Fight For Freedom escrita por Lizzie Montgomery


Capítulo 3
Capítulo III.




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Outro longo dia se passou, depois de uma manhã nada rotineira. Mike me encontrou na academia na hora exata, ajustamos os últimos detalhes que restavam e colocamos tudo em ordem, finalmente. O garoto se mostrou realmente tão esperto quanto eu pensei que poderia ser, executou todas as tarefas com perfeição, tornando todo o serviço plenamente satisfatório. Tudo pronto para a inauguração da minha nova academia, na fachada, um título discreto com a logomarca criada há exatos dois anos, “Bro Hawks”, nome dedicado a Tommy. Estou prestes a começar a minha nova vida De repente, ouvi a campainha tocar e mais do que depressa me levantei do pequeno sofá que dividia meu quarto de minha biblioteca improvisada e fui até a porta. Abri a porta e me deparei com ela. Deslumbrante como de costume, Aria estava parada novamente em minha porta, com a expressão de preocupação visível. Eu que sempre soube o que dizer e quando dizer, descobri que Aria tem o poder de me vetar de tais dons, quando eu a vejo, não penso em nada além dela e de como me sinto ao seu lado.

– Tyler... – Ela começou e eu, imediatamente, a interrompi.

– Por favor, não diga nada. – Mantive meu olhar em seu rosto, tentando decifrar seus pensamentos. – Entre... – Continuei em voz baixa, abrindo caminho para que ela pudesse entrar.

– Tyler, eu sinto muito por hoje. – Ela disse sem me olhar diretamente nos olhos.

– Eu também sinto. Sinto muito por não ter te impedido de sair daqui. – Segurei seu rosto em minhas mãos e olhei-a diretamente nos olhos. – Não pense que não estou interessado. – Aproximei de repente meus lábios dos dela e quase pude senti-los, mas antes disso, ela se esquivou, desvencilhando-se de meus braços como quem foge do perigo.

– Eu não posso, Tyler! – Ela disse alto e pude notar o tom de desespero em sua voz. – Estou com alguém, e... Bom isso é errado em todo caso. – Ela não se prolongou, apenas encerrou a frase e desviou novamente seu olhar.

– Então quem deve desculpas agora sou eu. – Me afastei calmamente, dando passos curtos pelo pequeno cômodo do meu apartamento. – Você o ama? – Tornei a olhá-la. – Quero dizer, o cara com quem você está. – Gesticulei com as mãos, tentando me explicar.

– O que? – Ela perguntou assustada. – Como ousa? – O tom de irritação tomou conta de sua voz.

– Você o ama? – Voltei a perguntar friamente, com os olhos fixos aos seus.

Aria ficou imóvel. Os olhos arregalados demonstravam a confusão dentro de sua cabeça.

– É claro que sim. Eu o amo. – Disse ela, com pouca convicção, mas tentando parecer firme na afirmação.

– Então saia por aquela porta e finja que nada aconteceu. Eu serei apenas o novato da cidade e você a irmã de um amigo. – Soltei as palavras com firmeza, mas calmamente, enquanto ela me olhava parecendo incrédula. – Você cometeu um erro Aria, e não serei eu a te julgar por isso. Fique tranquila, nada sairá daqui. – Me virei ao fim da frase, dirigindo-me até a porta. – Vá. – Disse ao abrir a porta. Pude sentir seu olhar sobre mim ao passar pela porta mais uma vez. Ela saiu sem dizer nada e eu, novamente, fiquei parado ali, fitando o vazio do corredor.

Ouvi o bip do despertador tocar e com relutância abri os olhos. Estiquei a mão sem olhar e de alguma forma consegui desligar aquele maldito barulho que fazia a minha cabeça doer logo pela manhã. Permaneci deitado em minha cama, fitando o teto branco do meu quarto quando me dei conta de que havia dormido a noite inteira, sem pesadelos ou lembranças vagas e isso de certa forma me preocupou, afinal, eu não quero esquecê-lo. Tommy é parte de mim, e meus pesadelos e lembranças são as únicas coisas que podem me manter próximo a ele. Sacudi a cabeça na tentativa de reprimir todos os pensamentos momentâneos e saltei da cama.

