Três. escrita por jubssanz


Capítulo 5
5. Festa azul.


Notas iniciais do capítulo

Não sei se tem alguém lendo, mas vou explicar. Desculpem se estiver ficando apelativo demais, é pq é pra ser assim mesmo haha pq a própria Claire é assim, apelativa, vulgar e etc (isso tem um motivo) e isso é necessário, pq diante disso, a Aurora vai criar um super tabu sobre sexo. Enfim, desculpem se estiver apelativo, logo acaba. =)



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— E aí, rolou? – Claire questionou enquanto esperávamos Josh e Mark sentadas na praça.

— Rolou o que? – questionei, distraída.

— Você e Josh, oras. – ela respondeu, como se fosse obvio. Acho que era. – No cinema. Beijos, mãos bobas... Qual foi?

— Ei! – protestei. – Nada de mãos bobas! Não sou esse tipo de garota.

— Ah, não? Pois não me pareceu. – Claire riu acidamente. – Conheceu meu irmão e duas horas depois foi para o cinema com ele. Legal.

Naquele momento, eu cai na real. Que merda eu estava fazendo? Havia conhecido um garoto, ido para o cinema com ele, o beijado e agora planejava dormir na casa dele? Aurora, pelo amor de Deus! Eu não poderia fazer aquilo. Josh com certeza havia pensado que eu era uma promíscua ao aceitar dormir na casa deles, e porra, eu estava agindo como tal. Merda, merda, merda! Mas o que eu poderia fazer? Desistir de ir para a casa de Claire e voltar para casa? Dando que desculpa para os meus pais? “Oi, gente. Voltei porque peguei o irmão da Claire hoje à tarde e fiquei com medo de que ele tentasse me agarrar. Foi mal!”. Não! Eu não tinha saída. Iria para a casa de Claire. Nem que eu tivesse que passar a noite toda trancada no banheiro, mas não voltaria para casa.

Sabe aqueles reality shows em que a pessoa passa uma noite em uma mansão mal assombrada? Era assim que eu me sentia.

— Aurora, você está bem? – Claire perguntou, batendo à porta do banheiro. Droga, sai daí!

— Na verdade, não. – menti.

— O que você tem?

— Estou enjoada. – gemi. Meu Deus, que bela mentirosa estou me tornando.

— Está grávida, amiga? – ela indagou em tom debochado.

— É claro que não, cale a boca! – ralhei.

— Bom. Eu e Mark vamos para o meu quarto. Josh está te esperando no quarto dele, ao final do corredor. Vê se melhora logo.

— Como assim? Me esperando? No quarto dele? Mas e o filme? E as pizzas? – questionei, apavorada.

— Não seja tola, Aurora. – Claire murmurou, e eu jurei ter notado um tom estranho em sua voz. – Vocês podem até ver algum filme, mas Josh não vai querer comer pizza tendo você no quarto.

Eu não tinha saída. Me envergonharia daquilo para o resto da vida, mas precisava fazer alguma coisa. Rastejei-me dentro do banheiro, encostando-me entre o vaso sanitário e a pia, peguei meu celular e procurei o nome de Claire na lista de contatos. Digitei, a seguinte mensagem, com os dedos trêmulos:

“Tô menstruada, não vai dar.”

E apertei “enviar”. Em seguida, enfiei a cabeça entre os joelhos e fechei os olhos, imaginando como seria minha ruína dali em diante.

Quando estava quase pegando no sono, ouvi batidas na porta.

— Quem é? – murmurei, rastejando até a porta.

— Sou eu, abra – Claire murmurou. Calcei a cara e estendi a mão para destrancar a fechadura, sem me levantar.

— Oi – murmurei, sem olhá-la.

— Como você está?

— Querendo sumir. – resmunguei.

— Ah, não tem problema. – ela deu de ombros. – Mas... Você não gostaria de... Você sabe... Assim mesmo?

— O que? Claro que não! Que nojo! – reclamei, me levantando.

— Bom, é você quem sabe. – ela deu de ombros novamente, o que me irritou. – Mas não o enrole muito. Ele só quer sexo. Se demorar, ele vai cair fora. Aliás, ele está na sala. – e assim Claire saiu da porta, me deixando sozinha.

Será que ela se importaria se eu enfiasse minha cabeça dentro de seu vaso sanitário?

Vamos, Aurora, reaja. Levantei-me vagarosamente, apoiando-me na pia e abri a torneira. Tentei pensar em lindos esquilos em um jantar romântico enquanto jogava uma água no rosto, mas não conseguia desviar minha atenção do que Claire havia acabado de me dizer. “Ele só quer sexo. Sexo. Sexo. Sexo!”

Meu Deus. Eu precisava sair correndo daquele lugar. Prendi o cabelo, puxei meu vestido o máximo que consegui, na intenção de esconder o máximo de minhas pernas. Peguei minha mochila no chão e a coloquei ao contrário, na frente, protegendo meus seios. Respirei fundo e sai do banheiro, indo rumo a sala.

Josh estava deitado no sofá, - sem camisa – assistindo a um jogo de futebol. Sentei-me no sofá oposto a ele, em silêncio. Quem sabe, se eu ficasse bem quietinha, sem respirar, ele não perceberia minha presença.

— Oi – Josh murmurou, cedo demais, virando-se para mim. Merda!

— Olá – respondi.

— Você melhorou?

— Sim, melhorei, obrigada.

Ele assentiu e voltou seu olhar para a televisão.

— Claire disse que você só quer sexo. – murmurei, sem conseguir me conter. Porra, Aurora!

— O que? – ele riu. Ou engasgou, não sei dizer. – Não seja tola!

— Estou sendo? – questionei, arqueando a sobrancelha.

