? -

Abaixei a cabeça. Esperei alguns segundos. Ela merecia saber.

–Vamos sair dessa droga de floresta. Ficamos um dia em Seattle, depois deixo você voltar pra Forks.

Ela concordou.

Jacob

Eu havia passado a noite na casa dos Cullens. Duas noites sem dormir. O telefonema de Nessie havia me dado esperanças de que ela havia fugido e logo voltaria para os meus braços. Amanheceu, segundo dia sem ela, eu sentia como se fosse anos.

Os Cullens me faziam companhia durante a madrugada. Eu não tinha vontade de nada. Nem de conversar, nem de comer. Eu passava boa parte do tempo em forma de lobo, procurando qualquer sinal de Nessie dentre as florestas. Sentia-me com um buraco, algo faltando, como se a qualquer momento não fosse suportar mais e fosse começar a gritar, por que chorando eu já estava.

O clima da casa estava o pior possível. A cada meia-hora, Charlie ligava para perguntar por notícias.

Subir no quarto, ver a cama feita – o que era difícil, porque Nessie nunca a fazia – era mais apavorante. Era ruim de todas as formas possíveis. Não era só a minha garotinha doce no qual eu daria a vida que eu sentia falta, era a garota que eu amo.

–Jake – Bella sussurrou, estava me procurando entre os corredores. Ela entrou no quarto. Viu-me ali, encarando a cama.

–Eu não consigo fazer nada, ser nada, sem ela por perto – Minha voz falhava por conta do choro.

–Eu sinto a falta dela também – Bella colocou a mão em meu ombro esquerdo –Esse quarto está arrumado demais, ela não gosta – Ela sorria – Logo, ela vai estar aqui nos meus braços, ou desarrumando tudo. – Ela tentava disfarçar, mas seu desespero e angústia estavam estampados em sua testa.

–Jacob – Edward ficou parado na porta. Bella e eu nos viramos ao mesmo tempo – Embry, Quil e Seth estão lá embaixo. Vieram falar com você –

Eles esperavam por mim em frente à casa.

–Nós viemos saber que decisão você vai tomar – Embry resolveu falar pelos três – Você é o alfa – Exclamou.

–Vamos pra Seattle – Respondi. Eles concordaram – Temos que acha-la.

–Não deve estar sendo fácil pra você, amigo – Seth deu um tapa em meu ombro – Vamos encontra-la. É melhor você ir pra reserva ver seu pai, ele está bem preocupado também.

Concordei. Eles se transformaram ali mesmo, correram pela região norte. Subi na moto, olhei para Bella, ela abaixou a cabeça, Edward segurou sua mão.

Quase bati em algumas árvores nas curvas do caminho. Eu não conseguia me concentrar nem se quer em dirigir. Só de pensar que minha Nessie estava sob minha proteção, perto de mim.

–Filho – Meu pai estava posicionado de lado com a cadeira de rodas – Tem notícias? – Neguei com a cabeça – Eu sinto muito, Jacob – Ele colocou a mão em meu antebraço – Olhe só pra você, com olheiras e com certeza sem comer. Entre, Emily preparou o almoço.

–Pai, eu não estou com fome. Nem vou conseguir dormir.

–Como você vai procurar por ela, cansado e faminto? – Ele tinha razão, eu precisava do máximo de energia que pudera.

Entrei. Emily –esposa de Sam – me serviu. Após comer resolvi tentar dormir. Demorei em torno de meia-hora até conseguir pegar no sono. Eu realmente estava exausto. Fui acordado por um pesadelo, onde nunca mais via Nessie. Comecei a chorar automaticamente. Eu não conseguia ficar ali, ouvindo os pensamentos da matilha – que estava por perto. Eu já tinha os meus. Resolvi voltar para os Cullens.

Renesmee

No final da noite, Andrew me levou para Seattle. Ficamos em completo silêncio durante a viagem – que durou a madrugada toda.

Chegamos a uma casa – no norte da cidade. Espaçosa, com um jardim. Bonita e simples.

–Aqui é onde moravam meus pais – Ele falou baixinho enquanto saímos do carro – Vamos ficar hoje. Talvez amanhã também.

Suspirei.

–Eu vou confiar em você – Ele se aproximou. Jogando as chaves da casa em minhas mãos –

–Aonde você vai? –

–Vou comprar umas coisas no sul – Ele ficou sério – Eu sei que você têm muitas perguntas. Se você sair dessa casa, eu mato você, garota.

–Eu não vou – Encarei as chaves.

O celular dele emitiu um “bip” e ele atendeu rapidamente.

–Andrew? – Escutei uma voz masculina vinda do telefone – Está com a garota?

–Sim – Ele ficou bravo – Eu estou com a garota – Ele revirou os olhos – Sabe de uma coisa? É melhor vir buscá-la logo. Eu não sirvo pra ser babá. Não sou pago pra isso.

Andrew desligou.

–“Babá”? Eu acho isso muita consideração comigo da sua parte – Ironizei séria.

–E por que eu tenho que me importar com o que você acha, mesmo? –

Rosnei de raiva. Eu já o odiava!

Ele voltou para o carro. Tinha - no mínimo – cinco chaves. Demorei a descobrir qual delas abria a porta da frente. Entrei.

A casa era um tanto comum por dentro. Uma sala, cozinha. Não tive interesse em olhar os quartos. Sentei-me no sofá. Vi um telefone ao lado. Não pensei duas vezes, liguei para Jacob.

–Alô?