Após um banho demorado, abri as portas do meu guarda-roupa e no mesmo instante me lembrei dela. Meu semblante de desânimo tomou conta de todo o ambiente. Peguei uma roupa qualquer e me vesti sem dar muita atenção ao perfeito estado que Aria havia deixado minhas coisas, afinal, parece que devo mesmo não pensar nela. Hoje é o grande dia em que inaugurarei meu novo negócio e devo estar focado, e se fizer o sucesso todo que Mike me contou, então estou feito.

O percurso até a academia foi curto, gastei por volta de quinze minutos numa caminhada em ritmo constante. Abri as portas do meu novo estabelecimento e senti orgulho pelo trabalho bem feito, mais de Mike do que meu. Agora só me resta esperar. Liguei um computador novo instalado em minha recepção e me sentei para organizar alguns papéis que incluíam fichas cadastrais, solicitações de exames médicos e tudo que é necessário para que alguém possa começar as aulas. Olhei para baixo e pude ver que alguém estava parado bem a minha frente e logo me coloquei em pé para receber quem quer que fosse. Olhei a bela garota loira com os olhos na cor azul para diante de mim e, pelas roupas que vestia, logo percebi que se tratava de uma futura aluna.

– Olá, seja bem vinda! – Eu disse sorrindo. – Sou Tyler Hawks, dono e professor desta academia.

– Sou Alison DiLaurentis, muito prazer. – A garota disse, jogando os belos cabelos ondulados para trás dos ombros.

– O prazer é todo meu, Alison. Está interessada em participar das aulas? – Falei enquanto pegava alguns papéis.

– Na verdade sim. Soube que é novo, fiquei interessada... – Ela disse mordendo o lábio inferior. – Nas aulas. – Terminou por fim a frase enquanto eu a olhava com a testa franzida.

– Bom, senhorita DiLaurentis, aqui estão os requisitos para iniciar as aulas.- Entreguei-lhe os papéis que precisava e novamente voltei à recepção, preenchendo um pré-cadastro. – O seu cadastro será concluído quando me trouxer toda essa papelada assinada por um médico. – Disse naturalmente enquanto a garota continuava a me fitar, pescando cada detalhe.

– Voltarei o mais breve possível. Até logo, Tyler. – Ela me lançou uma piscada antes de se virar e sair pela porta.

– Em breve. – Repeti em tom irônico comigo mesmo e ri baixo sacudindo a cabeça.

O dia foi extremamente cansativo, passei a maior parte do meu tempo na academia, organizando papéis e cadastros de novos alunos, aguardando que os mesmos trouxessem as documentações para o inicio das aulas. Para um primeiro dia, em uma cidade pequena, houve bastante movimento, grande parte das pessoas que passaram por lá, eram adolescentes entre seus trezes e dezessete anos, entre eles, obviamente, estava Mike. Perguntei-me por um momento o porquê do interesse de tantos garotos por artes marciais, preferi pensar que para eles é algo novo, ao invés de imaginar um bando de garotos se golpeando pelas ruas de Rosewood.

Na volta para casa, me deparei com um jovem casal, afastados da movimentação de um pequeno café de esquina. O garoto era alto, moreno e segurava os ombros da garota pequena, sacudindo-a de forma agressiva. Parei por um instante para averiguar a situação e notei que conhecia um deles. Era ela, mais uma vez. Era Aria a garota que estava sendo agressivamente sacudida pelo garoto. Aproximei-me um pouco mais do casal e pude ouvir a voz que eu conheceria até se estivesse em coma.

– Me larga, Noel! – Ela gritou tentando se esquivar do rapaz.

– Eu não vou admitir isso! – Ele continuava a segurá-la, apertando-a sem receio algum.

– Ei! Ouviu a garota, solte-a. – Adverti o garoto sem me dar conta de que havia me aproximado demais.

– E quem é você, afinal? – Ele soltou Aria e imediatamente veio em minha direção, com um sorriso irônico preenchendo seus lábios. – Dê o fora daqui e não se meta. – Ele apontou o outro lado da rua, indicando que eu fosse para longe dali.

– Deixe-a ir. – Eu disse friamente entredentes, olhando diretamente para o garoto da mesma estatura que eu.

– Ou o que? – Ao fim da pergunta, senti suas mãos colidirem contra meu peito, me empurrando para trás.

Sem dizer uma só palavra, retribuí o gesto com um empurrão tão forte quanto o dele, fazendo-o se mover uns três metros para trás. Vi seus olhos repletos de raiva, e sabia que ele estava a ponto de vir para cima de mim, pensei por um momento e a última coisa que vi foi o semblante de desespero de Aria. Pude ouvir alguns garotos se aproximando, mas me mantive de olhos fechados, com o rosto rente ao asfalto, aonde havia caído devido ao golpe.

