Quero que saiba... escrita por Gryphon


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Algo não tão ficcional para ser chamado de fanfiction, mas vamos lá...



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Sempre estive a perguntar-me o que faria se estivesse a beirar os extremos do desespero... Eis que já tenho uma resposta válida para isto, mas talvez o melhor seria se esta não existisse... Ao menos consigo fingir que nada se passa quando sinto que tudo por dentro simplesmente evanesceu de tal forma que nem mesmo meus sentimentos encontram-se presentes. Eu nunca estive aqui no final das contas, por mais físico que tenha sido... Sempre soube que ficaria para trás, mas meu medo de perder aquele laço me fez permanecer ao lado dele quando tudo para si nada significou... inclusive eu.

Então acordo, uma vez mais com a mesma falta de disposição rotineira; já não conto os dias para o fim das aulas, o fim das visões do desespero e culpa por uma verdade revelada sem que eu pensasse em nada mais que em meus sentimentos. Eu fui egoísta? Então ele nunca mais estaria comigo, não queria vê-lo mais, e no fim não aconteceu bem assim...

O que levar para ler enquanto estudava em meio a tantas opções...? Tudo a mim era tão repetitivo que até mesmo o que possuo já sei de cor por ter lido bem mais que seis vezes... Talvez melhor seria se apenas me focasse em ler livros ao invés de comportamentos...

Ainda assim, aqueles eram os meus “livros” favoritos.

Tinha de me apressar e peguei o primeiro novel que encontrei, comi pouco e segui meu caminho... A casa era demasiado longe do colégio... Não apetecia-me grandes multidões e estive sempre muito longe delas...

Desconfortável, desnecessário...

Não era apegado nem mesmo a meus amigos do colegial, os quais lembro vagamente, assim como mal notam-me.

É provável que nem se lembrem mais quem foi Mayuzumi Chihiro...

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Talvez tudo tenha começado quando o encontrei, ou melhor, ele me encontrou... Eu nunca entendi como funcionou, mas melhor não poderia ter sido, ao menos no começo. Não ser notado, não precisar aparecer, não ter alguém próximo a mim...

Eu estava em um conflito interno, invejando os que tinham com quem partilhar, mas ao mesmo tempo sempre senti que meus sentimentos eram somente meus... Quem diria que minhas convicções destruir-se-iam com aquelas palavras...? Sua admiração e seu pedido para que me juntasse a si no time principal foi algo que me trouxe uma sensação estranha: a de reconhecimento.

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Enquanto estivemos a treinar os dois sozinhos fora mais tranquilo. Eu interagia minimamente com os demais, limitando-me somente a ele, mesmo que ainda fosse uma ínfima interação... afinal ele apenas estava me instruindo a ser uma sombra de um outro alguém.

O tempo seguiu, e então ele passou a me acompanhar até a cobertura, onde sempre estive sozinho. Aos poucos fui deixando de fazer o que gostava para ouvi-lo e até mesmo conversar. A bolha que criei ao nosso redor parecia visível apenas para mim... Eu não permitia que ninguém entrasse, mas nunca pude evitar que ele saísse...

Acabara por sentir vergonha de mim mesmo: estava me prendendo finalmente a uma pessoa...

Até mesmo havíamos começado a escrever um novel juntos... Eu queria ter algo meu para ler depois e quem sabe, me orgulhar...

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O que começou entre nós no outono, se é que eu posso chamar disto, tornou-se algo a mais na primavera, ao menos para mim. Então foi a segunda vez que senti-me estranho, deslocado. O fim de meus estudos significava distância e eu sentia que não queria deixá-lo, pois eu sabia que já não podia alcançá-lo estando consigo, quanto mais afastando-me. Ele ficaria bem?

Sentia saudades da maneira como ele segurava minha mão, como eu o beijava... Mas seu silêncio para comigo me fez voltar ao meu estado anterior a nosso primeiro encontro e preferi não ir para onde quer que ele estivesse... Ao menos pensei que poderia me conter nesse caso, mas não consegui guardar isto por muito tempo...

