Diário de Sobrevivência escrita por Pedro Pitori, WillianSant13


Capítulo 34
Diário 3 - Everthon




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Eu não sabia o que fazer. Havia uma nuvem de fogo indo aos céus, e vários infectados corriam para lá e para cá atrás de guardas e sobreviventes. Avistei Marcus atirando na cabeça de um infectado enquanto dava passos para trás, porém, ao caminhar para trás, Marcus acabou tropeçando e caindo na guia do estacionamento. A barra da calça dele acabou enroscando e dois infectados se aproximaram dele e o comeram vivo.

– Droga... - sussurrou Dakota. - Precisamos achar Derby. - Dakota saiu correndo da torre e eu a segui pelo fogo cruzado. Ela segurava agora uma machadinha preta e eu meu fuzil militar. Passei correndo por um infectado e Dakota abriu caminho por dois infectados, cravou a machadinha na cabeça de um e enquanto puxava, passou no pescoço do outro que foi ao chão. Escutei uma explosão vinda do segundo andar do prédio principal, os vidros da janela se estilaçaram ao chão e o fogo continuava a subir aos fundos do prédio. Alcançamos a entrada e fechamos a portas duplas vermelhas.
– Aqui, me ajuda! - Dakota pediu para eu empurrar uma máquina de refrigerantes para barricar a porta enquanto ela a segurava. - Isso.
Derrubei a máquina entre as duas portas e os infectados começaram a bater na porta na tentativa de entrar. Dakota saiu correndo pelo corredor até uma escada estreita escura. Ouviamos barulho d'água pingando de algum lugar. Continuamos à subir. O barulho d'água foi abafado por um grito distante vindo de lá de baixo, admito que fiquei assustado.
– Para onde exatamente estais indo? - perguntei enquanto subia de dois em dois degraus.
– Escritório dele, ele não sai de lá. - Dakota respondeu ofegante em pausas.
Chegamos ao andar do escritório de Derby e estava um caos: papéis voavam e havia sangue fresco na parede. Um infectado que havia sido metralhado estava ao chão, perto de uma planta. Continuamos à andar até as portas de carvalho do escritório de Derby.
Dakota empurrou a porta sem resposta.
– Derby? Sou eu, Dakota. Abre aí, estou limpa!
Um cara abriu a porta. Ele usava um tapa-olho no olho esquerdo e um colete preto a prova de balas.
– O que vocês querem? - ele ofegou.
– Deixe-os entrar, Luke. - Derby disse ao fundo, na janela.
Entramos na sala e vimos que não estavam sós. Além de Luke, haviam mais dois homens fortemente armados em volta da mesa. Eles estavam aflitos.
A claridade do fogo lá fora refletia no rosto claro de Derby.
– O que faremos? - perguntei.
– Não se preocupe, meus homens conseguiram fechar o portão. Só questão de tempo até matarmos os restantes. - Derby soltou a cortina e voltou a mesa.
Observei um alarme amarelo em cima de um quadro de um lago. Algo me dizia que aquele alarme não avisava sobre coisas boas.
– Mustafard, force as barricadas à oeste. - Derby virou-se para um cara baixinho e ruivo.
– Certo. - Mustafard assentiu.
– Lannister, quero que você tome conta dos feridos na ala médica, imediatamente. - Derby passou a mão na testa.
– Sim, senhor. - os dois se retiraram da sala.
– Senhor, perdemos muitos homens nesses 20 minutos. Não podemos continuar a lutar, são muitos. - Luke parecia preocupado.
– Como eu havia dito, não se preocupe. Já fechamos os portões e logo todos estaram exterminados. - Derby disse. - Como estão as mulheres e as crianças?
– No abrigo anti bomba, senhor.
– Ótimo. Contanto que os infectado fiquem longe da área de quaren....
Derby foi interrompido pelo som alto do alarme amarelo que irrompeu do nada.
– Você está de brincadeira... - Luke sussurrou enquanto observava o alarme soar.
Olhei confuso à Dakota que parecia nervosa.
– Não acredito... - ela sussurrou.
– Derby, o que nós temíamos aconteceu. Eles invadiram a área de pesquisa. - Dakota afirmou.
– Luke, vá agora. Leve um grupo de homens até o armazém. E ACABE COM TODOS, TODOS SEM EXCEÇÃO! - Derby bateu na mesa.
Em menos de quatro segundos, Luke havia deixado a sala.