–Jacob? – Minha voz soou desesperada. Realmente estava.

Ele atendeu triste. Sem nenhuma vontade, mas assim que ouviu minha voz, mudou completamente.

–Nessie? – Ele estava ainda mais desesperado – Meu Deus, Nessie. É você mesmo? – Ele atropelava as palavras – Onde você está?

–Jake – Meus olhos se encheram ao ouvir a voz dele – Como você está?

–O quê? – Ele bufou – Eu estou sem dormir, sem viver, sem saber onde você está, sem saber o que estão fazendo com você e você quer saber como eu estou?

–Eu estou bem, Jake – Eu teria que mentir pra ele – Eu tenho que desligar.

–O quê? Nessie! Não!

Senti um aperto em ter que deixá-lo falando sozinho. Por outro lado, eu precisava saber o que fazer, evitar o mal. Se os Volturi quisessem matar aqueles que me protegem, com certeza matariam Jacob. Eu jamais deixaria isso acontecer. Eu me renderia, se preciso. Era apavorante olhar para os lados e não ver um monte de pessoas no qual eu amo tanto. No qual eu estava habituada. E se fosse pra sempre assim, se eu os perdesse pra sempre? Comecei a chorar com a hipótese.

–Você tem algum problema nos olhos? – Andrew apareceu – Deus, como você chora – Ele revirou os imensos olhos azuis.

–O que espera que eu faça? – Eu soluçava feito criança.

–Quem sabe? Talvez algo útil? - Fiquei calada – Isso é um não? – Ele brincou.

–O que você trouxe? – Eu não me importava, mas fingi.

–Que tipo de vampira você é? Não sente cheiro de nada, não sabe fazer nada. Que vidinha medíocre. Trouxe algumas roupas e comida pra você.

–Vejo que você é bem mais sincero do que eu imaginava.

–É a vida, minha querida – Ele piscou.

Levantei-me. Dei alguns passos em sua direção.

–Você está cansada – Ele pegou um copo e abriu a geladeira. Senti o cheiro de sangue – Anda, vai dormir.

Ele despejou o sangue em um copo cilíndrico de vidro. Sangue fresco, não estava em uma bolsa de sangue comum – uma de hospital. Talvez ele tivesse matado para conseguir aquilo.

–Espera aí. Eu não vou dormir coisa nenhuma! Você não manda em mim –

–Ah, não vai dormir, Senhora Bravinha? Vai ficar aí parada me olhando o dia inteiro? Eu sei que sou incrível, mas...

–Vou fingir que não ouvi isso – Interrompi – Eu quero explicações. Acha que vou ficar aqui feito boba?

–Calminha – Ele levantou as palmas das mãos – Sou amigo! – Suspirei – Boa garota!

–Eu não suporto você.

Ele pareceu ficar um tanto chateado. Virei-me e andei em direção ao corredor.

–Ei, espera – Ele puxou meu braço. Me encarou por dois segundos. Respirou fundo.

Eu estava sendo dramática e terrivelmente infantil. Era o único jeito de fazer com que ele me contasse algo.

–Eu trabalho para um tipo de irmandade.

–“Trabalha”? – Questionei – Para outros vampiros?

Ele se afastou e encostou-se à bancada.

–Os Volturi não gostam muito de nós. Não nos encontramos há décadas. Pelo visto, não gostam de vocês Cullens também – Ele sorriu.

–Então você faz parte de um tipo de exército?

–Não, cruzes! – Andrew exclamou.

Cada palavra dita por ele me fazia ter ainda mais perguntas.

–Quando você disse que iria me ajudar. Estava falando que vai me ajudar contra os Volturi? – Ele balançou a cabeça – Vão querer algo em troca de mim ou da minha família?

–Não exatamente. Temos negócios inacabados com Aro e os discípulos dele, Renesmee. A irmandade só quer a sua ajuda.

–Então você me sequestrou porque precisa de mim? Precisa como?

–Primeiro: eu não preciso de ninguém. Segundo, eu só fui encarregado de me fingir de estudante e te roubar da sua família branquela. Não sei mais que isso.

Revirei os olhos, pelo jeito, ele adorava me deixar nervosa. A parte de ele ser irrelevantemente bonito só piorava a situação.

–Então o que vai fazer agora Senhor “não preciso de ninguém”? – Levantei uma sobrancelha e o fuzilei com os olhos.

–Ficar com você – Ele franziu a testa – Proteger você.

Fiquei processando aquilo por alguns segundos. Apesar de possivelmente odiá-lo, minhas bochechas coraram com as suas palavras.

–Eu preciso avisar a minha família – Desviei o assunto - Por mais que Tia Alice já deve ter tido alguma visão sobre isso.

–Você não pode –

Ele abriu outra bolsa de sangue e despejou no copo. Pelo jeito estava com muita sede. Ele bebia com a maior naturalidade do mundo – como se fosse um drink comum. Senti minha garganta queimar, próxima a meu maxilar.

–Os Volturi ainda não sabem que você terá ajuda. Se você contar á qualquer um, vai estragar tudo – Ele continuou.

–E se fizerem algo com eles? – O cheiro do sangue era muito forte, mas, minha preocupação era maior.

–Cristo! Como você é chata. Será que não pensa? Aro vai agir com cautela. Ele sabe que terá que criar um exército maior se quiser vencer uma luta contra os Cullens e seus amiguinhos lobisomens. Os Voltui não vão atacar tão cedo. Se é que vão atacar, sabemos de muito pouco.


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