Ficamos mais que um mês sem nos falarmos e então resolvi visitá-lo... Ele parecia feliz sem mim e então eu não entendia mais nada, mas me tranquilizava embora que minhas emoções nunca transparecessem por trás de minha máscara de fleuma... Talvez tudo o que se passara até agora não fora o que eu imaginara... Talvez eu tenha me iludido demais, mas ainda queria saber o que se passava com ele, e queria fazer parte daquela felicidade também...

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Era aqui nesta lanchonete que ele costumava vir com os amigos... E logo os conheci quando os vi sentados à mesa...

Seus cabelos vermelhos...

Aqueles o pertenciam mesmo e não era surpresa alguma que estivesse com seus antigos companheiros de equipe, só não entendia porque ele tinha parado de falar comigo...

Adentrei o local, mas então notei que alguns, Aomine e Midorima para ser mais exato, me olhavam de uma forma estranha... Não era o olhar de quem não me enxergava... Era simplesmente estranho... Percebi que comentavam algo, mas não atentei no começo... Akashi não parecia ouvir, e apenas por desviar minha atenção dele por um instante, o busquei para ver suas reações, mas nem ao menos tinha percebido que ele já não estava mais à mesa. Então me sentei com eles para esperá-lo. Tudo poderia ser somente impressão minha? A cena estava a ser mesmo real?

— Então... Eu não acredito que aquele time ainda possa ter me vencido, tsc... Se não fosse por Akashi, nós o teríamos massacrado. — O Aomine falara antes de entornar seu café e então Midorima falou também.

— Não reclame... Não acredito que o time de Akashi seja tão incompetente, você apenas que parece fora do comum, nanodayo. Além do que, se eu disputasse contra o power foward que eles tinham no primeiro ano, provavelmente ganharíamos facilmente.

— Tem razão, ele era apenas uma imitação no final das contas...

Me sentia desconfortável pelo comentário. Aqueles imbecis realmente não tinham notado que o "power foward" do qual falavam era eu... Ou talvez soubessem e o estivesse fazendo propositalmente... Resolvi que deveria sair dali, afinal, mesmo que não fosse a intenção, estavam falando mal de algo que eu prezava... E aquele Aomine era mesmo o pior por me julgar, chamando-me de cópia... Não passavam de dois convencidos. Todos os outros apenas acompanhavam a conversa sem muito ânimo, mas sai dali realmente irritado, mesmo que ninguém tivesse notado sequer que uma vez estive por lá.

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Respirei fundo, acalmando-me rapidamente. Eu não sou daqueles que se irritam por muito tempo, na verdade sou calmo até demais... Ou ao menos penso que conseguirei sustentar a situação. Pensava em tomar meu rumo e deixar para encontrá-lo outro dia, mas então eu o vi... Ele e alguém que não pude conhecer...

Quem era aquele cara com o qual ele conversava?

"– Não procures motivos para te afundares."

Ouvi quando ele disse isto a Akashi... Eles não tinham me notado, mas não evitei o sentimento que me veio no momento... Queimava e doía ver que ele tinha encontrado alguém para se ter uma conversa como as que tínhamos... A cada minuto que passava, minha presença parecia cada vez menor na vida dele... Estava eu com ciúmes?

Seus olhos demonstravam amor, um amor que eu queria muito de si, e sinto que por todo esse tempo, nada que ocorreu foi recíproco... mas ao mesmo tempo, eu me sentia feliz por vê-lo com novas amizades, que infelizmente eu não faria parte mais.

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Dei um passo para trás, me virando rapidamente e me encontrando com ele... Estávamos na mesma universidade agora. Apesar de falarmo-nos pouco, ele era alguém que me respeitava bastante.

— O que faz aqui?

— Eu vi tudo... vim aqui encontrar Takao e eles estavam falando de você.

O ignorei, como se tudo o que ele me dissera não tivesse importância, pois no final das contas eu já nem ligava mais para nada. Os dois que eu observava ficaram para trás, e tenho quase certeza que nem sequer tinham percebido o espectador.

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"Então você o magoou e ainda continua sendo amigo daqueles que falaram mal da pessoa que mais se importou com você?"