– Dê o fora, Noel, você vai se meter em encrenca outra vez. – Era a voz de outro garoto, que parecia mais sensato do que todos ali. – Vamos embora. – Pude ouvir os passos de distanciando de mim.

Abri os olhos devagar, com dificuldade devido ao inchaço da lateral direita. Com calma, me levantei e encarei a garota parada a minha frente. Aria havia ficado, e com a mesma expressão de preocupação preenchendo o seu lindo rosto.

– Você está bem? – Perguntei avaliando-a para checar se estava realmente bem.

– Eu estou bem. – Ela respondeu em voz baixa. – Deixe-me ver isso. – Ela agora estava bem próxima a mim, com uma das mãos sobre meu rosto. – Por Deus, Tyler! Noel poderia ter feito coisa pior com você. – Ela disse indignada com a minha ousadia de enfrentar o rapaz.

– Eu poderia ter feito coisa pior. – Tratei de lembra-la de que eu ainda era o mestre de artes marciais do pedaço. – Vamos, vou te acompanhar até sua casa. – Eu disse sem olhá-la, dando alguns passos pela calçada.

– Não precisava fazer isso. – Ela disse ao se colocar ao meu lado, acompanhando meus passos.

– Levar um soco por você? – Eu ri ironicamente enquanto mirava os carros que por nós passavam. – Não sou acostumado a ver alguém ser maltratado e deixar para lá. – Franzi os lábios e continuei a caminhar.

– Por que não revidou? Você poderia. – Ela me olhava curiosa, a espera de uma resposta.

– Não luto fora da academia. Não sem um motivo real. – Diminui o ritmo dos meus passos, mantendo meus olhos fixos ao chão. – Se ele a tivesse machucado, eu teria um motivo real, acredite. – Fiz uma pausa, decidindo se o que eu havia dito era certo ou não. É ele? – Perguntei friamente. – O cara com quem você está. Noel é esse cara? – Continuei.

– Não. – Ela bufou. – Noel é apenas um imbecil, quis me forçar a ficar com ele depois que... – Ela fez uma pausa, mas logo terminou a frase. – Depois que soube que eu já não estou mais com Ezra. – Ela suspirou baixo.

– Ezra. Então esse é o nome do cara. – Finalmente pude olhá-la.

– Sim. Ezra foi meu professor antes da faculdade, nos conhecemos antes mesmo de sabermos que ele seria meu professor, e bem... Tivemos vários problemas quanto a isso. - Ela parecia frustrada. – Pensei que não sendo mais meu professor, as coisas iriam melhorar, mas não. – Ela balançou a cabeça negativamente. – Talvez ele não seja mesmo o cara para mim. Ou eu não seja a garota para ele. – Ela riu, mas notei quão chateada ela estava.

– Quantos anos tem, afinal, Aria? – Perguntei depois de digerir a história.

– Dezoito. – Ela disse firmemente. – Mas não pense que sou uma criança incapaz de estar com alguém mais velho. – Ela se pronunciou antes que eu pudesse dizer algo.

– E como pode saber quem é o cara, com apenas dezoito anos? – Parei de caminhar por um momento, olhando-a diretamente nos olhos. – A não ser que pretenda viver muito pouco. – Ri ironicamente, voltando a mover minhas pernas.

– Certo, Sr. Hawks, vamos trata-los apenas como “caras”. – Ela respondeu no mesmo tom de ironia.

– Bem menos infantil. – Assenti, demonstrando satisfação.

Paramos em frente à casa dos Montgomery, as luzes estavam todas apagadas apesar de ainda estar no início da noite. Apenas a luz da varanda estava acesa, clareando a fachada da casa. Subimos alguns degraus até parar em frente à porta da residência. Nos encaramos por alguns segundos até que o silêncio foi quebrado.

– Está em casa e segura. Preciso ir agora. – Eu disse calmamente enquanto me dirigia novamente aos três degraus.

– De forma alguma. - Ela me advertiu e eu me virei para olhá-la. – Volte aqui, seu rosto está horrível, vamos cuidar disso primeiro. – Ela abria a porta enquanto eu continuava a encará-la. – Não discuta comigo, Tyler. – Terminou por fim.

