Frágil Poder escrita por Thayná, Henrique


Capítulo 1
Sejam bem-vindos!


Notas iniciais do capítulo

Oi, meu nome é Thayná e junto com meu amigo Henrique vamos postar nossa primeira fic !!Não somos muitos experientes mas esperamos que gostem. Boa leitura !



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Todos sabem muito bem que na cidade de São Paulo há de tudo e em grande quantidade. Milhares de lojas, padarias, supermercados, clubes, praças, museus e escolas. As últimas se dividem em públicas e particulares e infelizmente concomitante com a realidade do país, os colégios privados se destacam e desfrutam de infraestrutura e material melhores dos que os públicos que em alguns casos se encontram em uma situação preocupante. Mas deixando as críticas de lado, estudar em um bom colégio paulistano custa caro. Verdadeiramente caro. O responsável investidor terá de embolsar mais de mil reais por mês para ver seu filho, neto ou sobrinho aprendendo para que um dia possa se tornar alguém de prestígio na vida seja pessoal ou profissionalmente. E o cenário dasta historia é basicamente uma poderosa instituição de ensino que atualmente figura como a melhor do Brasil. Falo do Colégio Cooperativo Paulistano que se localiza na luxuosa região dos Jardins. Quem estuda lá tem o privilégio de estar perto de símbolos culturais da cidade, além de um variado leque de opções de lazer e diversão. Ele oferece vagas para o ensino fundamental, médio e pré-vestibular.
Neste ano de 2014, as aulas começam na penúltima semana de janeiro, uma mudança no calendário devido à realização da Copa do Mundo, geralmente retorna-se em fevereiro. E para três adolescentes – Henrique, Brenda e João Lucas – esse primeiro dia letivo também terá uma novidade, a nova escola. O primeiro cujo sobrenome é Damasceno é filho de donos de um renomado buffet e de uma empresa organizadora de festas e eventos especiais, é alto, magro, com cabelos e olhos pretos, pele queimada pelo sol e inteligente, um pouco tímido, líder, porém ansioso e orgulhoso o que as vezes o atrapalha, suas notas sempre foram exemplares e tem tempo para disputar as olímpiadas de várias disciplinas e gosta de andar de bicicleta para se exercitar e relaxar a mente, assim como ler. Os pais de Brenda Goulart possuem uma rede de supermercados que atua na região metropolitana e como os pais, é extravagante, é uma rica emergente, ou seja, possuem tradições de classe média brasileira (mas às vezes é arrogante), vaidosa, ama se divertir, ela está um pouco acima do peso, tem feições bonitas, olhos cor de mel e cabelo castanho. E João Lucas de Mello é um jovem bon-vivant, despreocupado com a vida e apaixonado por futebol, seus pais possuem uma gigantesca fábrica de móveis em Guarulhos, além de outras três menores que ficam em Campinas, Piracicaba e São José dos Campos, ele não é muito alto, mas exageradamente cuidadoso com seu cabelo que ora está com topete ora moicano, é moreno e tem uma boa forma física visto que é viciado em exercícios físicos e academia. Brenda é filha única, já Henrique possui um irmão de oito anos, chamado Gabriel e João tem uma irmã, Maria Clara, de treze anos. Ambos caçulas estudam em um outro colégio que fica na região do Morumbi. Os três vão cursar o terceiro ano do Ensino Médio, ou seja, no próximo ano, a universidade os espera.
Eles marcaram de se encontrar na famosa cafeteria Starbucks que dista um quarteirão do novo colégio em que passarão a estudar. Um bom café da manhã é sempre bom antes de enfrentar um dia que reserva muitas surpresas, não é mesmo? Porém, marcar horário na capital não é garantia de pontualidade. O trânsito já estava carregado nas vias da cidade no início da manhã e Brenda atrasou uns quinze minutos, o que causou irritação e depois compreensão por parte dos amigos que já esperavam em frente ao local marcado.