— Sim! Claire só está com medo de que você goste mais de mim do que dela, ela não quer perder a amiga maravilhosa que arranjou – ele diz, piscando. Ah, eu vejo que ela não quer me perder. Porém, não me chamo Mark.

— E você não está bravo? – questiono, desconfiada.

— Mas é claro que não! Sei que ainda teremos muitas oportunidades. – ele responde, piscando para mim. Não!

Permaneço em silêncio, pensando seriamente em... me enfiar dentro de minha mochila.

— Ei, Aurora, um conhecido meu vai dar uma festa de fim de férias amanhã à noite. A Claire e o Mark vão. Seria um bom lugar para você se enturmar. Gostaria de ir?

— Olhe, eu gostaria sim, mas não sei se minha mão deixaria. Posso pedir a ela e te avisar depois, certo?

— Claro! – ele responde, se levantando do sofá. Enrijeço. – Bom, eu vou dormir, boa noite, Aurora!

O QUE? Eu estou na sua casa, imbecil! Eu sou visita! Você não pode avisar que vai dormir e me deixar sozinha aqui!

— Ah, tudo bem. Boa noite, Josh! – respondo, sorrindo.

— Me avise se sua mãe deixar você ir a festa. Até mais!

E assim Josh saiu da sala, desligando a TV e apagando as luzes.

Puxei uma almofada do sofá, ajeitei sob minha cabeça e abracei meus joelhos, fechando os olhos. Dormi com a mochila no corpo. Foi a pior noite da minha vida.

Ou não. Poderia ter sido pior. Josh poderia ter inventado de dormir comigo.

— Ei, mãe. – eu disse mansamente, entrando no quarto dos meus pais. Apenas mamãe estava em casa. Papai havia viajado com urgência para Salem, pois a empresa havia mandado alguns documentos errados, e ele precisara resolver, para minha sorte. Era sexta feira à tarde, e a festa seria à noite. Eu estava nervosa. Escolhi aquele momento para pedir porque sabia que minha mãe estava sensível – ela havia chorado por causa da novela mexicana que assistia.

— Sim, meu bem. – ela me respondeu, com os olhos vermelhos.

— Eu gostaria de lhe pedir uma coisa. Uns amigos de Claire vão dar uma festa hoje à noite, e ela me convidou. Seria um ótimo lugar para me enturmar antes do inicio das aulas. – despejei de uma vez. Assim que terminei de falar, iniciei uma prece mental para que ela deixasse.

— Não sei não, minha filha. – ela respondeu, suspirando. – Seria perigoso, e...

— Mãe! – interrompi. – Vá que eu conheça um Alessandro Lombardo por lá?

Ela riu abertamente. Golpe baixo, Aurora. Alessandro Lombardo era o galã da novela.

— Sendo assim... – ela disse, rindo – Aproveite bem a festa e volte para a casa acompanhada de um Alessandro Lombardo bem rico!

Se eu estava nervosa? Estava. Claire havia me mandado uma mensagem minutos antes, dizendo que ela e Josh passariam para me pegar. Ela havia avisado também que a festa havia “mudado de residência”, que passaria a ser na casa de um novato, que também estava querendo se enturmar. Dei de ombros. Para mim, não faria diferença. Eu só conhecia cinco pessoas na cidade.

Me olhei no espelho uma última vez, satisfeita. Eu usava uma saia de paetês dourados que chegava até a metade das minhas coxas, um top cropped preto de renda e uma sandália de salto alto, dourada. Me sentia linda. Ouvi um carro buzinar e me dirigi até a sala, tentando não tremer.

— Dona Sophie, estou indo. – murmurei.

— Tenha juízo, minha filha. – minha mãe disse, séria, me dando um beijo na testa. – Aliás, você está linda, futura senhora Lombardo.

Eu ri e dei um beijo em Lucy, que dormia no sofá, e desci. Senti uma imensa vontade de voltar para o colo de minha mãe ao avistar o Prisma (modelo do carro) vermelho de Josh parado em frente ao prédio. Respirei fundo a caminhei até o carro, abrindo a porta traseira.

— Uau, você está demais! – Josh exclamou, virando o pescoço para me olhar.

— Obrigada – murmurei, entrando no carro.

— Está mesmo! – Claire completou. – Está de matar, piranha.

Eu ri enquanto Josh dava a partida no carro e estendi a mão para pegar algo que Claire tentava me alcançar. Era uma lata. Gelada. Cerveja. Bem, que mal faria?

Tomei alguns goles e devolvi a lata para Claire, não querendo abusar. Na verdade, eu também não queria descer do carro. Estava muito confortável ali, no escuro do carro, longe das pessoas. Na verdade mesmo, nem Josh e Claire precisavam estar ali.

Logo, fui forçada a pensar na realidade, porque, rápido demais, Josh estacionava o carro. Era uma casa bonita, com um belo gramado na frente. O que era feio ali, era a quantidade de rapazes com latas de cerveja nas mãos e garotas com saias ainda mais curtas que as minhas logo na entrada da casa. Como eu não conhecia ninguém, imaginei que Josh e Claire entrariam comigo, me apresentariam e fariam companhia, como bons amigos que eram.

Como sou ingênua. Em dois segundos, Claire já estava fora do carro, conversando com Mark e Josh falava com uma loira que usava um tomara-que-caia e uma saia – vulgo calcinha – jeans. Ótimo. Decidi agir por conta própria e desci do carro.

Assim que ajeitei a roupa e joguei a bolsa por sob o ombro, olhei para a porta da casa. Gelei. Vestindo uma bermuda jeans clara e uma camiseta preta, um rapaz que eu conhecia estava parado na porta, rindo, com uma lata de cerveja na mão. Na verdade, eu não o conhecia, mas aqueles olhos azuis eram inconfundíveis. Louis.


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