A Colheita de Sangue escrita por Amber Dotto


Capítulo 5
Capítulo 5 - Revelações Celestiais


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo, Dean Winchester aprofunda sua investigação sobre os assassinatos ritualísticos em Cotton Ride. Descobrindo famílias fundadoras que escaparam do pacto sombrio, ele une forças com Ian Farris, o detetive local, para identificar as próximas vítimas prestes a completar 24 anos.

Enquanto isso, o confronto ocorrido no passado entre Isabelle Fretcher e o xerife Jeff Martin revela segredos ocultos sobre a cidade. A chegada de Uriel, um misterioso anjo, adiciona uma reviravolta sobrenatural à trama.

Boa leitura, e divirtam-se!



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O despertar trouxe uma atmosfera singular para Isobel e Dean. A jovem não conseguia conter o sorriso bobo em seu rosto, enquanto as lembranças da noite anterior persistiam em sua mente, especialmente o momento em que ela e Dean se beijaram. Sentindo-se arrependida por não tê-lo convidado a entrar, Isobel decidiu prolongar aquela boa sensação. Ela pegou seu celular e enviou uma mensagem para Dean, convidando-o para tomar café da manhã.

"Oi Dean! Ainda pensando na noite passada. Que tal tomarmos café da manhã juntos? Ansiosa para te ver de novo."

Em poucos minutos, uma resposta positiva de Dean chegou.

"Claro, Izzy! Nos vemos em 30 minutos no Whispering Park."

Com o coração acelerado, a jovem tentou se arrumar rapidamente e foi ao local combinado o mais rápido que pode. O sol da manhã pintava o céu com tons dourados enquanto caminhavam entre as árvores. Isobel iniciou a conversa, quebrando o silêncio confortável que os envolvia.

— Bom dia, Dean. Desculpe se eu fiz você esperar muito.

Dean respondeu exibindo seu típico charme descontraído.

— Nem um minuto a mais do que eu queria esperar.

— Ontem à noite foi... diferente, não acha?

Dean, com um sorriso leve, concordou.

— Diferente é uma boa palavra... E o que me diz desse lugar... Você costuma vir aqui?

— Às vezes sim, um pouco de tranquilidade é tudo o que precisamos. Especialmente com toda a agitação da minha vida. Trabalhar em um hospital é cansativo.

— E Whispering Oaks Park é o lugar perfeito para isso. — Disse Dean olhando ao redor.

— E sobre as investigações? Você já descobriu algo?

— Digamos que estou tentando desvendar alguns enigmas misteriosos.

— Misteriosos? Hum, misteriosos de que forma?

— Coisas que talvez eu tenha que te contar um dia. Quem sabe, mas não agora... e alguém precisa lidar com isso.

— E você é esse alguém?

— Digamos que eu tenho experiência no assunto. Mas não se preocupe, eu vou garantir que nada de mal aconteça a você

— Oh sim! Isso soa como um filme clichê.

— Às vezes a realidade supera a ficção.

E assim, Dean e Isobel seguiram para a cafeteria. Quando se separaram, ambos sentiram que algo especial estava acontecendo. Todos os problemas desapareceram de suas mentes por um breve momento, deixando espaço apenas para a promessa de um romance que estava apenas começando em meio ao desconhecido.

—_____________________________________________________

 

Junho de 2000

Há 14 anos, na cidade de Bell Haven, Virgínia, um encontro sinistro selou o destino de Isobel Collins.

O xerife Jeff Martin, iniciou uma reunião tensa com Isabelle Fretcher. Ela, uma mulher respeitável e conhecida pela comunidade, carregava consigo o peso de uma história pavorosa.

— Isabelle, apesar de ter grande apreço por você e sua família, infelizmente não podemos mais adiar esta conversa — disse Jeff, sua voz pesada ecoando pelas paredes da sala escura da casa de campo deixada pelos Fretcher como herança.

— O que você precisa me dizer? O que há de tão urgente, que você não pôde aguardar meu retorno a Cotton Ride, Jeff? — indagou Isabelle, sentindo uma inquietação crescente em seu peito.

— Precisamos falar sobre o reverendo, e sobre a dívida que sua família carrega. Isso não pode mais ser ignorado.

Com uma expressão séria, Jeff reacendeu a memória de Isabelle sobre a linhagem da família Fretcher, uma das fundadoras de Cotton Ride. 

Atordoada, a cabeça da mulher começou a girar, e as lembranças de seus familiares surgiram em sua mente como uma sombra sinistra. Ainda sem reação ela seguiu escutando as ameaças de Jeff.

