Diário de Sobrevivência escrita por Pedro Pitori, WillianSant13


Capítulo 11
Diário 7 - Willian


Notas iniciais do capítulo

Burn.



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Estávamos a caminho da loja. Jimmy assoviava uma música do Nirvana enquanto dirigia, a Gi ia no banco da frente como carona, observava tudo lá fora enquanto segurava o seu arco. Everthon e eu íamos na parte de trás da Van, sentados em alguns sacos pretos com algo dentro que não identifiquei o que era.
– Acho que vai chover. - Everthon sussurrou.
– Isso dificulta ou ajuda? - perguntei.
– Sei lá, acho que deve dificultar. Apesar de que os zumbis ficam lentos na chuva, e alguns morrem por ela. Veremos.
Dei os ombros.
– Jimmy, você sabe onde fica esse lugar? Já estamos quase entrando na área industrial, e eu não gosto desse lugar. - Giovanna disse angustiada.
– Yeap! Não se preocupem, eu vinha até aqui direto com meu pai quando mais novo. Ele comprava as suas ferramentas para nossos carros e tudo mais. - respondeu Jimmy.
Observei pela janela dos fundos da van: havíamos passado por uma horda de zumbis em uma esquina, e Jimmy desviava de carros na estrada. Ele virou à direita e seguiu em frente, virou a esquerda e passou por uma rua mais estreita. Ele parou no final dessa rua, que era sem saída.
– Chegamos. - disse Jimmy;
– Ok, pessoal. Everthon e Will vocês entram e limpam a área enquanto eu dou cobertura, tudo certo? - perguntou Giovanna.
Assentimos com a cabeça.
– Jimmy, você deixa a Van pronta para a fuga, faça o retorno.
– Certo. - disse Jimmy confiante.
Giovanna foi interrompida por alguém que chamava no rádio, o sinal estava fraco e não conseguíamos adivinhar quem era.
– Ei, pessoal? Pessoal? É a Dana, respondam por favor.
– Sim, Dana, estamos ouvindo. - Jimmy respondeu ao Rádio. - prossiga.
– Certo, vocês chegaram na loja?
– Sim, aqui estamos nós. - Jimmy respondeu.
– Certo, adiante com o plano, ok? Me avisem quando estiverem voltando. Câmbio e desligo.
– Ok, vamos Will. - disse Everthon enquanto saia da Van.
– Boa sorte. - Jimmy nos desejou.
Giovanna saia do carro com o arco em mãos.
– Certo estarei aqui na rua, qualquer coisa gritem. - ela disse enquanto atirava na cabeça de um zumbi: headshot.
Entramos na loja, era uma sala média com várias ferramentas nas paredes e outras em um balcão à nossa frente e havia uma porta que levava até uma sala bem escura aos fundos.
– Vou checar os fundos e procurar pelas ferramentas menores. - eu disse. - procure por óleo ali naquelas caixas, certo?
– Tudo bem.
Fui em direção aos fundos, estava escuro e havia apenas uma vela acesa em cima de uma escrivaninha. Andei até a escrivaninha e observei alguns papéis em cima como uma carta e um pequeno mapa. Peguei a carta e a li:
Edward, eles estão aqui estão por toda a parte. Nós precisamos partir agora.
Por favor, nos encontre em Franca mais especificamente, na casa dos seus
avós. - Henry.
– Parece que alguém também foi deixado para trás. - sussurrei.
Recolhi o mapa e o aproximei da vela, era um mapa de Paris e haviam algumas coisa desenhadas por lá que não consegui identificar. Olhei o verso, algumas coisas estavam escritas em negrito: 'Revolução Francesa', '1789-1799', 'rei', 'robespierre'. Alguém havia feito um mapa da Revolução, o dobrei e enfiei no bolso.
– Achou algo? - gritou Everthon.
– Xiu! Não grite, não, não achei nada ainda. - respondi.
Me abaixei e fitei uma caixa preta e vermelha que estava no chão, a abri e observei o seu interior, haviam alguns papéis amassados e papéis de bala. Olhei mais fundo e vi que as ferramentas de que eu precisava estavam lá. Eram pequenas então as guardei no bolso e revistei o resto da caixa, peguei um pouco de álcool, fitas e clipes de plástico.
– Achei algo. - eu disse enquanto abria uma caixa pequena.
– Ótimo. - disse Everthon.
Abri a caixa e olhei o interior, haviam muitos 'isopores' e algumas garrafas vermelhas.
– Deuses! - sussurrei. - Molotovs! Ótimo!
Fechei a caixa e a levei até a Van. Jimmy abriu as portas por dentro e eu coloquei a caixa no piso.
– Hehe, isso pode ajudar. - Jimmy ria.
– Sim! - respondi animado.
Everthon veio em nossa direção com alguns galões de gasolina e os colocou na Van.
– Missão completa, eu acho. - ele riu.
Giovanna que estava agora em cima da Van, nos chamou:
– Pessoal, é... Subam aqui e deem uma olhadinha ali naquele beco.
Subimos sem perguntar o que estava havendo e observamos o beco. Uma horda de zumbis, uma horda mesmo, formada por uns 20 zumbis estava tentando quebrar uma grade e entrar na rua e eles estavam conseguindo. Desci da Van e corri até a parte de trás, eu tinha um plano na cabeça.
– O que você está fazendo, ficou louco de vez? - gritou Jimmy.
– Sim. Louco para queimar. - rebati.
Abri a caixa dos molotovs e peguei uns oito.
– Everthon, rápido, segure essas garrafas.
– Manda!
