O demônio acorrentado escrita por Kethy


Capítulo 4
Você vai para o inferno!


Notas iniciais do capítulo

Ei, nem demorei ne? Claro que não, depois dos comentários super fofos eu nem poderia, obrigada viu? >3<
Então, leiam!



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[...]

Algumas semanas depois, as aulas haviam começado e tudo estava normal. Edric não teve coragem de voltar a caverna, queria muito ir, mas com a escola e com a lembrança de Mephisto ficava meio difícil criar coragem. Sem falar que aos fins de semana, ele ia para casa de seu pai, mesmo que detestasse a sua nova esposa o mimando de todas as formas. Claro que não recusava os biscoitos e doces, mas ojeito que ela tentava forçá-lo a ser sua amiga o irritava. Então, quase não tinha tempo para ir até a caverna, e mesmo que tivesse, tempo, não queria ver Mephisto, tinha medo do que ele iria dizer.

Estava deitado no sofá com a cabeça no colo da mãe, que assistia ao programa na televisão, o jornal falava sobre um garoto que havia desaparecido. Edric o conhecia, ele era de sua turma na escola, era bem magrelo e mais parecia uma garota, mas aquilo não importava muito. Porém, sua mãe parecia bem interessada. Edric não prestava atenção, estava com bastante sono.

– Você o conhece querido? – indagou Evelyn. – Acho que já o vi...

– Caleb Rogue. Ele é da minha turma, parece uma garota... – disse Edric ao rir um pouco. – Ele volta para casa comigo e Samuel, mas sua casa fica para a direita, então ele vai o resto do caminho sozinho, se não ele poderia vir brincar comigo e Samuel. – ele olhou para tela de relance, um velho com um bigode ridículo falava sobre a escola de Edric.

– Ele vai sozinho o resto do caminho? – indagou a mãe e o garoto assentiu com a cabeça. – Você já viu alguém estranho pelo caminho querido?

– Como assim estranho? – Edric não via muitas pessoas pelo caminho, de vez em quando algum carro, ou alguém de bicicleta, mas nada estranho.

– Algum homem segue vocês quando saem da escola? Ou você alguém os observando durante muito tempo ou...

– Não, nunca vi ninguém assim... Eu acho... – respondeu o garoto pensando um pouco.

– Hum, tudo bem, vou fazer uma ligação, está tarde, vá dormir tudo bem? – mandou ela ao se levantar e lhe beijar o rosto.

Edric foi dormir enquanto Evelyn ligava para Rose e perguntava sobre Samuel e o tal Caleb.

[...]

Edric e Samuel comiam juntos na escola, mas não iriam para a hora do almoço, pois a policia estava ali e queria saber sobre Caleb. Era estranho ficar naquela sala, mesmo com Samuel, o diretor e os três policiais não pareciam menos intimidadores. E mesmo sendo bem mais alto, Samuel também parecia com medo.

– Bem, sabemos que os dois saiam juntos de Caleb da escola. Ele desapareceu na terça. – começou o policial. Era magro e alto, tinha um bigode ridículo e nem um fio de cabelo na cabeça. Chamava-se Jeffrey. – Vocês o viram chegar a sua casa nesse dia?

Edric e Samuel ficaram em silencio, até que o diretor lhes sorriu, como um incentivo.

– Nós nunca o vimos chegar a sua casa.- começou Edric, que sempre teve mais coragem e ousadia que Samuel. – Vamos até a casa dos Poe, daí nos separamos dele, que entra em outra rua.

– Casa dos Poe? – indagou o policial franzindo o cenho.

– Sim, como a casa de Samuel é antes da minha, eu vou o resto do caminho sozinho. – disse o moreno já bem mais relaxado.

– Hum, e para ir da casa dos Poe até a casa de Samuel leva mais ou menos quanto tempo? – indagou o policial com a voz sonora, mas Edric ainda achou aquela pergunta inútil, em que ajudaria?

– Mais ou menos? Eu diria uns 10 minutos ou mais. – disse Samuel um pouco melhor também.

– Hum, e da casa dos Poe até a casa de Caleb? – indagou Jeffrey.

Os garotos deram de ombros, só Caleb saberia responder. Um dos policias atrás da mesa do diretor anotava tudo em um bloquinho, este era bem mais jovem que Jeffrey, mas também parecia sério de mais.