– Vamos entrar logo que tô com fome e estamos meio atrasados. – disse Henrique – Ah, tenho que mostrar pra vocês meu novo celular, um iPhone 5S.
– Finalmente comprou um! Só faltava você. Bonito né? Sem falar que é o melhor e não trava como os Androids... - falou Brenda com um certo desdém em relação aos outros aparelhos de celular.
Os seguranças particulares dos jovens ficaram do lado de fora da cafeteria. Pediram várias e várias coisas para beber e comer. Apesar de não terem motivos para reclamarem da comida, estavam muito ansiosos e inquietos.
– Estou meio nervoso, mas acho que vai ser bem da hora, só tem gente top estudando lá e a gente conhece um pessoal. E olha que tem um monte de lugar que podemos ir quando saímos da escola, tem o clube, aqui... – observou João Lucas.
– Com certeza! Onde estudávamos estava capenga, professor faltando sempre, uma várzea. E isso que também era particular. Será melhor estudar em um colégio que está à nossa altura. – observou Henrique.
– Infelizmente tem algumas nojentas né e vocês sabem de quem eu estou falando. Por isso fiz questão de vir com meu mais novo tênis da Nike, mochila da Hollister e com minha nova capinha da Dolce & Gabbana. Ostentação sempre.
– Tem certeza que não comprou tudo isso na 25 de Março? – perguntou ironicamente João Lucas.
– Querido, nem passo perto daqueles lados e para sua informação é tudo importado! Diretamente dos States! Imagine eu, Brenda Goulart, andando naquele mar de gente!? Nem morta!
E Henrique rindo completou:
– Como é bom estar entre amigos novamente!
– Amigos de verdade você quis dizer. – corrigiu João Lucas.
Depois de terminada a refeição, foram em direção à escola acompanhados pelos dois seguranças. Já era quase sete horas e o movimento era grande em frete ao portão principal onde os pais com Land Rover, Ferrari, Mercedes entre outros carrões deixavam os filhos. Muitos faziam questão de levar simplesmente para se exibir com seu novo automóvel.
Os três encontram com um amigo, Martin Ferrer. De família descendente de italianos, ele é popularmente conhecido pela jovem elite paulistana, visto que seus pais são donos de uma famosa construtora que atua em quase todas as principais cidades da região Sudeste. Ele consegue namorar ou ficar com qualquer garota que quiser, já que é loiro, forte e alto. Não gosta tanto de estudar, mas em compensação é um corredor profissional e disputa várias corridas e até mesmo maratonas, ganhando vários troféus e medalhas por esse esporte.
– Sejam bem-vindos! Fizeram o melhor em mudar para cá. – disse Martin.
Ao que Brenda respondeu se derretendo por ele:
– Oi Martin! Obrigadinha, você precisa mostrar o colégio pra gente...
– Esperamos mesmo ter feito a escolha certa... – disse Henrique.
– Claro que sim. Vamos, nossa sala fica no terceiro andar, no caminho vou apresentando e explicado como as coisas funcionam aqui. Bem capaz do diretor reunir todos no anfiteatro mais tarde, mas eu como guia, vocês vão ter informações privilegiadas e antecipadas. – Martin falava em um tom de brincadeira.
E conforme iam passando pelos corredores, os outros alunos os olhavam de cima a baixo. O murmurinho aumentava, afinal, mais três adolescentes muitíssimos populares estavam chegando para animar, ou não, o dia a dia dos outros estudantes. Alguns olhavam torto dizendo entre si que Henrique, Brenda e João Lucas eram tão arrogantes quanto os outros descolados (Martin fazia parte desse grupo). Os bolsistas iam mais além e caçoavam em um tom de voz que eles ouviam, mas o “guia” apenas fazia um sinal com a cabeça para que ignorassem. Os novatos já iam sentindo o clima da nova escola.