Joguei as garrafas para ele e subi de volta na van no momento em que os Zumbis entraram na rua.
– Entendeu onde eu quero chegar pessoal? - perguntei.
– Sim! - os três responderam em uníssono
Cada um pegou uma garrafa de molotov e as acendeu.
– No três. - disse Giovanna
– Certo. - respondemos.
– 1...2...3...JÁ!
Jimmy ateu fogo em uns cinco zumbis, enquanto Everthon em uns quatro, queimei uns seis por aí. Gi sacou o arco e atirou na cabeça de três, enquanto eu descia e pegava os outros dois na faca e todos ficaram sem a cabeça. Entramos na van e observamos mais alguns zumbis chegarem
– PISA FUNDO JIMMY, VAI! - Everthon gritava.
– É para já! - ele respondeu.
Jimmy saiu em disparada pela avenida principal em direção a zona de quarentena.
– Pessoal, estão bem? - chamou Dana sem fôlego ao rádio.
– Bem, tirando o fato de termos quase sido comidos por uma horda de zumbis, estamos bem sim. Ateamos fogo em todos. - disse Jimmy irônico.
– Dana, pegamos tudo. Estamos voltando.
O silêncio reinou por alguns segundos.
– Ok, olha voltem logo. As coisas... Não estão muito bem por aqui. DROGA, MIKE! - Dana disse nervosa.
– Estamos indo. Está tudo bem? - perguntou Giovanna ofegante.
– Venham logo! - gritou Dana.
Jimmy pisou fundo em direção a Zona de Quarentena. Quando chegamos lá, o local parecia muito quieto, os guardas que ficavam nas sacadas não estavam mais lá. Nem o guarda da garagem estava lá, então Jimmy entrou e estacionou a Van de modo preparado. Subimos nós quatro as escadas cautelosamente até o andar da torre, e entramos: estava vazio e escuro por causa das persianas fechadas.
– Cade todo mundo? - perguntou Giovanna.
– Droga, se abaixem. - eu pedi.
Nos abaixamos e saímos da sala, o corredor estava escuro e as luzes soltavam faíscas. O que estava acontecendo? Aquele lugar há algum tempo não estava assim. Continuamos subindo as escadas e chegamos até o décimo segundo andar quando ouvimos gritos vindos de uma sala.
– Venham. - sussurrei
Chegamos até a porta da sala, e então abri a porta devagar. Quando entramos, vi dois zumbis tentando morder Daniel que estava sendo empurrado pelo parapeito da sacada.
– Droga! - gritei.
Corri para alcançá-lo, mas era tarde demais. Um zumbi o forçou tanto que ele caiu de costas do parapeito. Jimmy e Giovanna correram, Jimmy enfiou sua faca no pescoço de um que caiu da sacada, e Gi chutou a coluna do outro que também caiu. Corri até a sacada e olhei para baixo, não consegui ver nada pois lá em baixo havia muito mato e estávamos bem alto.
– Mas que... Não acredito. - gritei.
– Não fui com a cara dele mesmo. - disse Jimmy.
Todos o observaram por uns segundos.
– O que foi?
– Will, precisamos ir. Vem - disse Giovanna.
Me afastei do parapeito e sai com eles da sala.
– Onde está Dana? - perguntou Everthon.
A frase de Everthon foi abafada por um grito alto vindo do andar superior.
– Não sei, mas algo me diz que já vamos descobrir. - respondi.
Corremos até o andar superior onde haviam uns três zumbis correndo atrás de Dana.
– Deixem comigo - disse Giovanna enquanto sacava o seu arco - hora de brincar.
Ela atirou na cabeça de dois zumbis e eles caíram mortos. Ela atirou nas costas do terceiro que ficou se debatendo ao chão. Jimmy correu e pisou na cabeça dele, e ele morreu de novo.
– Droga! - disse Jimmy.
Corri até Dana que estava encostada na parede no final do corredor.
– Você está bem?
– Um pouco, por um tempo. - ela respondeu devagar.
– Calma, estamos aqui! Você se machucou? - perguntou Everthon
Dana nos mostrou o braço dela: tinha uma mordida recente próxima ao pulso dela.
– Droga! - me levantei e fui até a Giovanna - Você tem algo que possa ajudá-la?
Dana ficou em pé, e sacou das costas um revólver.
– Isso acaba aqui. - ela disse enquanto chorava e apontava o revólver para nós. - Acabou.
– Dana, calma... - Jimmy tentava acalmá-la. - Vai ficar tudo bem. - ele deu um passo à frente.
– Nem mais um passo você! - ela gritava agora. - Acabou! Eu cansei de tudo isso.
– Calma, podemos te ajudar com isso. - disse Giovanna.
– Ninguém pode, só podem atrasar mas nunca curar. É assim que funciona: matar ou morrer. Não há outra saída.
Ela apontou o revolver para o próprio queixo enquanto chorava.
– NÃO! - gritamos em uníssono.
– Acabem com isso, só peço isso.
Antes que pudéssemos hesitar, Dana deu um tiro no próprio queixo e caiu no chão. Everthon correu até ela, mas não havia nada que pudéssemos fazer. Fiquei em choque por alguns segundos enquanto via aquela cena.
– Will? Você está bem? - perguntou Giovana enquanto me abraçava.
– Talvez. Precisamos sair daqui, há mais deles lá em baixo. - eu disse em tom calmo.
– Sim, é... - ela olhou para Jimmy. - ok, vamos descer.
Everthon fechou os olhos dela e nos seguiu até o saguão.
– O que faremos? - perguntou Everthon.
– Ainda temos aquela caixa de molotovs na van, não? - perguntei.
– Sim, mas por quê? - perguntou Jimmy.
– Venham comigo.