Como ele pôde ter-lhe dito isto? Eu quase o bati por ter me defendido, pois não precisava de nada, tampouco de pena... Mas ao saber de suas palavras, passei dias com essa frase na cabeça, e apesar de não aceitar minha infantilidade, eu me sentia substituído.

Fui tão estúpido, que não notei que Miyaji ainda era um dos últimos que se importavam, mesmo que eu nem sequer o tenha dado alguma vez a atenção merecida...

Eu não o correspondia no final das contas...

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Não sinto nada...

Depois de um tempo foi assim que fiquei a me sentir quanto a tudo o que aconteceu... Não guardava rancor mais de nenhum deles, mas tentei uma última vez... Queria saber se ainda poderia manter as esperanças...

Fico pensando que ele e seus outros amigos devem sentar juntos e conversar de coisas aleatórias como fazíamos... Riem e se divertem juntos, mas ainda queria que ele soubesse...

As palavras de Miyaji me torturavam mais e mais, e se eu não o fizesse, não me perdoaria.

— Akashi... Miyaji conversou comigo sobre a briga de vocês, e cheguei a uma conclusão sobre algo que preciso te contar... Eu sei que vai me achar maluco, mas eu preciso mesmo fazer isso, mesmo que me odeie depois e acabe por se afastar de mim... Na verdade se fizer isso, será até melhor.

Ele me olhava sério, como a imaginar o que eu lhe falaria. Encarava-o como a morte, não era mentira...

— Eu gosto de ti, Akashi.

Falei aquilo por confusão, mas não sabia se me sentia assim ou apenas o queria só para mim... Independente dos meus desejos, a resposta dele foi a que eu esperava:

— Me desculpe, és apenas como os outros para mim.

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Sempre soube que ele me responderia isso e por mais irônico que parecesse, eu estava me ferrando para o que ele estivesse a pensar agora. Diabos, eu ainda queria manter aquela amizade, mesmo que ao mesmo tempo não queira falar com ele.

— Apenas estava jogando contigo pra ver as reações... Não se ache tanto.

Minha "justificativa", quando na verdade percebi que era isso realmente o que eu sentia, mas não para saber as reações dele... Queria saber das minhas reações e enquanto falava isto naquela tarde, percebi que elas não eram nulas, mas também não eram tão fortes. As pessoas não se afastam realmente de mim, pois eu conscientemente tento afastá-las para não sair de minha zona de segurança...

— Não se preocupe... Mesmo que não seja este o caso, aguardaremos juntos.

Aquelas palavras significaram bastante para mim, mas no fundo apenas soou como uma desculpa... Os olhares eram diferentes, nosso contato e presença afastavam-se cada vez mais, e eu comecei a perceber que um dos poucos com que decidi não me distanciar estava a seguir o caminho oposto ao meu.

Eu poderia perguntá-lo o que havia de errado, mas sabia no fundo que este era apenas a minha pessoa, pois não era a mim que ele queria realmente, e isso me tornou ainda mais amargo.

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Mais algum tempo passou-se e continuávamos a nos encontrar... Eu sentia que a cada palavra proferida, havia um pensamento dele para algo mais ao longe, e isso só me trouxe lembranças daquele que tinha visto daquela vez, o tal Nijimura...

O nome deixara de ser segredo, já que em nossas conversas às vezes ele surgia naturalmente, provavelmente sem intenções... Ele me fazia admirá-lo, mas ao mesmo tempo odiá-lo... Sua ausência parecia afetá-lo de uma forma que a minha jamais conseguiu, e isso só me deixava mais em alerta. Tsc...

Apesar de tentar conciliar meu tempo de estudos na Universidade com ele, senti que não estava rendendo tanto quanto eu queria, e isto não tinha relação com os estudos... Para dizer a verdade, eu já tinha chegado em meu limite, e até mesmo o novel que estávamos a escrever juntos tornou-se obsoleto diante de meu desgosto e de seu desinteresse, mesmo que fosse realmente importante para mim.

— Akashi, tá ai?

Perguntei enquanto adentrava o vestuário do Rakuzan... Fazia um bom tempo que não vinha por aqui, e este colégio não significava muita coisa... Digamos que as maiores emoções que tive foram as que se seguiram em meu último ano, que por ironia fora o primeiro dele... Todos haviam ido embora, mas sabia que ele ainda deveria estar por cá, visto que sempre esperava para sentar e pensar sobre o próximo treino...