– Aqui é assim: é dividido em, digamos, camadas sabe? Eu faço parte do “alto escalão” dos alunos. Depois vêm os intermediários que nem fedem nem cheiram. Por fim tem os que chamamos de rebeldes e os bolsistas que sempre vão contra as ideias nossas, mesmo que sejam excelentes. – explicou Martin.
– E a gente vai fazer parte de qual grupo? – perguntou João Lucas.
– Obviamente do meu, quer dizer, nosso.
– E quem são os outros? – perguntou Brenda.
– Já vou apresentar. Mas acho que vocês conhecem muito bem. Tenho que explicar sobre o grêmio estudantil também, mas uma coisa de cada vez.
O sinal tocou indicando para que todos os estudantes deveriam ir para suas respectivas salas de aula. O sistema de som avisava que logo mais às sete e meia o diretor Alberto os esperaria no anfiteatro para o discurso de primeiro dia. Como Martin tinha dito, a sala deles ficava no terceiro andar e era uma das quatro destinadas ao último ano do colegial. Enorme, com uma limpeza impecável, capacidade para no máximo trinta e cinco alunos, com Datashow, ar condicionado, lousa digital etc. Tudo de qualidade e que uma instituição respeitável e admirável de ensino necessita ter. Era também composta pelos alunos mais populares, ricos, bonitos, atléticos, acadêmicos e defeituosos do colégio. Tantas qualidades, mas tantos defeitos. É possível que seja um reflexo, um espelho da sociedade contemporânea e suas atitudes.
Na porta estava à espera de Martin e dos recém chegados, Vitória Khoury. A herdeira de uma extensa rede de lojas de cosméticos, a Khoury Styles, a jovem de pele clara, lindos olhos escuros e um cabelo liso preto que cai perfeitamente sobre os ombros. É um pouco baixinha. Está sempre bem arrumada, usando roupas e maquiagens que combinam com ela. Apesar de não fazer mais academia, seu corpo é invejável e consta na lista das garotas mais bonitas e desejadas do colégio. É simpática e uma boa amiga, mas não tem muita responsabilidade. João Lucas já ficou com ela em uma festa no Morumbi, Brenda a conhecia de eventos e das revistas e Henrique, bem, simplesmente se encantou com o que viu, ou com quem viu. Claro, ele já tinha visto ela em fotos e até pessoalmente, mas não tão perto e quando isso aconteceu, perdeu os sentidos, não estava mais lá. Quem era aquela beldade? Por que não a conheceu antes? Se amor à primeira vista existe, então foi o que houve naquele momento. Brenda e Martin repararam no semblante dele o que estava acontecendo. Todos se cumprimentaram mas o destaque fica para...
– Oi... É.... Hã, meu nome é.... É.... – Henrique mal conseguia falar.
– Vitória este é o Henrique. Henrique, conheça a Vitória. – Martin fez as apresentações.
– Olá, como vai? Acho que te conheço de algum lugar não? Ah lembrei, seus pais fizeram a festa de aniversário da minha madrinha, lembrou? Se não me engano você estava lá. – disse Vitória ao que Henrique ainda perplexo com a beleza dela, respondeu:
– Estou ótimo! Sim, verdade, eu lembro. Foi uma baita duma festa né? Meus pais são caprichosos no que fazem. Você sempre está nas revistas de moda, já vi uma entrevista sua num programa de TV. É mais linda pessoalmente.
– Ai que graça! Obrigada querido, Martin nossos novos colegas de sala são super simpáticos!
– Aí, a melhor coisa que fiz foi ter vindo pra cá! – Henrique disse quase murmurando para João Lucas que riu e respondeu:
– Imagino o porquê!
