Frágil Poder escrita por Thayná, Henrique


Capítulo 5
POV's João Lucas - Ganho um inimigo oculto




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A ‘Craziest Party’ acontece sempre no sábado depois do Carnaval. É organizada pela molecada mesmo, todos gente boa. Nunca tem problema ou briga, ah, tipo, em uma edição ou outra... Mas é difícil. Todo ano os organizadores escolhem lugares bem dahora, esse ano foi em uma chácara em Barueri, a piscina pra vocês terem uma noção era do tamanho de uma lagoa, a casa principal era dessas modernas e sustentáveis (é assim que se fala não é?), campo de futebol... Mano, pra você tem ideia é que nem o ‘Tomorrowland’, só que não né, mas é como se fosse: música boa, gente bonita, só curtição. Henrique (milagre que ele aceitou ir), Sophia, Caíque, Vitória, Martin e Nicolas foram comigo. A Brenda e a.. Paloma não quiseram ir (uma pena porque a Paloma é a mina mais gostosa daquela escola). Ah, Laís e Murilo também foram... Humpf.

– Uh papai chegou galera! – cheguei gritando mesmo naquela porra até que o certinho me cortou o barato:

– Ah você não tá num baile funk. Nem é o ‘Mr. Catra’! – o certinho é o Henrique. Ah qual é? Tem algum problema falar isso?

– Calvin Harris! Ai, eu amo essa música dele né amor? – disse Sofia para Caíque, nem esperou ele respondeu e já deu um beijão nele. – Vamos dar uma voltinha galera, depois a gente se vê por aí!

Eu pisquei e de repente uma mina me trouxe uma bebida, nem sei o que era, só sei que bebi rapidinho. Para dar uma esquentada, afinal estava ali para me divertir e.... beber. É claro que fui atrás dela, só seguindo os cabelos loiros e os olhos azuis me guiando...Julieta é o nome da gata. Acho que já ouvi esse nome uma vez na aula de literatura, enfim, isso não importa, o que é importa é que aquela garota já era minha. Ela foi jogando charminho, tentando ser resistente depois, mas logo caiu na minha lábia. Afinal quem resiste a mim? Julieta me ofereceu de novo bebida, tinha um gosto diferente cara, bem energética. O engraçado é que ela não bebia, nem um gole sequer. Aí, ela me ofereceu um cigarro de maconha, dois, três, vodka, uísque... Até que estava loucamente chapado! Eu vi uns anões ao meu redor, um arco íris saindo da privada do banheiro e mano, o ‘Harry Potter’ estava voando com a vassoura dele na festa? Minha mina ria freneticamente e de repente colocou a mão no bolso da minha bermuda. Opa, achei que a coisa ia esquentar de vez, mas depois de um tempo curto, ela tirou a mão e saiu correndo no meio da multidão e não aconteceu o que esperava.

Fiquei um tempo parado olhando o nada. Porra! Uns minutos depois percebi que meu celular e minha grana tinham sumido. Cacete, como foi que eu perdi...? Idiota! Julieta tinha me roubado e eu achando que ela queria pegar em outras partes naquela hora. Então ela não estava interessada em mim... Fiquei chateado e fui pegando tudo quanto é “bala” ou bebida que via pela frente ou me ofereciam. Vi de longe um gigante de cabelo loiro pegando uma morena e o.... Henrique? caindo na piscina e uma fada ajudando ele desesperada... Ou era a Vitória? Não fiquei para ver se a fada iria usar algum tipo de pó mágico, se bem que pó... ah esquece e saí daquela festa. Eu sei que devia ter procurado ajuda, mas ser engando por aquela loira me deixou meio mal sacou? Na rua tinha muitos carros estacionados e uns casais se pegando... e eu sozinho, a única companhia era a garrafa de vodka. Andei um pouco e percebi que tinha alguém me seguindo, primeiro achei que fosse uma águia humana (sei lá, não estava bem), entretanto vi que era uma figura humana, usava jeans surrados, um moletom e capuz pretos (o capuz quase escondia o rosto) e tênis All-Star gastados e um pouco sujos (ah quem sou eu para falar de sujeira?), estranho que os olhos da pessoa eram pretos e gigantes, mas acho que eram óculos escuros, apesar de já ser noite. Me aproximei.