— Você, melhor do que ninguém, sabe que seus pais foram mortos por desafiarem o acordo. Um pacto de sangue não pode ser rompido e vocês tentarem enganar ao reverendo, recusando-se a entregar voluntariamente Clarisse, sua irmã mais velha, para o ritual. Como punição todos foram mortos.

— Então foi vocês? O reverendo é real?

— Não banque a ingênua, lembro bem de seu depoimento Isabelle. Eu era recém-integrado à corporação. Você disse a todos sobre a “figura sem forma e sombria que os atacou”, mas ninguém acreditou, e depois disso, você se isolou da comunidade até conhecer Donald Collins, com quem tem vivido uma vida plena e abundante até agora.

O xerife pintou com palavras vívidas o trágico destino que poderia se repetir.

— O sacrifício de sua filha, em alguns anos, será necessário para manter o pacto, para garantir a prosperidade para todos, é para o bem da comunidade, entende?! Saiba que você só sobreviveu para que os descendentes da linhagem Fretcher seguissem cumprindo a sua parte no ritual.

— E por que Diabos eu ofereceria minha filha para o “bem da comunidade”, Jeff? Eu consegui refazer minha vida e construir minha própria família após a tragédia com meus pais. Jamais aceitarei este acordo profano e repugnante, e te aconselho a não chegar perto de minha menina.

— Não há outro caminho Isabelle, quanto mais rápido você aceitar, melhor será para todos...

Isabelle se viu presa em uma teia de ameaças. Jeff, com um tom frio e assertivo, insistia que Isobel Collins, estava destinada a ser o próximo sacrifício, junto à outras 11 garotas quando completassem 24 anos.

— Não insista Jeff, jamais permitirei que Isobel seja arrastada para isso.

— Se você não fizer, nós o faremos. E você trará a fúria “DELE” para todos os outros membros de sua bela família.

O rosto de Isabelle endureceu, e seus olhos cintilaram com uma mistura de desafio e resolução. Em um ato de coragem, ela ordenou que Jeff se afastasse de sua família, rejeitando as ameaças que pairavam sobre a linhagem Fretcher. A mulher ordenou que Jeff se retirasse de sua propriedade de forma imediata.

Jeff Martin, agitado pelo confronto com Isabelle, caminhou apressadamente em direção a seu carro estacionado à beira da propriedade Fretcher. O ambiente estava cheio de tensão, e o vento parecia sussurrar segredos.

Antes mesmo que pudesse abrir a porta do carro, uma voz profunda e ao mesmo tempo pavorosa ecoou à sua volta, congelando-o no lugar. Jeff virou-se, e seus olhos se arregalaram de surpresa e temor.

— Jeff Martin... Você deveria ouvir Isabelle Fretcher. Mantenha-se afastado da menina Isobel. — A voz de Uriel ecoa como um trovão, reverberando pela noite.

Jeff, mesmo temeroso, encara o homem de semblante imponente e olhos penetrantes. Antes que ele possa articular uma resposta, Uriel continua.

— A mulher está certa em sua recusa e você não tem o direito de interferir nos desígnios superiores. As escolhas da família Fretcher devem ser respeitadas.

Jeff, ainda tentando processar a situação, questiona com um misto de incredulidade e desafio:

— Quem você pensa que é para me dar ordens?

Uriel, mantendo sua compostura serena, responde:

— Peço desculpas por não me apresentar antes. Sou Uriel, um anjo do Senhor. Minha visita inicial não é para impor, sim para aconselhar. Isobel Collins é faz parte de um plano dos céus, e tentar modificar os desígnios de Deus trará consequências indesejadas à sua vida.

Jeff, ainda cético, retruca:

— Um anjo? Huh! Isso é algum tipo de piada, não é? O que um anjo está fazendo aqui?

Uriel explica com calma:

— Não tenho tempo para piadas, Jeff. Minha presença aqui é para assegurar que o destino da criança seja mantido. Sei que você se vendeu por um pouco de ouro... E se é isso que quer, eu posso te dar, entretanto advirto que o que eu disse anteriormente é uma ordem celestial e deve ser respeitada.

 

O xerife, tentado pela possibilidade de ter seus desejos atendidos vê o homem desaparecer em sua frente. Seus olhos se arregalam, e ele mal pode crer no que aconteceu.

—_____________________________________________

Cotton Ride

Dean mergulhou por horas na história da cidade, conduzindo uma pesquisa minuciosa sobre cada uma das famílias fundadoras. A trilha dos nomes das famílias e a lista macabra de garotas sacrificadas ao longo dos anos não foram difíceis de seguir. À medida que suas descobertas avançavam, a lista crescia exponencialmente, desvendando um sinistro ciclo de sacrifícios.