— Antes que diga algo, perdoe-me pela ausência... Desculpa por não ter aparecido direito, não foi intencional...

Arqueei uma de minhas sobrancelhas, mas isto foi em um milésimo de segundos antes de voltar a minha expressão vazia habitual... O novel...

— Não precisa dizer nada com desculpas, tsc... Vim aqui apenas perguntar se você vai acabar aquilo que começamos...

— O novel.

Ele não perguntou, apenas constatou... Não sei se pelas cobranças que fiz através das inúmeras mensagens de texto que o passava ou se porque ele realmente já pensava nisso por ter me visto. Eu precisava testar seu interesse, ao menos uma última vez...

Se isto que a nós fora importante, uma ligação, durante todo o nosso tempo juntos não o importava mais, apenas significaria uma coisa...

— Exato... Vamos terminar de escrevê-lo? Não que eu me importe mais... Faz um belo tempo que está parado.

Fora algo que saiu cortante, sarcástico. Obviamente a culpa não fora minha por termos parado, e aquele desinteresse me fez sentir mal e talvez fosse inevitável.

— Eu acho que é melhor paramos de vez... Já não tenho tanto tempo quanto costumava ter.

Aquilo me deixou em silêncio por alguns segundos antes que eu conseguisse pensar em algo. Não tinha mais nada o que fazer ali, sem a mínima vontade de continuar a falar com ele. Eu poderia ter somente sua amizade, embora que tenha sido muito mais que isso todo esse tempo, mas não o bastante.

— Ah... E sobre o lance do Miyaji, eu soube que ele veio te procurar, mas esquece.

Falei da soleira da porta, prestes a sair dali o quanto antes possível. Tinha de me chegar cedo em casa, ou todos ficariam preocupados comigo. Parecia ser um dos poucos lugares onde notavam minha falta, mesmo que não me apegasse tanto às pessoas de lá como deveria.

O que me impediu de dar-lhe as costas de vez foi a mão dele no momento em que me tocou no ombro, fazendo-me virar, inquirindo-o.

— O que houve? — Minha voz saiu embargada pelo choro contido, embora não pudesse esconder as lágrimas que teimavam em sair dos meus olhos... que situação...

— Então quer dizer que não vamos acabar?

Pisquei várias vezes, mas ainda assim não entendia sua colocação.

— Desculpe, mas do que você está falando?

— De nossa relação, Chihiro...

— Como eu poderia saber sobre algo que nem sei se é concreto ou não?

Estava surpreso e ao mesmo tempo confuso. O que ele queria realmente com aquilo tudo... Espero que não seja alguma brincadeira, ou eu não seria capaz de perdoá-lo se o fizesse. Ele ficou em silêncio e finalmente me respondeu depois de um longo suspiro.

— Porque eu não quero acabar...

"..."

Não sabia bem ao certo o que falar em resposta mas apenas o olhei como sempre o fiz, sem demonstrar nada, mas ao mesmo tempo sendo um livro aberto. Me sentia ridículo por isso, mas confessei tudo o que estivera engasgado por todo este tempo, pois agora eu sabia que não havia sido brincadeira de minha parte.

— Eu também não quero, você sabe que não... Mas as suas atitudes não me dão toda a segurança que eu esperava ter... Na verdade, nunca parei para pensar se isto era sério mesmo, e no começo eu não levei... Só que agora, depois de todo esse tempo, acabou se tornando sério, pelo menos pra mim. Então é isso, mas não chega a ser tão importante...

— Para mim também é sério, sempre foi, e só contigo eu tenho a maior tranquilidade a falar sobre tudo, Chihiro. Eu só tenho andado com pouco tempo mas eu amo-te... E isso não vai mudar...

E então senti-me envergonhado por ter pensado tudo o que pensei, embora que o nome de "Nijimura Shuuzou" continuasse a me deixar mal com tudo isto.

— Akashi... Me desculpe.


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Notas finais do capítulo

Não é preciso comentar ou nada do tipo...



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