Três. escrita por jubssanz


Capítulo 47
46. Mamãe nem tão querida.


Notas iniciais do capítulo

Oi! Parte final do capítulo especial. desculpem a demora e obrigada pelos reviews, respondo assim que possível. Beijos.



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— Isso não pode estar acontecendo... – Rebecca murmurava, andando de um lado para o outro dentro do escritório.

— Rebecca, cale a boca – Aurora pediu pela milésima vez, revirando os olhos.

— Fingir que isso não está acontecendo não vai realmente fazer com que isso aconteça, Becky – Peter comentou, timidamente. Ele era o que parecia mais calmo ali, encostado na grande mesa de mogno, com as mãos dentro dos bolsos da calça.

— Peter, cale a boca – Travis pediu, também pela milésima vez. Passou as mãos pelos cabelos ao invés de revirar os olhos.

Peter estava prestes a reclamar quando ouviram passos no corredor. Ferdinand estava vindo. Abriu a porta, em silêncio.

— Vocês três tem sorte – ele disse, olhando feio para Aurora, Travis e Peter – de eu não ligar para os pais de vocês. E você, Rebecca, conversaremos mais tarde. O que tenho a dizer, é que estou decepcionado. E envergonhado, por vocês. – murmurou simplesmente, saindo do escritório. O barulho de passos no corredor recomeçou antes que qualquer um deles pudesse dizer alguma coisa, e então, Marise adentrava ao cômodo, também com cara fechada, mas, mais amena do que a de Ferdinand.

— Bom. Vamos direto ao ponto – murmurou. – Quando um homem e uma mulher se gostam muito, eles tem relações sexuais...

— Oh, não! – os quatro jovens gritaram juntos, a interrompendo.

Aurora cobriu o rosto com as mãos, se arrependendo no mesmo instante e baixando as mãos novamente para cobrir as coxas nuas – já que a camiseta de Travis era muito curta.

Rebecca fez um coque no cabelo, olhando para qualquer lado que não fosse o rosto da mãe.

Travis pensava em como sua mãe agiria – ou, de que forma o mataria – se ficasse sabendo daquilo.

Peter só conseguia pensar que nunca mais poderia entrar naquela casa.

Horas antes...

Aurora acordou com o sol aquecendo seu rosto. Na verdade, teria sido bem mais romântico se a garota realmente tivesse sido acordada pelo sol, mas, o que a despertou, foram os gritos vindos do segundo andar.

Sentou-se na cama sentindo a cabeça latejar no mesmo instante. Piscou por alguns segundos até lembrar o que havia acontecido.

— Oh! – arquejou, levando a mão aos lábios. – A festa!

Lembrou-se de tudo que acontecera na noite anterior, desde o momento em que detestara sua fantasia até o momento em que deitara para dormir na cama de Travis. felizmente, o barulho que as outras pessoas fizeram ao chegar em casa a faz cair na real, e assim Aurora deu um rápido beijo em um Travis sonolento e atravessou o corredor na ponta dos pés, em silêncio. Surpreendeu-se ao ver que Rebecca não estava em sua cama, mas imaginou que a amiga estivesse ajudando a mãe com alguma coisa. Achou melhor não descer e verificar, afinal, não queria levantar suspeitas desnecessárias sobre o motivo de estar acordada tão tarde.

Aurora calçou seus chinelos, pronta para se levantar da cama, mas então, outra recordação da noite anterior lhe abatera. Ela estava deitada, lembrando-se de Travis e sem conseguir dormir, por isso se revirava na cama. Ouviu passos no corredor e cobriu-se até o pescoço, fechando os olhos imediatamente.

Abriu os olhos, fingindo estar sonolenta, ao sentir lábios macios tocarem sua testa.

— Oi, meu amor – sua mãe murmurou, a encarando.

— Oi, mamãe – respondeu, estendendo a mão para tocar o rosto de dona Sophie.

— Desculpe te acordar, filha, mas eu queria me despedir.

— Você já vai? Mas que horas são?

— São quatro e meia. Mark vai nos levar de volta para Salem. Não queria ir assim, sem poder curtir você, mas vovó está de novo com aquelas dores na coluna e eu preciso ajuda-la. Mas dou um jeito de voltar em breve.

— Está bem – Aurora murmurou, chateada. – Dê um beijo em Lucy e mande melhoras a vovó!

— Pode deixar. Amo você, minha pequena – respondeu, dando novamente um beijo na testa da filha.

Os gritos vindos do andar inferior atraíram novamente a atenção de Aurora, o que fez com que a garota afastasse suas lembranças para longe e finalmente pulasse da cama. Prendeu o cabelo de qualquer jeito, escovou os dentes e desceu, sentindo a cabeça latejar.