O caçador sussurrou consigo mesmo: "Essa cidade esconde mais do que eu imaginava."

Após conectar as informações obtidas, com os nomes encontrados, encontrou o sobrenome duas famílias que ainda não haviam sacrificado suas filhas: Turner e Fretcher. Uma centelha de esperança rompeu a escuridão, oferecendo a possibilidade de salvar as próximas vítimas.

Rapidamente, Dean conseguiu rastrear a jovem pertencente à família Turner, entretanto, referente aos Fretcher, tudo o que o caçador encontrou fora informações sobre um brutal assassinato, com uma única sobrevivente: Isabele Fretcher. Entretanto, não havia outras informações sobre a mulher ou sobre qualquer familiar.

Sem saída, o jovem resolve buscar Ian Farris, o detetive de Cotton Ride que recentemente havia o ajudado com informações. Ian pediu que Dean o encontrasse novamente na saída da cidade, e em pouco tempo, ambos estavam no local combinado.

Ian, sentado, olhou para Dean com expressão séria, indicando que estava atento as orientações.

— Ian, encontrei novas informações e se quisermos salvar as garotas, precisamos agir rápido! Duas famílias fundadoras não tiveram suas filhas mortas, os Turner e os Fretcher. Temos uma chance de impedir que isso.

— Vou cruzar as informações e identificar as garotas que estão prestes a completar 24 anos. Precisamos salvá-las, não vou permitir que elas morram por conta de um pacto maligno.

— Temos que ser estratégicos. Não podemos alertar as famílias que estamos atrás delas. Eu rastreei uma delas, a garota dos Turner. Seu nome é Karen Turner, trabalha com curadoria.

— Karen?! Jesus Cristo! Eu sei quem é.

— Quanto aos Fretcher, eu vou precisar de sua ajuda. De acordo com minhas pesquisas, a família Fretcher foi atacada e brutalmente assassinada no aniversário de 24 anos de Clarisse Fretcher, porém houve uma sobrevivente: Isabelle Fretcher. Identifiquei também que o Lago Deke fica dentro de uma propriedade desta família.

— Isabelle Fretcher é mãe de Graham e Isobel Collins. Mas ela foi embora da cidade a muito tempo, ninguém sabe nada sobre ela.

Dean olhou para Ian com um misto de surpresa e preocupação.

— O que disse? Isabelle Fretcher é mãe de Isobel? Então ela também é uma Fretcher! Droga, isso não é nada bom. Precisamos encontrar Isabelle e encontrar uma forma de deter o Reverendo.

— E sobre você, Winchester? O que realmente faz? Você não é do FBI, e essa história do reverendo... não é algo que se encaixa na realidade. O que está acontecendo aqui?

Dean hesitou por um momento, ponderando sobre a confiança que poderia depositar em Ian. Decidiu compartilhar um vislumbre da verdade.

— Eu caço essas coisas. Coisas que a maioria das pessoas prefere ignorar ou nem mesmo acreditar. Criaturas sobrenaturais, monstros, use o nome que quiser ... e o Reverendo é um deles. Estamos lidando com algo muito além do que parece à primeira vista.

Ian processou a revelação, suas expressões variando entre incredulidade e curiosidade.

— Caçador de coisas sobrenaturais? Nunca pensei que veria o dia em que acreditar em histórias de fantasmas seria parte de uma investigação.

— Acredite, e Cotton Ride é o palco de coisas que você não imaginaria nem nos seus pesadelos mais sombrios.

— E o que você pretende fazer?

— Achar Isabelle Fretcher, salvar as garotas destinadas aos sacrifícios e parar isso de uma vez por todas. Você está dentro?

Ian ponderou por um momento, olhando para o mapa que Dean tinha espalhado sobre a mesa.

— Não tenho certeza se consigo acreditar em tudo isso, mas algo estranho está acontecendo nesta cidade. Eu quero respostas. Conte comigo, Dean.

Enquanto estavam imersos nessa discussão, o celular de Dean tocou. Era Megan, a filha do Xerife.

— Dean, precisamos conversar. Acho que tenho algumas informações que poderiam ser úteis. Você pode me encontrar no restaurante de Graham?

— Te encontro em uma hora, pode ser?

— Claro bonitão! Até breve!

Dean seguiu para o restaurante de Graham. Ao chegar, avistou Megan, agindo como se estivesse genuinamente assustada. Quando finalmente se aproximou, a garota pôs-se a falar.

— Dean, você precisa me ajudar. Eu não sei se você vai acreditar no que eu vou dizer, mas ouvi meu pai falar sobre o reverendo. Uma história local, e sei que eu serei a próxima. Eu tenho medo do que pode acontecer!

