O Som do Coração escrita por Vlk Moura


Capítulo 27
Parte 2: Capítulo 27 - Esse Sentimento


Notas iniciais do capítulo

OI, GENTE. Faz séculos que não venho até aqui e atualizo e peço perdão por isso ú.ú
Estou aqui e logo devo concluir essa história, desculpa pela demora e langa espera a qual foram submetidos.

We The Kings - That Feeling



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Marina estava ao telefone com Lucas, passavam a maior parte do tempo assim e o pior é que eu estava precisando da minha amiga para me ajudar a estudar para as provas finais. Ela desligou dando risinho e me olhou, eu a encarava séria, ela sorriu alegre o que me fez revirar os olhos.

– Você tem certeza de que quer fazer as provas? - ela perguntou parecendo preocupada, mas eu não tinha muita certeza.

– Tenho, eu já recuperei da cirurgia e não quero pegar recuperação, quero viajar com vocês - ela sorriu alegre e pulou sobre mim me abraçando e pareceu dizer algo que eu não entendia, ela riu afastada e pareceu repetir.

– Estou tão animada para essa viagem, acho que vai ser incrível.

– Espero que seja, chega de tragédias para mim.

Passamos o resto do ida estudando e comendo sanduíches e reclamando com meu irmão que de hora em hora vinha até meu quarto ter certeza de que estava tudo bem.

– E os vestibulares? - perguntei a olhando, eu tinha perdido a maioria com a coisa da cirurgia e poucos me restavam para salvar, mas talvez eu passasse o próximo ano me preparando para valer e só então aos dezenove fosse entrar em alguma faculdade.

– Alguns estão próximos de soltarem os resultados - ela falou parecendo cansada - Mas estou tão preocupada.

– Você é inteligente, não se preocupe com isso.

– E você?

Dei de ombros e fechei o último livro.

Ir para a escola depois da cirurgia foi meio assustador, algumas pessoas vinham me perguntar sobre como eu estava, falavam rápido demais para eu poder acompanhar. Marina me resgatava do meio dos curiosos na maioria das vezes e isso era constrangedor. Eu adorava quando o professor entrava e tomava o controle da turma, cada um ia para seu canto e se falavam algo eu não percebia o que pela primeira vez agradeci. A primeira prova da semana eu consegui fazer com facilidade e agradeci minha professora particular que ficou se vangloriando o resto do dia dizendo o quão boa era e como deveria começar a lecionar particular. Outra vantagem de não ouvir era que ficava mais fácil de ignorar Marina e eu me divertia muito em fazer isso e depois ela ficar choramingando que eu não estava percebendo a ótima amiga que tinha ao meu lado.

Em casa eu abri alguns livros revisava a matéria que Marina tinha me ensinado, ligava uma música no celular bem alta e a deixava tocando no alto da minha barriga, eu apenas sentia a batida, mas já era algo bom. Eu queria poder ouvi-la, estava sentindo falta de algumas vozes e em especial...

"Sem fazer nada" respondia mensagem do Wilke sobre o que eu estava fazendo naquele momento.

"Não quer vir aqui em casa? Tenho algumas novidades para vocês"

"Desculpa, eu não consigo sair em meio as provas"

"Tudo bem, espero que você esteja indo bem"

Eu também espero estar indo bem.

A semana de provas acabou, Marina e Pietro me carregaram para um restaurante junto deles, ficaram cantando em um karaokê, Lucas se juntou a nós, ele ria com todos e eu só ria deles quase caindo do pequeno palco a nossa frente porque eu não ouvia as besteiras que falavam, mas conseguia me divertir bastante. Comemos várias porções de batata frita, calabresa, algumas pizzas e muitos refrigerantes, saí de lá me sentindo perto de explodir.

O dia dos resultados foi um sofrimento par amim, eu não queria ver o que tinham a dizer sobre mim. Meu pai me deu carona até o colégio e foi comigo. Olhamos na lista e lá estava meu nome, apenas uma matéria, maldita química. Meu pai me abraçou tentando me confortar, mas não foi o suficiente, eu não gostava de pegar recuperação, antes dessa peguei apenas uma vez no fundamental e não foi nada divertido. Em casa fiquei no meu quarto e saia apenas para comer e no meio da noite saí para ver um filme que eu queria muito assistir e vi que estava passando. Marina me mandara algumas mensagens, mas eu estava me isolando do mundo por algumas horas e não pretendia voltar tão cedo. A viagem deles seria dali três dias e eu teria de adiar minha passagem, que droga!

Pietro não me deixou ficar nesse estado no dia da viagem, levantou bem cedo e ficou na minha casa até a hora da viagem, me fez ir com ele ao aeroporto, Marina brigou comigo enquanto eu apenas os ignorava, não queira entender o que diziam. Pietro levantou meu rosto.

– Não fique assim, te vemos daqui duas semanas, pode ter certeza.

– Eu queria ir agora - falei manhosa, ele riu.