Abriu a grande porta de vidro que ia da cozinha para a sala, timidamente, e entrou no cômodo sem dizer uma única palavra. Peter estava amuado no canto do balcão – espera, Peter? Ela nem mesmo sabia que o garoto havia dormido ali. Rebecca sentada na mesa, com o rosto coberto pelas mãos. Miles era apenas um fantasma branco, observando a tudo em silêncio. Ferdinand não estava a vista e Marise estava sentada na ponta da mesa, encarando a filha. De onde estava, Aurora podia ver Travis, embora o garoto não a visse. Ele estava de costas para ela, apoiado no balcão, e a garota sabia que ele preparava uma tigela de cereal. Como se sentisse que ela o encarava, virou a cabeça lentamente, ficando de frente para ela. Então, ao encarar a garota, cuspiu todo o cereal que havia colocado em sua boca, atraindo a atenção de todos, ora para ele, ora para Aurora.

— Oh, não... – Miles murmurou, atônito, encarando a amiga.

Peter passou as mãos pelo cabelo, nervoso, e Rebecca deu uma risada forçada, incrédula. Travis tentava balbuciar alguma coisa, mas nada saía. Ferdinand meteu a cabeça para dentro da cozinha, curioso, provavelmente por causa de todo o alvoroço. O homem quase caiu para trás ao encarar Aurora.

— Isso só pode ser brincadeira. Vocês duas combinaram isso para me matar do coração. – Ferdinand murmurou, incrédulo.

— O que diabos... – Aurora começou, mas parou de falar quando Miles apontou discretamente para as pernas da garota. Ela ofegou, sentindo sua face esquentar no mesmo instante. Ainda usava a camiseta de Travis! Olhou rapidamente para a amiga sentada na mesa e constatou que Rebecca usava uma larga camiseta de qualquer time de basquete. Basquete... Basquete. Peter. Oh, não.

De volta a triste realidade...

— Mãe, é sério – Rebecca lamentou mais uma vez. – Eu já disse que nós não fizemos nada.

— É verdade, tia – Aurora completou. – Só tivemos uma ideia idiota de imitar aqueles filmes idiotas onde as garotas vestem as roupas dos namorados!

— Eu sei, querida, eu sei – Marise respondeu, rindo. – Estava apenas seguindo o protocolo para que Ferdinand não tivesse outra crise. – piscou o olho esquerdo, sorrindo para os quatro jovens ao se dirigir para a saída do quarto. – Ah, recomendo que troquem essas roupas antes de descer.

Assim que ele fechou a porta, Travis respirou aliviado.

— Cara, não acredito que isso aconteceu. – resmungou.

— Isso seria trágico se não fosse cômico. – Peter concordou, assentindo, sério.

— Peter, sua anta... Isso foi realmente trágico. – Rebecca completou.

— Eu só quero trocar de roupa e me enfiar em um buraco – Aurora lamentou.

— Calma, agora já passou. – Travis murmurou, dando um beijo na testa da garota.

— Passou? Você quer me dizer que isso tudo passou? – a garota indagou com voz esganiçada. – Isso só vai passar quando sua mãe ficar sabendo. E sabe o que vai passar? Nós é que vamos passar! Dessa vida para a próxima, porque a sua mãe vai nos matar!

— Ei, fique calma! – Rebecca pediu, abraçando a amiga. – Meus pais com certeza não vão contar para tia Annie.




— Eu não sei se devo sair – Travis resmungou, andando de um lado para o outro dentro do quarto.

— E porque você não iria? – Miles questionou o irmão pela terceira vez.

— Mamãe e papai estão aí, oras. Devo aproveitar meu tempo com eles. – respondeu.

— Travis, seu pai e sua mãe só vão embora amanhã. – Mark lembrou. - Você pode muito bem sair com Aurora agora. Não acredito que você levará horas para pedi-la em namor...

— NÃO TERMINE ESSA FRASE! – Travis gritou, assustando o... Cunhado.

— Pois bem, desculpe – Mark riu. – Vamos, apresse-se. Eu levo vocês até o parque.

Travis respirou fundo, passando as mãos pelo cabelo.

— Está pronta? – questionou, parando em frente a porta do quarto de Rebecca, onde Aurora terminava de se arrumar.

— Tecnicamente. – respondeu.

— O que é estar tecnicamente pronta?

­— Quer dizer que só vou estar pronta quando souber que seus pais não estão aqui. – riu-se, dando de ombros.

— Idiota – o garoto murmurou, caminhando até ela e envolvendo sua cintura. – A cada sorriso desses eu me apaixono mais por você, sabia?

Corada e sem saber o que responder, a garota apenas selou seus lábios.

— Ei, pombinhos – Mark chamou da porta, observando os dois se beijarem.

Mai embora –Travis resmungou, sem desgrudar os lábios dos da garota.

— Escroto – Miles comentou, rindo. – É sério, vocês precisam descer.

— O que aconteceu? – Aurora indagou, afastando – com muito custo – Travis.

— Papai e mamãe estão aí – o garoto respondeu, sorrindo tristemente.