– Quando os três saíram juntos da escola na terça, vocês não viram ninguém estranho? – indagou o policial chegando perto dos dois. – Tipo, ninguém os seguia?

– Não, não vi ninguém assim. – disse Edric e olhou para Samuel, que negou com a cabeça.

– Vocês dois tem certeza? Isso é muito importante para nós. – disse o policial, Edric não tinha certeza, raramente notava pessoas desconhecidas ao seu redor, principalmente quando voltava da escola. – Agora, quero que me falem sobre a casa dos Poe.

E lá se foi a hora do almoço dos garotos. Mas, no final da aula aconteceu algo bem pior. Quando saiu, lá estava seu pai, com o semblante irritado, Edric despediu-se de Samuel que seria acompanhado pelos policiais até em casa só por precaução e foi até o pai que lhe sorriu.

– Por que está aqui? – indagou Edric ao parar na frente do pai, que era alto e meio gordinho.

– Sua mãe me ligou, e me contou sobre Caleb, mas nós temos que ir rápido, eu ainda tenho de trabalhar hoje. – disse ele abrindo a porta para o filho.

Ele usava um terno feio e tinha os cabelos castanhos puxados para trás. Edric colocou a mochila no banco de trás e logo depois colocou também o sinto de segurança. Era sexta feira, e provavelmente iria para a casa do pai, não estava nem um pouco animado com isso. Sua esposa era um pé no saco, e o gato dela parecia um assassino em série. Mas, era uma criança, e qualquer coisa que dissesse seria errada e ninguém iria escutar de verdade. Então apenas deixou para lá pedir para ir para casa com Evelyn.

– Então como vai a escola filho? – indagou o pai sorrindo.

– Vai bem, hoje os policiais vieram nos interrogar por causa do Caleb. – disse Edric ao bocejar. – E só acho que é estranho ele sumir, ele é sempre bem alegre, para um garoto que se parece com uma garota.

– Ele parece uma garota é? – indagou a Edric, já chegavam a casa, a casa de seu pai era um pouco menor que a de Evelyn. – Você também se parece um pouco...

– O que? Não pareço não! – irritou-se Edric ao olhar para o pai que tinha o semblante preocupado.

– Digo que, você é bem menor que seus colegas, e suas roupas ficam meio largas em você, talvez alguém se confunda. – explicou o pai, mas Edric só ouvia “VOCÊ É A CARA DE UMA GAROTA” e isso queria fazê-lo voar no pai e mandá-lo calar a boca. – Então, pedirei para que alguém te leve para casa, senão eu mesmo, assim como Samuel, tudo bem?

– Eu não me pareço com uma garota... – murmurou Edric ao desviar os olhos do pai. Como poderia se parecer com uma garota? Nunca usara vestidos, ou laços, ou falara como uma. – Vamos para sua casa hoje?

– Sim, animado? – indagou o pai a sorrir, como se não houvesse dito há poucos segundos que o filho parecia uma garota, ou que a sua ex-esposa estaria sozinha a noite inteira. – O que foi? Ficou bravo é?

Edric não respondeu, apenas fez um bico de insatisfação, até chegarem a casa.

[...]

Aquele gato era tão gordo que chegava a assustar Edric. Tinha uma cara ridícula, e não se movia, nem ronronar era possível no meio de tanta banha. Ele não ousava se aproximar de Edric, que deveria ter o cheiro de Summer impregnado as roupas, não que o garoto quisesse aquele gato gordo perto de si. A nova esposa de seu pai cozinhava enquanto Edric fazia o dever de casa. Ela o ajudava em algumas coisas. O pai só voltaria mais tarde.

Só havia os dois em casa, e o gato para lá de gordo.

– Então, o jantar estará pronto em alguns minutos. – disse ela ao sentar-se do lado dele, que sequer dignou-se a levantar o rosto, odiava aquela mulher. – Eu soube sobre seu colega, Caleb certo. Eu sinto m...

– É claro que soube, passou na televisão não é mesmo? – disse ele seco, por que ela insistia em se aproximar. – Melhor ir vigiar o fogão...

– Ah, sim... Depois volto para conversarmos mais. – disse ela sorrindo e correndo de volta para cozinha.