Entraram na sala. Brenda e Vitória conversavam sobre maquiagens e esmaltes, enquanto os meninos faziam brincadeiras e falavam bobagens. Um grupo estava em volta da mesa do professor. E que grupo. Vamos para mais apresentações: sentada no lugar do mestre, ela que sempre está envolvida nos assuntos de interesse dos alunos e sempre está disposta a lutar por aquilo que acha que convém para o melhor do colégio (e para o seu melhor). Da mesma altura que Vitória, cabelo castanho claro e olhos bem azuis. As sardinhas de seu rosto é uma marca registrada dela. Tão bela ou mais que a herdeira dos cosméticos, apaixonada por moda e música, já possui uma promissora carreira como modelo. É daquelas meninas que não gosta de deixar pra depois e prefere resolver os conflitos na hora, não deixa nada passar em branco. Falo da meiga e cheia de atitude Sophia Camargo, de família proprietária de relojoarias luxuosas em shoppings de São Paulo, Rio e Brasília. À sua esquerda, estava seu “melhor amigo” Caíque Alcântara. Conhecido como galã do colégio (o que causa um certo ciúmes em Sophia), ele é filho e neto de conceituados advogados. Ele é alto, forte, tem cabelos e olhos pretos, outro louco por musculação, sonha em cursar direito para seguir a carreira dos familiares. Os dois são considerados como o casal perfeito, mas nunca namoraram sério. Nada oficial. Estudam juntos desde a pré-escola. À direita de Sophia, outra musa do colégio, Paloma Rodriguez. A morena, de curvas perfeitas e cabelo e olhos com cor de mel, também tem atitude e além da beleza, chama atenção o fato de ser a que mais se envolve com os problemas dos outros alunos da escola. Porém, não faz tanta questão em se misturar com o “povo” e adora praticar exercícios físicos, principalmente ir à academia. Outro hobby é viajar para diversos destinos, nacionais ou internacionais, radicais ou familiares. Seu pai é conhecido como o rei do aluguel, visto que possui inúmeros estabelecimentos, prédios residenciais e casas para alugar por toda São Paulo e arredores.
Outras quatro figuras elitistas completam o grupo. Filhos de bancários milionários, os gêmeos e loiros Laís e Fábio Werneck não são muito simpáticos com as pessoas que estão fora do círculo de amizades dos dois. Algo faz os dois se tornarem os mais bonitos, os mais disputados: o dinheiro. Ah, e como isso faz diferença. Fábio é metrossexual, sempre está preocupado com sua vaidade que também é preocupação da irmã. Não se destacam muito nas notas, mas são queridinhos de vários professores. Quem estava ali ao redor da mesa também era o primo de Caíque, Nicolas, que devido a alguns problemas de saúde relacionados ao colesterol e triglicérides, resolveu entrar na onda de musculação e exercícios físicos, conseguindo emagrecer, ganhar massa e voltar com os índices de colesterol ao normal. Ele é bonito como o primo, alto e assim como seus pais são advogados. Nicolas gosta de fazer festas e de conquistar as garotas utilizando sua lábia. Vinda de família quatrocentona, no grupo estava Heloísa Botelho Queirós Castro (usaremos apenas o último sobrenome). Sua família é tradicional na cidade e possui cerca de dez fazendas de gado no oeste do estado, além de cinco de plantação de laranja e três usinas de cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto, seu avô fora senador por São Paulo por três mandatos consecutivos. Heloísa é de temperamento forte, arrogante, prepotente, mas ambiciosa e inteligente. Não é tão alta, mas sua altura não é baixa. Nos últimos meses se dedicou a entrar em forma, é bonita e seu cabelo escuro e bem liso chamam a atenção. Ela é exagerada e má. O poder e o dinheiro a atraem, assim como atrai os irmãos Werneck, seus melhores amigos e inclusive Heloísa e Fábio são namorados, unidos pelo amor... e pelo dinheiro. Eles detestam os alunos bolsistas e colocam a culpa neles quando algo de errado acontece e acham que se não fosse por eles, o nível do Cooperativo seria melhor, mas se esquecem que a maioria dos bolsistas são responsáveis pelo excelente desempenho em vestibulares e olimpíadas escolares. Heloísa adora implicar com os professores substitutos e vez ou outra humilha algum funcionário. Mesmo sendo pessoas dificílimas de se lidar, muitos alunos são bajuladores e fazem de tudo para se tornar amigo dela e do namorado.