Sem discutir, segui para dentro da casa, afinal, eu precisava mesmo de um pouco de gelo, o inchaço estava quase tapando toda a minha visão do olho direito. Aria acendeu as luzes e me deparei novamente com a mobilha sofisticada que me encantava. Ela foi até a cozinha sem dizer nada, e eu apenas me sentei em uma das poltronas de sua sala, sem deixar de observar a lareira ao fundo. Lembrei-me por um momento de quando Tommy e eu passávamos horas em frente à lareira no inverno, ali surgiram as melhores histórias e dali guardei as melhores lembranças. Aria atravessou a sala, me despertando completamente. Não havia reparado em como estava linda hoje, mais do que nos outros dias em que a vi. Suspirei baixo quando a vi se aproximar calmamente com uma bolsa de gelo improvisada.

– Isso vai ajudar. – Ela disse enquanto colocava o gelo sobre o ferimento em meu rosto.

– Certamente. – Eu disse fazendo uma careta ao sentir o primeiro toque. – Posso fazer isso. – Coloquei minha mão sobre a dela e senti um arrepio percorrer meu corpo ao senti-la tremer. Meus lábios se franziram reprimindo qualquer tipo de reação sonora. Por fim, a livrei da bolsa de gelo, tomando posse da mesma. – Está sozinha? – Perguntei antes que ela pudesse notar o meu nervosismo.

– É... Sim. – Ela pareceu meio distraída e nervosa ao mesmo tempo. – Minha mãe levou Mike para um jogo de Lacrosse em Lancaster, é provável que voltem amanhã à noite. – Aria se sentou sobre a pequena mesa de centro em frente à poltrona na qual eu me encontrava sentado e por um momento me perguntei-me o porquê, já que a sala era composta por dois sofás além da poltrona. Mas ela estava mesmo interessada em como eu cuidava do meu rosto. – Está melhor? – Ela perguntou por fim.

– Estou, obrigado. – Disse fitando a lareira a mais ou menos dois metros de distância.

– Está com raiva? – Aria perguntou com receio.

– Não tenho motivos para estar. – Falei tentando não dar importância.

– Mas está. – Ela afirmou frustrada.

– Não com você. – Finalmente me virei para ela, colocando-nos frente a frente. – Às vezes, manter a ética não é tão simples.

– Me perdoe, se não fosse por mim você não teria passado por isso. – Ela disse angustiada, colocando as mãos sobre as minhas.

– Não faça isso, Aria. – Tirei a bolsa de gelo do meu rosto, deixando-a sobre a mesa onde ela estava sentada. – Eu escolhi parar e defende-la. – Me inclinei para frente, deixando nossos rostos rentes um ao outro. – Não me arrependo disso. Se ele a tivesse ferido... – Fechei os olhos tentando conter a raiva. – Eu juro que não sei o que teria feito. – Suspirei na intenção de me controlar.

Ainda com os olhos fechados, pude sentir os lábios doces e macios de Aria tocando os meus, de forma terna, mas cautelosa. Impulsivamente, pousei as mãos sobre sua cintura e a puxei para mim, dessa vez, ela não fez esforço algum para recuar, sentou-se em meu colo como quem procurava refúgio e se aninhou ali enquanto nos beijávamos de forma calorosa. Senti-me preso a ela naquele momento, quase não tinha forças para deixa-la, mas sabia que era necessário.

– Espera. – Eu interrompi o beijo, esquivando-me.

– Não há nada de errado. – Ela tentou me puxar de volta, mas tornei a me esquivar.

– Você está enganada, Aria. Agora é errado para mim. – Ela me olhou sem entender e devagar se levantou, parecia sem jeito. – Eu não quero ser o seu consolo, eu não posso ser. Estou realmente interessado, mas não posso. Não antes de ter a certeza de que nossos interesses são iguais. – Me levantei rapidamente e caminhei na direção da porta, sem olhá-la.

– Não vá, Tyler. Fique. Por favor. – Ela agora estava bem atrás de mim, pedindo de um jeito quase irrecusável.

– Não faça isso comigo, Aria. – Parei próximo à porta, mas me recusei a virar-me para ela. Eu sabia que encará-la agora acabaria com a toda resistência que eu havia adquirido até ali.

Aria permaneceu calada e eu sai por aquela porta retribuindo o silêncio. A dor física do meu rosto havia passado, ou eu estava completamente distraído pensando no quanto eu desejava aquela garota, que me esqueci da dor. Não tinha dúvidas de que no momento, eu com certeza preferia a dor.


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