O gato gordo se levantou e foi atrás dela, provavelmente querendo mais comida, Edric queria estar em sua casa, então poderia ir até Mephisto. Sentia muito a falta dele, nunca pensou que sentiria, mas queria muito ir vê-lo. Mesmo seu pai lhe parecia um estranho ali, sempre paparicava Helena, era esse o nome dela, lhe trazia flores e coisas assim. Edric não se lembrava se ele já havia feito aquilo para sua mãe alguma vez, e aquilo lhe deixava bravo também. Durante o jantar, Helena e Edgar conversavam bastante, mas Edric apenas os observava, sentia-se como um intruso ali. Não se encaixava de jeito nenhum, e aquilo o incomodava muito.

Pior foi quando decidiram falar de Caleb.

Fizeram as mesmas perguntas desnecessárias dos policiais e de sua mãe, o que diabos importava? Ele havia desaparecido, nem Edric nem Samuel poderia ajudar, assim pensava o garoto. Logo que terminou foi para seu quarto, que não tão seu assim, pois assim que Helena engravidasse aquele passaria a ser o quarto de seu filho e Edric seria esquecido. Não que quisesse que Helena cuidasse dele, mas seu pai sim o esqueceria. Não comera os legumes, e mais tarde, seu pai viria para lhe repreender por isso, mas sequer ligava, apenas queria ir para sua verdadeira casa. Summer provavelmente estaria a sua espera.

No outro dia seria sábado, teria de passar o dia inteiro com Helena, pois como ela não trabalhava só ficava em casa. Isso foi como um tapa no rosto para Edric, que já não suportava olhar para ela. E como ela era incrivelmente inútil, depois de arrumar a casa, que sequer estava bagunçada ela bordava, preparava comida e bordava mais um pouco. Pelo menos sua mãe de verdade, Evelyn trabalhava, ela escrevia colunas para o jornal local, e aquilo era um ótimo trabalho. Mas Helena era completamente o oposto de sua mãe, além de ser mais jovem e bonita. Tinha cabelos claros, olhos escuros e a pele pálida, mas não deixava de ser bela. Mas até isso conseguia irritar o garoto.

Queria ir para casa, foi o que ficou em sua cabeça por varias horas, até a escola seria melhor que aquela tortura. Saiu do quarto e foi para a sala, pegando um livro na estante e se sentando no sofá para tentar esquecer-se daquela mulher. Mas ela não deveria saber que quando alguém está lendo, deve-se ficar calado. Pois começou a tagarelar sobre o livro e seus personagens, assim como a história em si, que o garoto queria no mínimo descobrir por si próprio. E no fim, ela o irritou para valer.

– Só acho que não é um livro para crianças, principalmente meninos como você. – disse como se fosse normal, Edric quis acertar-lhe com o próprio livro, mas não poderia.

– Como assim como eu? O que tem de errado comigo? – indagou irritado levando ela a ficar surpresa.

– Nada, só eu você é meio... – começou ela olhando para Edric e vendo-o irritar-se ainda mais.

– Você não me conhece, você não é minha mãe de verdade, nem nunca vai ser. – disse e se levantou. – Pare de tentar ser minha amiga, eu te odeio! Você é o motivo para minha mãe chorar todos os dias! – bradou o garoto enquanto o restante de cor do rosto de Helena se esvaia.

– Quem você pensa que é para falar assim comigo garoto? – disse ela ao se levantar.

– Não, quem você pensa que é para roubar-me meu pai e minha família, você vai para o inferno por isso! – disse ele e saiu correndo escada acima.

Helena ficou sem fala, então correu até seu quarto e se pois de joelhos começando a rezar, mas claro que não deixaria aquilo assim. Contou tudo a Edgar que em pouco tempo esmurrava a porta de Edric. O deu-lhe um tapa no rosto e o colocou de castigo, ficaria no quarto sem jantar até o dia seguinte, quando fosse embora. Edric não ligava para o castigo, mas passou a odiar ainda mais o pai e a Helena, ele era seu filho e ele defendia a mulher que o tirou de casa. Aquilo era extremamente injusto, os detestava, assim como aquela casa, nem do gato gordo gostava, pela primeira vez chorou sentindo a dor de sua mãe.

[...]

Domingo no carro, enquanto voltava para casa, teve de agüentar seu pai lhe repreendendo por causa do que disse a Helena. Mas provavelmente ela iria mesmo para o inferno. Assim que o pai parou o carro, Edric pode ver a mãe, parada em frente à porta, com uma expressão dura. Desceu do carro às pressas e correu para abraçar a mãe, nem percebeu quando começou a chorar. Não gostaria de voltar à casa de seu pai jamais, Evelyn o abraçou de volta e olhou para Edgar no carro. Os dois apenas se olharam por poucos segundos, mas parecera mais que tiveram uma longa conversa. Assim que o carro voltou a andar Edric olhou para a mãe.