Todos eles são conhecidos como os “nove grandes”, soa ridículo dar tamanha importância para esses jovens, mas tanto os bajuladores quanto quem os odeia usa esse termo. Os primeiros com um tom de respeito e admiração, os segundos com ironia e deboche. Fazem parte do grêmio estudantil e detêm o poder sobre praticamente tudo o que acontece ali e às vezes a figura do diretor parece ser apenas decorativa.
Mas voltando ao que estava ocorrendo e as reações dos novatos e dos “grandes”, Henrique estava perdido! Perdido no meio de tanta beleza, acabara de se encantar com Vitória, ficou deslumbrado com Sophia, Paloma e Laís. Tentava decidir qual era a mais bonita, a mais bem arrumada... Qual cor de cabelo é a mais bonita, os olhos das meninas... Tentava se concentrar em outra coisa, contudo era impossível. Passaria o último ano estudando com talvez as garotas mais lindas da cidade. Brenda sentia que estava em um castelo, imaginava-se em um salão real com vários príncipes e princesas. Muito dinheiro reunido em uma única sala fazia com que ela se reprimisse por não ter mudado antes. Ela estava quase passando mal de estar perto dos garotos. Já tinha uma queda por João Lucas, agora sua lista se estendeu com Martin, Caíque, Nicolas e Fábio, achava todos bonitos e queria todos para si. João era o que mais tinha contato com os oito entre os novatos. Estava gostando e se divertindo com tudo aquilo, mas nunca percebeu quanto Paloma era atraente, não queria se envolver com ninguém agora, mas parecia que seria inevitável disso acontecer ao longo do terceiro colegial. E foi Heloísa quem viu os outros chegando e foi dizendo:
– Olha aí, o loirinho e a rainha do esmalte trouxeram os novíssimos novatos! Prazer em conhecer melhor vocês. Já conversei contigo Brenda naquela festa de aniversário do prefeito? Lembro também que você levou um tombo na pista de dança! Que loucura! Quanto a vocês quem são?
– Meu nome é Henrique Damasceno.
– Eu sou João Lucas, prazer.
– E eu me chamo Heloísa Botelho Aguiar Queirós Castro. Usem qual sobrenome preferirem, afinal todos são refinados e bonitos não é mesmo?
– Desculpe te interromper no seu sagrado ritual de orgulho Helô, mas vou me apresentar. Acho que o Martin já deve ter falado de mim, eu sou a Sophia e estou aqui para o que precisarem e espero que nos tornemos grandes amigos. Muita coisa para acontecer esse ano e vamos nos conhecendo melhor conforme o tempo.
– Verdade. – confirmou Caíque – Esse aqui é meu amigo há tempo (e abraçou João Lucas). Quando você disse que viriam estudar aqui, fiquei bastante feliz, temos que fechar esse ciclo de escola com chave de ouro. A gente separou alguns lugares para vocês.
Laís e Fábio apenas cumprimentaram secamente. Brenda e Laís se estranhavam nos olhares e de vez em quando ficavam se encarando para depois dar um sorriso falso. Nicolas era o mais animado e fez brincadeiras até demais, quando Paloma o reprimiu:
– Ah chega Ni! Se não você vai espantar eles logo no primeiro dia. Desculpe gente, vão aprender a gostar dele com o tempo...
O professor de sociologia, Eduardo, chegou no momento em que Nicolas iria retrucar e mandou todos se sentarem. A sala tinha 32 alunos e estava disposta em quatro fileiras com oito carteiras cada. As primeiras carteiras eram ocupadas da direita para a esquerda por Caíque, Sophia, Heloísa e Fábio. Depois na segunda fileira da horizontal vinham, Pedro, Paloma, Vitória e Laís. Nicolas, Henrique, João e Sophia sentaram logo atrás respectivamente. Logo atrás vinham os “intermediários” e por fim os rebeldes e bolsistas, bem como Martin havia explicado.