***
Dakota saiu me puxando pelo braço direito enquanto íamos em direção a escada.
– Ei, ei, ei, ei. Espera um minutinho só! - parei.
Ela parou e virou-se para mim boquiaberta e ofegante.
– Oque houve? Por quê o alarme soou?
– Olha, escuta, - Dakota parou e me olhou. - quando aquele alarme soou, quis dizer que os infectados conseguiram, de alguma forma, invadir o armazém. Sabe aquele que todos são proibidos de entrar? Então...
– Mas, o que há de tão importante lá? - perguntei.
Dakota me observou perplexa como se estivesse prestes a contar o maior segredo mundial.
– A cura disso tudo. Dos infectados. - ela correu escada a baixo.
– O QUÊ?! - gritei e a segui.
***
Alcançamos o telhado de um armazém vizinho ao do incidente. Estavámos a alguns metros de altura e víamos os zumbis entrarem no armazém. Haviam cerca de 15 do lado de fora lutando contra os homens armados.
– Temos que entrar. Precisamos de uma entrada. - Dakota parecia aflita enquanto observava o território.
– A porta da frente parece bem receptiva. - respondi com um sorriso.
Ela me deu um soco no ombro.
– Aí aí. Não precisava disso, era só brincadeira.
– Enfim, se chegarmos ao telhado pelo escada, encontraremos uma entrada alternativa lá por cima. E temos que ir pelos fundos, sem chamar atenção. Apesar de que não há quase nenhum infectado lá atrás, todos estão na frente. - Dakota sussurrava.
– Hã... Como você sabe tanto sobre território e inimigo? - perguntei aflito.
– Ah, escola militar da aeronáutica. É tipo exército, só que melhor. - ela respondeu. - Vem.
– Que demais... - respondi perplexo.
Ela pulou em cima de uma lata de lixo verde no beco entre os armazéns e eu a segui até os fundos. Passei pela frente dela e entrei num beco atrás do armazém principal, e dei de cara com uma grade.
Me virei de frente para ela e respirei fundo.
– Que ótimo! Agora o que farem....
– EVERTHON, SE ABAIXA! - Dakota gritou comigo e eu me assustei. Mas fiz o que ela mandou de imediato.
Na mesma hora em que me abaixei, ela jogou a machadinha por cima da minha cabeça. Passou por um fio de cabelo e até senti o vento. Após alguns segundos olhei para trás: ela havia acertado em cheio a cabeça de um infectado que estava num monte de lixo, eu não o vi. Ela logo pegou a machadinha e começou a subir uma escada de emergência que levava ao telhado.
– Já disse que amo você? - perguntei assustado e ofegante.
Ela sorriu.
– Todos amam, querido. - ela continuou a subir e eu a segui até o telhado.
***
Chegamos ao telhado e nos aproximamos da porta de metal esverdeada. Estava escuro e o fogo continuava a subir de um tanque de gasolina grande.
– Então, temos um plano? - perguntei enquanto olhava ao redor.
Ela se abaixou e olhou um aparelho com botões. Era o desbloqueador da porta. Havia uma luz vermelha acima da porta.
– Qual era a senha mesmo... - ela sussurrou.
– Precisa de uma senha, sério?
– Cale a boca..... Hum...
Ela digitou os números "4,8 e 15" no aparelho e um estralo deu na porta. A luz vermelha estava verde agora.
Entramos numa pequena sala no telhado que havia apenas uma escada escura que levava até lá embaixo. Descemos as escadas correndo até um corredor, no qual havia uma janela de vidro que dava a vista para o armazém: estava lotado de infectados e haviam homens em cima das prateleiras matando os infectados.
– Espera, o que vinhemos fazer aqui mesmo? - perguntei.
– Temos que tirar todos os homens desta sala. Eles já fecharam o portão de aço que leva ao subsolo, onde está a cura.
– O QUE? ESTÁ MALUCA, ELES VÃO DOMINAR TUDO.
– Pensa comigo, - ela me segurou pelos ombros. - Se tirarmos todos os soldados daqui, eu posso chegar até aquela sala e soltar uma espécie de veneno tóxico.
Ela apontou para uma porta de metal no final deste corredor.
– É, eu sei parece loucura. Mas temos um gás tóxico que quando lançado ao ar, é letal tanto para humanos quanto para infectados. Se os soldados estiverem aqui quando eu soltar, irão morrer.