– Julietas são cruéis! Nunca... Nunca acredite em uma! Ó tristeza sai de mim!!! – falei várias coisas sem sentido e a pessoa não falava nada. Mas agia. Tirava fotos com uma mão e parecia estar gravando com a outra. De primeira achei que as mãos dela fossem smartphones, tanto é que gritei que ela ou ele era um robô, depois achei que fosse um paparazzi e comecei a cantar a música da Lady Gaga (acho que não devia ter mencionado isso). – Ou para de fotos... tirar, não quero. Vídeos! Gosto de vídeos, principalmente pornôs! Um brinde ao RedTube!

O ‘paparazzi’ continuou tirando fotos e filmando e falei mais merda:

– Ei, vai vender as fotos? Quero meus direitos... Direitos autores? Nah! Direitos a-u-t-o-r-a-i-s. Isso! – coloquei a mão no bolso e me dei conta que tinha uns saquinhos de ‘pó’. Hum... eu precisava de dinheiro – Tenho um negócio pra você querido ou é querida? – tentei puxar o capuz, mas fui repreendido e levei um tapa no rosto – Desculpa amorzinho! Vou direto ao ponto... Quer pó? Vendo pra você por um preço bom, é, compra! Preciso de ‘money’... Money no bolso, saúde e sucesso! 20 conto cada saquinho, que tal?

O comprador deu umas notas que na hora não sabia o quanto tinha ali em minhas mãos e foi embora. Eu acenava e gritava para “meu cliente” voltar sempre e fui retribuído com um dedo do meio. Depois andei mais um pouco, um grupo acendia uma fogueira do outro lado da rua. Fui parar em uma rua sem saída e sentei na sarjeta da calçada e desabei, apaguei. Achei que iria morrer.

***

Acordei na casa de Martin. Eu estava em um quarto com uma cama simples, uma cômoda, uma TV LED de 20 polegadas na parede e um ventilador de teto. Eu estava confortável ali, mas com uma dor de cabeça gigantesca e insuportável. Que ressaca braba! Só estava de cueca, mas estava incrivelmente mais limpo que na noite anterior. Como fui parar ali? Ouvi vozes conhecidas vindas do lado de fora do quarto:

– Será que o meninão acordou? Já são quase duas da tarde. – era Henrique.

– Acho que sim, vamos ver. – a outra voz era de Martin.

– Que mico. – debochou o “certinho”.

– Cara, você caiu na piscina e se debateu que nem um bebê. Ou se esqueceu?

Henrique esbravejou um resmungo e entrou no quarto sem se preocupar em não fazer barulho e me acordar:

– Boa tarde, Bela Adormecida! Seu príncipe ainda não chegou.

– Boa tarde náufrago. – respondi com o mesmo tom de ironia.

– Ah por favor, parem com isso. – interrompeu Martin – Chega de infantilidade, já basta o que aprontaram ontem né?

– Eu não aprontei porcaria alguma! – Henrique parecia ter usado um palavrão em vez de ‘porcaria’ – O que aconteceu comigo foi um acidente. Um acidente! Maldito chão escorregadio... Agora não sei se a Bela A.... se com o Lucas foi.

– Como é que vim pra cá? O que aconteceu? E por que estou só de cueca? Não me digam que...

– Pois é, seu idiota! Eu, Henrique e Vitória procuramos você que nem doidos naquela porra e nada. Ficamos desesperados né, apesar de que nem devia ter me importado. – Henrique concordou com um murmúrio – Enfim, depois o Caíque e a Sô apareceram e ajudaram a gente a achar o “desaparecido”. Te encontramos largado na rua, uns quarteirões acima da chácara.

– Depois sobrou pra quem? Pra mim e pro Martin ficarmos como suas babás. Sorte que ele deixou trazer você para cá, te demos um banho, experiência traumática aliás e vou te poupar de contar o que você falou no chuveiro. Foi difícil te colocar na cama, você não colaborava. Eram quase cinco horas quando você finalmente dormiu. Tive que dormir aqui também, meus pais não iriam gostar nada de ter que acordar tão cedo... ou tão tarde assim. – completou Henrique e me deu um soco de leve no braço – Seu Zé Mané, não faça mais isso!