Dean, mantendo a fachada, respondeu com indiferença:

— Megan, como você mesmo disse, isso é só uma história. Histórias como essa, são feitas para assustar crianças. Estou investigando um caso real, e te garanto que nada irá acontecer com você isso.

Desconfiada, a bela provocou Dean sobre sua proximidade com Isobel:

— Ouvi dizer que você tem passado muito com Isobel. Ainda há tempo para realizar as investigações ou você desistiu e resolveu brincar de casinha?

Dean, sem paciência respondeu friamente:

— Minha vida pessoal não é a pauta de nosso encontro, Megan. Se não tem informações reais e precisas sobre o caso, estou indo embora.

Megan, mudando de tom, segurou o braço de Dean e seguiu com uma doçura fingida:

— Dean, por favor, meu pai está enlouquecido. Por salve-me de Jeff Martin. Ele é perigoso, e eu tenho medo do que ele pode fazer.

Antes que a conversa pudesse progredir, Jeff adentrou o restaurante, lançando um olhar furioso ao ver Dean e Megan juntos.

— O que está acontecendo aqui?

Dean, sussurrando para Jeff enquanto mantinha a aparência de normalidade:

— Eu sei o que você anda fazendo, Jeff.

Jeff, com uma expressão ameaçadora, respondeu:

— Você não sabe do que está falando. Sugiro que saia da cidade, ou algo de ruim pode acontecer com uma bela jovem morena de 23 anos.

Dean, olhou para Jeff com expressão de Ódio:

— Não vou a lugar nenhum, Xerife. E, se algo acontecer com Isobel, tenha certeza que você será infligido com uma dor muito superior a que ela pode aguentar.

Antes que a tensão pudesse aumentar, Graham interferiu, exercendo algum tipo de controle sobre Dean.

— Calma, calma. Vamos todos nos acalmar aqui. Não precisamos de problemas no meu restaurante.

Dean, ainda exalando a tensão do confronto, seguiu Graham para fora. O ar noturno era denso, carregado com a expectativa de revelações explicações.

Dean esfregou a nuca, tentando acalmar seus próprios ânimos antes de começar a falar com Graham. O irmão de Isobel parecia intrigado, misturando suspeita e curiosidade em sua expressão.

— Graham, eu não sou de me perder assim, mas aquele xerife... Há algo de errado acontecendo nesta cidade, e ele parece não estar disposto a colaborar. E quando ele tocou no nome dela, e a ameaçou...

Graham cruzou os braços, visivelmente incomodado com a situação.

— O que você quer com a minha irmã, afinal?

Dean respirou fundo antes de responder.

— Eu não quero machucar Isobel, Graham. Eu só quero descobrir o que está acontecendo aqui. Você escutou o que eu disse? Jeff a ameaçou. Disse que se eu continuar investigando, algo ruim vai acontecer com ela. Se aquele desgraçado encostar nela, eu juro que acabo com ele.

Graham arqueou uma sobrancelha, claramente surpreso com a revelação.

— Jeff ameaçou minha irmã? Isso é sério?

Dean assentiu, mantendo o olhar firme e aproveitou a oportunidade.

— Preciso entender a relação entre Jeff e Isabelle Fretcher e acho que você é um dos poucos que pode me ajudar. Acredito que isso pode ter algo a ver com os assassinatos. Faz algum sentido para você?

Graham suspirou, desviando o olhar por um momento antes de responder.

— Isabelle Fretcher. Minha mãe?! Ela foi embora quando eu tinha 16 anos. Nunca mais tive notícias dela, e acredito que Jeff também não. Porque isso seria relevante para as investigações?

— O local onde os assassinatos ocorreram fica dentro da propriedade de sua família. Talvez sua irmã saiba de algo.

— Dean, minha irmã assim como eu, não tem informações sobre nossa mãe e esse é um tema sensível para nós.

Dean, notando a tensão em Graham, mostrou compreensão.

— Desculpe, eu não sabia. Mas precisamos resolver isso, Graham. Jeff está escondendo alguma coisa, e se não agirmos rápido, coisas ruins podem acontecer.

Graham assentiu, aceitando a gravidade da situação.

— Eu digo se souber algo. Agora me desculpe, eu preciso entrar e voltar ao trabalho.

 


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Notas finais do capítulo

Para fins de curiosidade, segue o sobrenome das famílias fundadoras:
1. Reynolds
2. Harrington
3. Montgomery
4. Mitchell
5. Pendleton
6. Thornton
7. Pharrys
8. Redwood
9. Holloway
10. Stanton
11. Turner
12. Fretcher

Fiquem atentos a isso pois será primordial para resolver os mistérios