Olhei confuso, mas sabia que no fundo, ela tinha razão.
– Me dá seu rádio.
– O que? - perguntei.
– AGORA!
Dei o rádio à ela e ela ajustou a frequência 42.
– Kevin, está aí? é a Dakota.... Kevin?
Observei pela janela: um homem em cima da prateleira puxou o rádio do bolso e a voz dele ecoou pelo corredor.
– O que é? Droga.... - ele atirou.
– Preciso que saia com seus homens da sala.
– Como assim, você pirou? - ele disse.
– Olha, lembra do gás que instalamos semana passada? Então, tire seus homens e eu ligarei o gás. Feche as portas de maneira com que o gás não saia, nem os infectados. Peça para seus homens barricar a porta por fora com uma lata de lixo que há no beco aqui ao lado, AGORA!
– Você é louca... Mas tem razão, farei isso agora. - ele desligou e chamou seus homens. O vidro era à prova de som então apenas vi ele gesticular para a porta e falar durante dez segundos.
– Vamos, me ajude com o gás. - Dakota e eu corremos até a sala.
Entramos na sala.
– Rápido, puxe aquela alavanca e aperte o botão vermelho. - ela pediu enquanto pegava um martelo pequeno para quebrar o alarme de incêndio. Puxei a alavanca e apertei o botão quando o alarme começou a soar. O som do alarme era contínuo, tipo aqueles que indicavam quando uma usina nuclear havia explodido e coisas do tipo.
– Para que serve o alarme? - perguntei.
– Combinamos de eu tocar o alarme quando o gás fosse lançado. - ela correu até a janela de vidro e eu a segui.
Estava funcionando. O gás verde estava por toda a sala e os infectados, aos poucos, iam ao chão. Dakota chutou uma mala no chão e tirou dela duas máscaras anti gás tóxico e me deu uma.
– Rápido, coloque! Venha. - ela pôs a dela e correu até uma escada vertical que levava ao andar inferior.
Quando chegamos ao andar inferior, os infectados estavam todos mortos. Dakota chutou a cabeça de um.
– Ok... Funcionou.
O alarme havia parado de soar.
– Vamos até o subsolo, a cura está lá. - Dakota me puxou escada à baixo.
***
Adentramos em um corredor escuro, apenas uma luz no final dele piscava incessantemente e faíscas caíam ao chão. Havia um caminho de sangue ao chão.
– Pelo o que eu posso saber sobre filmes, alguém foi arrastado por aqui. - sussurrei.
– Isso não é nada bom...
Caminhamos e viramos à direita no final do corredor, seguimos a trilha e entramos numa sala branca, a iluminação funcionava perfeitamente e estava muito clara. Haviam alguns aventais ao chão, uma geladeira de aço no canto, e várias prateleiras ao redor lotadas de remédio. Havia uma mesa de metal no meio, do tipo de mesa de autópsia de corpos. Havia muito sangue no piso branco da sala, formando um contraste.
– Merda... - sussurrei ao entrarmos.
Havia um corpo ao fundo, apoiado no balcão da parede. Parecia estar morto, pois havia muito sangue ao redor e no chão.
– DOUTOR OTTWINSKI! - Dakota correu até o corpo.
Era de um senhor calvo, com fios brancos, e jaleco de médico. Dakota sentiu a pulsação.
– Está vivo, mas ocoração está fraco.
Após alguns segundos, o médico cuspiu para fora muito sangue e focou os olhos em Dakota após tossir.
– Senhor Ottwinski, o que houve? Me responda!
Ele estava perdendo muito sangue, isso não era bom.
– Algo me diz que quem fez isso não foram os infectados... - sussurrei.
– Quem fez isso? Me diga quem foi! - Dakota implorava.
– Ele... O outro. - sussurrou com dificuldade o médico.
Após alguns segundos, ele suspirou e fechou os olhos. Havia ido.
– DROGA! - Dakota largou os ombros dele e pôs a mão na cabeça.
Ela olhava confusa para a sala agora.
– Você... - sussurrei.
Ela correu até a geladeira e a abriu rapidamente, ficou parada alguns segundos e olhou pasma até mim.
– Não... - ela disse.
– O-Oque? - perguntei.
– Não está aqui.
– O QUE EXATAMENTE NÃO ESTÁ AÍ? - gritei curioso.
Ela me fitou.
– A cura. Levaram a cura.


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