– Hum e quanto ao Nicolas? – perguntei e me arrependi depois pois ambos meus amigos me bateram. A dor de cabeça e a vergonha já não eram suficientes?

– Você quer saber dos outros e não fala nem um obrigado, seu mal agradecido! Ele vazou antes da gente de encontrar estava bem acompanhado e não tinha nem um bêbado para ficar tomando conta... – disse Henrique usando sarcasmo.

– Tá bom! Tá bom! Obrigado! Muitíssimo obrigado meus amigos do peito! E desculpa por tudo isso, me desculpa! Se bem que vocês foram presenteados com a visão do João Lucas aqui pelado! – e gargalhei.

– Esquecemos de contar um pequeno detalhe, não é Martin?

– Claro! Como poderíamos ter esquecido que um travesti se ofereceu para nos ajudar e até deu banho em você!

– O QUÊ!?!?! – levantei da cama em um sobressalto.

E dessa vez foram os dois que gargalharam e levarem um tempo para me convencer que essa parte não tinha acontecido e era só brincadeira. De mau gosto na minha opinião. Tive que pegar roupa emprestada do dono da casa, ainda bem que ele ligou para minha mãe tranquilizando-a dizendo que estava tudo bem comigo e que eu ia passar a noite lá e que eu já estava dormindo na hora em que ele ligou para ela. Contei para os dois o que lembrava, mas omiti a parte das drogas e do meu ‘paparazzi’. Rastreamos meu iPhone que estava em uma favela de Guarulhos. Deixa pra lá, compro outro depois. A mãe de Martin perguntou se eu queria almoçar e antes que ela terminasse de falar, disse sim.

– Nossa... Está passando fome na sua casa? – provocou Henrique.

– Pelo jeito você anda com muito tempo para cuidar da vida dos outros. – respondi – Como que coube todo mundo no carro do Caíque?

– O carro dele é espaçoso. Não ficamos apertados não e além disso você foi no porta-malas. – Martin disse isso como se fosse natural ir no porta-malas.

Os próximos minutos se resumiram em: comer, comer e comer. Parecia que estava passando fome há séculos, admito que fiquei com vergonha... mas só depois. Terminei de almoçar após uns vinte minutos e.... arrotei. Henrique riu e me chamou de sem noção, mesma reação do dono da casa.

A ressaca ainda estava forte. Muito forte aliás, estava quase morrendo. Resolvi ligar para minha mãe ir me buscar, ela chegou um tempo depois e então despedi de Martin e de seus pais, agradecendo por hospedar o ‘bêbado que só dá trabalho’. Tive que dar carona para o folgado do Henrique, devia ter feito ir a pé, mas sou um bom amigo.

A primeira coisa que fiz chegando em casa foi dormir. Acordei era quase meia-noite, tomei uma ducha e liguei meu notebook. Pior coisa.... Quando entrei no Facebook vi que tinha mensagens de um tal de ‘Duck Troll’ (que porra de nome é esse?), achei que era um idiota, um fake, sei lá o que. Mas quando vi o que esse ser me mandou... Quase caí da cadeira, também não é pra menos né.

Fotos e vídeos. Além de um texto nada legal. A mensagem dizia o seguinte:

“Hey seu playboy de merda. Vc gosta de ficar humilhando os outros né? Seu escroto! Agora tá na hora de vc se fuder, pq vai comer na minha mão, seu lixo!”