– Bom dia classe. Agora são exatamente sete horas e doze minutos dessa manhã de janeiro. Ano de Copa, ano de Eleições, ano de vestibular e formatura para vocês. Aos novos alunos, desejo boa sorte com a nova segunda casa de vocês. Daqui a pouco vamos para o discurso do Sr. Alberto, enquanto isso quero ouvir as apresentações e o que fizeram nas férias.
Se apresentaram. Brenda foi um pouco tímida. Na hora de descrever as férias, apensar Heloísa e Fábio falaram, pois eles ocuparam todo o tempo dos outros contando como tinha sido ir para a Disney pela milésima vez, depois “dar um pulo” em Paris e Londres, assim como visitar alguns Werneck que moram na Austrália há anos. E fizeram questão de descrever os luxuosos quartos de hotel em que se hospedaram, as compras, os lugares turísticos e quanto gastaram aproximadamente em cada passeio. Quando Paloma ia começar a falar sobre seu dezembro na Espanha, o auto falante anunciava que o diretor já os esperava. Pularemos a parte do discurso devido ao tédio das palavras de Alberto Vergueiro, diretor pelo sétimo ano consecutivo. Os membros do grêmio estudantil subiram no palco e a presidente Sophia discursou. Voltaram para a sala e tiveram aula sobre modernidade e seus efeitos no cotidiano das pessoas. Os celulares (se eles estivessem descrevendo, exigiriam o uso do termo iPhones) de Brenda, Laís, Nicolas e João foram tomados pelo professor que devolveu no fim da aula. Depois o professor Fernando deu sua aula de geografia e resolveu liberar seus alunos um pouco mais cedo para o intervalo. Em relação a roupa que usavam, todos estavam de uniformes: as meninas usavam shorts verde e os meninos calças e bermudas também verdes (no caso de João e Nicolas), as camisetas são brancas com detalhes em azul marinho. Exceto Caíque, Paloma e Fábio que possuem dezoito anos, os demais têm dezessete.
O refeitório fica no primeiro andar. É bem amplo, muito grande e organizado. Três cantinas alimentam os alunos. Azulejos brancos e mármore por todo o chão do local. As mesas cor bege e detalhes em verde (que é a cor principal do colégio junto com o azul marinho) são confortáveis e algumas tem lugar para duas pessoas, outras para cinco e têm as que comportam até dez. Há uma área no centro do refeitório que é elevada, dando um estilo de praça de alimentação de shopping, e lá existe uma grande mesa para quinze pessoas e outras duas para cinco pessoas. Advinha os “donos” desse local? Exato. Sophia foi logo convidando os novos colegas para se sentarem junto com eles.
– A cantina da Melissa é a melhor! Já somos clientes de carteirinha dela e como um privilégio de sermos membros do grêmio, não precisamos pagar pelo lanche, nem vocês, são nossos amigos agora não é? E amigo nosso não precisa desembolsar um centavo para comer – disse ela.
Enquanto isso um garoto, que cursava o segundo ano, um pouco alto, moreno e olhos castanhos e cabelo bem liso, passou perto da mesa onde estavam sentados e ouviram a conversa, ao que um deles disse:
– Mais três urubus se juntaram... E quem paga essa porcaria de “lanchinho” somos nós! Injustiças já no início. Mas deixa que esse ano essa mamata acaba! – E jogou seu copo de suco de laranja em direção à mesa e molhou o cabelo e as costas de Vitória. Foi o estopim para um furor!
Henrique, que se apaixonara por ela, partiu para cima e deu um soco na boca do franzino e corajoso garoto. Martin também repreendeu o revoltado, Brenda e Paloma xingava o menino que logo ficou arrependido do ato e pedia para Martin e Henrique soltá-lo. Vitória foi correndo no banheiro se limpar com a companhia de Sophia que fitava o “manifestante” cujo nome é Hector. O inspetor Antônio veio correndo para abafar a confusão que recebia aplausos de uns e represálias de outros alunos que estavam ali. Antônio levou para a direção Henrique, Martin, Hector e Vitória que chegou depois na sala do diretor com cheiro de laranja e com uma toalha na cabeça.
