Enquanto anoitecia, Stiles e Malia discutiam no Jeep a caminho da floresta. Lydia, no banco de trás encostava a cabeça na janela, querendo se manter longe de qualquer assunto. Stiles perguntava pra Malia a respeito do uivo que Scott ouviu vindo da floresta mais cedo, aparentemente de um lobisomem sentindo dor. Era o que eles estavam indo investigar.

–E se for só um modulador? –Stiles perguntou enquanto dirigia.

–Não é um modulador.

–E se for?

–Moduladores não sentem dor, Stiles.

–Podem sentir - Ele murmurou.

–Você vai sentir dor se não andar logo. – Malia brincou, enquanto via a floresta se aproximar.

Scott, já na floresta os esperava no local de encontro, junto de sua moto. Depois que chegaram, Malia foi a primeira a sair do Jeep.

–Sente esse cheiro? - Scott perguntou para Malia.

–Sinto. É diferente e ao mesmo tempo...

–Familiar. - Ele completou. - Tenho quase certeza de que o que eu ouvi não era um modulador.

–Então realmente tem outro de nós aqui?

–Provavelmente. É o que temos que descobrir. - Ele olhou para Stiles e Lydia, que ainda estavam no Jeep- Vocês vem?

Stiles olhou para o banco de trás e percebeu que Lydia estava um tanto estranha. Como se estivesse fora de si. "Então vamos?" Ele perguntou, mas ela apenas olhava para baixo, sem dizer palavra alguma.

–Eeeh... Vão na frente, eu tenho que achar meu taco de baseball. Sempre é bom se prevenir né? A gente alcança vocês. - Ele disse, antes de Scott e Malia entrarem na floresta.

Quando se foram, Stiles foi para o banco de trás e sentou do lado de Lydia:

–Lydia o que ta havendo?

–Eu sinto como... Como se eu não devesse ir.- Sua voz estava trêmula - É algo diferente, dói dentro de mim. Não é um pressentimento bom.

–Como assim?

–São barulhos... Barulhos fortes. Não saem da minha cabeça. - Ela olhou nos olhos dele - não é uma boa sensação.

–Isso quer dizer que alguém vai morrer?

–Provavelmente.

–Então esse é um bom motivo pra gente ir, ta bem? Lydia, esse "alguém" que ouvimos na floresta, pode ser ele. Ele pode estar correndo perigo.

Ela respirou fundo e disse com uma voz frágil:

–Então temos que ir.

Stiles concordou com a cabeça e a ajudou a sair do Jeep. Ela estava frágil e sensível até mesmo pra fazer isso sozinha. O que ela estava sentindo era algo mais intenso do que tudo o que ela já tinha sentido. Como se os barulhos que ela estava ouvindo, mesmo sem saber o que eram penetrassem em sua alma. Mas ela estava certa de que alguma coisa ia acontecer, e de que precisava agir.

...

Depois de meia hora caminhando na floresta, Malia exclamou:

–Já chega, isso não ta dando certo! Temos que nos separar se quisermos achar alguma coisa.

–Anh... Não é uma ideia muito boa sabe? Ficar sozinho na floresta, no meio da noite, não parece muito divertido... Nem seguro. – Stiles coçava a cabeça.

–É o único jeito! Tem um lobisomem em risco no meio dessa floresta, um lobisomem sentindo dor! Ele pode morrer.

Malia estava ansiosa. O cheiro que ela sentia passou a ficar mais forte, mais familiar. Ela reconhecia esse cheiro de algum lugar, e estava disposta a descobrir de onde, ou de quem era esse cheiro.

–Ela tem razão. - Lydia disse, antes que Stiles começasse a negar. - O barulho que eu tava ouvindo... Ta mais alto. Tem alguém aqui na floresta.

–É o único jeito. - Disse Scott - Ela tem razão, cara. Temos que nos separar.

Stiles respirou fundo e olhou pra Malia. "Toma cuidado, ta?"

Ela sorriu, fez que sim com a cabeça e tomou sua direção, assim como Scott. Stiles estava prestes a tomar a sua também, quando olhou pra trás.

–Lydia, pega.

–Seu taco de baseball? - Ela levantou uma sobrancelha.

–Você vai precisar mais do que eu - ele irônizou, colocando o taco em suas mãos - é mais útil do que você pensa. Toma, se cuida.

Todos foram em diferentes direções. Lydia foi pra frente, se deixando levar pelos barulhos que ainda a atormentavam. Ela continuou caminhando, procurando por pistas, por algum sinal. Chegou até um ponto em que cada passo que ela dava, os barulhos ficavam mais fortes. Seguindo o som, suas mãos tremiam enquanto ela segurava o taco, e sua fragilidade ficava cada vez maior. Aquela sensação ficava pior, como se sua alma ficasse cada vez mais pesada, mais amarga. Ela lutava contra esse sentimento, mas a cada passo que dava isso ficava mais intenso, mais forte.

De repente tudo acontece muito rápido. Todos os seus intensos sentimentos se expressam no grito forte e poderoso de uma banshee. Suas emoções se misturam, o taco de baseball cai no chão. Os barulhos que estavam em sua cabeça agora se tornam reais. Uma dor aguda vem sobre seu peito, fazendo Lydia cair também. Em meio a uma poça de sangue, ela consegue entender. Tudo o que ela estava sentindo agora se resume nisso. Ela mesma previu, ela mesma previu as duas balas que acabaram de ser atiradas em seu peito.