– Eu a odeio, eu o odeio, os dois são horríveis mãe. – disse o garoto entre as lágrimas, Evelyn sentiu um pouco de satisfação com as palavras do filho. – Não quero voltar lá mais, nunca.

– Tudo bem, não precisa voltar lá. – disse ela ao acariciar os cabelos do garoto, que estavam duros, pois ele dormira chorando. – Vamos entrar, tem torta de limão com chá, você precisa se acalmar.

Assim que ela abriu a porta Summer pulou em cima do garoto, era grande o suficiente para conseguir lamber o rosto de Edric em pé. Quando conseguiu tirar o cachorro de cima de si, viu Samuel, Rose e a irmã menor de Samuel. O loiro se levantou do sofá e foi até o amigo, lhe tocou o rosto com uma expressão preocupada.

– Por que estava chorando? – perguntou e Edric desviou o olhar, era muito orgulhoso e no momento seu rosto queimava. – Pare com isso Edric, sou eu, Samuel.

– Eu sei seu idiota! – disse e saiu correndo em direção ao seu quarto.

– Vá lá falar com ele. – disse Evelyn ao tocar no ombro de Samuel. – Ele por fim deu falta do pai.

Samuel sorriu e foi para o quarto de Edric, este estava na cama, agarrado a Summer que lhe lambia o rosto sem parar. Samuel sentou na cama e começou a desamarrar os cadarços de Edric, Evelyn surtaria se o visse de sapatos na cama. O moreno sequer tirou o rosto do meio dos pelos de Summer, conhecia bem o loiro para prever seus movimentos.

– Não quer que eu veja seu rosto, baixinho? – indagou Samuel sorrindo enquanto passava o dedo levemente no pé de Edric, que apenas se encolheu mais. – Hum, estou vendo que além de baixinho é birrento.

– Saia daqui Samuel! – Bradou Edric ao quase sumir debaixo de Summer.

– Quem vai me obrigar? – indagou o loiro passando o dedo novamente sob o pé do garoto.

Edric saiu da cama e parou ao lado as porta: - Vai embora!

O loiro se levantou e abraçou o amigo.

– Pare de tentar ser um muro, quando na verdade é uma folha de papel. – disse Samuel a Edric que o abraçou de volta, eles não costumavam fazer isso, mas era o que o moreno precisava. – Deve ser muito difícil, talvez eu nunca entenda o que você está sentindo, mas quero te ajudar a superar. – o moreno apenas chorou um pouco mais antes de voltar a si e sair do abraço.

– Ela é horrível, eu a odeio! – disse ele abraçando Summer, os três estavam naquela cama de solteiro menor que as demais. – Nunca mais quero vê-la.

– Não a conheço, mas devo deduzir que é uma má pessoa. – disse Samuel e Edric aconchegou a cabeça em seu ombro. – Você acha que Caleb vai voltar?

–... Não, eu acho que ele está morto. – disse Edric fazendo Samuel respirar fundo. – Isso é assustador não é?

– Sim, muito. – respondeu Samuel ao olhar para o quarto. – Tenho medo, sem falar que, nossos pais devem também ter muito medo.

– É, bem, só minha mãe, não acho que meu pai esteja preocupado comigo. – disse Edric se irritando novamente. – Eu queria que ela desaparecesse...

– Edric, eu sei que não gosta dela, e tem todos os motivos do mundo para isso. Mas não diga algo assim, você é melhor que isso. – disse Samuel agora olhando para o amigo. – Tudo bem?

–... Sim... – disse o moreno por fim, já estava cansado de tudo aquilo, sua família estava despedaçada, e não havia nada que pudesse fazer.

Logo depois do almoço Samuel sua mãe e irmã foram embora, dizendo que o pai estaria em casa em pouco tempo. Aquilo causou um pouco de inveja em Edric, mas achou melhor deixar para lá. Depois de lavar a louça com a mãe, os dois foram para a sala, e assistiram a televisão. Mas do nada, um garoto bem mais velho que Edric apareceu na sala, ficando em frente a televisão. Ele era alto e bonito, e tinha uma certa presença, Edric levantou-se surpreso.