– É inadmissível o que esse retardado fez comigo, senhor Vergueiro! O correto é expulsá-lo por precaução de algo pior que ele possa fazer. Ai que nojo, meu cabelo tá todo melado...
– Calma Srta. Khoury, vamos resolver a questão da melhor forma possível. Primeiro gostaria de ouvir os motivos que te levaram a jogar o tal suco nela. – disse o diretor.
– Simples, eu estou farto dessas regalias que esses babacas têm. Ouvi a dondoca da presidente dizer pros novatos que não precisam pagar lanche porque estão juntos com eles. Ah me poupe né! Sou bolsista e sei o quanto meus pais trabalham para poderem me manter aqui e esses playboys e patricinhas vivem às custas dos outros. E esses dois cavalos me agrediram para defender a princesa indefesa.
– Seu imbecil você se esqueceu que a gente conseguiu aumentar o número de bolsas de estudo? Apagou da sua memória o fato de termos bancado várias gincanas, feiras de conhecimento? Hein? – perguntava Martin ainda estressado – Claro que íamos ajudar nossa amiga!
– O mesmo blá blá blá de sempre...
– Chega! Vou pedir pra secretaria imprimir uma advertência para o senhor Hector. Para os senhores Damasceno, que seja a primeira e última, e Ferrer apenas os adverti verbalmente. Agora voltem e desfrutem desses dois minutos restantes de intervalo. Ponto final.
– Viu como sempre quem leva a melhor são eles. – disse Hector perplexo com a não punição de seus “agressores”.
– Tomou o que mereceu juvenil. – disse Henrique piscando para ele.
– Aguarde que vocês vão ter o que merecem. Elite imunda!
Caíque, Sophia, Heloísa e os outros os esperavam no corredor que dá acesso à diretoria e o enfurecido Hector ia dando passos largos e resmungado palavras de baixo calão e lançando olhares de fúria para eles. E é claro que Heloísa e Fábio não perderam a oportunidade e humilharam o rapaz:
– Lá vai o revolts! Lá vai o revolts! – repetia Fábio.
– Ah coitado, além de bolsista e pobre, é um fracassado! Volta pro seu lugarzinho, estúpido! Pode fazer o que quiser que nunca vai nos atingir. - falou Heloísa com um ar de deboche.
– Sabe o porquê? Porque somos ricos! Somos ricos e poderosos, nunca mais se meta com a gente. Hoje foi coisa boba mas pode se tornar algo perigoso ouviu bem? - disse Fábio.
– Gente deixa quieto. Tá tudo resolvido, ele levou uma advertência e os meninos uma verbal. Obrigada meus amores por me defenderem! – disse Vitória e deu um beijo no rosto de Martin e de Henrique que quase teve um ataque cardíaco com o gesto.
– Não foi nada Vitória. – disse Henrique com um largo sorriso no rosto – Agora podemos voltar pra poder comer? Será que vou ter que pagar agora?
E deram risada da situação e voltaram para terminar o lanche que mal havia começado. Quando o sinal bateu e João já se levantava para ir para a sala, Caíque disse:
– Relaxa João. Termina de comer, o professor espera.
– Ah que bom que aqui dão um tempo para os alunos entrarem na sala. – disse João.
– Corrigindo os professores esperam a gente. – explicou Nicolas.
Bom, deu para notar que eles possuem um certo poder na escola e são protagonistas no que acontece lá, seja isso positivamente ou negativamente. O episódio do suco foi simples se comparado ao que viria em frente.


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Notas finais do capítulo

Esperamos que tenham gostado e pedimos que comentem opiniões, criticas (construtivas) e sugestões. Obg !!! Até a próxima .



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