— Uau. Ótimo. – Aurora reclamou, irônica. – É melhor você descer, Travis.

— Na verdade, a reunião é para todos. Você, Mark, até mesmo Peter. – Miles murmurou.. Aurora e Travis não puderam deixar de notar a forma triste como o garoto pronunciara o nome do namorado. Depois do fiasco que ocorrera pela manhã, os amigos haviam se atualizado sobre tudo que acontecera depois que Travis e Aurora deixaram a festa na noite passada. Eles sabiam que Miles e Mark haviam contado a Annie e Michael sobre a opção sexual de Miles e sobre o relacionamento dos dois. Pelo que haviam contado, sem muitos detalhes, sabiam que Michael havia aceitado numa boa, depois de alguns minutos de choque. Já Annie...

— A respeito do que exatamente é essa tal reunião? – Travis indagou, pegando a mão da namorad... Amiga.

— É o que todos queremos descobrir.

Digiram-se em silêncio até a cozinha. Aurora teve que segurar uma risadinha. Porque as confusões daquela família eram sempre naquela bendita cozinha? Assim que entraram no cômodo, Miles e Travis perceberam que havia algo errado. Eles conheciam aquela expressão no rosto do pai. Era a mesma que ele fazia quando Annie tomada alguma atitude errada na intenção de proteger Louis. E a julgar pela expressão dos tios, a situação ali era realmente errada.

— Ah, que bom que se juntaram a nós! – Annie exclamou. – Bom dia, Aurora.

A garota apenas assentiu, sem conseguir ser tão cínica quanto a mais velha.

— Convocamos essa reunião porque temos um assunto muito importante para tratar, por isso convoquei também os namorados oficiais e os... ficantes. – Annie torceu o nariz ao pronunciar a última palavra e olhou diretamente para os dedos entrelaçados de Travis e Aurora. Nesse momento, Aurora correu os olhos pelo cômodo, chocada ao finalmente perceber quem estava ali. Ferdinand, Marise, Annie, Michael, Mark, Miles, Rebecca, Peter, Travis, Louis... Claire. Antes que pudesse fazer algum comentário para Travis, no entanto, Annie voltou a falar. – Como todos sabem, e eu e Michael estamos morando na Flórida já a seis meses. Os garotos estão morando aqui simplesmente por opção. Mas, a partir do momento em que vemos que talvez essa opção não seja a mais correta, temos que tomar alguma atitude.

— Do que você está falando, mãe? – Travis indagou.

— Estou querendo dizer, querido, que existem algumas coisas erradas aqui, e precisamos concertá-las imediatamente.

— Coisas erradas? – Miles indagou. – Acho que você está bem enganada, mãe.

— Estão vendo? Estão tão envolvidos com as... distrações – Annie olhou feio para Aurora – desta cidade que nem mesmo estão percebendo o que Louis está passando. Seu irmão está sofrendo muito aqui e tendo problemas para se adaptar!

Os garotos simplesmente não conseguiram segurar o riso. A gargalhada na mesa foi contagiante, e Michael encarava a todos, curioso. Ele sempre soube que Annie protegia demais o filho, mas não sabia que as coisas haviam chegado àquele ponto. O homem continuou prestando atenção em cada reação de Aurora, Travis, Miles, Mark, Peter e Rebecca, que pareciam, de fato, desconfortáveis com a situação.

— Você só pode estar brincando! Fala sério! – Travis exclamou.

— Travis Reynold Adams, cale-se. – Annie murmurou friamente. – O que está sendo discutido aqui é o melhor para o seu irmão.

— E quando é que você vai se lembrar que tem outros dois filhos e pensar no melhor para eles? – o garoto indagou.

— Devido a isso, - Annie continuou, ignorando o comentário do filho. – eu e Michael decidimos que vamos levar os trigêmeos de volta conosco para a Flórida.

O silêncio que reinou na mesa era quase palpável. Aurora procurou a mão de Travis por debaixo da mesa e a segurou firmemente, e reparou que Mark e Miles faziam o mesmo, enquanto Claire segava algumas lágrimas inexistentes e Annie a consolava, fazendo carinho em seu ombro.

Depois de algum tempo, Peter quebrou o silêncio.

— Tirando o fato de que morreríamos de saudade... Onde diretamente isso me envolve? Ou melhor, nos envolve? – o garoto questionou apontando de si para Rebecca, Marise, Ferdinand e Aurora.

— Olhe, querido... – Annie respondeu, com um sorriso de escárnio no rosto. – Eu e Michael não temos mais a mesma renda de antigamente, então, para que pudéssemos manter cinco pessoas na Flórida, teríamos que vender uma casa, que por sinal, está em nosso nome.

— Que casa? – Rebecca indagou, com voz trêmula.

— Essa aqui, querida. – a megera respondeu, forçando um sorriso. – Receio que você, seus pais e seus... Hóspedes tenham que procurar outro lugar para morar.


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