– Que foi querido? – indagou sua mãe e Edric franziu o cenho para ela.

– Ela não pode me ver, sequer me ouvir. – disse o garoto e que bela voz tinha. – Vamos ir lá para fora, ela vai pensar que você enlouqueceu se ficar falando com o vento.

Primeiramente Edric não se moveu, era informação demais, porem sua mãe começou a reclamar, pois ele bloqueava sua visão. O garoto mais velho caminhou para o quintal dos fundos e Edric o seguiu.

– Não se preocupe, eu não vou te fazer mal algum. – disse o Garoto. – Meu nome é Amaimon, sou irmão mais novo de Mephisto. – aquilo foi estranho para Edric, ouvir o nome dele sendo dito por mais alguém era estranho, não parecia ser mais um segredo. – Nosso mestre observa-o a todo o momento, mas não há nada que nós, demônios, possamos fazer. Ele está preso e só um humano pode salvá-lo.

Edric olhou para o bosque depois novamente para o demônio a sua frente.

– Isso é muito estranho... – disse o garoto e o demônio sorriu.

– Ah, sim, é sim estranho. Humanos são facilmente impressionados. – disse Amaimon ao sentar-se no chão e dar tapinhas ao seu lado para que Edric fizesse o mesmo. Este assim o fez. – Ele está lá há tanto tempo, sinto até pena... Mas, sequer no bosque posso pisar, mesmo aqui me dói estar.

– Você quer que eu o salve certo? – indagou o garoto, recebendo um olhar do demônio. Amaimon tinha belíssimos olhos verdes, seus cabelos eram castanhos e longos, parecidos com os de Mephisto, só que mais curtos. Não possuía o sorriso de tubarão, mas ainda era encantador. – Não sei se posso...

– Poder, você até pode. – disse Amaimon brincando com a grama. – Mas isso exigiria muito de você, coisas impossíveis de se substituir. Mas isso é uma escolha sua, é claro, não vim aqui para te obrigar nem nada. Só dizendo que, você poderia salvá-lo sim, se quisesse. – ele suspirou. – Eu perdi meu irmão para esses religiosos...

– Eu perdi meu pai. – disse Edric ao lembrar-se de Helena. Tocou o rosto onde seu pai lhe dera o tapa. – Queria que... Deixa.

– O que iria dizer? – indagou o demônio.

– Não, não quero me igualar a eles. – disse Edric e olhou novamente para o bosque. – Eu não posso salvar Mephisto, sei o que ele significa para você, bem, mais ou menos. É difícil saber o que demônios sentem. Mas, não posso, não ainda.

– Mephisto já quis te beijar alguma vez? – indagou Amaimon deixando Edric confuso. – Te beijar garoto, na boca. – explicou ao inclinar um pouco o corpo. O garoto ficou com cara de “como assim!” – Já vi que não... Provavelmente ele ficaria bravo se eu o fizesse, mas você é realmente bonito, mas ainda um pirralho.

– O que?! – indagou Edric irritado.

– Se fica bravo por causa dessa simples palavra, apenas comprava o seu significado. – disse Amaimon ao rir. – Mas sério, será que um único beijo fará mal...

– Eu não vou beijar você! – disse Edric ao se levantar. – Você é homem!

– E qual o problema? Você tem lábios e eu também, o que nos impede? - riu-se o demônio do garoto. – Não precisa ficar assim, querido, como já deve ter percebido, sou um demônio. Não me importa se é homem ou mulher, criança ou não, para mim são todos humanos.

– Você é louco isso sim. – disse Edric ao ir em direção a sua casa.

– Foi um prazer te conhecer Edric. – falou Amaimon que repentinamente estava na porta da cozinha. – Vá pelo menos visitar Mephisto, aquela caverna não faz bem para ele. – o demônio abaixou-se e beijou a bochecha de Edric. – Vou voltar para te ver.

Então ele desapareceu deixando um cheiro peculiar no ar, assim como uma nuvem fina de fumaça verde. Edric apenas entrou para casa, achando aquilo tudo muita informação para um dia só. Bem, talvez fosse mesmo visitar Mephisto, fazia muito tempo...

[...]


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Notas finais do capítulo

Leu até aqui? Nossa, tá animado hein?
Não corrigi, foço isso amanhã, comentem! Isso me deixa muito HAPPY
Bjs, até