– Eu sei e eu também queria que você fosse agora, mas veja o lado bom - eu o analisei - Você vai chegar na noite da festa - ele mandou uma piscadela - e não vai precisar arrumar as coisas.

– Ah, cara, eu devia ter ficado de recuperação, odeio fazer decoração - Marina reclamou me fazendo rir - Consegui um sorriso seu, já estou me sentindo melhor em abandoná-la aqui.

Ficamos conversando até que resolveram ir para a sala de espera, eu os observei entrarem, agradeci minha tia que ficou com a gente o tempo todo. Ela me deu a carona de volta. Assim que cheguei em casa já me tranquei no quarto e comecei a estudar, eu precisava passar e eu ia passar, não queria ter de adiar minha passagem mais uma vez e perder a festa. Sem falar que eu não queria ter de frequentar mais dias na escola sem minha melhor amiga ou sem meu primo, seria horrível.

As aulas pareciam passar muito lentamente e a falta de alunos na sala tonava tudo ainda pior, era legal a aula ser interrompida por algumas bagunças, mas agora não tinha gente nem para fazer barulho suficiente para desconcentrar o professor. Tudo que ele punha na lousa eu anotava com cuidado. Em casa pegava na internet mais coisas e fazia vários exercícios, fiz tanto os exercícios que depois de algumas vezes eu não olhava mais o enunciado para saber que conta eu tinha que fazer naquele momento. A matéria não parecia difícil, mas por eu ter perdido bastante coisa nos últimos tempos fez com que eu sentisse muita dificuldade para entender as regrinhas da orgânica e isso que tina ferrado com a minha prova.

Marina e Pietro me enviavam várias fotos dos locais que estavam conhecendo e disseram estar fazendo o mapinha dos pontos interessantes que me levariam para comer.

Wilke me mandava algumas mensagens apenas perguntando se eu estava bem e se precisava de ajuda em alguma coisa, eu estava sentindo falta dele, falta dele tentando tocar o violão e errando o ritmo. Senti falta da surpresa do show do Bananas Esmagadas, eu queria poder conversar com ele agora, por mais que eu não pudesse ouvir sua voz só a companhia já era muito boa.

– Preparada para a prova? - Marco me perguntou no café.

– Espero estar, do contrário vou desistir de tudo - falei e olhei meu pai que odiava nos ouvir dizendo algo assim, ele fingiu não me escutar.

– hoje sou eu quem vai te dar carona - meu irmão falou - Se não se importar.

– Não me importo e se eu me importasse teria que pegar do mesmo jeito estou atrasada para ir de ônibus. - ele riu.

Assim que a prova começou agradeci de ter me trancado e ficado estudando, a terminei bem rápido e o professor corrigiu ali na hora mesmo, sem se preocupar se eu teria um ataque ou não. Ele me entregou o pedaço de papel com coisas escritas e assim que vi o nove ali no alto não contive um grito e dei um abraço no professor que ficou rindo sem jeito. Saí pela escola muito alegre, mandei uma mensagem pro meu pai, pra minha madrasta e pro meu irmão. Eles logo disseram que iamos comer muito a noite para comemorar e para se despedirem de mim.

Compramos várias besteiras como coxinha, mini-pizza, kibe, muito refrigerante, mini-hamburguer e várias docinhos, comemos muito, fiquei até preocupada coma minha viagem do dia seguinte.

Minha mala já passou na noite na sala, a mochila que eu levaria comigo também já estava pronta, uma blusa boa para quando eu descesse do avião não fosse pega desprevenida pelo frio. Uma touca que já coloquei na cabeça mesmo, um lenço no pescoço, uma regata preta com uma blusinha branca leve por cima, uma calça jeans e uma meia grossa que tomei cuidado para não ficar aparecendo muito, uma bota e pronto.

Minha madrasta me fez repassar mentalmente todas as coisas que eu tinha pego para ter certeza de que não faltava nada. Meu pai fez o mesmo algumas vezes enquanto meu irmão apenas repassava a lista de coisas que queria que eu trouxesse comigo.

Me despedi do Meleca que ficaria em casa com mãe, me despedi da madrasta e segui com meu pai e meu irmão que ainda no aeroporto me faziam ficar repetindo tudo e diziam mil vezes para eu tomar cuidado qualquer problema mandar uma mensagem para eles, isso me fazia perguntar o que eles poderiam fazer estando aqui, mas não questionei.

– Se for algo realmente grave você liga até para sua mãe- analisei meu pai - Sei que você não fará isso, mas pense se vale a pena passar por dificuldade do quê...

– Não se preocupe, vou me cuidar.

Na viagem anterior não ficaram tão preocupados porque meu primo e Marina estavam comigo o tempo todo e tinhamos prometido não nos afastarmos em nenhum momento, mas agora eu chegaria de um lado do país e iria atravessar até chegar neles. Era com essa viagem travessia que estavam preocupados e eu também estava, ia evitar dormir e ficar atenta com as placas.

Entrei no avião, me arrumei no meu lugar bem apertadinho, peguei meu travesseiro e apaguei.


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