Ai. Se tivesse sido só a mensagem eu excluiria, iria ignorar e boa. Mas ela veio acompanhada por três fotos e um vídeo. Acho que tá na hora de abrir o jogo: eu uso drogas frequentemente. Maconha fumo todos os dias na verdade, mas tipo, eu cheiro pó, sim. Pois é mano. Crack não! E esse filho da mãe de ‘Duck Troll’ conseguiu tirar fotos minhas fumando ou cheirando. Aquele meu amigo ‘paparazzi’ deve ser a mesma pessoa ou tá ajudando, sei lá. Só sei que ele filmou a parte que eu vendo droga para o próprio... Aliás, eu esqueci de contar que vez ou outra eu também vendo baseados, pó, enfim.... Meu segredo foi descoberto. Achei que nunca ia ter esse problema. Meus amigos não podem saber disso! De maneira alguma.... O que devo fazer meu Deus!?!? Henrique, Martin, Caíque vão me linchar. E minha mãe, meu pai, minha família? Eles definitivamente não poder ver essas fotos... Seria um choque e decepção total! Mas... Calma! Controlei meu nervoso, medo e raiva. Respondi meu inimigo.

“O que vc quer de mim? Por favor, não envie essas merdas pra ninguém! Diga, o que quer? Dinheiro?”

E esperei a resposta, que foi quase imediata. O ameaçador disse que queria que eu causasse intrigas entre meus amigos (Como assim? Dinheiro não era mais fácil?). Eu deveria incitá-los a brigar... tocar o terror. Eu teria de trair meus amigos para a segurança do meu segredo? Quem era essa pessoa que queria me ferrar? Ou seriam ‘as’ pessoas? Minha cabeça começou a girar, a girar... e capotei na cama rezando para que tudo aquilo fosse um pesadelo, mas quando meu pai me chamou no dia seguinte dizendo: “É segunda-feira! Levanta da cama, que a semana só tá começando!” e eu tinha que ir pra escola, fiquei zonzo de novo, mas tinha que encarar isso... Levantei pisando primeiro com o pé direito para ver se a superstição me dava alguma sorte, tomei café, me arrumei e entrei no carro com o fone de ouvido quase estourando meus tímpanos e tentando esquecer nem que por alguns minutos meu problema.

Não encontrei nenhum de meus amigos até o andar da minha sala. Lá dei de cara com Nicolas. Parecia que algo na minha mente dizia que podia ser ele, o ‘bode expiatório’ para deixar meu segredo guardado. Balancei a cabeça para tentar ‘espantar’ o pensamento. Eu o cumprimentei e sorri secamente.

– Cara o que você tem? Parece que tá com dor de barriga. – ele perguntou... antes fosse...

– Hum, não é nada não. É sono eu acho. Me conta melhor aí da sua mina que você pegou na festa sábado. Roubaram meu celular e mal entrei no... Face ontem. Nem deu pra gente conversar.

– O Caíque me contou, que bad hein. Então, a mina... Mano! Que gostosa! Uma morena top! Ela se chama Susana e é de Osasco. Muito gente boa, tu ia gostar dela, mas ela já é minha. – ele riu, mas não conseguia forçar uma risada mais natural. – Vamos nos ver esse fim de semana de novo. Quem sabe rola um namoro? Nah, não quero compromisso agora, eu... Alô, Terra pra João Lucas! Nem tá prestando atenção na conversa é?

– Ah, é, foi mal. Eu realmente estou com sono e meio distraído. Foi mal. – Eu estava mesmo distraído pensando em tudo aquilo que estava acontecendo comigo... Não podia fazer isso com meus amigos, mas talvez se eu contasse a situação para o Henrique, ele me ajudaria.

– E aí? – Henrique brotou do meu lado de repente, fazendo eu me assustar e é claro, ele e Nicolas zoaram do meu é, hum, ‘grunhido de susto’. Logo depois o sinal tocou e começaram as aulas, no primeiro intervalo enquanto minha turma ia para o refeitório, falei para Henrique que precisava conversar sério.

– Ih lá vem... – disse ele com uma expressão de preocupação – Vamos na sala de estudos lá é tranquilo no recreio, quer dizer, intervalo.

– Sala de que?

– Sala. De. Estudos. – tudo bem, sou um tanto lerdo, mas não precisava dizer com pausa – É, existe. Tem um lugar chamado biblioteca, você, Brenda e Nicolas nem sabem da existência disso né?

– Vamos logo que o tempo tá acabando fi!

E fomos a tal sala que eu nunca tinha ido.


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