****
Abri as portas da van e tirei os molotovs.
– Everthon, faça o seguinte, pegue estes colchões e os leve para o saguão, e em algumas salas lá em cima. - eu pedi.
– Hã... Ok. - ele pegou alguns colchões e saiu da garagem.
– Gi, vá até a torre e pegue muito papel, os espalhe pelos corredores até chegar aqui.
– Tudo bem. - ela respondeu enquanto corria.
– O que você pretende fazer? - Jimmy perguntou.
– Uma revolução. - respondi.
Depois de dez minutos, os dois voltaram.
– Tudo pronto. - disse Everthon confuso.
– Ótimo. Ainda lembram como usar um molotov, certo? - perguntei.
– Sim. - responderam.
Peguei a caixa e fui em direção ao saguão.
– Venham comigo. - chamei.
Chegamos ao saguão, os colchões estavam espalhados pelo chão. Haviam dois. Jimmy, pegue esta garrafa e ateie fogo na saída, certo?
– Tudo bem... Eu acho. - ele disse.
Subimos até o andar da torre.
– Gi, ateie fogo nesses papéis quando eu pedir.
– Yeah! - ela disse.
– Vocês esperam aqui, eu já volto.
Fui até o décimo primeiro andar, vi alguns colchões e zumbis que aparentemente, acabaram de aparecer ali.
– Hey, zumbis olhem para mim agora! - gritei para chamar atenção deles.
E deu certo, eles olharam para mim e vieram na minha direção e enquanto passavam pelos colchões, eu acendi e joguei um molotov neles.
– Burn! Queimem, desgraças, queimem!
O fogo se alastrou até as salas daquele andar, e logo tudo estava em chamas. Desci até os meus amigos e pedi para que a Giovanna acendesse o molotov, ela acendeu e jogou nos colchões. Tudo começou a queimar rapidamente e aquilo se transformou em uma sauna. Descemos até o saguão de entrada, e o Jimmy já sabia o que fazer. Ateou fogo em tudo, e logo tudo estava queimado. Joguei mais um molotov no final do corredor e saímos daquele lugar. Corremos até o outro lado da rua e observamos o fogo tomar conta do prédio, vidros explodiam e o fogo sai pelas janelas. Entramos em um beco e subimos as escadas de uma loja, e quando chegamos ao telhado da loja, assistimos tudo aquilo queimar.
– E os sobreviventes? - perguntou Jimmy.
– Mortos. Duvido que estejam vivos. - eu disse enquanto ria.
O sol ia se pondo no horizonte, e a visão que tínhamos era aquele prédio grande em chamas.
– A Revolução foi feita. - falei em tom sarcástico.
– O que faremos agora? Agora assistimos? - perguntou Giovanna.
– Agora assistimos. E depois, veremos como isso vai acabar.


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